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Pico Paraná - em solitário a três!


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já explico o título!

 

moro em sp, mas meus pais em ctba. bom, o pico paraná é ali perto... é claro que não resisti e levei na mochila uma outra mochilinha com a tralha necessária pra dois dias de caminhada pras festas de natal. recém adepto da M.U.L. (marche ultra legère, como nossos irmãos mochileiros francófonos chamam o backpacking light, o mochilar levinho....), resolvi radicalizar, indo com uma mochila de 18 litros estufada. ao final comento os equipos, mas já adianto que apesar de alguns percalços, ainda não posso ser chamado de adepto da M.U.L.a!

 

meus planos eram ou vazar já no dia 25 à noite ou no dia 26 cedo. acabei comprando passagem pra registro saindo de ctba, para as 7:15 da manhã do dia 26. e assim foi: embarquei no limite do tempo, apesar de ter acordado bem cedo, mas pq me atrapalhei no sistema de ônibus de ctba: muito organizado, mas entre santa felicidade e a rodoferroviária eu passei pelo terminal campina do siqueira. os curitibanos vão perceber o caminho doido que fiz....

 

um pouco menos de uma hora depois eu já descia no km 46 da br, no lado sul da ponte sobre o rio tucum, de onde sai a estradinha que nos leva à fazenda pico paraná.

 

esse caminho na estradinha se faz em cerca de uma hora de caminhada,mas eu havia caminhado uns 5 minutos quando um carro pára ao meu lado e o motorista oferece carona, perguntando se eu ia à fazenda pico paraná.

 

entre, nos apresentamos, ele me disse seu nome, que era gaúcho de venâncio aires e veio meio na doida, tendo viajado 700 kms pra estar ali. pergunta se eu já conhecia o local, afirmo que sim, embora não tivesse alcançado o cume em julho por ter me machucado (vide relato em pico-do-parana-17-a-19-07-08-a-noite-e-de-rede-t28518.html ) e etc., ele me pergunta se eu participava de algum fórum na net e eu conto que participava do mochileiros.com e ele retruca:

- vc é o ogum do mochileiros?

o alemão era o cacius, participante aqui do fórum, com quem já tinha trocado umas mensagens, justamente sobre o PP....

 

se tívessemos marcado não teríamos conseguido sincronizar a chegada minha e dele praticamente ao mesmo tempo na estradinha de acesso à fazenda PP...

 

ok, economizei na caminhada até a fazenda.

 

ali no estacionamento ele me fala que estava levando uma barraca pra duas pessoas, então desnecessário era levar a rede, os espeques e o toldo.... alivio cerca de 900 gramas da minha carga, que já não era muito pesada (mesmo com água, não passei de 7,5 kg de carga na escalaminhada inteira...).

 

o problema da minha mochila era não poder colocar mais nada dentro. ela foi no limite de carga dela, afinal, era uma mochilinha de raid, de corrida de aventura.

 

cacius tava com uma trilhas e rumos montanha 75, com a tralha completa dentro. como ele não sabia direito o que ia encontrar - ao contrário de mim - veio com tudo, inclusive dois mosquetões e um anel de fita de aproximadamente um metro e meio, além de um cordelete de uns 8 ou 10 mm. mais pra frente vcs saberão o quão úteis foram esses equipos....

 

antes de caminhar eu explico o roteiro:

- olha, o troço é simples. a trilha tá demarcada. a gente sobe aqui o morro do getúlio, logo chegamos na bica, dali em diante a gente costeia o caratuva, desce um selado, chegamos à encosta do PP, subimos até o acampamento 2. se chegamos cedo vamos até o cume e descemos, se for o caso amanhã a gente sobe até o itapiroca ou o caratuva, ok?

- ok!

o plano pra mim parecia simples, afinal eu tava levinho....mas o cacius tava com uma mochila pesada, afinal, a barraca era uma super esquilo 2/3....

