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Portugal e Espanha de carro em trinta dias.


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Muita coisa aconteceu desde o planejamento desta viagem, e inclusive a esposa do nosso amigo que ia conosco faleceu repentinamente... Mas um tempo depois lá fomos nós, os três mesmo...

"O meu especial agradecimento aos nossos parentes e amigos, que na sua impaciência, muito justificável, de escutar os longos e intermináveis casos que atropeladamente, no entusiasmo do retorno, queremos contar, vão saindo da sala de “fininho”, arranjando outras coisas para fazer... "

E assim me surgiu a ideia de resumir toda a viagem, com algumas fotos mais relevantes para ilustração, num livreto e “emprestá-lo” aos que tiverem gosto por este tipo de leitura...

Realço também, a importância dos acréscimos, correções dos vários rascunhos e ao conhecimento geral do Chico, sobre o assunto, para que conseguisse chegar a termo este projeto.

Do meu marido, tive sempre o apoio entusiástico, o olhar atento quanto ao estilo, a escrita e também a colaboração com os detalhes trazidos de sua ótima memória. Nem sempre seguindo suas sugestões, (sou teimosa) mas tendo-as sempre em conta, achei por bem finalizar por aqui, pois de tanto reler, corrigir e acrescentar, já estava por desistir...

Anniexx- outubro de 2011

Realizando um sonho...

 

Começamos nossa viagem já nos planejamentos quando nos encontrávamos para almoçar, lanches à noite regados a vinho espanhol, bem antes de comprarmos nossas passagens...

Nosso amigo, tinha o desejo de fazer uma viagem de carro pela Espanha e Portugal; ele, a esposa, e mais um casal. À medida que fomos estreitando a amizade, o convite foi feito e aceitamos imediatamente. Mas ela não foi conosco. Adoeceu e rapidamente em alguns meses, nos deixou. Inexplicável e chocante acontecimento... Mais tarde, quando foi possível, lá fomos nós três...

Saímos de Belo Horizonte direto para Lisboa, chegando num domingo às 11h45min. Ainda no aeroporto, quando fomos pegar o carro no atendimento da Hertz, foi-nos dada a sugestão de trocarmos o Focus Station Wagon escolhido no Brasil a gasolina, por outro a diesel por ser bem mais econômico. Bastava acrescentar E 8,00 ao dia a serem pagos na volta, junto às taxas finais. Foi uma ótima sugestão, pois chegamos a rodar 21 km por litro de gasoil como se chama lá...

Fomos informados também para termos cuidado ao passarmos pelas portagens (pedágios), para não entrarmos na via rápida, pois era complicação na certa... Isto significou para mim que cada portagem que aparecia, era um “friozinho” que eu sentia, pois nunca sabíamos de antemão, com certeza, qual fila entrar! E carro atrás buzinando...

Primeiro dia: 22/05/11dom Lisboa

Pegamos o carro e fomos para o Hotel Alicante, na Av. Duque de Loulé, bem no centro de Lisboa. Hotel barato, sem luxo, mas com um café da manhã farto e agradável. Sem garagem, mas com estacionamento público na porta. Almoçamos no restaurante “O Cacho Dourado” que já conhecíamos, e como das vezes anteriores, não nos decepcionou... Fica na Rua Eça de Queiroz quase esquina da Av. Duque de Loulé, e a um quarteirão da Praça Marquês de Pombal. Lá se fala apenas “Praça do Marquês”. Passamos a tarde no Shopping Vasco da Gama, enquanto o nosso amigo ia visitar o Oceanário que já conhecíamos e é imperdível... À noitinha, achamos uma Pizza Hut aberta próximo ao hotel, onde conseguimos comer, pois sendo domingo estava um paradeiro só... E não queríamos aventurar muito longe.

Como era domingo pudemos deixar o carro estacionado na porta do hotel sem pagar estacionamento público. Segunda feira de manhã – antes de iniciar a cobrança - compramos um tíquete de uma hora para podermos colocar as malas com calma no carro. O tamanho do porta-malas foi pequeno para três malas médias e três bagagens de mão a princípio, porque no decorrer da viagem, com as compras surgindo, e as malas “inchando” então é sem chance! Tivemos que ir colocando coisas embaixo do banco do motorista e do carona e depois, em cima do assento traseiro mesmo. Conclusão: para mais dias, com três pessoas, o carro tem que ser tamanho intermediário, ou peruas do tipo Fiat Doblô Renault ou Peugeot que por lá circulam aos montes.

Segundo dia: 23/05/11seg Lisboa/Faro

Saímos em direção a Faro, sul de Portugal, passando por Setúbal, onde fizemos um tour nas praias e no Centro Histórico. O Hotel Ibis de Faro fica como quase todos os Ibis, um pouco fora do centro (distancias menores que 8 km), mas como a cidade é pequena, não atrapalhou em nada. Tem internet grátis no espaço da recepção, mas no quarto tem custo, e não paga estacionamento, pois o hotel tem espaço reservado. Após acomodar-nos no hotel, fomos conhecer Albufeira; tivemos vontade de chegar à beira da praia, de tão bonito parecia o oceano ao longe, mas foi impossível, porque os condomínios cercam toda a orla, só podendo ir a pé. Para isso teríamos de estacionar o carro, andar debaixo de um sol escaldante, e como ainda estávamos “verdes” nestas adaptações, fomos seguindo viagem, contentando-nos em admirar a vista. Mas dá vontade de voltar com calma... Não conseguimos almoçar em Albufeira lá pelas 3 horas da tarde, pois os restaurantes estavam fechados .

 

Uma coisa chamou-nos a atenção nesta viagem: os ninhos das cegonhas nos lugares mais inusitados! Nas torres de transmissão, no alto dos telhados, nas chaminés, e parece que convivem bem com isso por lá... O Roberto leu depois que funcionários talvez da prefeitura, amarram os ninhos com arame para evitar maiores problemas.

Retornamos então para o Faro, que é uma cidade boa de caminhar, pois é plana. A Cidade Velha, rodeada de uma muralha, talvez porque já estava passando da hora dos visitantes turistas, achei muito erma... Quase ninguém nas ruelas. Ao final, saindo por um portão da muralha encontra-se uma grande praça, de frente para o mar, onde ficamos assentados num banco, descansando. O Chico deu uma voltinha mais ao longe, e nós, ficamos observando quatro portuguesas, já de uma "certa" idade, fazendo uma caminhada, tagarelando entre si, e um português, possivelmente marido de uma delas seguindo no mesmo ritmo logo atrás de cabeça baixa olhando o chão... Parecia aqueles burrinhos do presépio Pipiripau, da minha infância em Belo Horizonte, que fica rodando infinitamente. Almoçamos num pequeno restaurante chamado Bella Itália cuja garçonete que nos atendeu, era brasileira.

Terceiro dia: 24/05/11ter Faro/Huelva/Sevilla

Seguimos para Sevilla, passando por Huelva. É a entrada da Costa Sur da Espanha, na Andaluzia.

A estrada de Faro em direção a Huelva e Sevilla é um show, com canteiro central florido por todo o percurso, pois estamos na primavera... A topografia consta de colinas, curvas suaves, ótimo asfalto e muito bem iluminada. Não sei como cheguei a essa conclusão, pois só viajamos de dia... Devo ter reparado nos postes... Velocidade máxima de 110 km com radares, porém, somente nós estávamos nesta velocidade. Os demais carros passavam por nós a toda!

