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Bolívia,Chile & Peru: 27 dias na estrada (Julho de 2014)


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Comecei a escrever esse relato no momento mais triste da viagem: o inevitável fim. Como diz o velho ditado, "Tudo que é bom dura pouco"...

 

É incrível como 27 viajando mexeram tanto comigo e o quanto aprendi com os vários perrengues, amigos e amigas que acabaram tornando meu mochilão tao inesquecível.

 

Espero conseguir inspirar aventureiros e apaixonados por viagens com esse pequeno resumo de como foi minha experiência pela América do sul. Que esse relato seja a gota d' água e um bom livro de dicas para ajudar em sua viagem.

 

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Cotação (1 dólar)

 

= BOL6.85 ~ BOL6.95 - BOLIVIANOS

= S/. 2.70 ~ S/.2.78 - NOVO SOL

= C/. 550.0 - PESO CHILENO

 

 

Momento aguenta coração, preparando para a viagem

 

Minha trip pela Bolívia, Chile e Peru foi realizado em Julho de 2014, mas já estava sendo planejada desde os 13 anos de idade, quando era apenas um garoto sonhando em desvendar os segredos de Machu Picchu. Eu cresci num meio onde tive a honra de conhecer pessoas que me inspiravam com suas histórias de viagens, como um professor que tive que viajou por 5 países da América do Sul em apenas um mês. Também desde cedo assistia documentários e ficava cada vez mais inspirado em realizar essa incrível jornada.

 

O planejamento mesmo começou no meio de 2013, porque inicialmente a viagem deveria acontecer em Janeiro de 2014, mas ocorreram imprevistos que me fizeram adiar a viagem para o meio do ano.

 

Simplesmente devo 90% ou mais da informação que adquiri ao mochileiros.com, que foi onde pude vivenciar através de vários relatos a grande aventura que seria esse mochilão. Também consegui bastante informação no livro Guia do Viajante Independente: América do Sul, o qual recomendo bastante. DICA: Muita gente me chamou de doido quando disse que resolvi ir sozinho para a viagem e diziam que não teriam coragem de fazer algo assim, mas a minha dica pra quem deseja ter essa coragem ou já tem de sobra é: adquira informação! O que fez minha viagem ser perfeita no meu ponto de vista foram as dicas que obtive lendo os relatos do fórum, folheando o guia do viajante e também vendo documentários sobre os lugares que queria visitar. Sempre que acontecia um imprevisto o que me salvava era ter um plano B, e isso só acontecia porque eu tinha bastante informação sobre os vários locais por onde passei.

 

Para aqueles que ficam receosos em viajar sem ninguém como companhia posso garantir: vocês irão sozinhos mas só ficarão sem companhia se quiserem. Eu fui só mas em nenhuma parte da viagem fiquei sozinho, muito pelo contrário, acabei conhecendo pessoas maravilhosas que foram as responsáveis pelo 100% de aproveitamento da viagem.

 

O que levar

 

Levei para a viagem 1400 dólares, que foram mais que suficientes. Tenho certeza que é possível gastar até menos. Eu demorei a aprender como economizar bem na viagem mas até que para um aprendiz de mochileiro economizei bastante :mrgreen: Eu salvei muita grana mas em algumas partes da viagem isso não foi possível e por isso acabei gastando um pouco mais do que esperava e também comprei uma mochila em La Paz, porque a de ataque tinha estragado na trilha Inca. Foi bem barato mas não igual eu pensava que seria ao ler outros relatos.

 

Roupas e equipamentos que levei na viagem

 

  • 2 calças jeans
    5 camisas de algodão
    2 camisas dry fit
    1 calça de moleton
    1 calça tectel
    3 bermudas
    muita cueca e meia
    1 corta vento bem acolchoado
    1 fleece
    1 blusa de lã
    cachecol
    gorro
    luva
    boné
    2 toalhas
    lanterna
    hawaianas
    repelente
    óculos de sol
    Remédios e produtos de higiene
    câmera
    RG e cópia autenticada
    Certificado de Vacinação contra Febre Amarela
    Guias e dicas de viagem impressos

 

1º Dia (02/07)

 

Como disse anteriormente, já estava sonhando com essa viagem a muitos anos, então a ansiedade para chegar logo na Bolívia era imensa. Peguei um voo em Belo Horizonte que tinha escala em São Paulo. Lá conheci Bruna, que foi minha companhia por alguns dias da viagem.

