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Entrevista sobre Trekking - Jorge Soto


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Site: Banana Branca

 

Como você começou a fazer as trilhas e por quê?

Comecei por acaso, lá pelos vinte e poucos anos, qdo um amigo escoteiro me convidou um feriado acompanhar seu grupo pro planalto de Itatiaia. Foi uma viagem inesquecível onde td q se pode imaginar deu errado, mas q foi amor à primeira vista. Até lá dependia desse pessoal pra cair no mato, mas aos poucos fui me informando ate ganhar confiança de q dava pra se embrenhar nessas trips naturebas por conta, em caráter independente. A internet apenas facilitou o acesso a esta informação.

 

Você tem registrado todas suas trilhas e caminhadas realizadas?

Infelizmente não, até pq comecei no inicio dos 90 de forma esporádica e descompromissada. Só tive a idéia de deixar algum registro a partir da virada do milênio. Logo, muita coisa permanece apenas na minha memória de modo bem vago, ou nalgumas fotos perdidas aqui e ali.

 

Qual a quantidade e lugares que já caminhou?

Isso não sei mensurar ao certo pois é muito lugar mesmo. Mas posso afirmar que já andei pela maioria dos roteiros tupiniquins tradicionalmente conhecidos, Patagônia, Altiplano andino, Cordilheira dos Andes, alguns points na Europa e norte da África, etc. Mas é justamente a atual falta de grana que agora me motiva a buscar novas rotas alternativas tanto trekkeiras qto montanheiras aqui mesmo. E o melhor, próximas e acessíveis a qualquer um. Ultimamente tenho freqüentado bastante a Serra do Mar, local de incontáveis bate-voltas,onde subir ou descer rios são verdadeiras aventuras. Não entendo o desdém de mto montanhista pela maavilhosa Serra do Mar, algo genuinamente brasileiro, com possibilidades pra dar e vender no quesito travessias, e muito pico virgem esperando pra ser conquistado.

 

E quais foram inesquecíveis? Por quê?

Td lugar tem seu charme portanto tds os lugares são à sua maneira inesquecíveis. Mas alguns marcam mais pela satisfação e prazer em alcançar após um árduo perrengue. Neste patamar coloco o rolezinho tradicional pra Machu Picchu via terrestre, o Aconcágua “de carona”, a Carreteira Austral a pé, alguns vulcões e montanhas da Região dos Lagos Andinos, entre outros q me fogem à memória. A maioria das trips nacionais dos últimos anos tb incluiria nesta categoria, por exemplo, os Lençóis Maranhenses, a Transpantaneira, a Serra Geral, a Costa do Sal e as três chapadas: Diamantina, Veadeiros e Guimarães. Das pernadas menos conhecidas destaco a Garganta da Bocaina, o Vale da Ilusão, a Ciri-Graciosa e o Rio Claro.

 

Muito planejamento ou “deixa vida me levar”?

Isso depende. Viagens e pernadas que demandam tempo e altos custos no geral devem ser previamente planejadas pra fins de otimização de recursos. Já os bate-volta de finais de semana são todos feitos na base da “porralouquice” mesmo, do impulso.

 

Não existem momentos em que você pensa “o que estou fazendo aqui”?

Sem dúvida, principalmente qdo vc se vê numa situação de perrengue extremo, no limite. Mas são momentos efêmeros, passageiros, q logo se dissipam da mente assim que o objetivo final é alcançado.

 

Já enfrentou alguma situação mais perrengue? Alguma fratura, queda..?

Vários, mas não tem perrengue maior q passar sede e ser obrigado a beber a própria urina numa situação de desespero, no alto dumas montanhas selvagens da Mantiqueira; ou de se mijar td num pico da patagônia apenas pra sentir o “quentinho” escorrendo por vc, numa circunstância de frio extremo. Contudo, teve outra situação mais grave e recente, no Petar, onde despenquei de um paredão de uns 20m e só tô aqui dando depoimento pq a mochila nas costas e a copa das árvores amorteceram a queda. Por conta disso ganhei um belo rasgo na lomba como lembrança.

 

Quais métodos você usa para navegação nas trilhas? Mapas, cartas topográficas, GPS, olfato..?

Carta, bússola e bom senso. Sou das antigas e isso pra mim basta. É verdade q o GPS é bem útil nalgumas situações mas q fique claro q ele é apenas complemento e não elemento essencial à navegação. Contudo, o q mais vejo é uma mentalidade voltada de modo a q “sem o aparelho não se faz nada”, o q é errado pois frustra quem esta iniciando e não tem condições de adquirir um. Navegar implica tb numa tomada constante de decisões q trabalha nossa massa cinzenta, coisa q o aparelho agora faz comodamente pra você. Resultado: uma nova geração dependente do Garmim q não vai nem pra padaria sem ele. Mas claro q essa é minha opinião, pois seu uso é algo pessoal e opcional. Daí depois não sabemos pq vemos tanta gente perdida na serra, mesmo tendo o aparelhinho mágico à disposição..