 

não deu 20 minutos pro cacius estar todo vermelhão, suando em bicas e já me propondo:

- olha se quiser ir na frente, pode ir, eu me viro...

claro que não fiz isso, e foi ali que eu comecei a usar uma expressão que seria repetida ad nauseam:

- só mais um pouquinho a gente já tá ali no mirante...

 

"só mais um pouquinho" é uma frase que o cacius não vai querer ouvir durante muito tempo!

 

fomos subindo e o cacius foi descobrindo pq a subida do getúlio é apelidada de "morro da desistência". é uma subida cadenciada por diverso degraus, com um aclive relativamente acentuado, que faz a gente sofrer. ali cada grama de carga nas costas cobra seu preço.

 

no meio do caminho, num mirantezinho, paramos e eu dou uma mexida nas armações da mochila do cacius, pra aumentar a transferência de peso pra cintura. dali em diante o conforto dele aumentou um pouco.

 

passada a subida do getúlio, já no planaltinho que nos leva à encosta do caratuva (e à bica), numa área gramada, já encontramos o terceiro doido que ia compor a equipe.

 

deitado ao sol, enquanto secavam a barraca, o saco de dormir, algumas roupas, estava o dionir. este paranaense, ali de ctba mesmo, fugindo da família pra dar uma escapada à montanha, entrou na fazenda no próprio dia 25, à noite, e pegou chuva na trilha... foi subindo até onde encontrou um lugar pra armar a barraca e dormir meio molhado.

 

estava ali tentando secar suas coisas, e já pensando em descer de volta (estava sem um casaco pra frio, esquecera...), quando o convencemos a ir adiante. o cacius estava com um anorak a mais, e cedeu-lhe um.

 

assim, a trupe completou-se. 3 pessoas que iam fazer a trilha em solitário. em solitário, mas agora a três.

 

continuamos andando. o dionir explicando ao cacius como era atrilha à frente, eu sempre falando que pra bica faltava "só mais um pouquinho", e o cacius bufando, vermelho, enquanto carregava a cargueira.

 

aqui um parênteses. eu e o dionir estávamos com mochilinhas muito pequenas, não tínhamos como carregar parte da carga do cacius, e esse tb não queria dividir a carga. e que carga! até um anel de fita e dois mosquetões ele trouxera (nmais pra frente sberão como foram úteis essas coisas). sem saber direito o que ia encontrar no caminho ao PP, trouxera de tudo um pouco, inclusive umas maçãs desidratadas que fomos comendo até chegarmos na bica.

 

chegamos à bica após vencer o "morro da desistência", subida na qual o dionir quase desisitira do passeio por excesso de água, e o cacius pelo calor.

 

é preciso ressaltar que esse foi um raro trecho com tempo bom. dali em diante, pegamos muita umidade. a trilha estava um sabão.

 

uns minutos na bica pra tomar água, tirar as mochilas, carregar bem os cantis. fomos sem ter certeza de existência de água lá no acampamento 2, então cada um levou pelo menos mais uns 2 litros e meio, 3 litros.

 

e então começamos o costeamento do caratuva.

 

o caratuva tem na sua encosta mata atlântica. é em meio dela, rente a um paredão de pedra (ora visível, ora encoberto por vegetação), que caminhamos. é um trecho cansativo, típico de "tração nas quatro", pois usamos braços e pernas o tempo todo pra vencer os obstáculos: covas, raízes, galhos, árvores, pedras, degraus, riachos e etc.

 

perdemos muito tempo nesse trecho. da outra vez, eu passei por esse trecho com a trilha seca, e mesmo assim encontrei alguma lama. dessa vez, a trilha estava toda enlameada.

 

então, além do sobe-e-desce, do pula-pula, acrescente-se os escorregões e também toda a cautela necessária para evitá-los. assim, a lentidão passa a ser uma caraterística da caminhada.

 

o tempo todo o cacius perguntava quanto faltava para o acampamento 1 e eu e o dionir dávamos estimativas que não se realizavam. de fato estávamos estimando a distância e a velocidade erradamente. e claro, o cacius ouvia a mesma frase, como um mantra: "só mais um pouquinho".