 

Chegamos em Campo Grande a noite e de lá fomos direto para a rodoviária, que era a única na cidade, e por isso fácil de ser encontrada. Já na rodoviária, descobrimos que teríamos que esperar até 2h da manhã, pois esse era o horário do primeiro ônibus que tinha como destino a cidade de Puerto Quijarro, onde se encontra a fronteira do Brasil com a Bolívia. DICA: Não compre passagem para Corumbá, além de ser mais caro, o ônibus não para na fronteira e sim em Corumbá, onde terá que ter um gasto maior por causa do taxi até a fronteira. Peça o vendedor do guichê da empresa Andorinha passagem para a fronteira com a Bolívia.

 

Nesse dia gastei R$180 com a passagem aérea, R$ 40 com o taxi do aeroporto até a rodoviária e R$ 80 com o ônibus para a fronteira.

 

2º Dia (03/07)

 

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Depois de viagem em um ônibus cheio de bolivianos, percebi que realmente estava começando a aventura. Cheguei em Puerto Quijarro de manhã e fiquei surpreso quando avistei da janela do ônibus uma agência da TAM (transporte aéreo boliviano), porque precisava comprar a passagem de avião de Santa Cruz para Sucre, que muitos me disseram ser um trecho bem precário e que a viagem de ônibus é um verdadeiro pesadelo. Paguei um pouco caro na passagem porque não queria correr o risco de não conseguir comprar a passagem na hora. Foi $58 mas é possível comprar também pela internet pelas empresas BOA (http://www.boa.bo/bolivia/inicio) e Amaszonas (http://www.amaszonas.com/). Se a compra for pela internet é preciso também apresentar no aeroporto o cartão com o qual o pagamento foi efetuado.

 

Depois de comprar a passagem e trocar alguns dólares tive que ir na divisão de migração brasileira para adquirir o documento com a data de saída do país. Foi bem rápido, diferente da migração boliviana que me fez esperar mais de 2h na fila com o sol forte que tem naquela região. DICA: Troque pouco dinheiro em Puerto Quijarro, a cotação não é tão favorável. Acho que isso é um padrão existente em todas as fronteiras que passei durante a viagem.

 

Logo depois peguei um taxi para a estação ferroviária (onde compra a passagem para o trem da morte) e em frente aproveitamos para comer um pollo picante (que de picante só tinha o nome ::hãã2:: ).

 

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Já era mais de meio-dia e o trem saia as 14:30, o Super Pullman. Por isso fui logo comprar a passagem. Foi nessa hora que ocorreu um dos maiores perrengues da viagem, que realmente virou uma história muito engraçada mas que quase ninguém acreditava quando eu contava. Eu estava todo feliz porque não havia achado tão ruim a culinária boliviana que era tão criticada por muitos. O problema é que essa felicidade durou pouco, porque ao tentar comprar o ticket do trem fui atendido por um funcionário muito mau-educado, aquele famoso tipo que está trabalhando no lugar errado, porque realmente não sabe lidar com pessoas. Eu só ficava cada vez mais irritado porque eu nem conseguia falar direito e o imbecil só sabia gritar que não haviam mais passagens enquanto não me deixava nem responder. Pelo visto ele tratava todos dessa forma e isso descobri ao falar com umas garotas americanas que não entendiam o motivo do nervosismo do vendedor.

 

Nessa hora fiquei bastante revoltado pelo tratamento daquele sujeito mas nesses momentos o melhor é sentar, relaxar e pensar numa solução para o problema. Infelizmente esse não seria o único mau-humorado da viagem então se preparem para enfrentar esse tipo de problema... Foi então que lembrei de ter lido em um relato que alguns cambistas também vendiam a passagem, nisso olhei para a janela da sala e vi alguns homens na porta da estação. Desci correndo os degraus e depois de conversar com um deles tive a confirmação de que seria possível conseguir as nossas passagens, mas para isso seria necessário um pouco de gorjeta (muito comum na Bolívia). Então concordei com ele, dizendo que pagaria a mais se fosse necessário porque caso contrário não conseguiria pegar o trem. Tinha a outra opção: o ônibus. Mas dessa forma eu não poderia saber como era a viagem pelo famoso Trem da Morte.