 

Quais dicas você pode dar sobre equipamentos? Calçados, mochilas, barracas....

Equipamento é investimento, mas que fique claro que aqui td se dá um jeito. Uma boa bota e mochila são fundamentais pois seu rendimento, conforto e performance dependem disso. Já qq barraca de supermercado dá pro gasto, até pq não há necessidade duma quatro estações importada em território e temperatura tupiniquim. Mas é aquela coisa: se vc tem pra gastar, invista; senão, dá-se um jeito..

 

Qual sua opinião sobre no Brasil o trekking não ser tão popular quanto em outros países?

O Brasil não tem uma cultura montanhista e, consequentemente, trekkeira. As alturas das serras daqui são acanhadas se comparadas à Cordilheira dos Andes, razão pela qual os países andinos tem maior tradição nesse quesito. Contudo, justamente pela altura acanhada e pela diversidade geográfica, cultural e histórica q concentra, q tenho apreço maior pelas serras tupiniquins aos nevados em volta.

 

E qual a situação atual da modalidade (trekking) no Brasil?

A virada do milênio trouxe uma nova onda ecoturista que de certa forma popularizou o esporte, potencializada pela farta informação na internet. Modismo este q aos poucos vem crescendo timidamente e vem gerando um mercado que tem sempre alguém pra suprir em demanda. Ou seja, o trekking encontra-se em situação estável, movida eventualmente por modismos sazonais e pela Adventure Fair.,q perdeu o foco inicial.

 

Que trilhas um praticante deve fazer no Brasil? Existe um Top 05?

Vale do Pati, Costa do Descobrimento, Serra Geral, Serra Fina e Serra dos Órgãos, entre as mais batidas. Porém obrigatórias.

 

Em Santa Catarina, que trilhas você já fez?

Pela distancia a Sampa, onde resido, estive ai apenas um punhado de ocasiões q se limitaram a feriados prolongados. Gostaria de poder ir mais pois lá tem muita coisa bacana pra se fazer. Além de pernadas básicas por Floripa e quase td Serra Geral catarinense incluindo Urubici, me encantei bastante com a Serra do Tabuleiro e a Serra do Quiriri, locais onde pretendo retornar.

 

Alguma recomendação a quem pretende fazer essas trilhas?

Que encare sem medo, ué. Na net ta repleto de informação sobre elas, mas claro consulte a previsão meteorológica antes pra não passar perrengue desnecessário.

 

Já tem opinião formada sobre a possibilidade de precisar autorização para fotografar em Parques Nacionais?

A principio não acreditei nessa noticia, pensei q fosse pegadinha por conta do teor surreal. Mas pra minha surpresa não era. Enfim, é mais um direito nosso q pretende ser cerceado sob pretexto imbecil. Em tempo, quem sai beneficiado com isso ai? Contudo, boto fé q essa lei não vinga e sequer vai sair do papel justamente pela mobilização de muita gente indignada com essa situação esdrúxula.

 

Recomendação aos praticantes:

Que meta mas caras sem medo. Como já disse noutras ocasiões, a internet democratizou a informação antes restrita à máfia das agencias “ecoturistas”. Lá vc encontra de td, desde dicas a iniciantes ate roteiros mastigados de mão beijada. Tem ainda fóruns, listas de discussão, centros excusionistas e clubes montanhistas de monte aos quais vc se pode afiliar de modo a ganhar auto-confiança antes de se embrenhar no mato sozinho. Ou melhor, na companhia de gente com interesses comuns. Portanto, só fica em casa mofando quem quer.

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  • Membros de Honra

Grande Jorge!!! O Maior Caminhante do Brasil!!!!

 

O que para mim, que fui criada na roça sempre foi uma necessidade, andar léguas e léguas para buscar água, passou a ser um lazer: O trekking (nome bonitinho, em inglês...) Agora, em busca de aventura ou mesmo o simples contato com a natureza, ouvir o canto dos pássaros, ver o belé das copas das árvores... Legal saber que tem alguém que também anda léguas e léguas e encara a caminhada sem medo!

 

Jorge Soto, vc é o cara!!! sou tua fã!!!!

 

Letícia, parabéns pelo post!!! bela homenagem!!! ::otemo::

 

abraços a todos!

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