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Chile - 7 dias - Santiago, Valparaíso e Viña del Mar - abril de 2011


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Este relato é uma cópia do que escrevi no meu blog. As fotos eu só postei lá. Quem se interessar pode dar uma olhada. O link está no fim do post, na minha assinatura.

 

Quando viajo busco aproveitar ao máximo as cidades que visito pois sempre tenho em mente que pode ser que nunca mais volte (é uma espécie de pessimismo neurótico). Quando em 2008 vim ao Chile pela primeira vez não imaginava que tão cedo voltaria. E aqui estou eu!

 

De tanto falar bem de Santiago, Valparaíso e Viña del Mar, minha namorada passou a querer conhecer o Chile também. Como há muito os pais dela não tiravam férias e como eles moram em São Paulo e ficam longe dela a maior parte do ano, combinamos de vir todos passar uma semana por aqui.

 

Tínhamos umas milhas que já estavam para vencer no fidelidade TAM e uns dias de folga por trabalho extra, então não seria caro nem prejudicaria nossas férias de outubro já em planejamento.

 

O fato de eu saber me orientar em Santiago e conhecer grande parte do que há de bom por aqui também influenciou na escolha. Parece que acertamos. Estamos todos adorando.

 

Primeiro dia. Sábado, 16 de abril de 2011.

 

Depois de umas 10 horas de viagem ( incluindo a conexão em Guarulhos), chegamos à Santiago na hora do almoço, cansados e com fome, mas loucos para aproveitar cada momento na capital chilena.

 

No aeroporto a primeira missão era passar na imigração. Não é nada complicado no Chile, mas em qualquer lugar sempre existe a possibilidade de ser barrado… Para nós dois não fizeram nenhuma pergunta. Só entregamos o fomulário e o passaporte, el oficial de migraciones deu o carimbaço e tudo beleza. Para os pais da Dani só perguntaram quantos dias iam passar e só!

 

Tinha reservado uma van para nos buscar no aeroporto por USD$ 30. Mas como o nosso voo teve uma alteração de horário de chegada, atrasando uma hora, acho que o motorista não pode esperar e foi embora. O problema é que ficamos nas mãos dos agenciadores dos taxis do aeroporto (que aliás, são bastante insistentes). Claro que eles não iam cobrar o mesmo preço, mas como não tinha jeito aceitamos pagar USD$ 35 para nos deixarem no hotel. Esperando chegar o taxi que o cara tinha chamado, eu abordei um outro taxista que estava parado lá e, surpresa: ele aceitou fazer a corrida por USD$ 25, mais barato que a van do hotel! Acho que esse é o melhor preço possível para taxi do aeroporto, afinal, são uns 20 km até o centro.

 

No caminho, vim conversando com o taxista, Cesar, sobre os terremotos que sempre acontecem por aqui, sobre o clima que estava bem agradável (uns 18 graus e sem chuva), sobre a economia do país e sobre o modo de ser dos chilenos. Eu fiquei surpreso com a afirmação de que, para ele, os chilenos tinham que aprender a não se preocupar tanto com o futuro e saber aproveitar mais a vida, como os brasileiros e os colombianos fazem. Achei interessante ouvir isso de um simples taxista. No final, ele me deu o cartão dele e aceitou nos levar de volta para o aeroporto no fim da viagem pelos mesmos USD$ 25.

 

Apesar de sempre dar preferência para hostels, como desta vez estamos com os pais da Dani, optamos por um apart hotel chamado Ameristar. Acertamos em cheio. Reservamos pelo booking.com , com bastante antecedência (uns três meses), um flat para até 5 pessoas com dois quartos, banheiro, cozinha com microondas, fogão e geladeira num prédio novinho em folha e muito bem localizado no final do Paseo Huérfanos, uma rua comercial de pedestres bem no centro de Santiago (entre Cerro Santa Lucía e Calle Miraflores). Podemos ir caminhando à grande parte dos lugares interessantes e usar o metrô (estação Bellas Artes ou estação Santa Lucía) para ir aos mais distantes. Mas o melhor de tudo foi o preço: USD$ 595 por 7 noites! Recomendo.

 

Deixamos as coisas no hotel e fomos procurar uma casa de câmbio para trocar nossos dólares por pesos chilenos. Por ser sábado a tarde, não tínhamos muitas opções. Trocamos numa casa de câmbio no Paseo Ahumada, perto da Plaza de Armas na proporção de USD$ 1 para CLP$ 465. A cotação não era das melhores mas ainda é melhor trazer dólares que reais, que tem cotação muito ruim por aqui. Quase tinha me esquecido como é difícil conviver com essa moeda tão desvalorizada. Demora um pouco para se adaptar a pagar 8500 por um almoço sem pensar que está caro!

 

Como já era 4 horas da tarde e estávamos esguridos, não escolhemos muito e almoçamos num restaurante bem simples na Plaza de Armas, o Marco Polo. O ambiente não é dos melhores (é como um restaurante de centro de comércio popular das cidades do Brasil) nem estávamos diante da melhor cozinha que Santiago pode oferecer, mas a comida estava muito boa. Eu e o seu Chico pedimos salmão, a dona Dóia pediu congrio e a Dani pediu corvina. O peixe no Chile é muito fresco. Aliás, a maior parte do salmão dos sushibars do Brasil vem daqui. Pela quantidade de comida, saiu barato (cerca de CLP$ 25000 – R$ 75 para os quatro).

 

Depois de aliviar a fome fomos caminhar um pouco pelo entorno da Plaza de Armas e tirar umas fotos. A catedral de Santiago é muito linda e gigante e foi um dos pontos que eu mais gostei na primeira vez que vim aqui. A atual imponente construção é a quinta a ser construída no local desde 1551 e data de 1775. Notei que a imagem de Nossa Senhora no alto da fachada não estava lá. Fruto do último grande terremoto de fevereiro de 2010.

 

Voltamos para o hotel onde o seu Chico quis ficar descansando. Eu, a Dani e a mãe dela resolvemos subir o vizinho Cerro Santa Lucía, o parque público mais central de Santiago e local de fundação da cidade por Pedro de Valdívia, em 1541.

 

Assim como a Plaza de Armas, o Cerro Santa Lucía é um ponto imperdível da cidade. Um emaranhado de caminhos, escadas e pracinhas empilhadas numa montanha quase vertical cheia de arquitetura, jardins e árvores locais. De lá se tem uma das melhores vistas da cidade. É imprescindível subir até o último mirante, lá no alto. Não tem quem não se impressione ao ver os Andes (mesmo sem neve, como agora), com todo aquele gigantismo, ridicularizarem edifícios de 40 andares. Até Charles Darwin tirou o chapéu quando esteve por lá.

 

Já escuro, descemos o Cerro e comentei que conhecia um centro comercial bem legal, cheio de bares, restaurantes, lojas de artesanato e joalherias que vendem peças com lapis lázuli (a pedra nacional chilena que só é encontrada aqui e no Afeganistão), a Dani e a dona Dóia quiseram ir conhecer. Pegamos o metrô, descemos na estação Baquedano, atravessamos o rio Mapocho e, caminhando mais umas duas quadras, chegamos ao Patio Bellavista (Calle Pio Nono) no bairro de Bellavista, o bairro boêmio e artístico de Santiago e onde fica o hostel que eu fiquei na primeira vez. O lugar é um verdadeiro complexo comercial a céu aberto. Um ambiente muito agradável e sofisticado. A Dani e a mãe dela adoraram. Para mim, um dos melhores lugares para se comprar los recuerdos. Olhamos tudo, não compramos nada, mas ficamos de voltar depois.

 

Já bem cansados, voltamos para o hotel de metrô, tomamos banho e fomos dormir. No outro dia tinha mais.

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Segundo dia. Domingo, 17 de abril de 2011.

 

Acordamos um pouco mais tarde, por volta das 9 horas, nos arrumamos e saímos para procurar um lugar para tomar café da manhã. O problema é que, em Santiago, e me parece que em todas as cidades de herança hispânica, normalmente o dia começa um pouco mais tarde. O domingo começa ainda mais tarde, isso quando começa.

