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New York, New York.... Setembro 2012 com fotos


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Relato fresquinho na memória. Comecei a escrever logo que cheguei em casa!!!

 

Antes de partir

 

Essa viagem foi resolvida no susto, totalmente contra tudo o que a gente cansa de repetir aqui sobre planejamento de viagem. Eu tinha férias marcadas em setembro, e estava pensando em ficar descansando para resolver algumas pendências. De repente, lá para maio, junho, olhando na internet, vi que havia passagem para a data de minhas férias para NY e com uma quantidade aceitável de pontos. Resgatei o bilhete para garanti-lo e depois fui resolver o que iria fazer por lá. Como as opções de voos eram restritas, tive que emitir um bilhete com conexão absurda: CNF-SDU-GIG-JFK na ida, a volta era normal com conexão em Guarulhos. Depois de emitir o bilhete, e garantida a viagem com os pontos, fui correr atrás de consertar a conexão e trocar a primeira perna para um voo CNF-GIG e não ter que sair passeando pelo Rio com bagagem. Para isso, usei a data mágica dos três meses, e a técnica da insistência e troca de lojas que eu descrevi no tópico de dicas para resgatar passagens (link está na minha assinatura). Na primeira loja, a funcionária disse que não tinha vaga em voo CNF-GIG na data e que para mudar seria necessário pagar uma multa em pontos. Visito a segunda loja uns dias depois e a atendente, além de fazer a troca, cobrou apenas a diferença das taxas dos aeroportos e ainda disse que, mantida a data e origem e destino, as alterações de conexões não gerariam ônus em pontos. Basicamente, a moça da primeira loja não estava a fim de ajudar. Como as lojas TAM em shopping são franquias, não há atendimento uniforme, por isso vale a pena insistir em mais de um lugar.

 

Dias 09 e 10/09 – CNF-GIG-JFK

 

Fui fazer o check-in e como tenho quase dois metros de altura, fui levar a facada para comprar o “assento conforto”. Sempre contabilizo este extra para voos de longo curso, pois minhas pernas são muito compridas e já tive problemas de circulação por conta de passar muito tempo apertado em um voo de 12 horas. No meu caso, vale a pena a facada. Os voos saíram no horário, fiquei mais de três horas no Galeão esperando a conexão, mas o wi-fi grátis da Infraero estava funcionando muito bem, o que ajudou a passar o tempo. Embarque no Galeão foi tranquilo. A viagem nem tanto, meu vizinho era muito gordo e abria o braço para o meu lado e me acordava. Dei um toque nele: daqui pra cá é o meu espaço, eu quero dormir então tenta não se mexer para o meu lado. Funcionou. Vergonha custa caro e já passou o tempo em que eu ficaria compactado por vergonha de pedir licença. Fora isso, uma coisa que aprendi há mais tempo e agora aplico: roupa mais confortável, voo longo é para dormir, não é evento social para se emperiquitar, embora muitas peruas pensem o contrário. Conforto é fundamental, cinto, relógio, bijuteria tudo isso só atrapalha a se acomodar na poltrona.

 

Chegamos ao JFK no horário correto, aquela fila gigante para ser admitido nos EUA. Quando obtive o visto, minha entrevista demorou menos de um minuto. Mas na hora de entrar o funcionário começou a perguntar tudo o que não perguntaram no consulado. Na boa, acho que é tudo “cu doce”, pois ele já estava com o carimbo pronto na mão, deu uma enrolada e aí bateu o carimbo. Nesse quesito, a União Europeia é bem mais tranquila: sem formulários, mostra o passaporte, bom dia e carimbo.

 

Dia 10/09 – Acomodação e passeios

 

 

Depois de passar pela imigração, a mala já me esperava na esteira e o pessoal da alfândega só pegou o formulário e mandou passar. Procurei um caixa eletrônico, pois levei travel Money para não ficar andando com o dinheiro todo. Nesse quesito de dinheiro, ainda troquei depois uns pesos chilenos que sobraram de uma viagem anterior e que não compensava trocar por reais por aqui. Voltando ao aeroporto, depois de sacar o dinheiro fui pegar o AirTrain que liga os terminais entre si e leva depois a uma estação do metrô pode-se optar pela Jamaica Center ou pela Howard Beach, de acordo com a conveniência. No caso, eu fui para a Jamaica Center. No terminal do aeroporto você entra direto no trem. Quando vai descer na Jamaica Station, existem máquinas, que podem ser acessadas em várias línguas, onde se deve comprar o cartão do AirTrain (USD 5,00). Tem que passar esse cartão na catraca para sair. Tinha uma funcionária que auxilia no uso das máquinas. Nessas máquinas só dá para comprar o bilhete do AirTrain ou um bilhete AirTrain+Metrô que sai por USD 7,25. Optei por comprar só o AirTrain, pois eu já pretendia comprar o Metrocard de uma semana com viagens ilimitadas.

