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Minha primeira aventura na Cordilheira


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  • Membros de Honra

Cheguei em La Paz na madrugada de 23 para 24 de junho de 2011. Não havia reservado hotel. Peguei um taxi e fui ao Torino tentar uma acomodação.

 

No caminho do aeroporto ao hotel, fui tendo o primeiro contato com a cidade. Construções muito simples misturadas a uma estrutura comercial arcaica.

 

No primeiro contato, a impressão de estar numa cidadezinha do interior. Aquelas bem simples – porém com dimensões de uma capital de país.

 

Em pouco tempo estava instalado e tomando um banho quente para compensar a noite fria.

 

Depois, fui `Plaza Murillo comer uma pizza antes de descansar. Tive que ser rápido, a pizzaria estava fechando.

 

Usei o primeiro dia para fazer contato com as agências, comprar roupas e equipamentos e testar minha reação à altitude.

 

Me senti muito bem. Nas subidas como na Sagarnaga e Santa Cruz cheguei a correr e não tive problemas.

 

A grande maioria das agências ficam na subida da Calle Sagarnaga. Já comprar equipamentos é na Ilampu. Precisa tomar muito cuidado. Tem diversos estabelecimentos que comercializam mercadorias falsificadas. A loja mais confiável é a Tatoo. O preço é o mais caro da rua. Mas muito barato se comparado com os preços do Brasil. E a qualidade é incomparável.

 

Estrada da Morte (Carretera de La Muerte)

 

 

No sábado cedinho estava na porta do Hostel El Solário para tomar o café da manhã com o grupo que faríamos juntos a temida Estada da Morte.

 

Fui o único brasileiro do grupo. Tinham 9 bolivianos, 3 ingleses, 3 suecos e um casal russo.

 

Fomos até o maciço “El Cumbre” , de onde sai a caravana de bicicletas. O ponto de inicio é a 4.640 de altitude, quase no topo da montanha que tem 4.650 de altitude.

 

Importante destacar a necessidade de alteração do Datun do GPS para o PSAD56 e possíveis falhas na precisão na altimetria em função do clima interferir na pressão atmosférica nesse período do ano.

 

Pegamos as bikes, testamos recebemos instruções e saímos, no asfalto. É o pior momento da viagem. Muitos caminhões e ônibus. Alguns mais velozes e outros mais lentos. Como descemos forte tínhamos que ultrapassar vários deles.

 

 

Passamos por dois postos de fiscalização da Policia Boliviana. Sendo no segundo, de controle de trafico de drogas onde é necessário pagar uma taxa de 15 Pesos. Nesse posto estávamos em 3.377m de altitude.

 

Um pedaço da estrada após esse posto de fiscalização está com proibição para o uso de bicicletas. Tivemos que colocar-las no veículo e retirar mais adiante.

Entramos em uma estradinha de terra a 2.982m de altitude e ali recebemos mais algumas instruções. A principal é que a descida é feita pelo lado esquerdo da estrada e a subida pelo lado direito.

 

A explicação é que no passado essa estrada era muito utilizada por caminhões que abasteciam La Paz. Subiam carregados e desciam sem carga. E o caminhão pesado, ao parar na subida pelo lado direito ou mesmo quando ia mais ao canto direito para cruzar com outro descendo a pista cedia e o veículo era engolido pelo precipício.

 

A descida pode ser dividida em 3 partes. A primeira, é realmente perigosa. Mas basta não cair. O grande risco é de fato o visual muito bonito. Nessa parte a estrada afunila bem em alguns pontos e o tempo todo estamos próximo a um desfiladeiro de cerca de 400 metros de queda livre.

 

Nesse trecho sempre tem uma névoa e uma leve garoa. Precisa prestar bastante atenção no caminho...e não na paisagem.

 

Paramos em alguns pontos para tirar fotos. Entre eles na Curva do Diabo. A foto mais típica da Estrada da morte é tirada nesse ponto.

 

A segunda etapa tem menos inclinação e estamos mais distante do paredão. Em alguns pontos existe até vegetação entre a estrada e o precipício.

 

Na terceira e ultima etapa, as descidas são acentuadas novamente e as curvas mais abertas e longas. Boa pra correr muito. Nesse trecho tem um pouco de subidas e atravessamos alguns riachos.