 

O Paseo Huérfanos, rua do nosso hotel, sempre muito movimentada, no domingo é uma calmaria só. Quase nada abre. Trocar dinheiro então é praticamente impossível. Em 2008, quando vim à Santiago pela primeira vez, cheguei justo num domingo a tarde e tive que trocar alguns dólares em uma loja de souvenirs no Crowne Plaza da Avenida Bernardo O´Higgins, o que obviamente resultou numa cotação quase assalto.

 

Depois de muito dar voltas procurando café da manhã, encontramos na Calle Mosqueta, bem perto do nosso hotel, um bistrô que estava abrindo, o Mosqueto. E isso já eram 10 horas da manhã! Mas a espera foi recompensada por um farto desayuno com tábua de pães com três tipos de molho, manteiga, medialunas (croissants) açucaradas, recheadas com manjar e com frambuesa, café com leite e chocolate e, como não podia faltar num bom café da manhã chileno, empanadas, as primeiras da viagem (tudo por CLP$ 20600).

 

As empanadas (que, para quem não sabe, não são empanadas em nada) são pastéis assados no forno, feitos de uma massa macia como um pão e que podem ser rechadas de pino (pedaços de carne, de ovo cozido, cebola picada e azeitonas pretas), choclo (milho) ou vegetais. Outras variações existem mas essas são as mais comuns. A empanada é um lanche muito comum no Chile e também na Argentina e no Uruguai. Qualquer padaria ou lanchonete tem. São para eles o que a empada e a coxinha é para nós brasileiros. É imperdoável vir à Santiago e não provar essa iguaria.

 

Depois de desayunar fomos caminhando até o Museo Histórico Nacional, que fica na Plaza de Armas. Esta parte da cidade, o centro, onde estão os bairros Cívico e Lastarria, é muito interessante. Algumas vezes lembra o centro de São Paulo, recheado de história e boa arquitetura.

 

O Museo Histórico Nacional é um verdadeiro passeio pela história do país. Maquetes, fotografias, pinturas e várias outras peças retratam a história chilena desde a pré-conquista até Allende. Além de muito bem cuidado e organizado, o museu chama a atenção pelo didatismo das exposições cheias de textos explicativos de cada período da história e também de temas como a sociedade, a economia e a política chilena. Muitos pais levam as crianças e ficam explicando a elas os detalhes da história nacional. Para mim é essencial visitar esse museu, principalmente para quem adora história, como eu. Depois da visita começa-se a entender melhor a cidade, o país e o próprio povo chileno. Eles conseguiram colocar nos dois andares do museu (que podem ser percorridos em cerca de 2 horas) praticamente todos os personagens que emprestam os nomes às ruas, aos monumentos e às estações de metrô de Santiago. E o melhor é que é totalmente gratuito, não há ingresso.

 

Saindo do museu, fomos dar uma volta pelo Paseo Ahumada, uma rua de pedestres cheia de lojas. Uma delas já é minha favorita desde que vim pela primeira vez, a Ripley. Essa é uma grande loja de departamentos que tem produtos de muito boa qualidade a preços bem convidativos. Grifes francesas como Cacharel e Ted Lapidus são vendidas como roupas comuns. Não sou muito de gastar o tempo da viagem com compras, mas aqui vale a pena. Comprei dois casacos para a Dani e a dona Dóia também comprou umas roupas. Fiquei de voltar para comprar um tênis e roupas para mim. Vale a pena conferir. Existem lojas da Ripley em vários pontos da cidade. A maior e mais completa fica no shopping center Vivo, na esquina do Paseo Puente (que é contínuo ao Paseo Ahumada) com a Calle Rosas.

 

Saímos da loja já umas 2 horas da tarde e passamos no hotel para deixar as compras, aproveitando a calma do domingo santiaguino. Foi só o tempo de deixar as sacolas, beber uma água para aliviar o tempo seco e sair de novo para almoçar. Escolhemos o Mercado Central, passeio obrigatório e onde o forte são os frutos do mar, que no Chile são sempre uma boa pedida, tanto pela variedade quanto pela qualidade.

 

Fomos caminhando pelo Parque Forestal, uma grande área verde (que agora estava meio amarelada por causa do outono) que acompanha o trajeto do rio Mapocho desde a Plaza Italia até a região do Mercado Central, e onde se encontra o imponente edifício do Museo de Bellas Artes.

 

No Mercado Central, antes de entrar, fomos cercados por garçons de um restaurante querendo nos convencer a almoçar lá (o mesmo aconteceu comigo em 2008). Mas não tem jeito, almoçar no mercado é quase sinônimo de almoçar no Donde Augusto, restaurante que domina o espaço e que, sem dúvida, tem méritos para isso.

 

O Donde Augusto é um restaurante tradicional na cidade especializado em pescados e mariscos. Aqui, a estrela é a centolla, o caranguejo gigante. Uma carne delicada e de sabor totalmente diferente de tudo. Uma das melhores comidas que eu já provei. Claro que esses prazeres têm um preço. No caso da centolla ele é bem alto. Um caranguejo inteiro chega a custar mais de USD$ 100! Mas esse impasse tem solução. É só pedir a porção de centolla al pil pil, uma entrada pequena, com a carne já tirada, que chega borbulhando à mesa e é bem mais barata (cerca de CLP$ 15000 a porção). O garçon, claro, com todo o bom humor chileno em receber os turistas, vai tentar convencer a pedir a inteira dizendo que compensa mais, mas é só ser firme e pedir só a porção mesmo. Só não pode deixar de provar pois a centolla é uma unanimidade.

 

O taxista que nos trouxe do aeroporto quando chegamos, nos indicou outro marisco típico do Chile e que custa bem mais barato, o loco (a porção com três sai por cerca de CLP$ 5000). Uma carne branca, consistente e ligeiramente adocicada. Muito gostoso. Apesar de não ter a mesma fama, compete com a centolla. Recomendo a todos.

 

Só com a centolla al pil pil (duas porções) e os locos (três porções), mais o pãozinho achatado que sempre vem e as bebidas, já ficamos satisfeitos. Almoço para 4 por cerca de CLP$ 55000.

 

No fim, ainda pedimos para o garçom para tirarmos uma foto com a centolla. Quando uma mesa cheia de brasileiros pediu uma, ele nos chamou e tiramos a foto de recordação.

 

O Mercado Central é um edifício até bonito, com estrutura interna toda em ferro inglês, mas, como todo mercado, é um pouco bagunçado e sujo, principalmente na parte de venda dos produtos. Mesmo assim, vale muito a visita e o almoço também.

 

Depois do mercado, passamos em um supermercado da rede Santa Isabel que fica bem próximo, compramos água, vinho, refrigerante, pão, manteiga e leite. A variedade de produtos, marcas e os bons preços, fruto da grande abertura da economia, são uma marca dos supermercados chilenos. Como estávamos num apart hotel todo estruturado, tínhamos que aproveitar para economizar fazendo umas refeições por lá mesmo.

 

Já estava no fim da tarde e voltamos para o hotel para deixar as compras. Como na véspera o seu Chico não tinha ido ao Cerro Santa Lucía com a gente, fomos de novo lá, eu, ele e a Dani. Dessa vez a dona Dóia é quem quis ficar descansando. Já eu nunca me canso de subir este morro. O Cerro Santa Lucía é um lugar agradabilíssimo. Andamos tudo por lá até escurecer, tiramos mais umas fotos e voltamos para tomar banho, lanchar e dormir.

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Terceiro dia. Segunda, 18 de abril de 2011.

 

Como todo mundo sabe, os vales dos rios chilenos, de norte a sul, produzem vinhos excelentes. Aproveitar a viagem ao Chile para mergulhar um pouco no mundo do vinho é uma ótima pedida. Muitas das principais vinícolas chilenas possuem uma boa estrutura para receber visitantes e lhes introduzir neste mundo.