 

Ao passar pela catraca, existem placas indicativas do acesso ao metrô. Gostei da programação visual usada nas placas do metrô de NY. É simples e clara, sendo fácil localizar sua linha mesmo em estações gigantes como a Times Square. Quando se chega próximo da catraca de acesso ao metrô há máquinas onde se pode comprar o Metrocard. Escolhi a opção Unlimited Ride e depois o prazo de uma semana. Custou USD29. Inclui o metrô e os ônibus da MTA (Metropolitan Transport Authority). Vale muito a pena, pois o ticket da viagem avulsa custa USD 2,50. Para quem não vai ficar tanto tempo por lá, dá para optar pelo Metrocard de USD 10,00 ou o Regular Metrocard que pode ser carregado com o valor desejado, devendo ser esse valor múltiplo exato do número de viagens desejadas para não ter prejuízo. Tenham em mente que no Metrocard o valor da viagem sai por USD 2,25 em vez dos USD 2,50 do bilhete Single Ride. Ainda há o Single Ride que é uma viagem só e deve ser comprado na hora da viagem, pois sua validade expira em duas horas depois da compra.

 

A viagem até Manhattan demora um pouco, chegando à ilha, troquei de linha e peguei o trem que me deixaria próximo ao hostel. Fiquei no Hostelling International New York. Achei o lugar legal, bom para conhecer pessoas e tem muitas atividades para interagir com a galera. Só fica uma dica: se precisar de algo peça ao pessoal da manhã, quando precisei me atenderam muito bem. O povo da noite não faz muita questão se ser prestativo. Depois do check-in, guardei minhas coisas, escovei dente. Conheci os colegas de quarto que eram brasileiros, perguntaram se eu não ia tomar banho antes, disse que não, estava um calor do cão, ia deixar pra tomar banho depois mesmo. Troquei a calça por uma bermuda e fui ver a Big Apple. Saí do hostel, comi um sanduíche e peguei o metrô para ir a Times Square. Já que foi a primeira vez, vamos direto ao centro das atenções.

 

Uma coisa importante ao usar o metrô é saber conjugar o uso de trens locais e expressos que passam no mesmo trajeto. O trem local para em todas as estações e expresso só nas principais. A regra é pegar o trem local, descer na estação mais próxima do expresso, mesmo que tenha que voltar uma estação e trocar para o expresso. Se o expresso não parar na estação desejada, desça do expresso e pegue o local de novo para andar mais uma ou duas estações. Apesar das baldeações, vai ser mais rápido que ficar no local e parar em todas as estações. O expresso deve ultrapassar vários locais pelo caminho e se chegará ao destino em um trem local que estava na frente daquele trem no qual se entrou primeiro.

 

Desci na Times Square e, obviamente, veio o deslumbramento com toda aquela informação. Não há como ficar indiferente àquilo. Me localizei, caminhei pela Times Square e depois segui pela Rua 42 para leste. Parei no Bryant Park e descansei um pouco as pernas, sentando na grama mesmo, mas lá tem várias mesinhas onde se pode sentar e o pessoal de lá costuma comprar o lanche e levar para comer no parque. As mesas e cadeiras são móveis e leves e pode levar do sol para a sombra conforme o gosto do usuário. O lugar é bem agradável e virou minha referência para me orientar pela região. O Bryant Park tem um banheiro público (e relativamente limpo), algo raríssimo por lá.

 

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 Times Square Vista parcial

 

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Times Square - Detalhe do posto policial

 

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Bryant Park - Panorama do gramado central

Ao lado do parque, fica a Biblioteca Pública, cujo acesso se dá pela 5ª Avenida. O prédio vale a visita. Participei da visita guiada que iria começar, fomos conduzidos por uma senhora bem simpática que contou curiosidades sobre o prédio. Havia ainda uma exposição sobre a história das comidas de rua em NY. Na Biblioteca é tudo grátis: além da visita e das exposições, tem banheiro e acesso à internet na sala de computadores deles ou com wi-fi, caso tenha algum aparelho em mãos. Na sala de computadores ainda dá para imprimir pagando só o preço do material.