 

o fato era que eram duas horas e lá vai pedrada quando passamos pelo acampamento 1. o tempo estava fechado, bem nublado.

 

paramos uns minutinhos, estimamos se valia à pena parar ali pra cozinhar ou continuar até o acampamento 2, e o cacius sugeriu que fôssemos adiante. afinal, estimávamos mais 40 minutos apenas pro acampamento 2....

 

descemos o selado do caratuva. cacius ia observando os precipícios. há um trecho em que praticamente só há o espaço para a trilha...

 

chegamos à base da trilha do PP. quando íamos começar os degraus de aço (eu já tava na primeira plataforma), o cacius nota que uma alça da sua mochila arrebentou.

 

decidimos primeiro içar a mochila até um platozinho (lembram dos mosquetões e da fita? começaram seu uso aí).

 

no platozinho eu dou uma olhada na mochila e improviso uma emenda na alça com um cordelete que o cacius trazia.

 

continuamos a ascenção, lentamente, até pra não forçar demais a mochila. lembrando que nesse trecho ela foi içada, degrau a degrau. claro que a operação foi lenta.

 

passado esse trecho, continuamos na trilha, até que finalmente chegamos ao acampamento 2, passando antes pelo meu "cafofo", o trecho onde armei a rede em julho passado.

 

eram então cinco horas da tarde.

 

começáramos às 8:30. levamos, portanto, 8 horas e meia na ascensão, tempo que realmente não é exatamente um record de velocidade, mas estava muito bom.... afinal, fomos nos divertindo no meio do caminho, e a trilha estava pesada de se fazer, toda molhada.

 

o tempo estava nublado. um ventinho frio, gelado mesmo.

 

montamos as barracas. aqui um parêntesis: cacius carregava uma pesada barraca, e eu, nada... recomendo seus trabalhos como porteador, carregador: carrrega numa boa, não aceita ajuda, e ainda oferece frutas e doces. (falei que ia escrever isso no mochileiros, depois receberei xingos pelo e-mail.... - o cara é um touro pra carregar carga!)

 

barraquinhas armadas: a super-esquilo do cacius, e a falcon 2 do dionir. uma nota sobre a falcon 2: barraquinha clássica de entrada no mundo do mochilismo leve. embora náutika não seja célebre por barracas com efetiva qualidade pra trekking, essa barraquinha pequena e leve acaba servindo bem pra um monte de gente. tem uma área boa pra uma pessoa, é baixa (o que acaba sendo uma vantagem, pois resiste melhor a ventos que as demais barracas grandes da náutika) e, por ser uma igluzinha, é auto-portante. o que, pra acampar sobre rocha, pode ser uma vantagem. abaixo de 150 reais, é a única opção pra quem for fazer trekking mesmo. sei de gente que andou "customizando" barracas assim, inclusive pra uso em neve. pra quem quer fazer trilha mesmo, sempre acha-se uma saída. consegue-se aquilo que eu chamo de "adequação relativa". pra dar um exemplo, o calçado de escalada por excelência é a sapatilha, mas há quem que, por falta de opção, use kichutes com os cravos lixados. não é uma sapatilha, mas é muito melhor do que uma bota ou um tênis de corrida, esses sim equipos inadequados pra escalada.

 

fiz a primeira refeição quente do dia. um miojo que, como de costume nessas horas, estava delicioso. afinal, como bem lembrou o parofes num relato sobre uma ida a itatiaia, "o melhor cozinheiro é a fome".

 

 

depois do miojão, um café com leite em pó pra dar uma esquentada, e cama!

 

eram 7 da noite quando fechamos as barracas pra dormir um pouco.

 

durante a noite, o céu abriu por alguns momentos, podendo-se ver um céu muito estrelado.

 

mas foi uma noite de sono cansativa... a barraca não estava num local exatamente plano, de modo que escorregávamos sempre em direção aos pés. a cada meia hora ou 45 minutos, acordávamos pra "escalar" o isolante térmico...