 

Da mesma forma que em 2008, separei um dia para visitarmos uma vinícola. Como a Dani e os pais dela ainda não conheciam a Concha y Toro, apesar de já ter ido, esta foi a vinícola escolhida. Famosa no Brasil, essa vinícola organiza um tour muito legal e ainda tem a facilidade de ir para lá de metrô!

 

Antes, pela manhã, fomos passear pelo bairro Cívico e aproveitamos para dar uma passada na Ripley do shopping center Vivo, a que eu comentei no post anterior. Já tinha ido lá em 2008. A loja é gigante e tem de tudo. São cinco andares com roupas maculinas, femininas, infantis, decoração, eletrônicos… Procurei um tênis para mim mas não gostei de nenhum modelo (o meu, além de muito surrado desde o mochilão Bolívia e Peru 2009, já estava desconfortável para andar longas distâncias). Comprei dois casacos e dois suéteres por preços muito bons e, quando vimos, já era hora de ir almoçar para poder ir para a vinícola.

 

Voltamos andando para o hotel, deixamos as coisas e buscamos um restaurante em Lastarria mesmo. Próximo à Plaza Mulato Gil de Castro e na Calle Lastarria existem várias opções de restaurantes bons. Escolhemos o Don Victorino que, segundo o guia Lonely Planet, tinha uma boa comida sulamericana. O restaurante é simples mas a comida é muito boa. Nos decidimos pelo menú del día, prática que muitos restaurantes por aqui adotam, até os mais arrumadinhos. O buffet de saladas era livre e bem variado. Como prato principal, salmón a la plancha con salsa de mariscos. Vinho chileno de cabernet blanc para acompanhar. De sobremesa, tres leches, uma torta tradicinal da cozinha limeña. Tudo isso por um preço fixo (CLP$ 6000 para cada um).

 

A trilha sonora do lugar era um show a parte. Só música brasileira. Bossa nova, MPB e algumas aberrações como boi bumbá (bate forte o tambor…) e axé pré-histórico (boquinha da garrafa!!!) hahahaha isso bem baixinho, estilo música de elevador… Quando vim em 2008 fui à boates que no meio do tecno tocavam ¨carro de mão¨ e emendavam com ¨a nova loira do tchan¨ hahahaha e o mais interessante é que eles pensavam que agradavam os brasileiros assim! Alguns, ao saber que eu era brasileiro, muito simpaticamente e empolgadamente perguntavam se eu conhecia a música e eu dizia que sim, que tocava no Brasil há dez anos atrás!

 

Saímos do restaurante e corremos para a estação Bellas Artes do metrô, rumo à Concha y Toro. O último tour sai às 16:00hs e são mais de 20 estações até lá, o que leva quase uma hora! Pegamos o metrô rumo à estação Plaza de Puente Alto. No caminho o metrô sai do subterrâneo e passa a ser de superfície e podemos ver a paisagem da janela do metrô. A periferia de Santiago é bem organizada e parece segura e, ao fundo, podemos ver os Andes.

 

Um velhinho chileno, vendo que éramos turistas, começou a puxar assunto. Perguntou de onde éramos e, quando disse que éramos brasileiros, ele ficou todo alegre, disse que gostava muito do Brasil e dos brasileiros e demonstrou o maior orgulho de estarmos visitando o país dele. Depois engrenou no já clichê papo de futebol (brasileiro=futebol). Perguntou se estávamos nos preparando para as Olimpíadas e se na minha cidade ia ter jogos da Copa. Disse ainda que, se o Chile fosse à Copa, ele iria ao Brasil. Quando chegou na estação dele, se despediu de todos nós cumprimentando um a um.

 

Descendo na praça de Puente Alto, cidade da periferia de Santiago, é só pegar um taxi e em cinco minutos, por CLP$ 2000, ele nos deixa na porta da Concha y Toro.

 

Os tours podem ser em inglês ou em espanhol. Já acostumados a receber turistas brasileiros, os guias chegam a falar uma espécie de ¨espanguês¨, esforçando-se para que os brasileiros os entendam. Existem dois tipos de tour, um com quatro degustações (que dura uma hora e meia e custa CLP$ 16000) e outro com duas degustações (que dura uma hora e custa CLP$ 7000). Em ambos podemos ficar com a taça personalizada com o nome da vinícola de presente. Preferimos o mais curto. Depois de uns 10 minutos o tour começou.

 

Vamos entrando pelos caminhos da vinícola, cercados por jardins bem cuidados. No nosso tour (que tinha umas 20 pessoas) só havia brasileiros (da outra vez que eu vim eu era o único brasileiro!). Começamos com um vídeo numa sala de projeção sobre o vinho no Chile, os tipos de uva e sobre a história da Concha y Toro.

 

Depois, saímos caminhando e o guia nos explicando sobre o casarão de verão de Don Melchor de Concha y Toro, o fundador da vinícola, sobre os jardins franceses com espécies de várias partes do mundo e sobre o lago artificial.

 

Passamos ao vinhedo. Aqui, senti uma grande diferença. Quando vim em 2008, por ser fim do inverno, as parreiras estavam totalmente secas, sem nenhuma folha. Desta vez estavam bem verdes e em plena produção. Pudemos até provar as cabernet sauvignon do pé! Muito doces. Depois, no pátio, degustamos o primeiro vinho. Um cabernet blanc Serie Riberas Gran Reserva 2010. Muito bom. Novo, mas pouco ácido e bastante refrescante.

 

Em seguida fomos às adegas de maturação dos vinhos em barris de carvalho. Primeiro na mais moderna, refrigerada e umidificada artificialmente, com equipamentos de última geração.

 

Depois fomos à mais antiga, no subterrâneo, onde amadurece o Don Melchor, um dos melhores rótulos da casa. Esta adega mais antiga foi feita com tijolos e argamassa de cal y canto (cal e clara de ovo). O chão é de terra, o que permite que seja molhado para se chegar à umidade desejada. Aqui, os vinhos amadurecem da mesma forma que há 100 anos atrás.

 

Eles fazem uma apresentação com áudio (e sem luz!) contando a história do Casillero del Diablo, um dos mais famosos vinhos da Concha y Toro. Muito interessante!

 

Em seguida, subimos à um salão e degustamos o segundo vinho. Um carmenère Marqués de Casa Concha 2008. Vermelho escuro, encorpado, com taninos e acidez moderados. Fantástico. Todos adoraram.

 

No fim do tour, que passa voando, podemos visitar a loja, um verdadeiro paraíso para quem gosta de vinho. Os preços das garrafas não são muito bons, mais vale deixar para comprar no supermercado (a não ser que se esteja buscando um rótulo ou uma safra específica, difícil de achar). Comprei um resfriador rápido de garrafa de vinho, um avental para o meu irmão (que é um churrasqueiro de primeira) e, como já tinha um saca-rolhas personalizados da Concha y Toro, que comprei em 2008, e um do Casillero del Diablo, que ganhei de presente de um casal amigo, comprei um outro modelo, mais moderno, com gravação do Marqués de Casa Concha, o vinho que degustamos no passeio.

 

Para voltar, pedimos para o guarda da guarita da frente chamar um taxi que, por CLP$ 2500, nos deixou de novo na estação Plaza de Puente Alto do metrô.

 

Já escuro, descemos na estação Baquedano e fomos outra vez no Patio Bellavista. Dessa vez comprei alguns recuerdos (sempre compro imãs, postais, livros de fotografias e artesanato de todos os lugares que eu visito), uma camiseta para minha cunhada e outra para meu padastro e um pingente de prata com lapiz lázuli, jaspe e malequita para a minha mãe. A dona Dóia ficou louca com tantas opções de artesanato e comprou algumas peças de lapiz lázuli e cobre.

 

Lá mesmo escolhemos, entre os muitos restaurantes, um chamado Backstage. A comida é boa. Mas o serviço é ruim. O lugar nem estava cheio mas tudo demorou e a conta ainda veio errada.