 

Após muita espera o problema foi resolvido. Para minha surpresa veio um dos guardas do trem conversar comigo e o sujeito tinha muita cara de malandro. Parece que eles possuem as últimas passagens do trem e vendem mais caro para os bobos que igual eu deixam para comprar de última hora. É surpreendente mas os guardas também ganham propina nessa jogada... ::hein:

 

Saiu BOL100 (BOL70 da passagem e BOL30 de propina). DICA: Compre a passagem de manhã se possível para não correr o risco de passar pelo que passei.

 

Finalmente estava iniciando a viagem pelo famoso trem. Antes de embarcar ainda tive que dar mais propina para outro guarda que veio numa naturalidade incrível estender suas mãos para mim pedindo alguns bolivianos. Ainda estava no início da viagem então nem me importei muito. Dei uns 5 bolivianos para ele, mas acho que se isso fosse no final da viagem a história seria diferente. Porque já estava de saco cheio dessas cobranças sujas que acontecem principalmente na Bolívia.

 

A primeira vista o trem era um veículo bem confortável, nada comparado com as lendas que meu professor contava de suas viagens na década de 90. O trem realmente havia melhorado muito nos últimos anos. ::otemo::

 

Algumas horas depois da partida do trem, comecei a me lembrar dos relatos que havia lido aqui no fórum. Era igual a galera falava! Várias cholas entrando e saindo dos vagões, gritando e carregando milhos, carnes em saquinhos de sacolé, chás, frutas, tudo que é possível imaginar. Foi um pouco divertido ter essa experiência porque só nesse momento a ficha caiu e percebi que a viagem havia finalmente começado...

 

No trem foi um pouco difícil dormir. Quando não era uma vendedora quase derramando comida em mim era o guarda pilantra batendo no meu ombro perguntando algo sobre os times do Brasil num espanhol que era mais difícil de entender do que o quéchua... ::mmm: O que ajudou a passar o tempo foi um casal de argentinos muito gente boa que conheci na viagem. Eles estavam realizando o sonho de conhecer toda a América e eu me sentia cada vez mais inspirado a seguir seu caminho depois de escutar a história de todos os lugares maravilhosos por onde eles haviam passado.

 

No trem também há um vagão que é um tipo de restaurante, eles servem refeições a noite, geralmente pollo (frango, que foi o prato mais pedido da viagem). Comi um sanduba que realmente foi a pior comida de toda a viagem. Até o milho com queijo que iria comer mais adiante na viagem, quando estava desesperado com fome, foi mais bem-vindo.

 

3º Dia (04/07)

 

Por incrível que pareça, acordei bem nesse dia. Mesmo depois da noite anterior com várias mini-cholas chorando a noite inteira... ::essa::

 

O trem chegou na estação de Santa Cruz umas 7h da manhã. Despedi do casal argentino e ambos desejamos boa viagem um para o outro. Depois disso, peguei um taxi para o Centro de Santa Cruz. A cidade realmente não é muito turística, então só dei uma volta pelo centro até dar a hora do avião, que era pra sair as 11h.

 

Chegando no aeroporto conheci outro costume da Bolívia: os atrasos comuns. Já havia lido que era normal isso mas não pensei que era tanto. O voo era pra sair as 11h e só sair 14:30. O jeito então foi esperar. Aproveitei para comer novamente o pollo picante( esse era picante mesmo! ::xiu:: ) e descansar até a hora do voo.

 

Na hora do embarque me pediram somente o RG. O certificado de vacinação nunca foi pedido na viagem (mas não é bom correr o risco de ir sem porque conheci pessoas que precisaram apresentar esse documento). DICA: Guarde bem também os documentos de migração, sempre vão te pedir isso. Até em alguns hostels, como o Wild Rover, eles são necessários.

 

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Chegar em Sucre foi tranquilo, o voo foi muito rápido e tinha até um bom lanche a bordo. Mesmo sendo um pouco mais caro recomendo viajar pela TAM.