Quanto ao GPS, o nosso que compramos no Brasil, foi o Apontador “SlimWay TV”. Muito bom. Apenas de, em duas ocasiões, ele indicou uma direção que na realidade era contramão ou a estrada não existia e por isso ficamos dando voltas até pedirmos indicação e o problema ser resolvido. Em um desses casos, foram feitas mudanças, impedindo a passagem por dentro da cidade, só que o GPS não estava atualizado. Mas se não fosse ele, seria impossível percorrer o trajeto que escolhemos de forma tão rápida e com o mínimo de erro. Hoje em dia não dá pra ficar abrindo mapa no colo para saber se vira à esquerda ou à direita com o trânsito a 80 ou 100 km atrás de você. Mas um detalhe que custamos a resolver: entender onde deveria entrar nas rotatórias conforme a indicação que ele anunciava. Ex: na próxima rotatória entrar na terceira saída. Nós contávamos e quando entrávamos na tal saída, o GPS anunciava: Novo cálculo de rota! Tínhamos entrado errado! De tanto pensar, chegamos a uma conclusão: é que, às vezes, o que nós considerávamos entrada era uma contramão que nós não identificávamos rapidamente, portanto o GPS não considerava uma saída. E mais a frente uma sugestão do nosso amigo Chico para o meu marido quando estava dirigindo: “_Conrado, quem está dirigindo, toma a decisão, seja ela certa ou errada, e consertamos depois”... Isto porque às vezes eu e o Chico, co-pilotos, não conseguíamos chegar a uma conclusão única da saída correta e à tempo de informar ao motorista já um tanto estressado... rs... Mais tarde o Roberto tomou outra decisão: Ficava rodando na rotatória até nós decidirmos que direção tomar...

Chegamos ao hotel (Ibis Sevilla) em Sevilla às 13hs. Tivemos ajuda de uma alma caridosa que nos levou direto ao hotel, dirigindo o próprio carro, pois já estávamos praticamente dentro do Aeroporto, de tanto “entrar” nas “saídas erradas”...

Tive desta cidade exatamente a imagem que eu imaginava de todo o país! (Embora eu tenha conhecido várias “Espanhas” dentro de um país só...) Muito calor, prédios de cores predominantemente de cor avermelhada, bem tipicamente flamenca, lembrando as touradas que não vi (e nem gostaria de ver pra falar a verdade, provavelmente eu aplaudiria o touro...), roupas típicas vendendo nas lojinhas, etc. etc. Adorei a juderia! Aliás, adorei estas vielas que encontrei em quase todas as cidades espanholas que visitamos... É um charme só! Umas mais bonitas que outras, mas sempre uma oportunidade ímpar de exercitar minha curiosidade... Mas haja condicionamento físico! Anda-se, anda-se e anda-se! Comecei a dar uma mancadinha nos primeiros dias, de tanto andar, e ao chegar ao hotel é que identifiquei uma bolha no pé esquerdo e outra no direito. Furei as duas, coloquei uma meia, mais grossinha, e uns dias depois já não me incomodavam mais. Mas sempre andando, e procurando algum banco numa praça para assentar entre uma garrafinha de água, um sorvete, e uma pausa pra almoçar ou lanchar. A Catedral de Sevilla é maravilhosa e muito rica, haja ouro e prata vindos das Américas!

A torre “Giralda” é de literalmente tirar o fôlego! É o antigo minarete da Mesquita, com 27 andares de rampa! E lá fomos nós subindo e depois descendo... Mas valeu a vista de lá! No hotel nos indicaram um restaurante para almoçarmos e depois de conhecer a parte histórica, a pé, nos dirigimos para o outro lado do rio para enfim comermos... E qual não foi nossa surpresa? Eram 4hs da tarde e o restaurante fechado! Demos meia volta e entramos, assentamos e comemos no primeiro que encontramos, na beira do rio, o Glassy Lounge. Mas foi bom... O nosso amigo comeu um prato imenso de cervo com molho de catchup. Bonito estava!

 

Quarto dia: 25/05/11quar Sevilla/ Ronda /Marbella / Mijas/ Málaga

Saímos de Sevilla às 8:45 direto para Ronda. Uma autovia muito bonita e muito florida. Logo depois pegamos a A375, muito boa estrada também, mas sem canteiro central. Ladeada de colinas com plantações parecendo trigo e girassóis. Verdadeiros tapetes! A 60 km do nosso destino, começam a aparecer os olivais... Mas parece que azeitona não gosta de terra boa não... Lembrou-me um pouco os cerrados de Minas Gerais. E mais perto, surgem montanhas bem altas, com estrada bem sinuosa...

Ronda é um show! A vista é de 360 graus... É medieval, situada sobre dois penhascos ligados por uma ponte. Lá tem um doce típico de amêndoas que também é show! Fotografamos o palácio de Mondragón sob mil ângulos! A estrada Ronda Málaga passa por um trecho muito rochoso com muitos despenhadeiros... Mas com um visual muito bonito!

Passamos por Fuengirola, Torremolinos e Marbella onde fizemos um tour rapidinho sem descer do carro, seguindo em direção a Mijas (pronuncia-se Mirras). Verdadeiros cartões postais, com casas de veraneio, merecendo passar umas feriazinhas na beira da praia por lá... Mas, um sol escaldante para o meu gosto, que não sou muito chegada a ficar quarando na areia... E olha que ainda estávamos em plena primavera!

Mijas é uma cidade com 76.362 habitantes, como se fosse esculpida numa rocha escura, e que nos surpreende mais quando avistada ao longe com sua cor tão branca! Lá chegando, é um sobe e desce que não acaba mais... Por sorte conseguimos estacionar bem perto do centro histórico. Almoçamos lá pelas 15hs50min, no restaurante El Castillo, onde Roberto experimentou pela primeira vez os calamares (lulas), que o Chico sugeriu como sendo camarões, confundindo com gambas estes sim, camarões... Como não tinha gosto de nada, foi até o final sem reclamar, mas também sem apreciar... Saímos em direção à Málaga às 17h10m chegando ao Hotel Ibis Málaga. Na Espanha, os hotéis Ibis costumam ser mais caros um pouco que Portugal e não existe wifi grátis. São cinco euros por 24 horas. Demos ”adeus” ao pastel de Belém do café da manhã de Portugal e passamos a conhecer a famosa tortilha espanhola, que era servida fria, o que não nos convenceu nem um pouco. A vista durante este trajeto na estrada é deslumbrante! Do lado esquerdo os “pueblos blancos” (povoados de casinhas brancas) e à direita, o Mediterrâneo com uma cor azul turquesa inesquecível!

 

Quinto dia: 26/05/11quin Málaga /Córdoba

Málaga é uma grande cidade, cheia de prediozinhos de no máximo cinco andares, como a maioria dos centros históricos das cidades européias que eu já tive oportunidade de conhecer até hoje. Mas a parte peatonal, onde não entram carros, é um show! Piso de mármore, super limpo e polido, e a medida que vai escurecendo as luzes vão se acendendo dando vontade de ficar assentado por um bom tempo nos bancos também de mármore assistindo a este espetáculo! Não conseguimos entrar no “Alcazaba” porque já passava das 19. Vale lembrar que nesta época, o sol se põe às 22:00 horas e o dia rende bem.

 

Depois do café da manhã do “Ibis Málaga”, seguimos para Córdoba, chegando às 11h47, nos hospedando no Hotel Azahara. Simples, quarto pequeno, um bom banho, mas com um atendimento diferenciado... Gostamos muito.

Primeiramente fomos na “Oficina de Turismo” comprar os tickets, que custaram sete euros por pessoa, para visitar “Madinat Alzarat”, que é um sítio arqueológico muito impressionante. Trata-se das ruínas do palácio, onde no apogeu o califa governou o reino de “Al Andalus”, que abrangia quase toda a península Ibérica.