 

Já eram 22:30hs e estávamos mortos de cansados, então voltamos de taxi para o hotel (CLP$ 2000 – como estamos em um grupo de quatro, para curtas distâncias, mais vale usar taxi que pegar o metrô). A sensação era de que tínhamos aproveitado ao máximo o nosso dia.

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Quarto dia. Terça, 19 de abril de 2011.

 

Como vamos visitar apenas um país e estamos com os pais da Dani, que naturalmente tem um outro ritmo, sabíamos que esse não seria um mochilão daqueles ¨eu durmo quando acabar a viagem¨. Não estamos acordando muito cedo, como seria normal pelo menos nos primeiros dias de um mochilão, mas nada que atrapalhe fazer os passeios planejados para o dia.

 

Santiago possui dois parques públicos que merecem ser visitados por todo turista. Em se tratando de uma cidade andina, nada mais lógico que ambos serem montanhas (Cerros). Um já havíamos visitado, o Cerro Santa Lucía. O outro, deixamos para visitar neste quarto dia.

 

O Cerro San Critóbal é o mais alto mirante da cidade e é onde está instalado o Parque Metropolitano. Fica localizado entre o bairro de Bellavista e o bairro da Providencia. De lá tem-se a melhor vista panorâmica de Santiago, local perfeito para fotos.

 

Pegamos o metrô, descemos na estação Baquedano, atravessamos o rio Mapocho e seguimos pela Calle Pio Nono até chegarmos ao pé do Cerro, que fica no final da rua. Aqui existem duas opções. À esquerda vemos a entrada do funicular, um castelinho que serve de estação para o trenzinho que leva ao mirante. À direita temos o caminho que leva ao Zoologico Nacional (quem não quiser subir a pé pode pegar o funicular e descer antes de chegar ao topo, na parada do zoológico).

 

Antes de subir, fomos abordados por um rapaz de uma companhia de turismo que organiza passeios pela cidade naqueles ônibus vermelhos de dois andares (os famigerados ¨city tours¨). Em geral nem dou trela para esses caras mas, como ele chegou falando com a gente em português, pensamos de início que era um turista brasileiro. Para a nossa surpresa o cara era chileno. Incrivelmente ele não tinha nenhum sotaque, ou melhor, tinha sotaque de paulista! O cara foi tão simpático em explicar tudo o que eles ofereciam que até paramos para ouvir. No final (como bom viajante independente), recusamos, mas não sem antes elogiar o português do cara, que ficou todo feliz.

 

Da outra vez que estive em Santiago não fui ao zoológico. Apesar de gostar de bichos desde pequeno (meu pai é veterinário), não sei por que tinha a idéia de que não valia a pena ¨perder tempo¨ com um zoológico, coisa que poderia estar em qualquer cidade. Pensava também que, muito provavelmente, haveria apenas algumas llamas por lá… Eu sei… Pensamento mesquinho e preconceituoso… Mas agora faço o mea culpa postando aqui a boa surpresa que tive.

 

Depois de subir caminhando pelas ladeiras e comprar as entradas (CLP$ 3000 cada adulto), entramos e percebemos que o zoologico estava bem tranquilo, apenas um grupo de crianças ensandecidas gritando na frente das jaulas.

 

O zoológico é bem variado (elefantes, girafas, urso pardo, urso polar, camelo, pinguins, leões, tigres, puma, chimpanzés, babuínos, macaco-aranha, micos, hipopótamo, zebras, uma parte de anfíbios, crocodilo, cobras, araras, papagaios, flamingos, um aviário que a gente caminha dentro cheio de pássaros diferentes, cervos, carneiros montanheses, anta, porco-espinho, gambá, suricatos e, claro, llamas!).

 

Destaque especial para o berçário, onde os filhotes ficam separados dos adultos para evitar que eles batam nos pequenos. Tinha um babuínozinho brincando com os brinquedos dele como se fosse uma criança. Muito lindo. Fica numa parte mais isolada para evitar muito movimento. O Zoologico Nacional de Santiago é fantástico, muito organizado, bem cuidado e limpo. Voltamos a ser crianças. Tem também uma lojinha com lembranças de lá bem legal. Sem dúvida, um dos melhores passeios e uma das maiores surpresas! Recomendo a todos.

 

Depois de passar um bom tempo no zoológico, descemos de novo até o pé do Cerro e fomos ao funicular.

 

Aí tivemos uma má notícia. Há dois anos o teleférico está parado. Em 2008, eu subi pelo funicular pelo bairro de Bellavista e desci pelo teleférico no bairro da Providencia. Parece que logo depois a concessão de exploração do serviço expirou e não foi renovada (achei muito desmazelo, mas acho que deve haver uma justificativa para o problema, talvez uma ação judicial, não sei). Então, compramos a passagem de ida e de volta pelo funicular mesmo (CLP$ 1800 para cada) e subimos.

 

Em 2008, como era fim do inverno e havia chovido na véspera, quando fui ao Cerro San Cristóbal, Santiago estava emoldurada pelos Andes cobertos de neve e por um céu azul anil. Dessa vez, por ser outono, os Andes ainda não tinham neve e, em razão do tempo seco (não chovia há alguns dias), podia-se notar uma camada de poluição que encobria a cidade. Mesmo assim, a vista ainda era impressionante e as fotos ficaram bem bonitas.

 

Lá em cima tem uma pracinha, uma capela e a estátua de Nuestra Señora de la Concepción que fica no ponto mais alto, sempre guardando Santiago. Nesse santuário o Papa João Paulo II celebrou missa em 1987, em sua visita à cidade. Há também lugares para lanchar (comemos empanadas), algumas lojas com bom artesanato e outros recuerdos. Comprei umas peças de cerâmica numa loja de um holandês. Os preços estão na média das lojas do Pátio Bellavista.

 

Já era umas 14:45hs quando descemos. Tínhamos decidido experimentar um restaurante do bairro da Providencia, onde a lista de opções é enorme. O eleito foi o Astrid & Gastón, o restaurante de comida peruana do mundialmente renomado chef Gastón Acurio. Esse cara elevou a cozinha peruana a um patamar superior, é autor de vários livros e dono de vários restaurantes com as marcas Astrid & Gastón (Lima, Santiago, Buenos Aires, Quito, Bogotá, Caracas, Ciudad de México, Madrid) e La Mar Cebicheria (Lima, Ciudad de México, Bogotá, Ciudad de Panamá, Santiago, São Paulo, San Francisco e New York).

 

O problema: no guia da Lonely Planet dizia que o almoço era até as 15:30hs! Estávamos em cima da hora. Pegamos um taxi (CLP$ 2500), demos a volta ao Cerro San Cristóbal e chegamos no Astrid & Gastón (Calle Antonio Bellet, 201, entre Av. Andrés Bello e Av. Providencia) com a cozinha quase fechando. O maître nos recebeu com toda a deferência, apesar de estarmos vestidos bem simplesmente (eu estava até de mochila), e foi ver se a cozinha ainda estava aberta. Por sorte ainda estava.

 

O salão é até pequeno, umas vinte mesas no máximo, mais um bar. Uma decoração simples, mas de muito bom gosto. O serviço foi impecável e, apesar do ambiente semi formal, nos deixaram bem à vontade. Já os pratos… difícil até de escolher diante de tantas boas opções. Detalhe: o cardápio estava em português.

 

Pedimos um trio de cebiches (CLP$ 13800) de entrada. Já comemos muito cebiche quando estivemos no Peru e esse não devia a nenhum deles. Mas o melhor mesmo foram os pratos principais. Como a dona Dóia e o seu Chico estavam sendo apresentados à cozinha peruana, pedimos o básico. Lomo saltado (CLP$ 12800) para ele e ají de gallina (CLP$ 8800) para ela. A Daniela pediu um sudado de robalo con mariscos y arroz con choclo (CLP$ 12800). Eu pedi um saltado de congrio a la temporada con camarones y ostiones sobre puré pacu-pacu (CLP$ 14800).

