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Cadastro do governo some com mais de 600 cavernas no país


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Que vergonha alheia que sinto dessa desgovernança brasileira.

 

Famosa pelas estalactites e estalagmites que formam um mosaico sinuoso, a caverna do Diabo, em Eldorado (SP), é uma das maiores do Estado e uma

das mais visitadas do país. Pode-se encontrar informações sobre ela em várias publicações, de livros didáticos a guias turísticos. Com uma exceção:

o cadastro de cavernas do governo. Assim como ela, pelo menos outras 600 grutas "desapareceram" desse sistema.

 

Em janeiro de 2012, o governo federal anunciou, em tom de comemoração, que o país ultrapassara a marca de 10 mil cavernas registradas. Mas, ao

publicar seu cadastro nacional, veio a surpresa: constavam apenas 9.532.

 

Lançado em setembro de 2013, o Canie (Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas) levou quase dez anos para ficar pronto e gastou R$ 1,1

milhão só com desenvolvimento do sistema. Além do sumiço das grutas, especialistas apontam problemas como erros

de localização e a omissão sobre a fonte de informações.

 

"Há mais de 30 anos os espeleólogos do Brasil fazem de modo autônomo, sem apoio, um inventário das cavernas. Nós poderíamos ter ajudado, mas

nosso auxílio foi rejeitado", diz Marcelo Rasteiro, presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia, que tem cadastro próprio.

 

Para Eleonora Trajano, bióloga da USP com mais de 35 anos de carreira na especialidade, falhas no cadastro nacional trazem problemas. "Se uma

caverna não existe oficialmente, como cobrar sua proteção? Como provar que alguém a destruiu?", diz.

 

INTERESSE ECONÔMICO

 

Por conta de suas características de formação, muitas cavernas ficam em regiões de alto interesse econômico, como áreas de mineração ou

favoráveis à construção de barragens. Em muitos empreendimentos, cavernas são consideradas empecilhos, devido à necessidade de estudos de

impactos mais detalhados.

 

O cadastro nacional é um produto do Cecav (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas) ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

Segundo Jocy Cruz, coordenador do órgão, não houve sumiço de cavernas, uma vez que elas estão em outra base de dados da entidade.

 

Ele diz que, como as grutas são "oriundas de diversas outras fontes, ainda precisam passar por um processo de validação [certificação de suas

informações geográficas e de composição]" para serem anexadas no Canie.

 

Apenas 1.225 das mais de 9.532 cavernas do Canie, porém, foram validadas até agora. Segundo Cruz, há um trabalho constante para cobrir a lacuna.

Mas, hoje, nenhum dos 23 servidores do Cecav se dedica apenas a isso.

 

"Nós estamos trabalhando para alimentar e atualizar o cadastro. Os empreendimentos são obrigados, por lei, a cadastrar em nossa base

quando encontram uma nova caverna", diz Cruz.

 

Para Rasteiro, isso não basta: "Muitas vezes os empreendimentos omitem esses dados. As empresas não saem por aí procurando cavernas só para

cadastrar. Os espeleólogos, que antes faziam isso voluntariamente, agora estão desmotivados a continuar".

 

[creditos]FOLHA[/creditos]

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