Em seguida, fomos ao bairro judeu, que nem de longe chega perto do de Sevilla, e o de Málaga, no cuidado, na limpeza, na aparência, mas também não quero aqui julgar os motivos de cada lugar ser do jeito que é... Almoçamos no café Viena, cada um, uma paella, e uma sangria para conhecer. O meu marido comeu e gostou, aliás, foi a que mais gostou de toda a Espanha, se bem que não me lembro de vê-lo experimentando várias... O problema é que estava tão quente que quase não senti o sabor...

Garoou um pouco, o que fez molhar o meu chapeuzinho de palha que eu gostava tanto e que por sua vez, não gostou da umidade e adquiriu uma forma de abas onduladas que não me auxiliavam muito no visual, um modelito “Santos Dumont”, sem querer ofender é claro... Em seguida fomos visitar a Mesquita-Catedral, eu e o Chico nosso amigo, porque o meu marido já estava querendo descansar. Mas quando entrei, o impacto foi tão grande em mim, que voltei correndo para tentar avisá-lo do que estava perdendo. O problema foi a fila que encontrou para comprar as entradas junto com um grupo de excursionistas que chegou antes. Mas ele também concordou comigo que não poderia ter deixado de ver, pois o ponto alto de Córdoba é indiscutivelmente a Mesquita/Igreja.

Às 17horas embarcamos no auto-bus para a “No local, foi construído um imenso Memorial, com auditório, Museu, Biblioteca, lanchonete, etc. Entramos no museu arqueológico onde além de admirarmos peças da época encontradas naquele sítio que está em restauração, assistimos a um filme sobre a história e a grandeza do reino de “Al Andalus”, que viria a ser mais tarde, a Andaluzia. A história da construção e da vida do califa que idealizou e habitou ali. O auditório onde passou o vídeo é muito grande com cadeiras estofadas, e com as luzes apagadas, tudo isso foi um convite para um sono profundo e revitalizante para encarar o resto da visita que era subir de ônibus até o alto da colina e de lá sair descendo os labirintos das ruínas da Madinat e logicamente subir tudo de volta... A sorte foi que tinha tudo escrito no prospecto informativo, porque pelo vídeo, seria impossível saber alguma coisa, pois nem sonhos tive, de tão cansada! Acordei com as pessoas se levantando...

Uma coisa me impressionou desde Sevilla e até Córdoba: os naranjos (laranjeiras). Sempre tinha praças ou algum canto com plantação de naranjos. E todas as frutas com uma aparência maravilhosa... E não via ninguém pegando nenhuma... Fiquei sem saber se podia ou não pegar alguma, e se não pegavam, qual era o motivo (também não perguntei)... Lá em cima na Medina, não resisti, vi um pé mais solitário, cheio de frutos maravilhosos, e me senti a própria Eva pegando o fruto proibido e surrupiei uma... No hotel mais tarde, fomos experimentar: nem limão é tão ácido... Chega a doer...

 

À noite, voltando da Medina fomos direto de táxi para uma “feria” (feira), cheia de galpões com muita música flamenca e atual, um parque cheio de brinquedos, alegria da criançada e barracas de comida típica. Mais ou menos uma Oktoberfest, menos sofisticada... Chão de terra, mas muita alegria com a maioria das espanholas vestidas para a ocasião! Valeu a pena... Pedi a duas mocinhas vestidas à caráter para tirar uma foto delas e o Roberto se entusiasmou e entrou junto. Aí, pedi para elas tirarem uma com o Chico e de supetão elas o ladearam, quase matando ele de susto, pois estava completamente distraído olhando a festa ao longe! Na hora foi engraçado...

 

Sexto dia: 28/05/11sáb Córdoba/Granada (Albolote)

Saímos no dia seguinte às 09h55 em direção à Granada, mas ficamos numa cidadezinha próxima, chamada Albolote, num hotel chamado La Curva. Hotel bom, sem luxo e bom preço, mais barato que o Ibis, mas o café era continental.

Inicialmente fomos ao “Alhambra”, comprar as entradas, mas só conseguimos para visita às 22:00 horas o “Palácio Nazaries”, que é uma parte do Complexo que é o “Alhambra”. Para visitar o complexo inteiro, deve-se comprar com no mínimo com um dia de antecedência, ou pela internet conforme nos disse o rapaz da recepção do hotel. Muito bonito, mas talvez de dia, teríamos visto com mais detalhes, pois tem pouca iluminação e não é permitido usar flashes. Mas mesmo assim valeu muito... Almoçamos no restaurante “Seis Peniques”, uma delícia, finalizando com uma granadina, cortesia que acompanhava o almoço. Depois de darmos as voltas necessárias e obrigatórias das visitas turísticas, percorremos as vielas do Albaicín, bairro antigo árabe, cheio de vendinhas, onde mais no alto, moram jovens, não sei se são estudantes, de vários lugares da Europa que moram em prediozinhos abandonados e vivem de artesanato. Lá perto na Gran Via, o Chico comprou um celular por 19 euros, da Vodafone, para conversar com o Guilherme, que estava morando em León com a esposa Letícia e onde nos encontraríamos mais à frente.

Granada recebe 60 mil estudantes no período letivo, o que lhe dá uma característica própria. Lá vimos uma moça pedindo esmolas na porta de um supermercado, que não nos pareceu estar em seus melhores dias, pois nitidamente nos passou a impressão de que se lhe chegasse dinheiro às mãos, não seria para comprar alimento. Seu companheiro estava assentado na calçada mais ao longe um pouco. Voltamos de táxi para Albolote onde comemos uma pizza num restaurante quase em frente ao hotel.

Sétimo dia: 28/05/11sáb Granada /Almeria /Lorca/Alicante/Valencia

Saímos às 09h30minhs para Almeria, pela estrada A92, o lugar que menos chove na Espanha... O terreno nos lembra uma superfície lunar. É o Deserto de Tabernas, local de filmagem de spaghetti westerns (informação do Google)... Mas Almeria não é só o deserto, sua costa faz parte da Costa Sur, pela sua vizinhança com o Mar Mediterrâneo.

No caminho, pudemos ver ao longe os picos nevados de “Sierra Nievada”, badalada estação de esqui, no sul da Espanha.

Nesta estrada e em muitas outras a partir desta, começamos a ver o que eu chamei de “plantações” de cata ventos que são as torres de geração de energia eólica... São muitas e muitas, tantas que não resisti e fui fotografando por quilômetros...

Passamos em Lorca, onde houve um terremoto em abril de 2011. Vários prédios com faixas indicando estarem condenados, mas vários também ainda habitados, com o primeiro andar, geralmente onde ficam as garagens, suponho, com as paredes derrubadas. As colunas de sustentação estavam de pé, mas as paredes não suportaram os tremores e foram ao chão... O campanário da igreja que havia sido destruído já estava em recuperação. Impressionante como lá eles seguem em frente diante dos infortúnios tomando as decisões e iniciativas necessárias, não ficando paralisados. Devem ser as experiências dos tempos de guerra... Pelo menos foi a impressão que nos passou.

Seguimos em direção à Múrcia pela Autovia del Mediterrâneo E15. Resolvemos antes de chegar ao hotel, dar uma voltinha pelo centro de carro, e quando vimos, não entendendo bem a sinalização, estávamos andando de carro na praça da catedral que era peatonal o que nos fez sair rapidamente “de fininho”... E confirmamos isto, quando fomos pedir informações de como sair daquela praça, escolhendo exatamente uma moça deficiente visual (lógico que percebi depois)... E foi ela que nos informou que a praça não era para carros... Nós três estávamos mais cegos que ela...