 

De sobremesa pedimos uma degustación peruana, uma travessa para compartir com pequenas porções de sorbete de lúcuma, picarones, arroz con leche e suspiro limeño (CLP$ 8700). Tudo acompanhado de um carmenère chileno muito bom (não lembro o rótulo). No Astrid & Gastón os pratos não são simples comida, são uma experiência (inesquecível, por sinal). O tamanho da porção, a apresentação e o sabor são perfeitos.

 

A Dani e eu saímos sem nos perdoar por não termos ido conhecer o Astrid & Gastón de Lima quando estivemos lá em 2009. Ficava no mesmo bairro em que estávamos hospedados, Miraflores, e é considerado um dos 50 melhores restaurantes do mundo! Mas ele não perde por nos esperar. O plano é conhecer todos!

 

Depois de almoçar fomos passear um pouco pelo bairro da Providencia, que é muito agradável. É uma área residencial de classe média e alta, com muitas opções de comércio e edifícios modernos. É uma das áreas mais nobres de Santiago. Entramos numa loja da Falabella, uma rede de lojas de departamentos presente em vários países. Ganhei um tênis de presente da Dani (graças a Deus, não aguentava mais o meu). Ainda passamos no supermercado para comprar algumas coisas para comer mais tarde.

 

Voltamos de taxi para o hotel, já no início da noite. A Dani e os pais dela foram descansar e eu fui à uma livraria chamada Feria Chilena del Libro que, segundo o funcionário que me ajudou a achar os livros que eu queria, é uma das maiores e mais completas de Santiago (Paseo Huérfanos entre Calle Miraflores e Calle Enrique Mac Iver). Sempre compro um livro de história de todo país que visito. Em 2008 comprei uma Breve Historia de Chile e desta vez, como tinha espaço de sobra na bagagem e não íamos viajar por muito tempo nem para muitas cidades, comprei mais cinco livros de história latinoamericana, do Chile e sobre a Guerra do Pacífico (todos por CLP$ 45000).

 

Com o frio já apertando, voltei para o hotel e foi só comer, tomar banho, entrar na internet e dormir. O dia seguinte seria puxado pois íamos dar uma olhada no Pacífico lá em Valparaíso e Viña del Mar.

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Quinto dia. Quarta, 20 de abril de 2011.

 

Quem vem à Santiago por pelo menos 5 dias tem que visitar Valparaíso. E quem vai à Valparaíso, vai à Viña del Mar! Apesar de muito diferentes, as cidades são lado a lado e o que as separa é apenas um canal. Estive em Valparaíso na primeira vez que estive no Chile. Passei dois dias e fiquei hospedado no hostel Caracol, no Cerro Bellavista, indo passear em Viña no segundo dia. Dessa vez fomos passar apenas o dia em Valpo e Viña e, à noite, voltamos para Santiago. É um passeio cansativo, mas vale a pena.

 

Acordamos às 7:00hs para pegar o ônibus o mais cedo possível e aproveitar ao máximo o dia. Pegamos o metrô na estação Santa Lucía e seguimos sentido San Pablo até a estação Universidad de Santiago. A saída desta estação é dentro do terminal de ônibus da Alameda (Av. Libertador Bernardo O´Higgings). Prático e fácil.

 

Existem várias empresas que operam no trajeto Santiago-Valparaíso e tem ônibus saindo praticamente de 15 em 15 minutos. Não é necessário comprar a passagem com antecedência. Sempre tem vaga em cima da hora e os ônibus vão até bem vazios (pelo menos foi assim as duas vezes que eu fui).

 

Duas boas empresas dominam o terminal, a Pullman Bus e a Tur Bus. Compramos as passagens na Pullman Bus (CLP$ 6000 para cada um, ida e volta) para viajar na hora e, quando olhei o bilhete, a saída era às 9:55hs e já era 9:55hs! Saímos correndo e pegamos o ônibus já dando marcha à ré! A viagem é muito tranquila. Os ônibus são novíssimos e limpos, a poltrona é confortável e reclina bastante, tem banheiro e ainda por cima o nosso ônibus estava vazio. A viagem até Valparaíso dura uma hora e meia. A estrada é um tapete e temos montanhas e vinhedos como paisagem por todo o trajeto.

 

Chegando ao terminal de Valparaíso, peguei o guia, nos localizamos e fomos caminhando rumo à Plaza Victoria. No caminho, vimos os Carabineros de Chile (polícia) ensaiando para o desfile do dia deles que estava para chegar e paramos para tomar um café com empanada e torta de framboesa.

 

Na Plaza Victoria, que fica na parte baixa da cidade, tiramos umas fotos da catedral (que estava fechada) e fomos logo até o Ascensor Espíritu Santo. Foi da janela desse ascensor que eu vi, pela primeira vez, o Oceano Pacífico, em 2008. Por isso levei a Dani e os pais dela para subirem o morro por ele também. Mas, para minha surpresa, estava fechado. E pela aparência de abandono não era só neste dia, infelizmente.

 

Valparaíso é conhecida pelos seus trolebuses (ônibus elétricos)verdes e pelos seus ascensores, que são como trenzinhos que sobem os morros. O mais interessante é que eles não são feitos para turistas, são para os moradores mesmo. A grande maioria é bem antiga (e mal conservada). Alguns ascensores tem mais de 100 anos!

 

Seguimos mais um pouco em direção a outro ascensor, o Concepción, o mais antigo, de 1883! No caminho, trocamos mais uns dólares em uma casa de câmbio na Calle Prat (USD$ 1 para CLP$ 464). A parte baixa da cidade é muito movimentada e é onde fica a maior parte dos edifícios e monumentos históricos de Valparaíso. Não é tão simples encontrar a entrada do Ascensor Concepción porque fica em um bequinho espremido entre dois prédios. Mas é só perguntar na rua que todos sabem.

 

A passagem custa bem baratinho e o trajeto é bem curto. Lá em cima, onde há uma espécie de terraço, a Dani e os pais da Dani viram o Pacífico pela primeira vez (ela já tinha visto em Lima).

 

Seu Chico, Dani, eu e a vista do terraço do Ascensor Concepción com o Oceano Pacífico como cenário

A Baía de Valparaíso abriga o maior porto chileno e também é sede da Armada do Chile (Marinha), por isso vemos tantos navios cargueiros e militares. De cima passamos a ter uma ideia melhor de como é a cidade, com os morros cercando o mar, cobertos de casas coloridas.

 

Ficamos caminhando pelas ruelas do Cerro Concepción, onde ficam instalados muitos hostels e pequenos hotéis, lojinhas e restaurantes. É uma área bem turística e bem tranquila também, tanto que podemos andar pelo meio da rua. Cansamos de tanto subir e descer ladeiras intermináveis e quase verticais! Passeamos sem destino, só observando o cotidiano dos moradores e apreciando as belas vistas.

 

É nesta parte alta da cidade onde sentimos melhor a atmosfera artística de Valparaíso, principalmente por causa do Museo a Cielo Abierto. Trata-se, na verdade, de várias pinturas espalhadas principalmente pelos muros das casas do Cerro Bellavista e feitas por artistas chilenos. A ”mostra” foi inaugurada em 1992. A responsabilidade pela conservação das obras ficou sendo dos proprietários das casas e, por isso, muitas se deterioraram com o tempo. Mas o melhor é que, desde essa época, várias outras obras já foram feitas e, cada vez mais, a cidade vai ficando colorida e ganhando ainda mais identidade.

 

Com o adiantado da hora, resolvemos visitar La Sebastiana, uma das casas de Pablo Neruda, o renomado escritor chileno Nobel de literatura em 1971. Não pude visitar em 2008 pois cheguei 15 minutos depois do horário de fechar, perdido no emaranhado de ruas que cortam os morros. O taxista que nos levou do Cerro Concepción até lá (é difícil achar taxi vazio no alto dos cerros) nos cobrou só o preço do que pagaríamos pela passagem de ônibus (CLP$ 1400).