 

às 5 da manhã tocou meu despertador. resolvi esperar um pouco... minutos depois tocou o despertador do cacius. antes que ele voltasse a dormir (como eu fiz minutos antes.. hehe) eu já falava para nós levantarmos.

 

claro que levantar foi uma enrolação. meu tênis ainda estava molhado e ainda por cima, gelado. (fiz essa trilha com um tênis de raid, comento mais tarde sobre isso). coloquei meu segundo par de meias e encarei o tênis gelado....

 

eram 6 horas quando nós três começamos o ataque ao cume. os três tapados de lanternas na cabeça, já apagadas - afinal, o sol raiava.... as lanternas foram apenas passear no cume... no mesmo dia haveria uma outra situação ridícula dos três com as lanternas na cabeça, citarei adiante.

 

 

a ascensão final começa com uma caminhadinha básica pra cima e logo depois o trecho em pedras e mais pedras. sobe-se e desce-se adoidado em pedras, vamos passando por vãos, degraus e etc. vários trechos com degraus de metal já instalados. num trecho, degraus e uma corrente, para auxiliar.

 

há um falso cume, depois sim o verdadeiro cume, que estava tomado pela metade por um grupo que ali acampara.

 

esse grupo nos ultrapassara na véspera, era composto por um bando de rapazes barulhentos que vinham gritando na trilha. pra que fazer barulho, né?

 

mas a vista de cima do cume é maravilhosa. numa abertura entre as nuvens deu pra ver a baia de paranaguá praticamente inteira.

 

havia um belo espetáculo de nuvens à nossa volta. estávamos acima das nuvens, dava pra ver sua evolução nas encostas, ver as nuvens subindo e descendo pelos costados das montanhas no entorno.

 

em cima do cume pego minha máquna fotográfica para bater algumas fotos e noto que o filme não tinha rodado, ou seja, nenhuma foto batida duranto dia anterior sairia. abro a máquina, colo o filme no lugar certo, bato meia dúzia de fotos.

 

ficamos 20 minutos lá em cima. nós três assinamos o livro cume, que fica fechado em uma caixa de metal azul, aparafusada à rocha. fizemos amizade com outros dois que estavam acampados no acampamento 2 próximos a nós, o tiago todinho e o alexandre.

 

eram 8 horas da manhã quando iniciamos o descenso.

 

o que falamos de besteira no caminho não está no gibi. e, num momento em que eu passava por cima de uma pedra ouço o motorzinho da máquina fotográfica rebobinando o filme. comecei a rir. não teria nenhuma foto da ascensão, e também nenhuma do descenso. era só pra ter fotos lá de cima mesmo....

 

eram aproximadamente 9 e meia da matina quando chegamos de volta ao acampamento. fiz um café com leite, comemos alguma coisa, começamos a desmontar a barraca, conversando com o alexandre e o todinho.

 

todinho me mostrou onde fica a bica do acampamento 2 e, no caminho da bica, há que se subir uma pedra, ele me dizia:

- apóa a mão ali no reglete!

e eu lá sabia o que era isso? apoiei num berêu na rocha, e depois descobri que o o berêu era o tal reglete. pra quem não sabe o que é berêu, é um substantivo genérico, que serve para nominar qualquer coisa: "quebrou o berêu". "perdi o berêu". "tá faltantando um berêu". "apareceu um berêu esquisito nas minhas costas"...

 

peguei água, e depois fui mostrar o caminho pro dionir. na véspera fomos andando até a tal pedra, mas não sabíamos que era necessário transpô-la pra chegar à bica.

 

o dionir na minha frente, sobe na pedra antes, e eu peço ajuda pra subir. com meu peso, acabo puxando-o na minha direçao, ele cai, de frente, e me empurra fora da trilha, numa encosta do PP, um verdaeiro precipício. fiquei agarrado a alguns bambus, enquanto o dionir, branco que nem um lençol me perguntava, quatro vezes seguidas:

- machucou muito? machucou muito? machucou muito? machucou muito?