 

Segui pela Rua 42 e cheguei ao Grand Central Terminal, a estação de trens. Admirei os mármores e a pintura da abóbada do prédio. Por lá, parei numa lanchonete e comprei um pretzel para ver como era. Achei bom, peguei um de canela. É legal subir em um dos balcões e ver as coisas lá embaixo para ter noção da amplitude do espaço. Saí da estação e no próximo quarteirão estava ele, o Chrysler Building. O edifício que julgo ser o mais bonito de NY e que queria conhecer ao vivo desde que o estudei há mais de dez anos nas aulas de história da arquitetura. Realmente ele é lindo. Como é ocupado por escritórios, não é aberto à visitação, mas se pode entrar no seu saguão que é bem ornamentado por mármores e detalhes em Art Déco. Quem for lá, deve reparar nas portas de saída e ver acima delas os letreiros indicando a rua acessada pela porta. As luminárias também são interessantes. Estando na rua, deve-se notar as gárgulas que adornam o seu topo. O prédio foi construído pelo dono da montadora Chrysler, que instalou sua cobertura no topo do edifício que foi o prédio mais alto do mundo por menos de um ano, quando foi ultrapassado pelo Empire State.

 

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Chrysler Building - Vista do coroamento

Por sinal, o Empire State não fica muito longe dali e resolvi ir lá. Cheguei lá e fui buscar o elevador. Para subir são USD 25,00. Uma facada, como quase tudo em NY. Como eu pretendia ver outras coisas, optei pelo City Pass, que incluía outras atrações e no final eu gastaria uns USD 45,00 a menos em relação ao valor avulso. No caminho tem uns caras tirando fotos para tentar te empurrar no final, passei direto. Fui ao mirante e fiquei lá um tempão olhando a ilha e identificando pontos no mapa. Um audioguia está incluído e explica a vista em cada lado do prédio. Peguei em espanhol, mas achei muito chato: não era uma informação objetiva, era uma mulher falando como se contasse memórias e tinha entonação sentimental.

 

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Vista a partir do Empire State - Direção norte, vê-se a região da Rua 42 e parte do Central Park

 

Depois disso, vi o quanto estava cansado e resolvi voltar para o hostel. Reencontrei os colegas de quarto, e vi que não ia ter muito assunto: eu comecei a contar como foi o dia, mas eles não viam a cidade, só falavam de marcas e outlets, tudo era voltado para compras. Um deles até falou que queria voltar antes pois uma semana seria muito tempo por lá. Em suma, não eram viajantes, não queriam conhecer o lugar. Tomei meu banho, comi e tomei a merecida cervejinha para relaxar e fui desmaiar, já que não consegui dormir no avião.

 

 

Dia 11 – Região da Rua 50

 

Nesse dia, resolvi não pegar o metrô e ir de ônibus para poder ver o caminho. Demora mais, porém uma vez só vale a pena. O Hostel fica na 103, desci na altura da Rua 50, onde passei pela Praça do Rockfeller Center. Optei por não ir ao Top of The Rock para ir depois e ter a vista noturna. Na Rockfeller Plaza, tem que se notar as esculturas que ornam a praça, bem como os dizeres que ornam as portas dos edifícios principais. Passei pela Igreja de Saint Patrick, mas só pude ver o seu interior. Externamente estava toda coberta por andaimes devido à obra de sua restauração. Andei mais umas quadras e cheguei ao MoMA (Museum of Modern Art). O prédio por si só já é bacana e o acervo mais interessante ainda. Tem um audioguia incluso na entrada, mas tem que deixar um documento que não pode ser o passaporte. Quem for lá deve levar a identidade ou habilitação para não ficar sem audioguia. Como era muita coisa, vi uma parte, resolvi comer algo por lá mesmo e continuei por lá à tarde. Para quem gosta de arte é um prato cheio. Se essa não for a sua praia e não quiser ficar vendo vários museus, creio que o Metropolitan será mais interessante, pois seu acervo atenderá a uma gama maior de gostos. No MoMA ainda tem um pátio bem agradável onde há esculturas e para se admirar e ainda se pode descansar as pernas.