 

Nosso grupo quebrou em três. Um mais veloz outro intermediário e um terceiro bem mais lento. Um boliviano tentou andar no nosso grupo logo no primeiro trecho da descida e levou um tombo. Por sorte caiu para dentro na curva. Se caísse ao contrario poderia ter tido problema maior. Depois disso ficou mais lento.

 

Quem está acostumado a pedalar pode descer mais forte. Aquelas pessoas que sabem pedalar e eventualmente andam de bike, é aconselhável descer mais lento.

 

Em um grupo que saiu na nossa frente uma pessoa teve fratura exposta. Pode ter sido eventualidade..ou exagero. A estrada merece respeito. Mas não é assustadora.

 

A segurança depende de você. Respeite a estrada e o risco que ela representa que nada de mal vai acontecer.

 

Na descida muitas pessoas estavam reclamando de dores nas mãos de tanto frear. E chega a doer mesmo. Pessoas desacostumadas a pedalar longas distâncias chegaram a ter bolhas nas mãos.

 

Durante a descida o clima vai esquentando e fomos tirando as roupas mais quentes. Ao chegar na vila onde a viagem termina entramos em um barzinho bem simples - a garganta pedia uma Paceña gelada.

 

Paceña é a cerveja fabricada em La Paz. Muito boa. Pode ser comparada a uma Original ou Serra Malte aqui do Brasil. Tem uma mais leve chamada Huari produzida pela mesma fábrica.

 

Estavámos em 1.140m de altitude. Foram exatos 3.500m de desnível de cota em pouco mais de 49 km de pedal e uma leve sensação de que foi curta a descida. Algo como quero mais, ou esperava uma adrenalina que não teve.

 

Almoçamos em um sitio que oferece alguma estrutura para os viajantes. Tem piscina, banho, e refeição. Pude perceber que existem diversos sítios que oferecem esse serviço e cada agência contrata o que melhor lhe convém.

 

Nessa região há lavouras e plantações de coca. Uma espécie de cinturão verde próximo a La Paz.

 

Voltamos de Van para La Paz pela estrada nova, de pavimento. Nessa perua eu estava com os 9 bolivianos, paramos em um comercio e compramos Singani e uma espécie de Sprite de lá. Tomamos a garrafa toda na volta.

 

O Singani é um destilado feito de uva. Bastante forte. Experimentei puro. É algo parecido com cabeça de Cachaça. A parte mais forte da produção do destilado.

A viagem de volta foi demorada (por nossa culpa), chegamos em La Paz mais de nove da noite.

 

 

Chacaltaya

 

 

Na manhã seguinte fui até o Chacaltaya. Em uma Van que me buscou no hostel fomos em 6 brasileiros, um casal espanhol uma iraniana e uma australiana.

A saída de La Paz mostra a pobreza que aquela nação de economia fechada enfrenta. Construções inacabadas, gente jogando futebol descalço em “campo” de chão de pedra.

 

Já fora dos limites da cidadel é possível avistar de um lado o Huayna Potosi e de outro o Ilimane. É muito bonito o visual.

 

Paramos na base da montanha, onde tem um abrigo e uma estrutura de um instituto de pesquisas.

 

A subida do primeiro lance tem que vencer uma cota de cerca de 300m. Apesar de ser pouca distância, essa subida “estafa” muita gente pois a inclinação é acentuada e com pedras soltas. Subi muito forte. Ultrapessei os 9km/h. Queria mesmo testar meu organismo na altitude. Depois do meio da subida senti a respiração pegar e diminuí o ritmo.

 

No primeiro topo tomei um ar e segui para o segundo. Tem dois caminhos o da direita, pelas pedras, mais íngreme e sem gelo. O da esquerda é mais suave e passando por placas de gelo. Optei pelo segundo. Em poucos minutos estava no cume a 5.300m de altitude. Entre o primeiro topo e o cume do Chacaltaya a distância é curta também com uma cota de aproximadamente 200m.

 

Desci até a base. E esperei o grupo voltar para seguirmos ao Vale da Lua.