 

eu não tive nenhum arranhão, mas por muito pouco não fui parar uns 500 metros abaixo.

 

ficamos os dois ali uns 2 minutos, um olhando pro outro, até que dei um jeito de subir um pouco, ele me alcançou e me puxou. fomos com as pernas trêmulas até a bica....

 

voltamos ao acampamento, reunimos a tralha toda e meio dia, devidamente alimentados e com muita água, começamos a descida.

 

o tempo estava fechado, úmido mesmo.

 

fomos descendo. em pouco tempo chegamos ao trecho com os degraus de metal e o cacius acha melhor não descer os degraus com a cargueira nas costas. quando vai tirar a mochila, acontece: a outra alça arrebenta e tb a barrigueira.

 

meia dúzia de palavrões do cacius depois, decidimos primeiro descer a mochila, depois ver como consertar....

 

lembram dos mosquetões e do anel de fita? usamo-os para "costurar" a mochila abaixo, degrau de metal por degrau de metal. até a base do PP, já na ligação com o caratuva.

 

paramos, tomamos um pouco de água, olhando meio desconsolados pra mochila escanguelhada.

 

pro fim, com um cordelete e a fita, eu dou um jeito de amarrar a outra alça (uma alça já tinha ido pro espaço no dia anterior), e improviso uma barrigueira com o anel de fita.

 

essa barrigueira não ajudou muito na transferência de peso, mas serviu pra equilibrar a mochila. mas, infelizmente, o peso estava nas alças, nos ombros do cacius.

 

fizemos o caminho de volta lentos. paramos por diversas vezes.

 

apenas às 5 da tarde chegamos à bica. fizemos um almoço.

 

acabei virando um miojo no chão. preciso rever os meus modelos de espiriteira, vou usar algo mais estável. acabei por usar um pouco do macarrão do cacius, esse sim, um verdadeiro gourmet de trilha, e não como eu ou o dionir...

 

ficamos uma hora ali parados, comendo, tomando água gelada, discutindo espiriteiras, e etc.

 

às seis da tarde recomeçamos a descida, e eram sete e quarenta da noite quando, exaustos, chegamos à sede da fazenda.

 

o alexandre e o todinho ainda estavam por ali.

 

parlamentamos, e resolvemos, nós três, dormir ali na fazenda e seguir pra ctba no dia seguinte.

 

armamos as barracas ali na área de campng, ao lado das barracas do todinho e do alexandre. fizemos uma fogueira (no local adequado, há um espaço justamente pra isso, delimitado por pedras) e também rodou uma cuia de chimarrão.

 

mas antes da fogueira e do chimarrão, resolvemos todos os 5, devidamente limpos após o embarreamento no PP, comer alguma coisa decente ali no restaurante do posto do tio doca, na BR. enquanto o todinho e o alexandre iam de moto, nós três entramos no carro. já estávamos andando há algum tempo quando eu percebi que os 3 tapados estavam de lanternas na testa..... dentro do carro!

 

se no restaurante o buffet não funcionava mais, cada um traçou um prato feito. a fome é o melhor cozinheiro, e estávamos realmente com muita fome.

 

comemos rápido, conversamos um pouco, voltamos à fazenda.

 

e aí sim, à fogueira e ao chimarrão (antes que nos xinguem, a fogueira foi na área de camping, num buraco revestido por pedras, preparado pra se fazer fogueiras!!!). era meia noite quando desisti da conversa e fui dormir. parece que o dionir seguru todo mundo falando até duas da manhã...

 

às cindo os despertadores tocam. alexandre e todinho vão subir o caratuva, eu, o cacius e o dionir reunimos a tralha e rumamos à curitiba. não sem antes uma boa conversa com o seu dilson, dono da fazenda.

 

cacius nos deixou em pontos escolhidos, e rumou a santa catarina. dionir foi pra casa, e eu para a casa dos meus pais. exausto, mas feliz. :mrgreen::mrgreen::mrgreen:

 

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vamos à detalhes técnicos.