De Múrcia à Alicante a estrada é ladeada de cidadezinhas...Em Alicante o mar é um show à parte com uma cor turquesa de fazer inveja! Seguimos para Valencia onde ficamos duas noites no Ibis Valencia Palácio de Congresos.

 

Na cidade de Valencia existe uma atração especial que é um jardim linear de aproximadamente sete quilômetros, no antigo leito do rio Túria, que após a enchente de 1957 foi desviado para fora da cidade.

Oitavo dia: 29/05/11dom Valencia (City tour)

Visitamos o centro velho de Valencia, andamos até os Jardins e voltamos, almoçando às 14hs no restaurante “Delícias al Paladar”. O complexo futurístico de lazer da “Cidade das Artes e Ciências”, no antigo leito do rio Túria, está fazendo por Valencia o que o museu de Guggenhain fez por Bilbao. É impossível não visitar, pois impõe com sua presença... O mercado, que é uma importante visita a ser feita, estava fechado, pois pelo que pesquisei depois, aos domingos, só funciona até às 14h30min horas, e só pudemos dar uma olhada por fora. Bem em frente visitamos “La Lonja”, Bolsa da Seda, mandada construir pelos mercadores da época entre 1482 e 1548. Aproveitamos para dar uma chegadinha ao banheiro... Aliás, tornou-se um hábito: Estacionamentos? Ida ao banheiro... Prédio histórico? Ida ao banheiro... Os estacionamentos todos têm banheiro limpo, com papel, não cobram nada e com secador elétrico de mãos. Nada de papelada jogada fora do lixo, nem chão ensopado... Ficamos fregueses.

Em Valência, fala-se o valenciano, “aparentado” com o catalão e o espanhol. Ex: Plaza é plaça; e por falar em plaças, são todas em piso de saibro. Ainda bem que estava de tênis.

 

Nono dia: 30/05/11seg Valencia /Castellón de la Plana/Tarragona

Fizemos um lanche na estrada de Castellon de La Plana à Tarragona. Lá chegando ficamos no Hotel Sant Jordi, (São Jorge)70 euros, com park e wifi free incluídos, mas o wifi cai toda hora o que enche a paciência... Hotel muito bom, mas o café da manhã (desayuno) deve-se não arriscar a fazer pedidos extras, pois duas fatiazinhas de presunto acresceram em três euros a conta. Estava acostumada ao café do Ibis e senti falta do “jamon” que não estava incluído no cardápio deste, chamado café continental... Mas isso faz parte do aprendizado...

Tarragona tem praias de ondas baixinhas, e no porto, o mar não tem cheiro de podre, como estou acostumada por aqui... É até cheio de peixinhos na beira do cais de Serralho, uma aldeia de pescadores, famosa pelos restaurantes. Como sempre com vielas cercadas de prediozinhos de quatro andares. O centro histórico é cercado de muralhas, anfiteatro e etc., da época dos romanos, pois Tarragona foi fundada antes do nascimento de Cristo.

 

Décimo e décimo primeiro dias: 31/05/11ter 01/06/11quar

Seguimos viagem para Barcelona numa estrada muito boa, mas que não é autovia. Aliás, é de impressionar a quantidade de possibilidades de estradas para se chegar a qualquer lugar na Espanha! E nada de remendos no alfalto!

Ficamos no Hotel Ibis em Molins de Rei. Cidadezinha próxima de Barcelona chegando facilmente através de trem suburbano (Serve as cercanias). Fiquei muito admirada com a quantidade de bebês com suas mamães e papais andando pra lá e pra cá de trem, auto bus, carril, etc. etc. Pudera! Todos os transportes têm lugar para os carrinhos ficarem, não tem degraus e as calçadas sempre têm rampa apropriada. Nada de ficar carregando bebês no colo, segurando sacolas com um braço, se equilibrando e se apertando entre os passageiros para encontrar lugar para assentar... E também nem é necessário ficar levando outras crianças a tiracolo para ajudar na empreitada de levar os filhos ao médico por exemplo... Pode ser que ainda cheguemos lá, nós do Brasil...

Ficamos em Barcelona por três dias, e por duas vezes, ao voltarmos para o hotel em Molins de Rei, paramos para lanchar em pé mesmo, um delicioso sanduiche de atum na Pastisseria Arenas. E ainda no mesmo caminho, entramos para conhecer o mercado da cidade, que foi objeto de várias fotografias, tamanha a organização das vitrines expondo os produtos.

Comemos uma pizza ruim na “Las Ramblas”, avenida larga que liga a Plaça da Catalunya ao Porto Vell de Barcelona, onde se faz um “footing” de turistas... Choveu muito neste dia e o Chico teve de comprar mais um paráguas (guarda-chuva). Como sempre, deixa-se no hotel pra não carregar muita coisa durante os passeios.

Compramos bilhetes para o bus turistic e termos uma visão geral de Barcelona, subindo e descendo nos pontos principais. Comparando com o do Porto, o preço é mais salgadinho: 24 euros por pessoa, com direito a ver as atrações turísticas de Barcelona, por dois dias.

Como sempre também em todas as praças principais das cidades maiores que estivemos na Espanha, tinham estudantes acampados. Era uma manifestação iniciada em Portugal chamada “Los Indignados”.

Visitamos a Igreja da Sagrada Família, obra inacabada de Antonio Gaudí, o Parque Güell, Parque Olímpico, centro histórico, o Campo do Barcelona, Camp Nou.

Fomos ao Parque Tibidabo, de funicular, local mais alto de Barcelona com uma vista muito bonita, onde se encontra a Igreja do Sagrado Coração, com um altar estilo meio peruano. Pesquisei na internet, mas não encontrei nada a respeito. Achei bem diferente do que estava acostumada a ver nos altares das igrejas da Espanha.

Décimo segundo dia: 02/06/11quin Barcelona / Andorra/Zaragoza

Mas esqueci de contar a respeito de Monserrat. Indo para Valencia, vimos uma placa na estrada, indicando Monserrat. Ao invés de pesquisarmos no mapa Michellin que continuamente conferíamos sempre alguma coisa, achamos que era o tal Mosteiro de Monserrat famoso que necessariamente teríamos que visitar, já que estávamos tão perto. E lá fomos nós e qual não foi nossa surpresa quando chegamos no centro de um povoado chamado Monserrat que nada tinha a ver com o Mosteiro que ficava perto de Barcelona! Meia volta volver, e continuamos nossa viagem... Só que ao sairmos de Barcelona, dias depois, decidimos ir ao principado de Andorra, que é um paraíso fiscal. A capital é Andorra La Vieja com aproximadamente 25.000 habitantes. Lá, eu queria dar uma chegadinha nos outlets e o Chico comprar uma máquina fotográfica. Também a oportunidade de conhecermos de perto os Pirineus ajudou a nos convencer de mudarmos a rota e então, adeus Mosteiro de Monserrat! Veremos-nos em outra oportunidade... Lá em Andorra, a temperatura estava a 12 graus ventando, garoando e, portanto friiiioo... Colocamos o carro num estacionamento e fomos andar...

Um fato interessante aconteceu ao colocarmos no GPS, a cidade de Andorra La Vieja: ele indicava rota inatingível! Fingimos que não entendemos o recado e fomos seguindo em frente. Passamos pelo Túnel Del Cadí, ainda na Espanha, antes do pedágio, indo para Andorra, com 5 km de extensão furando os Pirineus! Mas logo depois encontramos o motivo do tal impedimento que o GPS indicava: um viaduto logo após um túnel estava com apenas uma faixa passando carros, pois estava sendo recuperado e pelo que pesquisei na internet, houve um desabamento de parte dele, com morte de um operário. E como o conserto não estava terminado e o GPS não atualizado, ele informava o impedimento. Mas pelo menos conseguimos seguir adiante. Imagino que se estivesse realmente sem condições de atravessá-lo, teríamos indicações na estrada.