 

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MoMA Aspecto do pátio interno

 

Deixando o MoMA, segui pela 5ª Avenida, indo para o norte e passei pela Igreja de Saint Thomas, achei seu interior mais bonito que o da mais famosa Saint Patrick. O trabalho de decoração do altar é mais próximo do estilo gótico da idade média, no qual ambas se baseiam.

 

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Igreja de St. Thomas - Detalhe do altar principal

Continuando ao norte, segui a 5ª Avenida, vendo as lojas e a loucura das compras. Lojas que parecem boate, com música alta e pouca luz. Entrei eu uma para ver e pensei que eu não compraria uma roupa num lugar onde não dá para ver direito a cor do tecido. Mas, cada macaco no seu galho, feliz de quem consegue ser menos atencioso aos detalhes, pois deve se incomodar menos com as coisas. Continuei e cheguei ao Central Park, onde resolvi andar sem rumo, apenas atentei para ir sempre para noroeste, assim sairia perto de uma linha do metrô que me deixaria no hostel. O parque é grande, e depois de uma hora andando, passando pelo zig-zag dos caminhos, chego à outra ponta. Parei no meio do caminho pra ver o movimento, tomar água. Sinceramente, não me interessei por procurar no parque os pontos turísticos como Strawberry Fieldse o Zoo, aproveitei mais para relaxar e descansar um pouco os ouvidos e a vista da confusão da cidade.

Retornei ao hostel para banho e breve descanso. Novamente encontro o povo no quarto e o assunto era compras. Não que eu não goste de comprar umas coisinhas, mas minha prioridade é conhecer o lugar. O mais engraçado é que um dos caras das compras disse que era artista plástico, e quando eu falei do MoMA, ele nem sabia que era simplesmente o melhor museu de arte moderna do mundo, ainda falou que não gostava de museu. Isso seria normal vindo de um leigo, mas de alguém que se diz artista, vai entender...

Após isso, fui ver a Times Square à noite e resolvi comer por lá. Procurei algum lugar nos arredores. Na Times Square tem mais coisas do tipo “turistão com crianças” como Hard Rock Cafe e um tal de Bubba Gump, que o povo faz fila pra comer e vende souvenir igual ao Hard Rock. O povo fala que o restaurante e do m Tom Hanks, mas descobri depois que é uma franquia com licença para fazer referência ao filme. E mesmo que fosse do Tom Hanks, não vejo isso como motivo para ficar em fila de espera. Comi um prato num diner que encontrei a umas duas quadras. Era uma bisteca com a horrível pasta que eles julgam ser purê de batas. Batata pura amassada é uma coisa, purê tem leite e manteiga. Mas de qualquer modo, foi ótimo para encher a barriga. Depois de comer ainda caminhei pela região da Times Square, observei o topo iluminado dos edifícios mais famosos. Passei de novo pelo Bryant Park, que se mostrou agradável também à noite que estava quente. Mais quente ainda são as estações do metrô. Passam tubulações de vapor pelos túneis e o sistema de ventilação parece não dar conta. Em bom português: é uma sauna. Tem que ficar atento no metrô, tem rato e barata, quase fui atingido por uma barata em voo. O alívio só ocorre dentro do trem que, em geral, tem ar condicionado. Tentem evitar usar o corrimão nas escadas do metrô, é bem ensebado. Para quem tem o metrô de Sampa como referência de limpeza: desencana disso.

 

Dia 12/09 – Brooklyn

 

Neste dia peguei o metrô até a estação Brooklyn Bridge-City Hall. A saída da estação é em frente ao início da ponte. Fiz a travessia a pé parando para olhar para trás e ter a vista de Manhattan. A ponte em si também é bonita com suas arcadas ogivais. Ainda dei uma olhada nos painéis informativos que constam pelo caminho, onde há informações sobre a história e a técnica construtiva da ponte: os cabos principais estão presos nos pilares e as pistas ficam penduradas, literalmente, nos cabos secundários que descem na vertical.