 

a fazenda Pico Paraná acessa-se pela br, no km 46, longo antes do rio tucum, pra quem vai de curitiba em direção a são paulo. pega-se uma estradinha de terra à direita e segue-se as placas. ora indicam "fazenda pico paraná", ora indicam "fazenda rio das pedras"

 

5 reais pra entrar (cobrados só uma vez) quando se entre entre 7 e 20 horas, em outros horários, 7 reais. há um banheiro no abrigo, o que permite um bom banho na volta. seu dilson é extremamente prestativo em relação às informações.

 

a trilha está muito bem demarcada e cuidada. seu dilson não divulga, mas é tb feito um trabalho de resgate dos perdidos (ainda não sei como alguém pode se perder ali) e, principalmente, os desavisados que são atacados de hipotermia lá em cima.

 

ele pede que nãos entre na trilha sem lanterna e apito e, claro, os agasalhos necessários.

 

nos acampamentos 1 e 2 faz frio à noite, mesmo no verão. notem que , em pleno verão dormi com um saco pra 15 graus e usando meias e um fleece. cacius dormiu com o saco pra oito graus, um fleece e um gorro. nenhum de nós dois passou calor.....

 

no inverno já foram registradas temperaturas de menos 12 no cume.

 

há muita umidade, afinal o PP fica à beira mar.

 

deve-se evitar acampar no cume. além de devastar desnecessariamente a área, é perigoso: o local é de incidência de raios. além do mais, não se recomenda ir até o cume com uma pesada cargueira nas costas. pode-se perder o equilíbrio em diversos locais, e cair. afinal, acidentes ocorrem.

 

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sobre equipos.

 

exagerei no ultra light.

 

fui com um tênis de raid, que se revelou impressionante no grip, mesmo com piso muito enlameado. leve e resistente também. mas não impermeável. passei dois dias de pés úmidos.

o tenis é da quechua, diozas raid 500.

se fosse impermeável, teria sido o calçado perfeito.

 

a mochila, uma quechua de raid de 20 litros (18 no corpo, 2 pra cantil de água, separado e acessível por fora da mochila, um show!), acabou abrindo dois buracos numa queda sobre rocha. confortável, mas não feita exatamente para essa atividade. tem uma barrigueirinha, inclusive com bolsos.

 

a espiriteira revelou-se, desta vez, meio instável. vou aumentar a a estabilidade, pra não perde ro miojo de novo.

 

barracas resistentes a ventos e chuva são recomendáveis, fortemente! ou uma boa rede, e bom isolamento térmico.

 

fui com cerca de 6 kg de carga, mas acho que uns 9 kg era aceitáveis. não passei fome, muito pelo contrário.

 

bastões são também muito recomendáveis. o quechua 500 light do cacius abriu o bico, quebrou, em dois pontos. o todinho e o alexandre estavam com bastões da azteq, em alumínio, um deles travou. meu bastão, um azteq de fibra de carbono, tem aguentado bem o tranco até agora.

 

uma boa mochila, e, claro, carregar pouco peso, são essenciais pra esse "passeio". a trilha é bem pesada, não raro fazendo muita gente desistir no caminho.

 

no mais, as recomendações de sempre.

 

assim que puder, posto mais fotos.

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Show de bola a mochilada e mais legal ainda é ver o companheirismo que ocorre entre os mochileiros dentro de uma trilha. Muito bom mesmo!!!

 

Quero aproveitar algum feriado de 2009 (no outono ou inverno) para ir ao PP. Até lá vou ajeitando a tralha e preparando o físico.

 

::cool:::'>

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  • Membros de Honra
Muito bom o relato, essa escalada foi memorável, agora só faltam as fotos ...

 

dionir, o grande! bem vindo ao fórum!

 

vou ver se amanhã eu vou a uma lan house aqui perto (ontem eu testava em SP, agora já estou no interior de sp) com net melhor que essa aqui a rádio, pra colocar o resto das tuas fotos! o cacius ainda não mandou as dele! e ainda não revelei as fotos da minha máquina.