 

Um brasileiro que estava na perua não foi ao Vale. Ele já conhecia e fez uma brincadeira ao descer do carro que entendemos posteriormente. É perda de tempo total. Uma estrutura mal montada para tirar dinheiro de turistas. As formações rochosas que são o atrativo daquele lugar já havíamos visto em outros próximo às montanhas.

 

Foi bastante prazeroso esse dia. Pela subida ao Chacal e houve um entrosamento muito bacana entre nós, o grupo de brasileiros. Acabamos fazendo uma refeição juntos e caminhamos pelo centro de La Paz na volta.

 

 

Huayna Potosi

 

 

Pelo desempenho que tive na subida ao Chacaltaya resolvi arriscar uma investida “solo” de 3 dias ao Huayna Potosi.

Digo só sem outros companheiros. Mas devidamente acompanhado de um guia da região.

 

Passei a segunda-feira pesquisando agências que aceitariam minhas condições de ataque.

 

Na manhã seguinte fui experimentar os equipamentos e fomos de carro até o Campo Base Casablanca a 4.800 de altitude.

 

Esse refúgio fica em uma área mais aberta, menos protegida e venta muito, muito forte. Pouco adiante mais na base da subida denominada “La Morena” tem outro refúgio, uma casa de pedras mais protegida pelo terreno.

 

Subimos até os Glaciares onde é praticado o treino. Foi uma experiência muito interessante. Subi e desci sem cordas paredes de gelo que não imaginava jamais conseguir.

 

Fiz uma caminhada pela região para sentir o que “pegaria” no dia seguinte e voltei para o refúgio.

 

A subida da “La Morena” é pesada, mas não é bicho de sete cabeças.

 

No final da tarde, tomei uma sopa e percebi que não desceu bem. Nem me atrevi a comer carne e arroz.

 

Umas 8 horas da noite acomodei no saco de dormir e apesar do frio intenso lá fora, e do vento que parecia querer derrubar as paredes do refúgio, estava confortável e aquecido.

 

Mas cerca de quarenta minutos a uma hora depois que adormeci acordei com uma dor de cabeça difícil de agüentar. Por algum tempo foi aumentando a dor chegando a ficar insuportável. Parecia que os olhos iam sair tamanha pressão que sentia.

 

Procurei me acalmar e dentro daquele quadro tomei a difícil decisão de que não prosseguiria rumo ao Campo Alto que fica em uma cota mais acima.

 

Consegui controlar a dor e aliviar um pouco aquele quadro e ao amanhecer procurei iniciar a descida antecipando o resgate do veículo que nos buscaria no dia seguinte.

 

Saí de lá sem fitar a parte mais alta da montanha para não voltar atrás da decisão. Apesar de dolorida foi creio que a mais acertada.

 

Tomei sorochepiss, chá e masquei a folha de coca. Até então havia apenas experimentado a folha que uma amiga ofereceu e foi mais por curiosidade.

 

Mas agora era necessidade. Temia que aquele quadro pudesse voltar. Durante o dia tomei bastante liquido, por diversas vezes usei a folha e após oito horas do primeiro remédio, tomei outro comprimido do Sorochepiss.

 

A ida ao Huayna Potosi é uma paquera que há algum tempo tenho alimentado. Alguns meses antes da viagem desisti de ira à Cordilheira com esse propósito, baseado no conselho de colegas que possuem mais experiência em montanhas geladas acima dos 5 mil.

 

Havia decidido somente fazer montanhas de um dia para começar a aclimatar o organismo com aquela altitude.

 

Porém dentro de mim deixei uma porta aberta. Tinha em mente que se não tivesse problemas no Chacaltaya iria pelo menos tentar, sem compromisso de chegar ao cume, mas ir até aonde o organismo falar “para”. E foi o que fiz.

 

Realmente para nós brasileiros, a aclimatação para atacar uma montanha de altitudes mais elevadas é um fator bastante critico.

 

Alguns dias antes eu havia encontrado com alguns colegas na loja da Tatoo e eles haviam me aconselhado ao ir ao Condoriri antes de investir no Huayna. Era o que eles estavam fazendo. Mas eu não teria tempo para tanto. Tinha 10 dias para a viagem. Oito livres e dois dedicados à ida e volta ao Brasil.

 

 

Apesar da desistência voltei bastante animado com o desempenho que tive naquela altitude. Se tivesse mais tempo para uma aclimatação adequada é muito provável que não teria passado por essa situação.

