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De Balneário Camboriú a Aparados da Serra - RS


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Primeiramente quero dizer que nunca tinha feito uma viagem em duas motos para um lugar desconhecido. Quando o Leandro me convidou para esta viagem, nem pensei duas vezes: "vamos", eu disse. Tratava-se de uma confraternização do Brazil Riders, que não é um moto clube, mas uma verdadeira irmandade onde a proposta principal é prestar auxílio aos motociclistas viajantes. Este grupo está espalhado não só pelo Brasil, como em toda a América do Sul. Sei de relatos dos próprios membros, que motociclistas em viagem pedem informações sobre um lugar barato para pernoitar, e acabam virando visitas na casa do membro, com churrasquinho, cerveja e muita conversa. Outros prestam auxílio informando a localização de oficinas, restaurantes, camping, etc. Resumindo: é um grupo de apoio ao viajante.

O local escolhido neste ano foi a cidade de Cambará do Sul-RS, terra dos cânions gigantes. Cerca de 80 motos e mais alguns trailers marcaram presença, com aproximadamente 150 pessoas. O evento seria no sábado e no domingo, dias 14 e 15 de novembro.

Quando fui convidado para esta viagem, aqui na região já fazia um mês que chovia direto, coisas do El niño, então a previsão era de muita chuva ainda, pois faltavam 15 dias para a viagem. Combinamos com o Leandro de nos reunirmos próximo da data de saída para combinarmos os detalhes, como horário, locais de parada para lanche, abastecimento, o que levar, etc. Fizemos reserva de uma pousada (lá tem muitas) por R$ 75,00 por cabeça com café da manhã. Vale lembrar que as patroas foram boazinhas e deixaram irmos sozinhos. Eu na minha Cb500x e o Leandro na GS650. Em dois fica mais fácil de dividir o que levar, tipo um leva o estojo de primeiros socorros e o outro pode levar as ferramentas. Um leva o kit de reparo se acaso furar um pneu, e o outro leva o mini compressor e assim por diante. Não sobrecarrega os bagageiros.