 

Show de bola a mochilada e mais legal ainda é ver o companheirismo que ocorre entre os mochileiros dentro de uma trilha. Muito bom mesmo!!!

 

Quero aproveitar algum feriado de 2009 (no outono ou inverno) para ir ao PP. Até lá vou ajeitando a tralha e preparando o físico.

 

::cool:::'>

 

rmcolpani,

 

no inverno, leve um bom saco de dormir e bons agasalhos. o todinho, que estava com a gente, relatou que já se pegou -12 no pico no inverno. nós, no acampamento 2, embora andássemos de dia de camiseta, acabamos por dormir todos agasalhados. eu tava com um saco de verão, s15 light da quechua, e dormi de meias e de fleece. o dionir tava com um saco + pesado, e o cacius com um pra 8 graus, e mesmo assim tb dormiu de fleece e gorro. e estamos em pleno verão. mas, em julho, eu dormi com o mesmo saco, mas sem o fleece... tudo depende um pouco de massas de ar frias, do grau de umidade - afinal, andamos nas nuvens...

 

muito bom o relato ogum, em um fds saindo de são paulo dá pra fazer mais de um pico? ´talvez em janeiro me mande pra lá!!!

 

abs e um feliz 2009

 

marcosplf, acho difícil....

 

pq saindo de sp numa sexta à noie, vc tem que chegar logo cedo na fazenda e começar a caminhada. vai estar cansado da viagem, portanto o rendimento cai um pouco.

normalmente usa-se um dia pra subir ao acampamento 2, o outro pro cume e pra volta. é pesado, pq a trilha é hard pra dedéu.

 

claro, há os superpreparados que vão bem lights e fazem o PP ida e volta num dia. mas não vai dar pra curtir nada....

 

dá pra, com um bom preparo físico e carregando bem pouca coisa (nada de cargueiras de 75 litros!) fazer o PP num dia e descer um bom tanto, e fzer o itapiroca na volta. mas nunca fiz, não sei o grau de dificuldade que se encontrará no retorno e subida do itapiroca. e mesmo assim ainda tem o retorno a SP no mesmo dia, chegando-se pela manhã da segunda feira.

 

o seu dilson me comentou em julho que muita gente de ctba começa a trilha na sexta á tarde, sobe um bom tanto, pra no sábado de manhã fazer o PP e na volta fazer o itapiroca com calma, desc endo mesmo só no domingo.

 

eu não estou no meu melhor preparo físico, não sei se aguentava um terceiro dia de trilha. é pauleira, é uma trilha que te exige os 4 membros, com "escadas" longas nas rochas, muito sobe e desce em pedra e etc. o que cansa mesmo.

 

eu voltei com dores no ropo inteiro, no domingo estava travadão. não é dor de lesão, é a de esforço. normalmente sentimos isso apenas nas pernas, depois de longas trilhas, mas dessa vez senti muito os braços, como se tivesse feito treino com pesos. o que prova o quanto a gente usa os braços. eu ainda mais, pq sou baixo (1,70), muita coisa eu tinha que usar os braços, enquanto os outros dois apenas usavam as pernas.

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Salve salve galera!

 

Dias 27, 28 e 29 eu estava na fazenda, ACHO que encontrei o Alexandre e o Todinho no cume do Caratuva, não tenho certeza.

Fui a primeira vez dia 04/01/2008 e desde então fiquei apaixonado pela fazenda. O problema é que moro longe (Maringá - PR), são 500km CAROS para chegar até lá, maaaaaaaaas, 2009 promete.

 

Feriadão prolongado podemos marcar uma trip da galera do Mochileiros para lá, o que acham?

 

Ogum, parabéns pelo relato, muito bom mesmo!

 

 

Caso ocorra futuros encontros desse tipo, segue uma foto minha :mrgreen: ... nessa hora ai eu tava ainda no Getúlio.

DSC01527.jpg

 

 

Abraços

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