 

Diferente do avião, o ônibus que faz o trajeto de Santa Cruz para Sucre é um verdadeiro pesadelo. Nas palavras de Alex, um amigo que fez o trajeto de ônibus: " A viagem é um verdadeiro desastre, entrava areia na merda do ônibus, havia buracos na estrada inteira e como se isso não fosse o bastante colocaram até um filme de terror no ônibus tão alto que não deixava ninguém dormir, até uma senhora brigar com o rapaz para tirar o dvd." ::hahaha::::hahaha::::hahaha::::hahaha::

 

Quando cheguei no aeroporto de Sucre já pude notar a diferença em relação a Santa Cruz. Estava saindo quando fui abordado por uma funcionária da polícia turística que me deu um ótimo mapa com dicas e informações sobre as atrações da cidade. A mulher foi tão prestativa que até me indicou uma mini-van barata que levava ao centro de Sucre e esperou ao meu lado o veículo chegar.

 

Paramos na Plaza principal da cidade e pegamos menos de R$0.50 no transporte público sucreño. Depois fui procurar os hostels que eram citados no guia que eu ganhei. Paguei BOL40 num que era muito bem localizado e confortável, mas era com banheiro compartilhado. Depois de deixar as coisas no hostel fui ver o jogo do Brasil contra a Colômbia num Pub da cidade e percebi que a gringaiada mesmo com a vitória do Brasil não achava que o time iria mais longe na Copa. E como sabemos acabaram tendo razão no fim das contas...

 

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A noite já estava cansado de tantas horas viajando mas mesmo assim queria conhecer a vida noturna de Sucre, então procurei alguns lugares recomendados nos documentos que havia trago e foi então que descobri o Joy Ride Pub. Resolvi conhecer o lugar, fica na Calle Nicolas Ortiz 26, perto da praça central. Essa foi a melhor escolha que eu podia ter feito naquela noite. O lugar é incrível. No primeiro andar ficam algumas mesas num ambiente com um som mais leve, próprio para casais que queiram uma noite tranquila. Já no último andar fica o Pub com um clima de balada. As músicas eram excelente e a galera bem animada. Nesse lugar foi onde provei a famosa Sucreña, cerveja típica da região. Entre as cervejas bolivianas essa foi uma das melhores que tive a oportunidade de provar. :mrgreen:

 

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4º Dia (05/07)

Depois de uma noite bem dormida no hostel que infelizmente esqueci o nome, fui desayunar e depois conhecer melhor Sucre. A cidade realmente merece o título de La Ciudad Blanca. Achei Sucre bem mais atraente do que todas as outras cidades da Bolívia. Até o trânsito era organizado. Ouvi um morador dizendo que Sucre era a melhor cidade da Bolívia para se viver. Talvez ele não esteja errado...

 

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Depois de ter uma visão geral da cidade, caminhei até o cemitério, que é famoso por ser o local de descanso de vários personagens da história do país. A caminhada foi cansativa porque Sucre já se encontra a mais de 3000m acima do nível do mar, e para alguém acostumado a caminhar somente nas ruas do Rio de Janeiro, subir as ladeiras de Sucre não foi nada fácil, mas ao mesmo tempo foi bom para acostumar com a altitude das cidades andinas.

 

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No cemitério ficam várias pessoas oferecendo para ser guias em troca de alguns bolivianos. Eu não paguei mas arrependi depois, acho que vale a pena gastar uns trocados para entender melhor o local. O incrível é o tratamento diferenciado que até depois de mortos algumas pessoas recebem. Havia desde personagens famosos enterrados em criptas com ornamentos dourados, até pessoas comuns lutando por 1m² em partes estreitas do local. Resumindo, o passeio é mais histórico mas vale a pena pela beleza do lugar.

 

Após sair do cemitério peguei uma mini-van por alguns poucos centavos, que tinha como destino o Castillo de la Glorieta, que não é tão famoso entre os turistas mas descobri lendo um relato e também pela bela foto do local que estava estampada no guia que a policial havia me dado.