 

Pablo Neruda tem 3 casas no Chile, todas transformadas em museus. Uma em Isla Negra (onde está sepultado), outra em Santiago (La Chascona) e essa de Valparaíso (La Sebastiana). Apesar de já ter lido a autobiografia poética de Neruda (Confieso que he vivido) e ter adorado, não esperava tanto do passeio. Mas ele surpreendeu.

 

Cada ingresso custa CLP$ 3000 e dá direito à um aparelhinho que narra as histórias de cada parte da casa e é esencial para aproveitar ao máximo o lugar (tem opção em português). A primeira vista, La Sebastiana não chama muito a atenção. Por fora é uma casa pequena e até bem comum. Mas por dentro… Cada cômodo está impregnado com a personalidade e a história de vida deste grande artista. A vista das janelas é perfeita, não tem foto que consiga captar (não se pode tirar fotos do interior, só das janelas para fora). No fim, ainda tem um vídeo feito pela Universidad Católica cuja estrela é o próprio Neruda declamando sua obra. Recomendo muito a visita.

 

Saímos de La Sebastiana morrendo de fome (já era umas 15:00hs) e, na porta, um guia de uma agência nos ofereceu passeios. O preço era caro mas, conversando, ele nos deu a dica de um restaurante que fez toda a diferença no nosso dia. É o tipo de restaurante que não encontraríamos sem a indicação de um local. Mantendo a tradição desta viagem, apesar das carnes chilenas também serem ótimas, íamos comer pescados e mariscos!

 

Não conseguíamos encontrar taxis vazios no alto do morro e como para baixo todos os santos ajudam, fomos descendo à pé mesmo até chegar à cidade baixa. Pegamos um taxi (CLP$ 1000) na Plaza Victoria que nos deixou na porta do restaurante. O taxista também elogiou o restaurante.

 

O nome do restaurante é Marisqueria Los Porteños e fica na esquina da Calle Valdívia com Calle Cochrane, na região da Plaza Sotomayor, perto do porto. Não é nada turístico, é um restaurante onde os moradores da cidade vão, mas o atendimento é rápido, a garçonete muito simpática, a comida é deliciosa, as porções são enormes e o preço é muito bom. Pedimos uma porção de locos con salsa verde como entrada (CLP$ 6200), a dona Dóia pediu congrio primavera (CLP$ 5500) e eu, a Dani e o seu Chico pedimos congrio con salsa margarita (CLP$ 6800 cada). No Chile, raramente os pratos vem com acompanhamento (agregado) e, então pedimos mais duas porções de arroz e uma de papas fritas (CLP$ 7100 as três). Pedimos também uma Escudo de um litro, a cerveja mais popular do Chile, e refrigerantes. Foi tanta comida que não demos conta de comer tudo!

 

Saímos do restaurante satisfeitíssimos e fomos caminhando pela parte baixa da cidade até a estação Puerto do metrô (sim, Valparaíso tem metrô e é muito bom!) para irmos para Viña del Mar. Compramos um cartão (CLP$ 1200) onde pudemos pôr o valor da passagem para nós quatro para a ida (até a estação Miramar, já em Viña) e volta (estação Puerto), o que totalizou CLP$ 3200.

 

O metrô, que é quase todo de superfície é tão limpo e eficiente quanto o de Santiago. O problema é que só tem uma linha que margeia o porto, de Valparaíso até Viña del Mar, e não leva à parte alta da cidade.

 

Viña del Mar é um balneário muito frequentado pela classe média e alta chilena. É uma paisagem urbana totalmente diferente da de Valparaíso, apesar de serem coladas uma na outra. É cheia de edifícios modernos e de luxo, praças e jardins bem cuidados, limpa e organizada. A praia é linda, mas havia avisos de que era perigosa para o banho.

 

Aqui também o terremoto de fevereiro de 2010 deixou marcas. Edifícios inteiros foram condenados e estão abandonados. Dá muita pena de ver prédios de luxo, na beira da praia, inutilizados. Mas provavelmente vão demolir e construir outros.

 

O forte da cidade são as opções de lazer. Muitíssimos restaurantes, hotéis, boates e bares uns ao lado dos outros. A noite é bem agitada. Tem também cassino que, pela quantidade de carros estacionados fora, estava lotado.

 

Viña tem uma excelente infraestrutura, mas a cidade, na minha opinião, não tem tanta identidade quanto Valparaíso. A impressão que dá é que Viña podia estar em qualquer lugar do mundo. Valparaíso só podia estar ali, é única. Não é à toa que Valpo é Patrimônio da Humanidade da Unesco.

 

Estava anoitecendo tarde, por volta das 19:30hs, então aproveitamos bastante o dia, mas estava na hora de voltar. O seu Chico estava com a maior pressa com medo de perder o último ônibus para Santiago. Mas deu tudo certo. Pegamos o metrô na estação Miramar, descemos na estação Bellavista, já em Valparaíso, e caminhamos umas quatro quadras até o terminal. Pegamos o ônibus por volta das 20:30hs e chegamos no terminal Alameda, em Santiago umas 22:00hs. Estávamos mortos de cansados, mas todos adoraram o dia.

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Sexto dia. Quinta, 21 de abril de 2011.

 

Um pouco cansados depois da maratona à Valparaíso e Viña, saímos para passear pelo Barrio Cívico, o centro antigo de Santiago. Eu, particularmente, adoro esse pedaço da cidade. Para mim, é onde se pode realmente sentir a personalidade de Santiago. E o melhor é que as distâncias não são grandes e pode-se fazer tudo à pé.

 

Como a metereologia já havia previsto, o dia seria um pouco mais frio. A temperatura, que durante toda a semana estava em torno de 18 graus, caiu para uns 15 graus. Um clima ideal para quem queria passear!

 

Fomos caminhando pelas ruas do centro em direção à Plaza de Armas. Aqui, Santiago pulsa a todo vapor, sempre. Na região da praça estão vários prédios históricos e governamentais.

 

Atrás da Catedral encontramos o edifício do antigo Congresso Nacional. Estranhamente, hoje ele está vazio. Durante a ditadura, o general Pinochet construiu um enorme elefante branco em Valparaíso (um prédio tão horrendo que não merece nem uma foto) e transferiu o parlamento para lá, facilitando sua vida na capital. O edifício neoclássico de Santiago hoje sequer é um museu. Está fechado, mas parece muito bem conservado, com jardins bem cuidados e carabineros de sentinela. Bem em frente fica a Academia Diplomática de Chile e, atrás, o também imponente edifício dos Tribunales Nacionales, o STF deles.

 

Depois de passar por estes prédios, nos encaminhamos para o Museo Chileno de Arte Precolombino, que fica na Calle Bandera, a um quarteirão da Plaza de Armas. Tanto quanto o Museo Histórico Nacional, este é imperdível. O edifício foi sede da Aduana Real e, apesar de histórico, não chama muito a atenção. Já o acervo é fantástico. Verdadeiras obras de arte arqueológicas de toda a América Latina, do México até a Patagônia. Povos como os Astecas, Maias, Marajoaras, Incas e Mapuches estão ali muito bem representados por sua arte em cerâmica, jóias, esculturas em madeira e até múmias mais antigas que as egípicias!

 

Uma nova sala só de têxteis também impressiona pelo trabalho minucioso desses povos. Essa sala foi inaugurada em 2010 e para mim foi uma novidade pois não existia em 2008, quando vim pela primeira vez. O ingresso do museu custa CLP$ 3000 e ele pode ser todo percorrido em menos de duas horas. A lojinha do museu oferece livros e várias réplicas perfeitas das obras em exposição, mas achei as peças um pouco caras.

 

Saindo de lá fomos dar uma olhada na Casa Colorada, o pequeno Museo de Santiago, que fica bem perto. Em 2008 estive lá e achei interessante. O acervo era composto de maquetes da cidade nos tempos coloniais e de representações de típicos cômodos de casas da época. Tiramos até fotos da fachada antes de perceber que o museu estava fechado para reforma.

 

Como já era hora do almoço e tínhamos jurado voltar a comer centolla e locos antes de ir embora para o Brasil, nos encaminhamos para o Mercado Central. No caminho, passamos em frente à Iglesia de Santo Domingo, entramos, vimos seu bonito interior e suas grossas paredes a prova de terremoto e, como a fome era grande, seguimos.