 

Saímos de Andorra às 15h15min depois de almoçarmos no Pizza Hut, seguindo para Leída e depois Zaragoza onde pernoitaríamos. Na estrada em torno de 80 km de Zaragoza, passamos pelo meridiano de Greenwich, foi quando me lembrei das aulas de Geografia dos meus tempos de colégio!

O terreno antes de Zaragoza também passa uma imagem meio desértica... Muita areia! Lá fizemos um city tour de noite, para visitar a Plaza Maior e a Juderia, roteiro que repetimos na manhã seguinte. Saímos para Logroño capital de La Rioja, região produtora de vinhos onde após percorremos o centro histórico, visitamos o Mercado Central, onde compramos algumas garrafas de vinho.

 

Décimo terceiro dia: 03/06/11sex Zaragoza /Logroño/Pamplona

Seguimos para Pamplona (Iruña em basco), capital de Navarra, às 10h30min. Quase chegando lá, olha o terreno ruim de novo! Muita captação de energia solar e eólica. Aliás, em todas as estradas existem placas de sinalização carregadas com energia solar. Ficamos em Burlada nos arredores de Pamplona. Almoçamos no restaurante do “Hotel Burlada” cuja comida estava deliciosa! E a sopa da entrada então? Estava divina! Pegamos um ônibus fomos ao Casco Antiguo ou Casco Viejo, conhecendo os pontos turísticos principais e descemos pelo elevador panorâmico na Rua dos Descalzos, parte alta da cidade, que liga ao bairro da Rochapea, parte baixa, sem pagar nada...

Ficamos impressionados com o hábito dos freqüentadores dos bares ou pequenos restaurantes, pelo menos de Pamplona, de se jogar os guardanapos de papel no chão, enquanto vão comendo as famosas tapas, esperando lugar nas mesas. Dá uma impressão horrível de sujeira e desleixo! Desanimamos de comer lá então, pela aparência do local e porque também já não tinha o prato do dia, e fomos comer no “El Corte Inglês” (loja de Departamentos que existe em toda Espanha e Portugal), que devido ao adiantado da hora, era o único aberto para almoço como sempre.

Fiquei imaginando as corridas de touro, na Festa de São Fermin, chamado “Encierro”. Eles fecham as ruas e soltam os touros com gente correndo, (tive oportunidade de conhecer pelos e-mails enviados pelos amigos), e agradeci de não estar lá neste período (de 06.07 a 14.07)... Não são uvas verdes não! Deve ser um horror ficar preso naquelas ruelas com uma “massa humana correndo esbaforida juntamente com os touros enraivecidos chifrando à direita e esquerda”... Emoção demais não é minha praia não... Nem pra ver à distância!

Vimos também um grupo chegando num hotel que pareciam estar a caminho de Santiago de Compostella, fazendo “o Caminho”. O que achei interessante, foi que uns minutos antes, chegou um carro como se fosse de apoio, de onde tiraram seus pertences e foram se instalar no hotel... Diferente dos que vão com as mochilas às costas com tudo que precisam... Estes devem ser mais modernos e logicamente mais abonados. Mas é tudo suposição. Não fui averiguar nada...

Décimo quarto dia: 04/06/11sab Pamplona/ Vitória (Gasteiz)

Continuando nossa viagem, dormimos em Vitória (Gasteiz em basco) capital do país basco, País Vasco, Euskal no Hotel Duque de Wellington. Muito bom hotel, mas como os quartos ficam de frente para o sol o dia inteiro, e saímos cedo sem fechar as cortinas, quando voltamos, o quarto estava um forno! E o pior: não tinha ar condicionado não! Só ar quente! Era escolher entre ficar com o sol no rosto enquanto descansávamos com as janelas abertas para ventilar, ou ficar abafado, pois se fechávamos as cortinas, as janelas só abriam um pouquinho...Mas logo o sol foi baixando e tudo se resolveu.

O transporte, tranvía, tem um ponto bem em frente ao hotel. No centro de Vitória acontecia uma festa com uma banda de estudantes tocando muito bonito e alegre. Não pudemos resistir e arriscamos uns “passinhos”, pois eu particularmente acho impossível ficar só admirando este tipo de evento... Nunca vi tantas criancinhas brincando juntas... Os europeus estão muito animadinhos neste aspecto... Deve ser por isso que os shoppings estão cheios de lojas infantis... E o mais interessante é que os trilhos do trem não são cercados por muros nem telas... E eu não vi ninguém correndo porque “lá vinha o trem”com medo de ser atropelado... Gente fina é outra coisa...

Enquanto esperávamos o tranvía, o chão super limpinho, uma mocinha simplesmente atira papel ao chão no meio dos trilhos... Isto não pareceu incomodar ninguém.

Décimo quinto dia: 05/06/11dom Vitória /San Sebastián/ Biarritz/Bilbao (Barakaldo)

Dia seguinte, saímos de Vitória-Gasteiz às 07h45min direto para San Sebastián! Cidade praiana faz parte da Costa Norte, ótima aparência, sendo que a orla da praia em um trecho está em obras. Como era domingo, e ainda por cima de manhã, nem Shopping tinha aberto, mas em compensação, banheiro do estacionamento do shopping sim... Não sei quanto aos outros, mas nós como turistas, ficamos com neura de “onde tem banheiro?”

A cidade é também o porto de mar do reino de Navarra. Na sua povoação original encontram-se 3 etnias: Gascões, Vascos e Navarros. Organizando-se em bairros separados, em volta das respectivas igrejas. Assim os Cascões instalam-se em volta da igreja de São Vicente e os Vascos em Santa Maria, ambos intramuros. A pequena ilha de Santa Clara, local de eremitério (onde moram eremitas), servia de lazareto quando havia peste. O rio Urumea que passa por San Sebastián tem as águas bem limpas! Tiramos várias fotos de pequenos cardumes nadando em suas margens, provavelmente aguardando alimento dos turistas...

De San Sebastián fomos para Biarritz. Passando por Saint Jean de Luz, cidadezinha muito simpática, famosa pelos macarons, me dei conta de que estávamos em terras francesas, e por incrível que pareça, por mais que tentasse, o meu passé-composé, dos meus tempos de colégio desapareceu!...Só tinha espanhol! Aí, fazendo um exercício de memória, nos lembramos do “aujourd'hui, s'il vous plaît, Qu'est-ce que c'est?". (hoje, por favor, o que é isto?) e por aí fomos... Mas tive que pesquisar na internet como se escreve, pois nem disso me lembrava...

Almoçamos num restaurante chamado “Brasseries Garderes”, o “plat de jour”, (prato do dia), bife com molho, (muito bom), alface, e acompanhados de fritas, batizadas pelo Chico de trés encharqué! Por que vieram boiando no óleo... Mas comemos assim mesmo, elogiando muito no geral. Já tinha sido um milagre acharmos lugar para assentar. Quanto a Biarritz, ficamos com uma impressão dominical, isto é, só turistas andando pra lá e pra cá, sem o movimento local da cidade que gostamos de conferir. A praia para eles deve ser um show, porque todos estavam lá afinal, mas para nós, comparando com as do Brasil, hum...

Mas uma loja em especial, preciso ressaltar, que estava aberta: a “Maison Adam”. Fundada em 1660, famosa pelos veritábles macarons de Saint Jean de Luz. Macarons são uns biscoitos ou doces, não sei como classificar, e é um show! Mas o mais interessante, é a impressão que tive da loja.