 

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A viagem do cento até o castelo dura uns 20-30min. Chegando lá fiquei surpreso com a beleza do lugar. Realmente a foto era compatível com o castelo de perto, diferente dos MCdonalds que sempre enganam com aquelas fotos... Paguei BOL20 para entrar, com direito ao tour guiado e fotos. Segundo o que entendi o castelo havia sido construído no século 19, a pedido de um dos homens mais ricos da Bolívia. Tratava-se de um dos acionistas das minas de Potosi, que foi um filantropo da época que abrigou vários órfãos numa região do castelo. Também teve importância internacional. Isso é mostrado nos quadros onde o homem era retratado na presença de nobres espanhóis e até junto ao papa. Para construir o local foram chamados arquitetos e outros profissionais da Europa, e por isso o lugar apresenta traços de vários tipos de arquiteturas.

 

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O tour é para quem gosta de história e de observar belas paisagens e construções. Eu recomendo bastante. ::otemo::

 

Depois da visita, voltei para o centro da cidade e passei rapidamente por um museu porque tinha que fazer check-out no hostel. Chama-se Casa de la Liberdad. Recomendo também, pena que não pude ficar muito tempo.

 

Depois de almoçar finalmente um prato que não tivesse pollo no nome peguei outra mini-van em direção ao terminal de buses local. DICA: Não existe rodoviária, e sim terminal de buses. Comprei passagem direto para Uyuni, pois queria chegar rápido na cidade para descansar de no outro dia já começar o passeio pelo Salar. Também pelo que vi em Potosi a única atração é a Mina de Potosi, e na minha visão esse não é um tour muito atrativo. Mas existem pessoas que se interessam em ficar apenas observando a dura realidade dos trabalhadores das minas. São visões diferentes, cada pessoa enxerga o passeio de uma forma, o que recomendo é buscar informações, fotos e vídeos para ver se lhe interessa ou não...

 

No terminal conheci dois baianos que tiveram um papel importantíssimo na viagem. Diego, um dos caras mais animados e engraçados que tive a honra de conhecer, e Yuri, outro que carregava a alegria que só quem foi na Bahia pode me entender. Além disso foi Yuri também o responsável pelas inúmeras fotos perfeitas que tirei no tour pelo Salar de Uyuni e suas belas lagunas.

 

Combinamos de viajar juntos porque eles também não se interessavam pelo passeio de Potosi.DICA: Se for possível tente fechar o passeio em grupo, pois assim é possível pedir um bom desconto.

Quando chegamos no ônibus ficamos conversando até o sono chegar. Nessa hora olhei para trás e reparei um rapaz que parecia estar fantasiado de cholo de tanto aparato boliviano que usava. Mas não parecia ser da região. Engraçado foi que essa grande figura seria mais pra frente um dos grandes protagonistas da aventura que foi minha viagem.

 

A passagem foi BOL60. De Sucre a Potosi foi tranquilo, não achei a estrada tão ruim. O problema foi quando chegamos a Potosi porque estava muito frio e eu não estava bem agasalhado pois quando peguei o ônibus em Sucre eram umas 16h e estava calor ainda. DICA: Sempre tenha uma blusa de frio fácil na bolsa de ataque, o clima na Bolívia e Peru varia muito.

Antes de chegarmos em Potosi, foi estranho porque eu não parava de ter a sensação de que tudo que eu falava o pseudo-cholo entendia. Foi então que o safado revelou que era brasileiro. Esse era Alex, mais um que ingressava na turma. O rapaz era tão doido que não tinha lido nada sobre Uyuni e acabou viajando com pouca roupa de frio mas não aguentou e teve que comprar a fantasia completa de cholo para não congelar naquela região. Esse foi o brother que deu o mini-relato de terror de como é a assustadora viagem de ônibus de Santa Cruz a Uyuni. E também como disse, foi o grande protagonista da viagem porque foi minha companhia durante 90% do trajeto. Sua amizade e companheirismo foram o que fizeram cada momento mochilando ser inesquecível. Como um outro amigo, Raoni, que conheci no fim da viagem dizia: " Num mochilão o que você leva são as amizades que faz com as pessoas que passam pelo seu caminho, os momentos e os perrengues"... Isso é a mais pura verdade.

