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Travessia Sete Quedas - Chapada dos Veadeiros


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Diz a velha Bíblia que “o coração dos homens faz os planos, mas a resposta certa vem da boca de Deus” Bem, estava eu tocando a vida em Curitiba, planejando comprar um lote em algum lugar da zona rural da região metropolitana quando por volta do final de julho recebi notícia de convocação de um concurso público prestado em 2012, e teria que me mudar pra Brasília. E assim aconteceu, um galego saiu do frio e chuva curitibana para o sol e secura intensos do planalto central.

 

Cidade nova, começar tudo do zero, círculo social praticamente zerado. Ficava me questionando se haveria morros pra subir e acharia pessoas para fazer trilhas e me apresentar a região. Resolvi procurar no facebook com as palavras chave trekking brasília e...tinha um grupo com esse nome; arrisquei entrar e conhecer as pessoas. Galera bacana e animada, companhia de qualidade pra se enfiar no mato. E eis que alguém resolveu organizar a ida para as Sete Quedas.

 

Fiquei sabendo da Travessia das Sete Quedas na internet quando foi inaugurada, e lembro de ter dito que um dia ainda faria, não sabendo exatamente quando. No fim das contas, devido à mudança, acabou sendo mais cedo do que imaginava. Mas vamos ao relato da expedição:

 

26/09/14

Sexta-feira à noite. Éramos 19 pessoas, reunimos o povo e fomos rumo a São Jorge. Tivemos um leve atraso e acabamos chegando perto das 23h, indo direto a pousada. Ficamos no Casa da Sucupira. Como éramos um grupo grande, o pessoal conseguiu fechar em 35 reais a diária, sem café, em quartos coletivos. O lugar lá é bem bacana e limpo, disponibiliza a cozinha e utensílios, fomos muito bem atendidos. Alguns saíram para um bar, esse que vos escreve foi dormir rs

 

27/09/14

No sábado levantamos cedo para tomar café, arrumar as coisas e esperar o transfer. O Transfer (levar até o PARNA Chapada dos Veadeiros e trazer de volta no dia seguinte) ficou em 20 reais. Todos prontos, van na porta, partimos ao PARNA.

 

Chegamos para abrir o parque com os funcionários da segurança, creio que era entre 8:30 e 9 horas. Passaram uma lista para deixar os dados individuais, e feito isso, nos conduziram para assistir um vídeo sobre o Parque, Trilhas e regras. Protocolo cumprido, demos uma olhada no material do centro de visitantes e iniciamos a caminhada, seguinto pelas setas - e tubos eventualmente - laranja, sempre.

 

Caminhamos um bom pedaço e chegamos no Canion 1, se não me engano por volta das 10:30, ficando lá por mais de uma hora. O lugar é realmente belo. Infelizmente eu fui explorar sem a câmera.

De lá, continuamos. Ai foi caminhada e mais caminhada. Essa foi a minha segunda experiência de trekking no cerrado, confesso que o calor e sol intensos tornam a situação mais difícil, mas no fim o corpo sempre aguenta mais do que você pensa, e a paisagem, compensa.

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Uma coisa que me chama muito a atenção, é que as cores no cerrado são extremamente vivas, não existe meio termo. Belo é o tom de verde das folhas que rebrotam após o fogo, e o azul do céu. De vez em quando, alguma nuvem gentil passava por sobre nossas cabeças, fornecendo uma sombra para amenizar a temperatura. Infelizmente elas não nos seguiam.

 

Depois de uma boa caminhada, chegamos ao ponto de travessia do Rio Preto. Optei por encontrar uma caminho entre as pedras que não precisasse tirar as botas, e deu certo e rápido, mas a maioria preferiu atravessar com os pés descalços. Fica a seu critério, só registro pra informar que há as duas possibilidades (dependendo do nível do rio). Lá matamos mais um bom tempo no rio sendo atacados incessantemente pelas piabinhas. Fizemos o almoço e continuamos.

 

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Era cerca de 15:30 quando avistamos no horizonte algo que parecia ser um rio, e no plano anterior, um tipo de cabana. Eu e um do colegas que estava ao meu lado comentamos que deveria ser lá o local do acampamento, por conta do relevo do local, como se estivessemos em fundo de vale e pelo tempo de caminhada. No fim era mesmo. Pouco tempo depois encontramos a placa da área de camping e do banheiro seco - a tal cabana mencionada. Chegamos enfim, ao ponto do merecido descanso, do refrescante e relaxante banho.

Mochila tirada, acampamento montado, pés liberados, fomos aproveitar as Sete Quedas.

 

Aqui entra um mistério que nenhum de nós conseguiu solucionar: uns viram quatro, outros cinco, outros seis, mas ninguém contabilizou Sete Quedas. Já conseguimos pousar uma sonda em um meteoro, e eu ainda não tenho a resposta. Se alguém aí conseguiu, por favor comente e esclareça. Mistérios numéricos a parte, o local é realmente bonito. Confesso que a altura das quedas não impressiona, nem o volume de água ou o som, mas o local como um todo é belo. Olhar o curso do rio, longe no horizonte, com uma bela combinação de laranjas, vermelhos e roxos no céu de fim de tarde ao som das corredeiras vale muito a caminhada.