Louca para comer os doces que via pelas vitrines da Espanha, ainda estava me segurando, decidi entrar. Porta fechada, por causa do ar condicionado. Lá dentro, parecia que tinha entrado numa basílica das confeitarias! Pouca luz, senhoras que atendiam em tom de voz baixa, discreta, e muito gentis, freguesas finas, fazendo perguntas sobre os produtos, sendo prontamente informadas e atendidas com um sorriso. Conclusão: Era esta a minha praia! Mas não exagerei muito não, comprei umas delícias, arriscando mon francés, a 12 euros, e saímos de Biarritz às 14h41min pela N634.

Esta estrada não é pedagiada, é de mão dupla, e vai seguindo as cidadezinhas sendo algumas banhadas pelo mar. Um show! Ela vai serpenteando e acompanhando a pedagiada que tem sei lá quantas pistas! Mas não troco as pedagiadas pelo prazer de passar por dentro e sentir o “clima” dos lugares... Lógico que a decisão foi minha que programei o GPS para isso... E não contei pra ninguém... Mais tarde, fui obrigada a “me entregar”, pois o Chico ficou intrigado, porque toda vez que aparecia uma placa de estrada pedagiada, o GPS imediatamente mandava sair à direita e pegava outra estrada, mas sempre em direção ao destino, lógico! Eu fiquei o quanto pude caladinha... Afinal pedágio lá é caro e sendo assim, juntei o útil (economia) ao agradável (entrar nas cidades). Para quem dirige, reconheci depois que é um pouco cansativo, pois tem que reduzir a velocidade toda hora ao passar por dentro de perímetro urbano... Sorry...

Deixamos as malas no hotel Ibis Bilbao-Barakaldo, em Barakaldo e fomos a Bilbao visitar o Museu “Guggenheim”, aquele museu famoso todo revestido de placas de titânio. Pena que chegamos exatamente um minuto depois de fechar o Museu, conforme a segurança, ou porteira nos informou. Mesmo dizendo que iríamos embora na manhã seguinte, para sensibilizá-la, ela simplesmente disse que era impossível... E quando estávamos nos aproximando da porta de entrada eu ainda havia visto gente entrando! Sem comentários...

E por falar em impossível, sempre nos lembramos de um fato engraçado, ocorrido em Portugal com um amigo nosso, ao visitar a Universidade de Coimbra. Vendo um espaço grande onde poderia estacionar, e sem placas informativas, perguntou a um guarda se poderia estacionar o carro ali. Ao que foi prontamente respondido: “_ Poder pode, mas é impossível”! Repetiu a pergunta, imaginando não ter se comunicado da melhor maneira, e novamente a resposta: “_ Poder pode, mas é impossível!” Portanto, ficou sem saber o que ele queria dizer com aquilo e também sem estacionar... É bem característica e conhecida, esta lógica dos portugueses para nós do Brasil...

Voltando ao museu “Guggenheim”, por fora, impressiona realmente, mais do que nas fotos que já conhecia. É grandioso, diferente, audacioso nas formas, o espetáculo de cores proporcionado pelos raios de sol nas placas de titânio do Museu é de tirar o fôlego.

Admiramos também uma escultura de cachorro todo revestido de flores, situado na praça junto ao museu. Após esta visita, resolvemos comer um sanduíche no Subway logo em frente. Ficamos impressionados com um detalhe, aliás, em quase toda a Espanha: em lojas pequenas, trabalha um só funcionário, pelo menos foi o que percebemos. Ex.: No Brasil, são mais ou menos seis a sete funcionários para uma loja deste tipo. Lá, uma senhora sorridente, educada, faz os sanduíches, cobra, limpa o lugar, atende todo mundo sem fazer cara feia se estamos em dúvida, por exemplo, enfim, ficamos impressionados. Em Pamplona, numa pequena padaria onde fizemos um lanche, a funcionária fazia de tudo também, inclusive assava os pães! Lógico que não colocava luvas para pegar nos alimentos, já que ela lidava com dinheiro... Isto não era relevante... rs... Ninguém é perfeito afinal...

Seguimos em direção ao centro histórico de Bilbao, onde subimos num elevador que liga a parte baixa e alta daquele lugar, o Ascensor de Begoña. Foi uma vista e tanto! Descemos de volta às ruas sempre peatonais e fizemos um passeio até escurecer quando voltamos ao hotel.

No centro histórico de Bilbao, o Chico foi protagonista de um acontecimento desagradável. Como no Brasil, lá também as pessoas adoram passear com seus cãezinhos, e por isso, tínhamos que escolher: ou parávamos e olhávamos as belezas dos prédios, ou andávamos olhando para o chão. As duas coisas ao mesmo tempo eram impossíveis! E foi numa dessas que o Chico “atolou” o pé num destes “montinhos” que os fofinhos deixam pelo chão... Mas sinto muito, não deu para ficarmos sérios não! Rimos à valer! Ainda bem que ele tem bom humor...

Décimo sexto dia: 06/06/11seg Bilbao /Santander/Burgos

Saímos às 09h50min de Bilbao para Santander. Estava com uma dor de cabeça há vários dias e desta vez não teve comprimido que desse conta. Decidi ficar deitada no carro, no estacionamento, num ambiente mais escuro um pouco, tomei mais duas dipironas e disse aos dois que fossem olhar a cidade com calma porque eu ia tentar dormir... O Roberto quis me fazer companhia e não foi, e o Chico foi só ter uma visão geral e voltou. Mais tarde eu descobri o motivo da dor de cabeça: ar condicionado direto, no carro e nos hotéis... Bastou não dormir com o ar ligado que não tive mais dor de cabeça nenhum dia... O problema agora era o calor... Passei a dormir de janela aberta, onde podia...

Em Burgos encontramos com a Tininha nossa amiga e cunhada do Chico que tinha ido encontrar com a família e lá estava hospedada. Visitamos a famosa Catedral, mas sinceramente, minha opinião, a Espanha tem igrejas tão bonitas e especiais quanto a de Burgos, não desfazendo da importância da mesma, é claro! Cada uma tem seu detalhe ou importância, achei difícil escolher qual me impressionou mais. Talvez a Mesquita-Catedral em Córdoba, que devido ao tamanho, ou à iluminação que realçava as formas árabes, me fizeram cair o queixo... Ou a de Sevilla, quem sabe?

Já era 14h30min da tarde, a fome apertando, chuvinha caindo, friozinho e tudo fechado! A netinha da Tininha, Ágata, nos disse que a única alternativa era o centro comercial Alcampo, onde tinha a praça de alimentação, e para onde rapidamente nos dirigimos. Comemos no restaurante Picasso. Lá era um shopping, por isso não resistimos e fizemos umas comprinhas, de camisas La Coste para os nossos filhos, que lógico, quando chegamos aqui, vimos que ficaram grandes. Vamos ver se desta vez eu aprendo: Não comprar roupas, nem sapatos, nada que tenha numeração! Aliás, só lembrancinha mesmo. Isto só dá stress de tax free no aeroporto e depois ninguém compra o que não serviu...

Desde Barcelona até Segóvia, o tempo foi o mesmo: chove, não chove, mas as estradas continuam ótimas...

 

Décimo sétimo dia: 07/06/11ter Burgos /Segóvia /El Escorial/Madrid (Getafe)

Saímos de Burgos em direção à Segóvia. Ah! Esqueci de comentar: O Hotel “Abadia Camiño de Santiago” onde pernoitamos em Burgos é de construção recente, ótima aparência. Mas o café da manhã é bem simplesinho, e se quiser algo diferente, pague separado... E sem grandes opções. A mocinha que atende a recepção tinha uma carinha tão mal humorada! Parecia estar fazendo um grande favor em nos dar as informações necessárias o que diferenciou muito dos outros hotéis em que ficamos.