 

A parada em Potosi foi rápida, só deu tempo de ir ao banheiro e entrar no ônibus para Uyuni. Agora que a coisa complicou. Foi uma viagem que cada hora parecia semanas porque fomos nos últimos bancos e esse trecho da viagem era horrível. Curva para lá e para cá, buracos em todo canto e o motorista ainda por cima estava doidão, foi a viagem inteira mascando folha de coca e tivemos até uma parada de 15min para o maluco por incrível que pareça tomar umas biritas antes de pegar no volante. Aproveitamos também para tomar um café que parecia mais água com pó, que mesmo sendo horrível pelo menos ajudou a esquentar o corpo. O pior também era o frio e a dor de cabeça que ia ficando cada vez pior. Talvez porque estávamos chegando a uma altitude de mais de 4000m... ::Cold:: Nessa hora o que recomendo é relaxar. Não adianta reclamar, tem que torcer para dar tudo certo e ver o lado bom até no café ruim que se toma no meio da estrada. :mrgreen:

 

E eu que pensava que a noite não podia piorar... Chegamos em Uyuni 1h da manhã. Realmente pensei que havia sido um milagre depois de ver o estado do motorista. O frio era insuportável, foi o tempo de pegar as mochilas e correr pro hostel. A vantagem foi que o guia de viagem que levei recomendava esse lugar que era do lado de onde os ônibus param. Pagamos BOL40 e pagaríamos o dobro com certeza só para encontrar um lugar protegido do frio o mais rápido possível. O nome do hostel é El Salvador.

 

::Cold::::Cold::::Cold::

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Alex foi o cara que me fez rir durante a viagem toda. Nós dizíamos que ele já tinha todo o equipamento pra ir de Cholo nas festas fantasia aqui do Brasil hahahahaha.

Vou tentar acabar o relato o mais rápido possível, mas é difícil porque é tanta coisa que ás vezes fico horas escrevendo e não passo de um dia de viagem.

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Brother economizar com comida por exemplo. Eu almocei um pratão de pedreiro no mercado de Aguas Calientes por 5 soles e não achei nada extremamente anti-higiênico. Enquanto isso uma amiga comeu uma micharia num restaurante por quase 40 soles... Transporte o melhor jeito é pesquisando bastante, nunca compre passagem de ônibus pelas agências, vá no terminal e pesquise você mesmo. Outra coisa que fiz foi fechar vários passeios em Cusco com uma agência só, isso me poupou alguns dólares. O que recomendo é tomar cuidado com bebida porque muito amigo meu gastou uma fortuna assim...

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5º Dia (06/07)

 

Acordamos um pouco cedo para procurar logo uma agência e fechar o passeio de três dias pelo Salar. A noite foi difícil dormir porque o frio em Uyuni não é fácil aguentar. Outro problema foi ter que dormir com quatro blusas, duas calças e até botina no pé. Mais desconfortável impossível... ::putz::

 

Os funcionários das agências de turismo de Uyuni são surpreendentes, realmente não é preciso se preocupar em encontrar agências porque elas dão o jeito de te achar primeiro. Andávamos nas ruas e haviam várias pessoas que não podiam ver um viajante perdido que já pulavam em cima do coitado oferecendo um panfleto/cartão e o serviço de sua agência. O turismo movimenta muito dinheiro e é a fonte de renda de vários cidadãos da região.

 

Nós pesquisamos um pouco o preço em algumas agências mas acabamos fechando com a Esmeralda tour, graças ao Yuri, que tinha ouvido boas recomendações sobre essa agência. Pechinchamos até o valor descer para 100 dólares para cada, com tudo incluso para os três dias, incluindo o transfer para San Pedro. O que não incluia no pacote eram as taxas do Estado (entrada na Ilha do Pescado - que não pagamos porque ninguém nos cobrou - e BOL150 para entrar na área da Laguna Colorada). DICA: Pelo que vi algumas agências enganam parecendo fazer um preço baixo mas sem incluir tarefas igual a transferência da fronteira até o centro de São Pedro. Recomendo entender cada detalhe dos três dias para não cair nessa armação.

 

Depois do desayuno num Pub local voltamos ao hostel e preparamos tudo para o passeio. DICA: Levar uns 4 litros de água por pessoa para o deserto. Beber líquido é muito importante para evitar passar mal. No frio esquecemos de ingerir líquido e isso é um grande problema porque no local também existe bastante insolação.

 

O jipe da agência deveria chegar as 10:30 para nos pegar no hostel mas atrasou e só chegou depois das 11h. Logo fomos apresentados ao grande Rodrigo, que seria nosso guia, motorista, fotógrafo, cozinheiro e médico nos próximos dias. Os guias do salar realmente exercem múltiplas funções durante o percurso.