 

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Manhattan - Vista desde a Ponte do Brooklyn

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Ponte do Brooklyn Detalhe dos cabos que sustentam as pistas

Chegando ao outro lado, caminhei pela região Downtown Brooklyn, Brooklyn Heights, que é mais residencial e Dumbo, que não é o elefante, mas uma sigla para “Down Under the Manhattan Bridge”, era uma área degradada que passou a ser ocupada por artistas e abriga galerias de arte e cafés pretensamente descolados. Nesse percurso, passei por baixo das pontes do Brooklyn e Manhattan e ainda deu para conhecer alguns parques que existem às margens do East River. A ponte vista por baixo impressiona pelo porte e principalmente por estar no meio de área urbana, com prédios sob ela. Sob sua sobra não há um vazio urbano, ocorrendo a vida normalmente como se acima do edifício só o céu houvesse.

 

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Ponte do Brooklyn Vista por baixo, lado do Brooklyn

Depois dessa região, fui para Williamsburg. As linhas de metrô no Brooklyn são, em sua maioria leste-oeste, para ir por dentro do Brooklyn teria que trocar duas vezes de trem. Então achei que o melhor modo de ir para lá era voltar para Manhattan, pois assim só fazia uma baldeação. Foi bom pois a linha que dá acesso a Williamsburg, como os locais chamam o lugar, passa por sobre a ponte homônima, proporcionando uma vista diferente tanto do Brooklyn como de Manhattan. Quando saí do metrô passei por uma área meio degradada, onde tudo era escrito em espanhol, uma ilha hispano. Na verdade Williamsburg, não é um lugar bonito a primeira vista, tem um ar decadente do que já foi destruído e agora volta a ser ocupado. Nesse sentido, me lembrou Berlim Oriental com seus prédios meio encardidos e áreas vazias à espera de um edifício. Andei umas quadras e cheguei à região da Bedford Avenue onde se encontram os bares, restaurantes e a vida que deu fama ao local: vendedores de livros, vinis, gravuras, etc. Almocei por ali, paguei um pouco mais do que esperava, mas o prato valeu, em outro dia economiza e come cachorro quente.

 

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Bedford Avenue Detalhe de um trecho

 

Almocei e fui andar pela região. Estava um sol do cão, parei para descanso no McCarren Park e no East River Park. Nesse caminho, minha câmera cai e justamente a objetiva esbarra no chão. Por sorte arranhou um pouco por fora, mas a lente se manteve intacta. Voltando à Bedford Avenue, parei num bar para tomas uma cervejinha, já que fazia uns trinta graus. Pedi uma mais encorpada, tipo India Pale Ale, bem gostosa. Para quem gosta de cerveja, evitem a Budweiser pois tem muita coisa boa por lá e se tentarem empurrar a Bud Light, dispense. Só rola Budweiser em promoção, como em outro bar onde a cerveja era USD 1,00 na segunda-feira. Em Billyburg, como os locais chamam o lugar, ainda fica a Brooklyn Brewery que é aberta à visitação.

Depois segui e entrei na Avenida Manhattan do Brooklyn ( tem ruas com nomes repetidos, há uma avenida Manhattan na ilha), e já passava a ser uma vizinhança mais normal com bancos mercados, lojas. Andei até o metrô mais próximo e retornei a Manhattan. Por lá caminhei pela região da Rua 34, entrei na Macy’s dei uma andada lá dentro, mas o exterior do prédio é mais bonito, principalmente as estruturas que cobrem as entradas principais. Como já tinha andado muito, peguei um ônibus até a altura da Rua 50 e fui ao Top of The Rock para ter a vista noturna da cidade. Achei bem mais interessante a vista à noite pois é mais fácil identificar os prédios iluminados. Durante o dia, tudo é muito uniforme e a vista, embora bela, não me pareceu tão atraente quanto à noite. Também achei mais interessante a vista do Top of The Rock, pois de lá se vê o Empire State. Fiquei um tempo por lá e voltei pra casa. Não lembro o que jantei, mas com certeza deve ter sido alguma porcaria.

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Manhattan noturna Vista a partir do Top of The Rock, sentido sul

 

Dia 13 – Memorial 9/11 Liberty-Ellis Island

 

Comecei o dia pelo Memorial de Onze de Setembro. O memorial será uma praça de livre acesso, mas enquanto ocorrem as obras das novas torres, há um esquema de segurança para acessar o local: ingresso nominal, raio-x, não pode bolsa grande, etc. Após o ritual da segurança cheguei ao local das torres. Na arquitetura, um memorial é uma das coisas mais difíceis de se projetar, por causa da carga simbólica envolvida. Foi acertada a decisão de optar pelos vazios negros nos locais antes ocupados pelas duas torres, a água caindo cada vez mais rápido e a impossibilidade de se ver o fundo do vazio para onde a água esvai. Tudo leva a pensar nas vidas que se foram, o espaço cumpriu bem sua função. O lugar realmente faz aflorar a emoção daqueles que não perderam alguém na tragédia.