Deixamos como sempre o carro no parking, debaixo de céu bem pesado. Parecia que iria chover muito a qualquer hora. Admirando o imenso aqueduto de Segóvia com 167 arcos de pedra granítica, subimos um morro “daqueles” em direção ao Alcázar. Um bom pedaço de chão. Chegando lá, vimos que poderíamos ter ido de carro e que tinha uma praça onde poderíamos estacionar... Mas como não nos informamos antes, o jeito foi caminhar... Lá o Roberto disse que viu o castelo que queria ver. Com móveis e etc.

Voltando, do Alcázar, entramos num restaurante chamado: ”Así nos ponen de huevos las galinas”. Não tinha ninguém lá dentro, e para o Roberto isso é sinal de que não é grande coisa o lugar. Mas a fome falou mais alto e fizemos o pedido e fomos maravilhosamente recompensados! A entrada foi uma sopa castellana com huevo escalfado y taquitos de jamón, muy buena! O segundo prato foi um “cochonillo (leitãozinho) de Segóvia asado em nuestro horno, com patatas fritas”. Y de postre (sobremesa), una tarta de chocolate, maravilhosa e tudo acompanhado por vinho rosé, e uma gaseosa. Só 15 eurinhos por pessoa, muito bem gastos sim senhor! E além de tudo não choveu!

Continuando nossa viagem, seguimos em direção a San Lorenzo del Escorial onde fica o monastério El Escorial.

Foi construído de forma austera por ordem de Felipe II, sendo palácio, basílica e monastério, situado na Sierra de Guadarrama, próximo a Madrid. É imenso, sendo atualmente, museu. Estilo renascentista, cheio de subidas e descidas de escadinhas, salas, salinhas e salões, mas quando se chega ao Panteon, onde estão enterrados quase todos os reis da Espanha, é muitíssimo suntuoso. Chega a impressionar os pisos de mármore, as sepulturas com detalhes em ouro, etc. Mas não sei se é porque sabia do que se tratava o local, fiquei um pouco abafada, doida pra sair de lá, mesmo tendo o que admirar, o que fiz, mas o mais rápido que pude. Fico imaginando os funcionários da segurança, que neste caso eram mulheres, ficando todos os dias lá de plantão em função do seu trabalho...

Saímos de lá debaixo de uma garoazinha leve, mas com muito vento em direção à Madrid, passando antes no memorial do Vale de Los Caídos. Não pudemos entrar, e apenas tiramos de longe, fotos da cruz de 150 metros de altura em memória dos nacionalistas mortos na Guerra Civil Espanhola. Existem divergências a respeito deste panteão...

Décimo oitavo dia: 08/06/11qua Madrid (City tour)

Ficamos em Getafe, próximo à Madrid, no Ibis Madrid-Getafe. Saímos do trem e ao subirmos a escada que dá acesso à praça Puerta del Sol, nos deparamos com a famosa estátua do “Urso e o Medronheiro” coberta com guarda-chuvas, panos coloridos etc. E ao seu redor por toda a praça o acampamento de estudantes que faziam seu protesto… Não foi um amor a primeira vista que tive de Madrid, mas ao ir passando pelas ruas, pelas praças, Catedral de Almudema, Palácio Real do Oriente, Plaza de Espanha Gran Via, Plaza de la Cibeles, Puerta de Alcalá etc, a impressão foi mudando e Madrid passou a ocupar seu espaço especial em nossas memórias.

Quanto ao Museu do Prado, merece um parágrafo à parte, mas que nem posso descrever, tamanha a quantidade de informação recebida em tão pouco tempo e sob tamanho cansaço! Depois de uma boa caminhada pelas ruas de Madrid o que mais eu sonhava era com sombra e água fresca, de preferência numa rede debaixo de uma árvore frondosa…

E o mais perto disso que fizemos foi sentarmos num banco de alguma praça, coisa que nunca fazemos em nossa terra, e que lá ficou sendo uma constante, tirar um cochilo despistadamente…

 

Décimo nono dia: 09/06/11quin Madrid / Toledo /Ávila / Madrid

 

Na manhã seguinte fomos a Toledo, capital da província de Castilla de la Mancha. Com dificuldade de estacionar o carro nas ruelas estreitas, fomos abordados por um homem que se ofereceu a nos nos indicar, indo à pé na frente, onde estacionar o carro. Ali perto ele nos levou a um antigo Mosteiro, hoje atelier, onde os artesãos de Toledo, exercitam a antiga arte vindas dos mouros, chamada “Damasquenado”. Esta arte consiste na aplicação de fios e pequenas plaquinhas de ouro formando desenhos em jóias, como pulseiras, brincos, pingentes, etc. Neste centro de artesanato fizemos umas comprinhas...

A princípio ficamos até desconfiados, como bons brasileiros que somos, de tanta gentileza. Depois é que tive a explicação:

Um amigo do Roberto e do Chico foi em seguida à nossa viagem, também à Espanha, e encontrou este mesmo senhor que também o levou ao mesmo local. Ele está ali para isso mesmo, fazer propaganda do tal centro de artesanato, pois senão ninguém se aventuraria a ir lá devido a localização... Mas não deixa de ser gentileza...

Mas preciso comentar sobre uma “neura” do Chico: ele tem horror a ruelas onde o carro parece que não vai conseguir entrar, e o que dirá sair... E em Toledo ele foi colocado à prova, e só deu conta de passar por este stress, porque o tal morador, foi andando como já disse, à pé à frente, indicando que ali dava para passar... Aí então foi que entendi porque sempre parávamos à léguas de distância dos centros históricos. É que, alguns, ele já conhecia e não queria passar por tal experiência... Foi mais um acontecimento divertido...

Rodamos o centro histórico à pé, lógico! Começamos pela famosa Catedral, construída entre 1526 e 1730. Vimos o coro, todo feito em alabastro ricamente elaborado e as cadeiras, de madeira trabalhada à mão, que exibem cenas da conquista de Granada aos Árabes. Por cima de cada uma delas vimos uma lindíssima cúpula de um rendilhado deslumbrante. No altar-mor há uma imagem da Virgen de Almudena e, a toda a volta, ricos vitrais banham o templo de uma policromada penumbra.

Depois fomos visitar os locais obrigatórios, as vielas cheia de lojinhas, sempre descendo em direção a uma vista panorâmica do Tejo – El Tajo – na sua viagem rumo a Lisboa.

Depois de Toledo, seguimos para Ávila, linda cidade com belíssimas muralhas, que fica no alto, e que se chega através de um vale imenso. A cidade se ergue majestosa, brilhando sob o sol escaldante da tarde; visitamos o centro histórico, fizemos compras, e entramos numa confeitaria com uma vitrine de doces de fazer inveja, para fazer um lanche... Pura ilusão! Doces ressecados, sem a mínima graça...

Um detalhe: Ao fazermos um tour pelas lojinhas, nos deparamos com uma pedinte, assentada na porta de uma loja. Não tinha aparência de moradora de rua, pois estava com a aparência razoável. Em León, também na porta de um supermercado, uma senhora, neste caso eu diria que estava até bem vestida, também pedindo uma ajuda... E nas entradas de algumas igrejas como em Madrid, por exemplo, sempre havia pedintes. É o resultado do desemprego alto que está acontecendo na Espanha.