 

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Rodrigo na pose de "Ao Infinito e além"

 

Na viagem foi mais um casal de ingleses, que tomaram o lugar de duas supostas alemãs que seriam nossa companhia nos duros dias pelo salar... A mulher da agência fez tanta campanha das duas garotas que acabamos ficando decepcionados com a notícia de que elas só poderiam iniciar o tour no outro dia. ::tchann::

 

No total eram 8 pessoas incluindo o motorista. Isso fez o início da viagem ser bem desconfortável mas logo nos acostumamos (depois que deixamos de sentir nossas pernas).

 

O passeio começou pelo cemitério de trens, que fica a apenas alguns minutos da cidade. Aproveitamos para tirar diversas fotos e nesse momento lembrei dos relatos que havia lido e senti uma felicidade imensa por finalmente estar realizando o tão sonhado Mochilão pela América do Sul. O lugar é legal e da pra se divertir bastante. Tem gente que conheci durante a viagem que não gostou, mas isso é normal, gostos nem sempre são iguais.

 

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Depois fomos para um vilarejo onde vendem várias bugigangas, algumas feitas até de sal. Nesse lugar tem um museu que pelo que vi é só uma sala feita de sal com uma mesa de sal. Idêntico ao lugar onde dormimos nos dias do Salar.

 

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Após comprar alguns objetos no local fomos para umas pilhas de sal onde observa-se como alguns moradores vivem da extração do sal.

 

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Nesse dia lembro que almoçamos muito bem. O guia Rodrigo era um ótimo cozinheiro ::otemo:: . Era incrível porque ele cozinhava a quantia certa para não deixar ninguém com fome e nem desperdiçar nada. No quesito alimentação a Esmeralad tours está de parabéns. Todas as refeições foram ótimas. O lugar que comemos era dentro de um tipo de estufa. Alex e eu sentamos de frente para o Sol e por isso ficamos ardendo o resto do dia...

 

Depois lembro que passamos na estátua de Dakar, que é onde ocorrem os evento de Rally pelo salar, perto de onde ficam as várias bandeiras de diferente países.

 

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Após o belo almoço, Rodrigo nos levou até o local onde se tiram as fotos de perspectiva. Foi uma festa porque ele já era experiente nisso e tinha até um dinossauro no carro para emprestar àqueles que como eu não haviam planejado nada para esse momento fotográfico. ::putz:: Depois de ficar horas no local tirando fotos pulando, lutando contra o dino, em cima do cubo e muitas outras, fomos até a Ilha do Pescado.

 

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Esse lugar é famoso por abrigar os cactos gigantes. Era para ter pago alguns bolivianos para entrar mas como ninguém nos cobrou não pagamos ::hahaha:: No local há uma mini-trilha que leva a pontos altos de onde se tem uma bela visão do Salar. É legal pela vista e também para aclimatizar com a altitude.

 

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Nessa ilha foi onde tivemos o primeiro encontro com as famosas alpacas, animal endêmico da região andina.

 

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Após aproveitar bastante o local, tirar fotos e até tentar chegar perto dos animais, fomos procurar o nosso hotel de Sal, onde passaríamos a noite gelada do Salar. Nessa hora que entendi porque algumas pessoas em outros relatos recomendaram fechar o passeio com menos pessoas no veículo. Deferente do que muitos pensar, existem vários hotéis de sal no deserto e não apenas um. Então a agência não reserva o hotel, tudo é organizado na hora. Nós batemos na porta de três para conseguir moradia e confessor que fiquei um pouco preocupado porque quando o sol se põe a temperatura despenca e é aí que se sente o verdadeiro frio... ::Cold::

 

Acho que se tivéssemos menos pessoas no carro seria mais fácil conseguir vaga. Mas na verdade isso não foi um grande problema para nós. Só tivemos que esperar um pouco mais, nada que fizesse condenar a agência que nos prestou um ótimo serviço.