 

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9/11 Memorial Detalhe da piscina sul

 

Depois disso, segui rumo sul pela West Street até o Battery Park, onde se pega o barco para a Estátua da Liberdade. O Battery Park é uma praça sem grandes atrativos, exceto que no meio dessa praça ficam os destroços que restaram de uma escultura que ficava no World Trade Center, colocada lá um ano depois da tragédia. À frente da escultura, arde uma chama eterna em homenagem às vítimas.

Fui pegar o barco. Como já tinha o City Pass, evitei a fila para comprar o ingresso e fui direto ao embarque. Novamente mais raio-x e detector de metais. Recomendo a todos não usar cinto para passear por NY, tem muito lugar com detector de metais e sempre pedem pra tirar o acessório. Fiquei de saco cheio de tanto tirar e por cinto nesse dia. Evitei a fila da compra, mas a do embarque é inevitável, muita gente, na hora, até lembrei da barca Rio-Niterói. O embarque é feito num “puxadinho”, que é uma estufa, tornando mais demorados os minutos de espera pelo embarque. Apesar do tamanho da fila, coube todo mundo no primeiro barco. Subi para o nível superior do barco para ter a melhor visão. No percurso pode-se ver Manhattan, Brooklyn e New Jersey. Por sinal, a divisa de estados passa no meio do Hudson e a Ilha da Liberdade fica se localiza no estado de New Jersey.

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Liberty Island Vista a partir do barco

Quando desembarquei, estava com fome e fui comer. Achei que seria muito caro, por ser na ilha e não ter concorrentes, mas o preço era igual ao de uma refeição similar na cidade. Cheeseburger, anéis de cebola e refrigerante “médio”. Estava muito bom. Saciado, caminhei em volta da ilha, olhei a estátua, mas o mais legal é olhar para Manhattan. A estátua está em reformas, em breve será aberto o acesso à coroa, que estava fechada. Depois, peguei o barco de retorno. Há duas opções: ficar no barco e descer em NY ou parar na Ellis Island para ver o Museu da Imigração. Desci na ilha. O legal é que ficam avisando “This is not NY!”, pois muita gente que não sabe do museu, acha que já chegou e desce por lá.

 

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All American Cheeseburguer Esse valeu a pena!

O museu é interessante, pois conta a história da imigração no começo do século XX. Há um audioguia e pode se fazer uma visita expressa de uns quarenta minutos seguindo o áudio, optei por isso. Deu para ter um panorama de como as instalações funcionavam e da política vigente à época que basicamente era avaliar se a pessoa tinha força para trabalhar e poder se sustentar. Nesse pragmatismo, aconteciam absurdos como aceitar uma família inteira e deportar só a vó por já estar fraca. As explicações do museu são um pouco demagógicas. Fala-se do imigrante trabalhador que ajudou a construir a América que o recebeu de braços abertos, um papo que lembra bem um político em espera de eleição.

Depois de ver o museu, peguei o barco de volta ao Battery Park. Fugindo um pouco da rotina de coca-cola, parei numa barraquinha de smoothie, que nada mais é que uma vitamina feita com água no lugar do leite. Estava boa a combinação que escolhi. Rumei para o Bowling Green, uma pequena praça no começo da Broadway, que foi o primeiro parque público de NY. Esse nome se deve ao jardim redondo que há no seu centro. Em frente ao Bowling fica o National Museum of the American Indian. As exposições contemplam artefatos de povos das três Américas. Pulei muita coisa, pois boa parte do acervo se parecia muito com o Museu Precolombiano de Santiago. A entrada é grátis, mas tem detector de metal para variar um pouco. Continuei pela região da Wall Street. Passei pela estátua do touro, mas tinha fila para chegar perto e tirar foto. Dispensei a foto no touro fui lá ver onde é a Bolsa de Valores, voltei à Broadway, passando pela Igreja de Saint Paul e depois pelo City Hall Park, onde parei para ver as esculturas e o Woolworth Building, edifício peculiar por ser um arranha-céu com decoração copiada de catedral gótica. Na época da inauguração apelidaram o prédio pejorativamente de Catedral do Comércio, mas o dono do prédio virou o jogo e passou a usar o nome para promover a sua loja que lá ficava.