E enfim chegou a véspera. Sexta feira parou de chover ainda durante o dia. Que sorte a nossa! Combinamos de nos encontrar em um posto de combustíveis na BR-101, e as 04h30min iniciamos nossa aventura. Fizemos uma parada para lanche e abastecimento em Paulo Lopes-SC e continuamos. Nossas máquinas estavam bebendo igual: 22 Km/l numa média de 120 Km/h. Uma coisa que se deve prestar atenção, é que tem muitos radares fixos ao longo da via, mas todos com sinalização. Se bobear você acaba recebendo multa. Mais uma parada para completar o tanque em Terra de Areia-RS, pois dali em diante a gente segue pela Rota do Sol. Estrada bem sinuosa, mas gostosa de andar e bem conservada. Passamos por dois túneis em curva, que você não consegue fazer a mais de 60 km/h. No alto da serra tem um mirante, de onde se pode ver o mar ao longe. Seguindo adiante, depois de mais uns 30 minutos tem um trevo, se for reto vai para Caxias e à direita para Cambará do sul, nosso destino. Percorremos mais uma hora de um asfalto bem conservado até chegar a Cambará. Fomos direto para a pousada, pois já eram 10h30min. Deixamos algumas coisas lá e fomos para o local do evento que ficava em outra pousada, uma espécie de chácara com muito espaço, inclusive para camping. Quanta moto monstro! A minha parecia pequenininha perto das outras. A maioria Big Trail. Fizemos o check-in, comprei umas lembrancinhas na lojinha do grupo e montamos um pequeno grupinho de seis motos para irmos ao cânion Fortaleza, já que este é o que chama mais a atenção pelos imensos paredões de pedra e pelas cascatas. Percorremos uns 10 km de asfalto e de repente acabou. Começava então um martírio: estrada de terra. Mas pense numa estrada ruim. É pior ainda. Como tinha chovido muito nos dias anteriores, foi espalhada cascalho sobre a estrada, e depois choveu em cima. Como tem muito trânsito no local, imagine como que ficou. Não tinha lama, porque tinha parado de chover dois dias antes, mas as pedras soltas, e aquelas que brotavam do chão, somado com as famosas costelas de vaca, faziam a moto pular feito um cabrito. Dava a impressão que ia desmontar tudo. De vez em quando cruzava com um carro e daí era só poeira. Mas como o que interessa é o espírito aventureiro, depois de uns 12 km chegamos ao final da estrada, onde já tinha várias motos, carros e ônibus estacionados. Vale dizer que não tem nenhuma lanchonete no local, portanto leve lanche e muita, mas muita água. Seguimos a pé por um caminho de uns 300 metros e de repente aquela cratera imensa que dava até vertigem. Aqueles paredões de pedra de mais de 700 metros de altura. Cascatas que de tão alto que era, nem tocavam o chão. Antes disso elas viravam um névoa que o vento se encarregava de espalhar. E como venta. Neste cânion, não se paga nada para entrar, apenas uma paradinha perto dali para cadastrar a placa da moto e nada mais. Então tinha um nível mais alto, onde se podia ter uma melhor visão da extensão do cânion, só que ficava a 40 minutos de caminhada em subida por trilhas. Um olhou pro outro e topamos o desafio. Aí sim eu vi que valeu a pena o esforço. A vista é magnífica. De um lado o imenso cânion Fortaleza, e de outro você consegue ver o mar na linha do horizonte que fica a mais de 100 km. Depois de muitas fotos, um novo sofrimento para voltar, encarando aquela estrada de novo. Chegamos à cidade por volta das 15h00min e fomos almoçar. Depois fomos para nossa pousada que é feita de vários chalés, para descansar um pouco, pois as 20h00min tinha uma janta campeira oferecida pelos organizadores do evento. Lembro que saímos de Balneário Camboriú com cerca de 20 graus de temperatura, e as 20h00min a temperatura era de 13 graus. Depois de muita comida, bebida e novos amigos, voltamos para nossa pousada para dormir. Desmaiamos. Levantamos por volta das 08h00min com uma temperatura de 10 graus, e olha que é mês de novembro. Depois do café reforçado, fomos conhecer o outro cânion, o Itambezinho. Este foi o primeiro a ser explorado pelo turismo, portanto já possui certa estrutura para o visitante. 18 km de estrada de chão com aqueles malditos cascalhos numa viagem que não se pode passar de 40 km/h. Chegando lá a coisa muda. Logo na entrada tem uma cancela onde paga-se para entrar. Moto paga R$ 3,00 e mais R$ 8,00 por pessoa. Tudo asfaltado, grama aparada, muito bonito. Depois de 2 km chega-se até um estacionamento, onde deixamos as motos. Tinha uma funcionária que ficava fazendo a segurança do local, e inclusive ofereceu espaço na Kombi para guardar as jaquetas e os capacetes. Logo a frente ficava a recepção do parque, que conta com banheiros, exposição de quadros com fotos do cânion com suas descrições, tem lanchonete, e tem também uma maquete do parque Aparados da Serra, de onde fazem parte todos os cânions. Depois de uma breve explicação por parte do funcionário, seguimos por uma trilha à esquerda, cerca de dois km de onde se podia ver parte do cânion e uma bonita cascata. Depois da sessão de fotos, voltamos até a recepção, de onde seguimos por outra trilha, à direita cerca de 3 km. Deste mirante pode-se ver quase toda a extensão da cratera. Mais fotos e de volta para nossas motos. Sol a pino, cerca de 30 graus. De novo encarar pedra, buraco e pó. Chegamos na cidade por volta das 13:00. Fomos tomar um banho, arrumar as coisas, fazer o check-out. Um almoço rápido e abastecer as motos. Um pouco de óleo nas correntes também é bom, pois a poeira faz secar toda a lubrificação. Tudo pronto era hora de partir. 15h30min foi o horário da saída. Na volta pegamos muito trânsito na descida da serra, o que nos custou um tempo a mais. Depois de mais algumas paradas para abastecer e esticar as pernas, chegamos próximo de Palhoça - SC por volta das 19h30min. Trânsito totalmente engarrafado. Só pelo corredor, quando dava, pois tem motorista que faz questão de fechar. Até Floripa foi desse jeito. Mais uma abastecida e direto pra casa. Chegamos por volta das 21h30min com o corpo cansado, mas com o espírito renovado. Ser motociclista é isto. Dizem que a invenção mais importante da humanidade foi a descoberta da roda, e a segunda foi juntar duas rodas. É isso aí moçada, espero que o relato não tenha ficado muito chato e extenso, e que venha a próxima aventura, pois a CB500 agüenta o tranco. Segue algumas foto desta pequena aventura.

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  • 4 semanas depois...
  • Colaboradores

ruy.correa , Vou resumir numa única palavra , espetáculo!

 

 

No próximo faça como o Linhares disse, entremeie o relato entre fotos.

Sua história esta completa e recheada de dicas para aqueles que desejam conhecer a região.

Sou Motociclista a há alguns anos e já viajei por muitos cantos, porem mesmo tendo passado bem próximo varias vezes, nunca tive a oportunidade de conhecer os Canyons e seu relato me impregnou de inspiração.

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