 

O almoço foi idêntico ao da primeira vez que fomos ao Mercado Central: duas porções de centolla al pil pil e três porções de locos. Pedimos também uma Jardinera de Mariscos, uma travessona cheia de frutos do mar variados. Muito boa também. Novamente, recomendo a todos!

 

O Mercado Central estava lotado. Isso porque era quinta-feira santa e todos estavam atrás de peixes e frutos do mar para a sexta-feira da paixão. Lá as opções são inúmeras, é tudo muito fresco e os preços não me pareceram caros. Não compramos mariscos, mas não resistimos à uma loja só de queijos artesanais do mercado. Um mais gostoso que o outro. Compramos umas 5 variedades para comer à noite, no hotel.

 

O seu Chico começou a se queixar que estava com as pernas pesadas, resultado do sobe e desce nas ladeiras de Valparaíso na véspera. Fomos então de volta ao hotel. Ele ficou por lá descansando e vendo o noticiário na televisão chilena, mas eu, a dona Dóia e a Dani saímos de novo.

 

Fomos na direção da principal avenida da cidade, a Libertador Bernardo O´Higgins, nome do herói nacional da independência, também conhecida simplesmente por Alameda. É uma avenida que passa por vários bairros, tem várias pistas e sempre está movimentada.

 

Nesta importante avenida estão vários pontos de interesse. Muitos hotéis de luxo, como o Crowne estão lá. A Universidad de Chile, a Universidad Católica e a Universidad de Santiago também têm seus campi ali. O Cerro Santa Lucía tem sua entrada principal voltada pra ela.

 

A Biblioteca Nacional ocupa um quarteirão inteiro na Alameda e, como estava aberta, entramos para ver como era. Muito bonita e bem cuidada. Existem várias salas com bibliotecas temáticas. Umas das mais importantes é a que abriga um dos maiores acervos do mundo sobre a América Latina colonial. A sala é toda revestida de madeira escura e tem estantes de cima a baixo repletas de livros e documentos históricos do período. Muito interessante.

 

O Palacio La Moneda, sede da presidência, e os ministérios do governo também ficam na Alameda. Vir à Santiago e não tirar uma foto em frente ao palácio presidencial é inadmissível. Foi ali que Salvador Allende se suicidou (ou melhor, suicidaram ele) ao se negar a deixar o poder quando do golpe de 1973. O palácio, inclusive, foi bombardeado pelos militares.

 

Hoje, claro, o palácio está novinho em folha. Aqui é onde está a maior concentração de carabineros do Chile. Eles estão por toda parte fazendo a segurança da área, que é o centro político do país. Em 2008 eu cheguei a adentrar o pátio interno do palácio. No edifício mesmo só se podia entrar agendando um tour com muitos dias de antecedência. O guarda disse que agora não se podia entrar nem no pátio porque estavam em obras.

 

Como era de tarde, e dia ímpar, não pudemos ver a troca da guarda. Isso porque ela acontece somente nos dias pares do mês e se inicia pontualmente à 10:00hs da manhã. Da outra vez eu assiti e é bem legal, cheia de pompa.

 

No subsolo do palácio tem um centro cultural moderno que foi inaugurado em 2006. A entrada é gratuita e sempre tem alguma mostra de arte ou instalação interativa. Dessa vez era sobre a América. Podíamos pegar uma plaquinha de madeira e, com giz colorido, desenhar e escrever o que quiséssemos e depois colocar dentro de um espaço delimitado no chão na forma do continente americano. Tinha recados de gente do mundo todo. Fizemos os nossos, claro.

 

Estava em cartaz também uma exposição de fotografias de um padre italiano chamado Alberto De Agostini. Ele liderou uma expedição à Patagônia no início do século XX, sendo o responsável por importantes registros da paisagem e do povo da região. As fotos impressionam pela boa qualidade e demonstram coragem do religioso pois, na época, a região era completamente inóspita e isolada.

 

No Centro Cultural Palacio La Moneda ainda tem umas outras salas com exposições de fotografias e arte, além de um cinema com filmes chilenos. Mas essas atrações são pagas. O acesso à tudo custa pouco, cerca de CLP$ 3000. Existem também umas boas lojas de recuerdos, livros e artesanato.

 

Numa dessas lojas comprei duas peças de cerâmica. Uma máscara do Condor, representando o povo andino, e outra de um espírito Selknam, povo indígena do sul do Chile, já extinto.

 

Em outra loja conhecemos a Sandra Pitrén, uma artesã, legítima e orgulhosa representante Mapuche (povo indígena que dominava o território chileno antes dos espanhóis chegarem e que se misturou com eles, dando origem à grande parte do povo chileno atual). Muito simpática e conversadora, ela nos contou que era da região de Temuco, ao sul, e que estava lá trazida pelo centro cultural para passar alguns dias fazendo peças de cerâmica ao vivo. Cada jarro, pote e vaso tinha detalhes cheios de significados que ela nos explicava. Depois, nos mostrou como era a técnica para fazer as obras com argila. Tiramos até foto com ela. É o tipo de pessoa que vale a pena conhecer em uma viagem!

 

Saímos do centro cultural já umas 18:30hs. Voltamos caminhando também pela Alameda e entramos na Iglesia de San Francisco. Essa é uma igreja muito tradicional de Santiago e que tem um mosteiro integrado com um museu de arte sacra. A igreja é bem antiga e bonita, mas não é muito rica. O mosteiro e o museu estavam fechados. Até tentei conhecê-los em 2008, no meu último dia em Santiago, mas essa é uma história para outro post!

 

Continuamos pela Alameda e entramos no Centro de Artesanías que fica em frente ao Cerro Santa Lucía, do outro lado da avenida. Quem vê o centro de cima, do alto do Cerro, não dá nada por ele, pensa que é só uma feira desorganizada. Mas existem muitas lojas (muitas mesmo) de artesanato de qualidade (cerâmica, cobre, tecidos, lapis lázuli, prata e outros recuerdos). Os preços são ótimos e tem muita variedade. Sem dúvida, um dos melhores locais para comprar lembranças.

 

Quando saímos de lá, já estava escuro e o frio apertava. Chegamos no hotel, contamos para o seu Chico os passeios que fizemos e fomos lanchar. Pão, leite, café, os queijos que compramos no mercado e, no fim, vinho chileno. Não podia ser melhor. Depois foi só tomar banho e dormir. O outro dia seria o último da nossa viagem…

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Sétimo dia. Sexta, 22 de abril de 2011.

 

Santiago é uma cidade que não gosta de despedidas. A hora de ir embora já se aproximava. Tínhamos só mais um dia na capital chilena e começamos a sentir uma espécie de melancolia, de saudade antes mesmo de partir. Por um lado isso é bom, sinal de que gostamos dos últimos dias!

 

Para piorar, era sexta-feira santa e a cidade estava em clima de feriado. Quase tudo fechado. Para piorar ainda mais, o tempo nublado se transformou em chuva. Uma chuva fraca, mas persistente, que prendeu os santiaguinos em casa e trouxe o frio junto. Choveu praticamente durante todo o dia.

 

Mesmo sob chuva, fomos passeando pelo centro tranquilamente, sem todo aquele movimento de pessoas de um dia normal. Já tínhamos visitado praticamente tudo o que queríamos, mas como o seu Chico não tinha ido ao La Moneda com a gente na véspera, e é inadmissível não ter uma foto em frente ao palácio, voltamos lá. Fomos caminhando pela Alameda, que nesta sexta chuvosa era só nossa. Mas a chuva engrossou e foi só chegar, tirar a foto e tivemos que correr para o Centro Cultural, no subsolo.

 

Foi bom porque ele pôde ver todas as lojas e as exposições que nós tínhamos visto na véspera e até deixamos outras plaquinhas com desenhos no mapa da América.