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Woolworth Building A Catedral do Comércio

Como gosto de andar, ainda segui para Chinatown, passei por lá dei umas voltinhas e segui pela Bowery Avenue, entro a oeste em uma das transversais e chego a Little Italy, onde acontecia a Fiesta de San Genaro, um quilômetro de barraquinhas de comidas, algumas nem tão italianas assim. Aproveitei o evento e comi por lá. Volto à Broadway e vou subindo até cansar. Andar pela Broadway é interessante porque é como um resumo da cidade, vai se vendo o tipo de comércio e de pessoas mudando a medida que se segue rua acima. Passei pela Union Square, que fica na Rua 14. Essa praça é o que eu achei mais com cara de centrão nesse caminho, uma equivalente à Praça da Sé. Ando mais um pouco até à altura da 23. A perna cansou, acabei de seguir de ônibus.

Chego no hostel já era umas nove da noite, esse dia foram umas doze horas andando. Encontro um pessoal na portaria que estava indo para o bar. Juntei-me ao grupo e, como acontece nas viagens, fomos os melhores amigos por algumas horas.

 

Dia 14 – Ressaca e um bom show

 

Acordei tarde, com um pouco de ressaca. Sai pra comer algo. Cogitei conhecer o Museu de História Natural, mas não estava com paciência para ver dinossauro, nem para estar numa sala cheia de criança correndo e falando alto. Caminhei sem compromisso, gosto de fazer isso em algum momento nos lugares onde passo. Andar ver a vida passar, sem compromisso com atrações, sem filas, sem bilheterias. Isso casou perfeitamente com a preguiça resultante da noite anterior. Á noite fui ao Bowery Ballroom, uma casa de shows, onde assisti a uma apresentação que foi boa, depois do show sentei e comecei a conversar com uma moça e trocamos ideias sobre lá e cá, diferenças entre os países, etc. Ainda passei num bar do lado para tomar a saideira e depois, cama. Dos dias 15 a 19, fui visitar parentes em Massachusetts.

 

Dia 20 – Met e 5ª Avenida

 

Pela manhã visitei o Metropolitan, o maior museu da cidade que tem de tudo, desde o Egito até arte moderna. Aproveitei a visita guiada em português e vi como a gente aqui se interessa pouco por arte, apesar de haver muitos turistas brasileiros em NY, só haviam cinco interessados na visita enquanto os grupos de outros idiomas tinham trinta, quarenta pessoas. O acervo é vastíssimo e nem passando um mês lá daria para ver tudo, escolhi duas partes que mais me interessavam e nelas foquei. O museu tem um terraço de onde se pode avistar o Central Park e os edifícios ao fundo, havia ainda uma obra exposta. Podia entrar dentro da instalação, se pisava sobre um piso de acrílico, dando aquela impressão de estar pisando no vazio, achei divertida a experiência.

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On the rooftop cloudy city Obra de Tomás Saraceno instalada temporariamente no terraço do Met

Como era o último dia antes do retorno, tinha que comprar lembrancinhas da viagem, só animei a comprar imã de geladeira. Os preços lá são ridículos de caros, por exemplo, caneca de USD 15,00 a 20,00. Chaveirinho vagabundo por USD 10,00. Em resumo, minha geladeira tem um ímã e a galera ficou sem lembrancinha. Caminhei mais um pouco e voltei para poder deixar a mala semi-prontas. Como comprei uns livros, tinha que fazer caber tudo.

À noite tinha Pub Crawl no hostel e fomos a uns bares na Avenida Amsterdam na altura Rua 81. O grupo era grande e deu pra conversar com muita gente. Terminamos a noite no Big Nick, uma lanchonete onde fomos atendidos por uma tia que chamava todo mundo de “honey”, tinha um sanduíche bom e não havia um milímetro quadrado de parede que não estava ocupado por algum tipo de cartaz, foto ou mesmo um papel com citações edificantes.