 

Uma dica para quem for. E é o que farei na próxima. Levar a própria comida. Comer em La Paz corre-se risco. Mas é possível encontrar bons restaurantes. Já na montanha ficamos nas mãos do povo mais simples. E de tão simples têm muito pouco cuidado com higiene.

 

 

LA PAZ

O centro de La Paz é antigo, construções de arquitetura Greco-Romana muito bem conservadas. Igrejas, museus, prédios públicos que merecem visitas.

 

Caminhar pela cidade não é perigoso com relação à assaltos como . Mas não se aventure a ir à periferia porque lá com certeza será assaltado.

 

A região central de La Paz é rodeada pela parte alta da cidade chamada de “El Alto”. Nessa região mora a população de baixa renda e a criminalidade é elevada.

 

Já com relação ao trânsito é muito fácil ser atropelado por lá. O transito é a coisa mais caótica que pode existir. Os perueiros param no meio da rua para subir/descer passageiros. Param encima de faixa, ninguém respeita semáforo. Os carros são antigos e todos batidos.

 

Quase não há motos no transito. Pedestres e veículos disputam o espaço nas ruas.

 

Na zona Sul estão os bairros mais nobres. Tem bons restaurantes e bares, etc.

 

É bastante raro supermercados em La Paz. Na calle Ilampu tem um pequeno (entre a Santra Cruz e Mariano Graneros) , com preços e qualidade condizentes. Comprei vinho argentino e chileno nesse mercado.

 

Um maior fica na Plaza Abaroa. Nele chegeui a encontrar vinhos chilenos mais nobres. Nessa praça também tem restaurantes bons. Mais ao sul mais fácil encontrar mercados.

 

Em todos lugares que estive fui muito bem tratado. Até mesmo ao tirar duas fotos do Banco Central Boliviano, um policial me abordou e muito diferente da policia que convivemos aqui em São Paulo, foi extremamente educado me informando que é proibido tirar fotografias do edifício.

O respeito que eles têm ao povo brasileiro e a admiração ao Brasil é muito grande. Eles vêm o Brasil como um país em franco desenvolvimento rumo a ser uma nova potencia mundial.

 

O sentimento de nacionalismo deles é invejável. Apesar das condições precárias em que vive a maioria da população a devoção ao país é muito grande.

 

Diversas situações me deram credito a fazer uma afirmação, para ilustrar, vou mencionar uma situação que presenciei dentro de uma Perua. Estava tocando musica boliviana. Em determinado momento começou a tocar uma americana, imediatamente os ocupantes começaram a protestar “coloca musical nacional aí”.

 

Tudo é muito barato na Bolívia. Por ter uma economia fechada, o país é extremamente pobre.

 

No meu último dia em La Paz tomando café da manhã no “Café Berlin” na Calle Mercado presenciei um fenômeno raro. Um presente divino. Neve no centro de La Paz. Em El Alto neva com freqüência, mas no centro da cidade não. Tanto neva em El Alto, que na manha seguinte meu voo atrasou quase duas horas porque desabou neve pesada.

 

A visita urbana a La Paz foi gratificante. Recomendo. Mas... As aventuras na Cordilheiras....foi aquela picada....que contamina...Volto logo lá.

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  • Membros de Honra

Se liga o que perdeu Paulão:

 

http://www.heladeriasbrosso.com/

 

tem as fotos dos pratos, eu comi o filet mignon, silpancho, nachos, brocheta . 10 reais cada.

os sorvetes tambem são uma refeição.

 

abs

 

Valeu Otávio.....

 

Rafa...onde fica o Brosso? Não me lembro se fui. rs

 

Comer em La Paz é muito barato mesmo.

 

Abração

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  • Membros de Honra

Raffa

 

Passei em frente desse lugar...parei na porta e achei que não era bom...perdi..rs ::dãã2::ãã2::'> ::dãã2::ãã2::'> Fica pra proxima. ::essa::

 

A título de informação, nessa avenida tem outros 2 bons restaurantes. Do outro lado da calçada, quase em frente tem um especializado em carnes na brasa. Muito bom. E outro mais a frente, na mesma calçada do Brosso, pouco depois do teatro.

 

Abração

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