 

Em uma das lojas ele viu um livro de fotografias da China e aí até se esqueceu por uns minutos do Chile. A China se tornou uma obsessão por causa dos negócios, ainda mais agora que falta pouco mais de um mês para embarcarmos para lá. Mas isso é história para os posts que virão logo mais…

 

Passado um tempo, achamos que a chuva tinha melhorado, mas não. Saímos correrendo até a estação La Moneda, que fica bem em frente à saída do Centro Cultural. Chegando lá, pegamos o metrô e resolvemos ir almoçar em um dos restaurantes de Lastarria. Afinal, comer é o que resta a fazer quando chove. A sorte é que aqui no Chile isso é um prazer.

 

Descemos na estação Bellas Artes e, na Calle Lastarria, n° 70, onde existe uma pequena vila de restaurantes e bares bem arrumadinhos, elegemos para almoçar um bar de vinhos e comida mediterrânea chamado Urriola. A carta de vinhos do lugar é enorme e e cheia de rótulos chilenos.

 

Fomos atendidos por um simpático garçom, um cubano chamado Daniel que nos indicou um vinho que fez combinação perfeita com os pratos que pedimos. O Corralillo sauvignon blanc colheita 2010 é um vinho chileno frutado, jovem e suave. E o melhor é que tomando uma garrafa ganhávamos outra para levar.

 

Daniel nos contou que Urriola é o nome de uma rua do Cerro Alegre, em Valparaíso, onde ficava o restaurante até fevereiro de 2010. Com o grande terremoto, o edifício foi condenado e o dono teve que mudar o restaurante para Santiago. Isso explica o painel com a vista noturna da baía de Valparaíso toda iluminada.

 

A comida estava muito boa. Pedimos peixe outra vez. Começamos com um Ceviche misto de reineta e camarões (CLP$ 4400). Como principal, eu e o seu Chico ficamos com a Reineta Valparaíso, filet de reineta a la plancha con salsa blanca de mariscos sobre cous-cous y vegetales (CPL$6200). A Dani pediu Reineta al Limón, filet de reineta con salsa de limón y cibolet con puré rústico (CLP$ 6100). A dona Dóia pediu Corvina Chora de Puerto, filet de corvina a la plancha con salsa de tomates, aceitunas verdes, merquén y risoto parmesano (CLP$ 6400). Tudo delicioso. Mas o destaque ficou mesmo com o pedido da dona Dóia.

 

De sobremesa pedimos três fatias de torta que também surpreenderam. Torta de cuatro chocolates (CLP$ 1900), torta napoleón con manjar y nuez (CLP$ 2000), e torta pompadour de crema y almendras (CLP$ 2100). O almoço acabou se revelando uma grande despedida da gastronomia santiaguina. Recomendo fortemente o Urriola.

 

A chuva já tinha melhorado quando saímos do restaurante, já no meio da tarde. O clima estava bem friozinho. Passamos pela parte baixa do Cerro Santa Lucía, admirando a vegetação colorida do outono. O interessante desse parque é que ele sempre tem um lado diferente, um caminho ou um monumento para mostrar.

 

Voltamos para o hotel e o seu Chico e a dona Dóia ficaram descansando. Aproveitei para ligar para o taxista que havia nos trazido do aeroporto, Cezar, e combinamos dele vir nos buscar no dia seguinte para nos levar ao aeroporto pelos mesmos USD$ 25, pontualmente às 08:00hs. Tudo acertado.

 

Eu e a Dani saímos de novo para passear. Resolvemos parar em uma das inúmeras panaderias Paradiso espalhadas pelo centro. As padarias e as farmácias eram dos poucos comércios que estavam funcionando. Compramos 10 medialunas para comer no lanche da noite.

 

Uma coisa curiosa nos chamou a atenção. Em dia de chuva eles espalham serragem na porta da loja para que os clientes não enlameiem o interior com seus sapatos molhados. Achei estranhíssimo porque acabavam sujando mais do que mantendo a limpeza!

 

Continuamos passeando pela cidade vazia até a Plaza de Armas. Lá, como era sexta-feira santa, resolvemos entrar na Catedral. Não há missa na sexta-feira santa mas estava começando uma celebração e resolvemos assistir.

 

Dois sacerdotes presidiam a anunciação e a explicação de todas as estações da via crucis. Pelo meio, os fiéis respondiam e o coro cantava. Muito bonito.

 

Saímos já escuro e frio (13 graus), com os edifícios da Plaza de Armas todos iluminados. Mesmo sendo noite, com aquela quantidade de carabineros espalhados pela cidade, nos sentíamos seguros em voltar à pé.

 

A Daniela ainda quis parar em uma farmácia da rede Ahumada e olhar as maquiagens. Descobriu que no Chile maquiagem também é muito barato e comprou um monte de coisas. Outra coisa que eu achei diferente é que nas farmácias (fomos também em uma da rede Cruz Verde), temos sempre que pegar uma senha e aguardar que nos chamem para ser atendido, não podemos pegar e ir direto ao caixa.

 

Chegando no hotel, preparamos o lanche. Medialunas, pães, manteiga, café, leite, sorvete, refrigerante (Canada Dry), os queijos do mercado e vinho. Na hora de enxugar a louça, acabei quebrando a minha taça da Concha y Toro. Em 2008 consegui manter a taça que ganhei intacta por mais 26 dias viajando de cidade em cidade e até hoje tenho ela. Dessa vez não durou nem uma semana!

 

Inconformados em ter que ir embora no dia seguinte, arrumamos a bagagem, embalamos tudo que compramos para que não se quebrasse na viagem e fomos dormir.

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Oitavo dia. Sábado, 23 de abril de 2011.

 

Depois da chuva da sexta, este último dia era uma neblina só. Apesar de já ser 07:00hs, o sol ainda não tinha raiado (o dia amanhece tarde nessa época). Tomamos banho, nos arrumamos, tomamos um rápido café da manhã (deixando na geladeira alguns queijos, sorvete e refrigerante), pus a mochila nas costas e descemos. Antes, paramos no segundo andar, onde fica a recepção do Ameristar, para saber se estava tudo certo. Como já tinha pago tudo com antecedência pelo Paypal, podíamos ir.

 

Chegando lá embaixo, a dúvida era se o Cezar ia ser pontual ou se íamos ter que chamar outro taxi. Ele não estava, mas o pai dele, também taxista, sim. Pontualmente às 08:00hs. Entramos e fui conversando com ele o caminho todo. Os taxistas chilenos são muito simpáticos e adoram conversar. Ele me apontava pelo caminho os danos que o terremoto tinha causado. O bom é que quase tudo já estava reformado. O próprio aeroporto de Santiago, que é gigante e moderno e foi bastante afetado, estava novinho de novo, nem sinais de destruição.

 

Fizemos o check-in e despachamos a bagagem. Depois, como ainda tínhamos tempo, ficamos olhando as lojas do aeroporto. A Dani comprou um óculos e eu fui à uma loja chamada BrittShop gastar os últimos pesos chilenos que eu tinha. Comprei vários livros. Gabriela Mistral, Pablo Neruda, Isabel Allende e Mário Vargas Llosa. A variedade da loja é boa mas, apesar de não ser nada estupidamente caro, acho que em livrarias na cidade encontra-se melhores preços.

 

Entramos na sala de embarque e fomos ao free shop. O do aeroporto de Santiago é enorme, variado e os preços são bons. Compramos um monte de perfumes. Como íamos em voos diferentes (os pais da Dani iam de LAN direto para São Paulo e nós, de Air Canada, ainda íamos fazer conexão para a TAM em Buenos Aires, outra em São Paulo e só então ir para Belém) fomos ver logo os portões de todo mundo. Tudo pronto, foi só se despedir e embarcar (e ainda descobri que a dona Dóia, sensibilizada com meu sofrimento na véspera, tinha colocado a taça dela nas coisas da Dani para mim!).

 

Lá de cima, olhando os imensos Andes nevados, não tem quem não se impressione. Sabíamos que não era um adeus, só um até logo, mas com certeza, o Chile deixa muitas saudades.

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