 

Dia 21 – Retorno

 

Meu retorno era pela United Airlines e o voo partia de Newark. Como o trem para lá já era caro, resolvi reservar um transfer no hostel, já que a diferença era pouca. O voo era às 22:00, mas recomendaram sair de lá às 16:00, por causa do tráfego intenso no trajeto. O esquema da United é fazer o cliente trabalhar. O check-in é a gente que faz na máquina, o funcionário deles apenas pega a etiqueta e coloca na bagagem. Para passar no detector de metais eles mandam tirar o sapato que tem passar pelo raio-x. Devem estar procurando a clássica faca oculta na sola que agente vê nos filmes de espião. O raio-x lá demora. Eles param cada mala para olhar, e enquanto o cara olhava a mala de quem estava atrás de mim, eu tinha que ficar esperando pois a minha mochila ainda estava dentro da máquina e não tinha aparecido ainda. Fora a confusão que é todo mundo botando sapato e cinto de volta.

No embarque houve um pouco de tumulto porque, apesar de a funcionária ter anunciado em inglês e português que o embarque seria por grupos conforme o cartão de embarque, tinha aquele povo que não sabe seguir instrução se amontoando na porta de embarque e obstruindo a fila. A funcionária teve que anunciar várias vezes a mesma coisa para o povo desobstruir o caminho. Aí o que eles pensam: brasileiro é tudo jeca.

A aeronave tinha o interior renovado e bom sistema de entretenimento com telas de alta resolução e mais de 150 filmes para escolher. No quesito aeronave a United venceu no entretenimento e na poltrona, mas perdeu nos banheiros, pois eles optam por uma disposição com banheiro só no meio da classe econômica e a TAM por banheiro no meio e nos fundos. Dentro das limitações da comida de avião, achei a TAM melhor. A restituição de bagagem em Guarulhos demorou. Depois no voo de volta para Belo Horizonte, tive um probleminha final pois meu cartão de embarque era para a última fila, onde o espaço para pernas era pouco mais da metade do assento normal da econômica e era impossível eu sentar sem ser de perna aberta. Reclamei com o comissário e me trocaram para um assento normal.

 

Conclusão

Gostei muito de NY, e vi as coisas no meu tempo, sem me preocupar com o número de atrações visitadas. Vi uma pequena parte da cidade, os lugares que passei tentei explorar sem me apressar. Pretendo voltar para conhecer novos cantos e rever outros.

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O Hostelling International no quel fiquei, eu recomendaria sim: deu para trocar idéia com muita gente e fica em Manhattan. Para quem tem pouco tempo em um lugar uma opção bacana é o guia Frommer's Nova York Dia a Dia. Ele tem roteiros definidos para quem fica poucos dias e roteiros temáticos adicionais para quem fica mais tempo. Também há esse guia para outras cidades do mundo.

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Muito bom Paulo! Estou preparando meu roteiro para viagem a NY em Julho! Gostei muito do seu relato e das fotos, vou usar muita coisa como referência!

Inclusive esse hostel está em 1º lugar no meu ranking! Vou na cara e na coragem, usando meu inglês "boi com abóbora".

 

Vlw!

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  • Membros de Honra

O que pode complicar por lá, mesmo para quem estudou inglês, são as gírias e a velocidade com a qual o povo de lá fala. Às vezes eu pedia para falarem mais devagar.

 

Como alternativa para se virar, em muitos lugares é comum ter alguém que fala espanhol, no último caso dá para resolver "hablando portunhol", caso enconter alguém paciente.

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  • Colaboradores

Muito bom o relato, vou usar como base pra quando for pra lá (em Março, quem sabe). Essa coisa de ser grande é muito ruim pra viajar mesmo (não que seja o meu caso). Eu e um amigo fizemos todas as reservas quando fomos pra Europa (incluindo reservas de assento) e na volta, no voo Frankfurt - SP eles colocaram a gente na última cadeira (que por sinal, além de ter menos espaço que as normais, também não reclinavam) e no meio, ou seja, ele nem conseguia colocar a perna pros lados. Reclamamos com os comissários, mas não tinha o que fazer porque tava tudo cheio, foi complicado... hehehe.

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  • 1 mês depois...
  • 1 ano depois...
  • Membros

Ótimo relato! Estou indo para NY em maio, também irei me hospedar no HI NY. Ficarei apenas 6 dias em NY, estava achando apertado... Mas ao ler deu para ver que dá aproveitar! Lógico que NY é uma cidade que nem em um ano vc conhece a metade dela.

 

O inglês também vai ser uma barreira, não ponho em prática há anos! Será que o patrickqueres "sobreviveu"? hahaha

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