 

Quando chegamos no hotel deixamos nossas coisas no quarto e resolvemos ir banhar. Paguei BOL10 com a esperança de conseguir uma ducha caliente naquele frio e todo coberto de poeira. Os baianos, Diego e Yuri foram primeiro. Demoraram tanto no banheiro que realmente pensei que deviam ter gostado do banho. E acho que tinha razão. Engraçado era a cara dos gringos quando viam que estávamos indo tomar banho. Parecíamos super-heróis para eles. :mrgreen: Depois de um tempo trocando ideia com o casal inglês criei coragem e resolvi encarar a ducha. No início for tudo mil maravilhas, a água estava ótima, então aproveitei para banhar direito. Depois de uns 5 minutos. quando estou cheio de sabão no corpo é que veio o problema... A água subitamente começa a esfriar! ::sos:: Nessa hora era difícil até respirar, parecia que meu pulmão havia fechado. Chamei o Alex e pedi para ele ver o que tinha acontecido. Depois de 10 minutos congelando e cheio de sabão no corpo vem ele me dizendo que não ia ter mais água quente. Havia acontecido algo com a pressão da água. Sortudos foram Diego e Yuri que acabaram com a água quente... ::ahhhh:: Agora não tinha outra opção, o jeito era encarar o banho frio. Foram mais 5 minutos quase congelando mas pelo menos me senti melhor depois que vesti as várias peças de roupa para esquentar o corpo.

 

Agora ocorreria algo que foi motivo de risos em diferentes partes da viagem com diversas pessoas: Alex, ou MacGayver como ficou conhecido, para a surpresa dos europeus cheio de pizza de baixo do braço, resolve tomar banho frio num lugar onde a temperatura estava proxima de 20º negativos ::putz::

 

Por incrível que pareça ele conseguiu e ainda saiu feliz dizendo que esse tinha sido um dos melhores banhos da vida dele. Realmente a reação de todos os gringos quando contávamos essa história era a mesma: :shock: Pelo que percebi na viagem, somente nós brasileiros carregamos essa necessidade de higiene dita extrema por eles.

 

Antes e dormir fiquei lá fora observando o céu estrelado do deserto. Foi nessa hora que notei uma música vindo de algum lugar. Achei estranho porque não havia nenhuma boate por perto naquele fim de mundo. Depois percebi que o som vinha do carro do guia do outro grupo que estava no mesmo hotel. Ele havia deixado o som ligado. Foi então que lembrei de uma festa que eu tinha ido com um amigo e o carro dele acabou arriando a bateria porque deixamos o som ligado a noite toda. Pensando em evitar que isso acontecesse com o carro do outro grupo fui procurar alguém que pudesse chamar o motorista. Assim conheci Harlet, uma mexicana muito educada que fazia parte do outro grupo. Disse a ela o que havia acontecido e ela foi correndo procurar o guia. No final deu tudo certo. Duro foi aguentar a turma brincando que eu estava de olho na menina mesmo estando num deserto a -20º ::tchann::

 

Não estávamos com muito sono então resolvemos beber um vinho que compramos em Uyuni. Chamei um outro mexicano (infelizmente não lembro o nome) para se juntar a nós. Era um rapaz muito gente boa que tinha o sonho de conhecer o Brasil. Até falava muito bem português, a língua mais difícil do mundo segundo um australiano que eu conheci em La Paz.

 

Alguns minutos depois Harlet também se juntou ao grupo :twisted: Ficamos a noite toda rindo e aprendendo novas palavras e gírias em espanhol. Essa noite foi realmente divertida, aproveitamos para nós conhecermos melhor e curtir a primeira noitada juntos mesmo estando no meio do nada e congelando de frio. :mrgreen:

 

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Meu namorado neste momento está em Uyuni com um grupo de 13 mochileiros

(chegou ontem a noite e nessas horas deve estar negociando/iniciando a ida Salar)

O mesmo se programou desde o inicio do ano com árduas pesquisas.

 

Quero acompanhar o andamento de seu relato para que em tempo real possa passar dicas a ele, pois conhecimento nunca é demais.

Sei que la a internet é precária, mas assim que conseguir algum contato eu vou passando tais dicas a ele e ao grupo.

 

De acordo com o roteiro que tenho em mãos, ele fica em Uyuni até sexta (08/08) e já parte pra San Pedro do Atacama (Chile).

 

Aguardando ansiosamente suas dicas e seu relato.

Obrigada e parabéns pelo detalhamento de sua experiência.

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