 

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Sol posto, hora de voltar ao acampamento e iniciar os preparativos para a janta, aquele bom e velho miojo, mas na versão talharim, com um saboroso molho 100% industrial, complementando com pão, salame, frutas, chá. Verifiquei in loco que com uma espiriteira improvisada com lata de atum, abastecida completa com etanol 3 pessoas puderam preparar seus miojos e ainda sobrou fogo para outra começar a esquentar um risoto. Importante: não deixe de levar a tampa da panela, não só para otimizar o preparo dos alimentos, mas também para evitar que uma quantidade imensa de insetos caia na panela atraída pelo fogo e pela luz da headlamp, mas caso você não se importe de acrescentar um pouco mais de proteína à refeição, sinta-se à vontade.

 

Infelizmente minha expectativa de contemplar o céu estrelado na Chapada foi frustrada. O céu estava com muitas nuvens, uma escuridão densa. Não restava muito mais o que fazer, e o corpo pedia o repouso.

Ao deitar, o ambiente estava quente, diria até um pouco abafado, mas era cerca de 4 horas da manhã, começou a ventar forte, e a temperatura caiu bastante, obrigando-me a usar o saco de dormir. Alguns disseram que houve uma chuva leve, eu mesmo só ouvi o vento forte e senti a queda brusca de temperatura, mas nada que obrigaria alguém a colocar uma calça, blusa e meias.

 

28/09/14

No domingo acordei cedo para contemplar o nascer do sol. Acabei não conseguindo levantar no horário previsto, mas a tempo de ver metade do sol ainda a nascer. Após, foi tomar café, desmontar a barraca e arrumar a mochila, processo interrompido por um porivinha kamikaze que se chocou com meu olho e não saiu. Esfregar o olho, jogar água, nada. Um bicho tão pequeno, mas a sensação é increvelmente incômoda. No fim, umas das gurias do grupo colocou soro no meu olho, e depois de uns minutos, finalmente o infeliz parou no canto do olho e foi retirado e sepultado. Imagino que a sensação de uma lente de contato perdida no olho deva ser semelhante.

 

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Finalizada a operação e a arrumação da mochila, fomos às quedas, dar aquele último mergulho. Uma parte do grupo, eu incluído, saiu às 10:30, os demais, pouco depois das 11. O segundo dia possui menos kilômetros, mas há mais subidas, mas de qualquer forma, é muito mais tranquilo que o primeiro dia. Quanto ao o visual, o descampado é extremamente belo, com os morros ao fundo. Que as fotos falem.

 

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Depois de no máximo umas três horas caminhando, passamos pela caixa para depositar a ficha de controle do parque, o fim da trilha estava próximo. Saimos do parque, estrada vazia, não havia sombra para se refugiar até o transfer chegar. Até tentamos nos esconder embaixo de umas árvores mirradas, mas não demorou muito e a van apareceu.

 

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De volta a São Jorge, combinamos de, na volta, parar no Valdomiro para almoçar. Voltando de São Jorge rumo a Brasília, fica no lado esquerdo da estrada, numa baixada, pouco depois do Morro da Baleia, se não estou enganado. Vale muito a pena, a comida é boa, o prato é bem servido e o preço é justo!

 

Considero que a Trilha das Sete Quedas é uma trilha muito bela. Uma aula prática perfeita pra se conhecer o Cerrado, passando por vários tipos de vegetação diferentes. A sinalização é excelente, a área de camping muito boa, com o banheiro seco. Exige certo preparo físico e o calor pode ser um fator dificultador, mas quem já tem uma certa experiência faz fácil!

 

Termino o relato por aqui.

Abraços

 

PS:

Aqui tem um vídeo produzido por um dos membros do Trekking Brasília, sobre a trilha! Quem for de Brasília e quiser entrar, só procurar lá no facebook!

 

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  • 2 anos depois...
  • Membros

Excelente relato!

Fiz a travessia há uns 10 dias atrás, então, da minha experiência, acrescentaria as seguintes dicas:

1. Leve, no mínimo, o equivalente a umas 4 garrafinhas de água (500ml). É possível reabastece-las ao cruzar o rio ou visitar os canios, mas existem trechos de sol a pino que são castigantes, principalmente no segundo trecho da travessia.

2. Assegure-se que seu calçado é apropriado e está em boas condições. Minha botinha da Columbia, já surrada e com passagem no sapateiro, abriu o solado no meio da trilha, que é bem pedregosa. Isso acabou resultando em vários calos, tropeções e unhas roxas ao final da trilha... Além disso, um casal que fazia a trilha de tenis terminou com o tornozelo torcido, então não é aconselhável.

3. Se puder, reserve duas pernoites no camping da 7 quedas. Me arrependi de ter ficado só uma noite, porque, além do lugar ser lindo e valer a pena passar um dia por lá lagartixando, penso que seria melhor pra se restabelecer do cansaço da ida e se preparar pro batidão da volta (trecho mais íngreme e castigante). Tem gente que vai e volta pelo mesmo trecho, sem completar a travessia, é uma ideia tb.

4. Não deixe de dar uma desviada e ir na cachoeira das Cariocas. Lindo lugar, vale a pena começar a trilha mais cedo e passar uma horinha por lá.

Espero ter ajudado!!!

 

Editado por craquel
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