 

Vigésimo dia: 10/06/11sex Madrid /Salamanca / León

De Madrid seguimos para León, onde, relembrando, moram o Guilherme e a Letícia. Mas antes de lá chegarmos, passamos por Salamanca.

Salamanca é uma bela cidade universitária de menos de 200.000 habitantes A Universidade é uma das mais antigas do mundo. A Plaza Maior é diferente das demais, pois é barroca, toda com varandas gradeadas, uma beleza!

Não encontramos facilmente, um “parqueamento” onde não precisássemos deixar as chaves. Afinal encontramos um público, que atendia ao Hospital Santíssima Trindade. Almoçamos na Rua Maior, num pequeno restaurante muito desagradável, a começar pelo garçom… A igreja, assim como a cidade, me passou uma imagem de muito circunspecta. Talvez eu é que estava me sentindo assim neste dia e passei para a cidade esta impressão. Saímos de lá às 15h30min em direção à León.

Lá, nos hospedamos no Hostess Evagar, muito agradável e econômico. Pertence a uma família onde pai, mãe e filho lá trabalham, o que fez o hotel nos parecer bem simpático. O café da manhã aos sábados abre às 08h30min e aos domingos só às 10h30min da manhã. Ele é servido no restaurante que pertence ao hotel, e que provavelmente fica funcionando até mais tarde no sábado, e então o filho que não é empregado, começa mais tarde o turno… A sorte é que bem perto tem um café que abre cedo e muita gente estava lá para o desayuno…

Em León compramos nossa filmadora que passou a ser minha companheira constante e uma mala nova… Acomodar as malas no bagageiro passou então, a ser um pequeno problema…

À noite no apto do Guilherme e da Letícia, comemos uma série de guloseimas deliciosas, regadas a vinho que eles nos ofereceram… No dia seguinte, fomos rodar o centro histórico de León, Catedral, plazas, muralhas, comércio e uma feira com frutas, hortaliças, quinquilharias e artesanato. Achamos couve, que foi servida juntamente com a feijoada de feijão colombiano deliciosa, feita pelo Guilherme, e com o suporte da Letícia, no dia seguinte à noite.

Vigésimo primeiro dia: 11/06/11sab León (City tour)

Vigésimo segundo dia: 12/06/11dom León /Oviedo/Gijón / León

Domingo, fomos a Oviedo e Gijón com a Letícia, pois o Guilherme estava em período de provas na Universidade de León, e tentando a transferência para a Universidade de Valência. Uns dias depois, já de volta ao Brasil, ele nos informou que tinha conseguido o seu intento e já estava de malas prontas para a mudança para Valência. Parabéns! Valeu o esforço e o empenho…

Quanto a Oviedo, achei uma cidade lindinha! Lá assistimos a um desfile de um grupo de adultos e crianças com roupas típicas, fazendo demonstração de danças folclóricas das Astúrias (tipo dança irlandesa). Desfilavam, uns à cavalo, ao som de uma banda de gaita de foles e instrumentos de percussão… Como eu adoro esses eventos, por isso talvez, tenha gostado de lá. E mais um motivo! Tinha uma feira bem grande de produtos locais, de roupas, de tudo um pouco enfim… Do jeitinho que eu gosto… E à propósito, entusiasmada com a música e o desfile ocorrendo à distância, fui andando rapidamente e filmando pela praça o evento, quando tropecei e sai “catando cavaco” devendo ter feito um espetáculo à parte para quem viu! Foi um susto daqueles...

 

Gijón é uma praia, agradável de ficar olhando ao longe os navios chegando ao porto, descansando, sentindo a brisa do mar, enquanto discretamente, o Roberto e o Chico descobriram uma adepta do topless. Mas eles se comportaram muito bem e ficaram ali de longe mesmo admirando “os navios…” À noite nos esperava a feijoada que o Guilherme preparou e que estava uma delicia! Matamos as saudades da comida mineira…

 

Vigésimo terceiro dia: 13/06/11seg León / Santiago de Compostela

De León seguimos para Santiago de Compostella. Neste trecho, a estrada de vez em quando cruzava com a estrada por onde passavam os peregrinos que faziam o “Caminho de Santiago”. Acostumamos a fazer um lanche onde íamos abastecer nas estradas, porque geralmente eles têm lanchonetes e até bons restaurantes. Mas desta vez, encaramos um caldo galego, difícil de engolir! E como a pimenta de lá é muito fraquinha, nada tirava o gosto de uma folha que reinava no meio daquele caldo ralo todo, e nem ajudava a melhorar o sabor...

Hospedamo-nos no “Hotel Santa Lucía”, cujo quarto do Chico estava com um cheiro de cigarro muito desagradável. A recepcionista nos garantiu que era de “não fumantes”, mas que não podia garantir que ninguém tivesse fumado lá dentro... Ele como é de boa paz, deixou a janela aberta, deixamos as malas e fomos pegar o ônibus em frente ao hotel para conhecer a famosa Catedral de Santiago, destino dos romeiros que fazem o Caminho de Santiago.

Bom, minha sogra sempre diz: “_ Não gosto que me façam muita propaganda de nada, pois tenho a tendência a fazer grande expectativa e geralmente me decepciono…” E foi exatamente o que aconteceu comigo… Acostumada a ler os livros de quem já fez o Caminho, e assistir às reportagens onde nitidamente se percebe a emoção de quem participa dele, cheguei à uma lateral da igreja onde não tive nenhuma visão de perto e nem de longe dos peregrinos. Devem chegar a horários ou dias diferentes... Quanto à Igreja em si, ao adentrar, em vez de um ambiente tranqüilo e respeitoso, escutei o som de uma bela “makita” daquelas bem barulhentas, vindas provavelmente das constantes restaurações, tendo ao fundo as explicações dos vários guias em línguas diversas, o que me fez ter uma sensação de torre de Babel...

Mas ao sair por outra porta, escutei um som lindíssimo de uma gaita de foles, que me fez sentir como uma criança encantada pelo “flautista de Hamelin”... O som em si, para mim é extremamente melodioso, e o responsável por esta maravilha era um rapaz que tocava debaixo de um arco arquitetônico, que era uma passagem que ligava uma lateral da igreja à praça principal. A acústica ajudava muito, e este foi um daqueles para quem deixei umas moedinhas com prazer...

Almoçamos muito bem e entrando de lojinha em lojinha, nos foi oferecido para degustar, um biscoito de amêndoas, característicos de Santiago. Lembrando do chá que compramos nas casas de chá, Tea Shop de Sevilla e de Málaga, para acompanhar, comprei duas caixas, que embora enchessem muito a mala, achei posteriormente, que deveria ter comprado o dobro. Este chá, “cocktail de frutas”, é a maravilha das maravilhas, e todos que experimentaram, concordaram comigo. Até os menos aficionados.

 

Vigésimo quarto dia: 14/06/11 ter Santiago de Compostela / Porto

De Santiago seguimos em direção ao Porto, retornando a Portugal pelo norte. Deixamos as malas no Ibis São João, e fomos imediatamente almoçar na praça de alimentação do shopping que fica no mesmo prédio, logo abaixo do hotel. Foi tão bem servido, e com um pudim de claras como sobremesa, tão delicioso, que nos sentimos “abraçados” por Portugal! Pegamos o metro ali pertinho, na Estação São João e começamos o nosso tour pela cidade do Porto. Passando por um quiosque de informações turísticas, compramos os tickets para o turism bus, que vale por dois dias, assim como em Barcelona, e com direito a um passeio no Rio Douro, passando por baixo das sete pontes. Começamos pelo trecho da linha vermelha ou azul, não me lembro bem, ao som de uma fadista aos ouvidos, e entremeada com as informações que nos vinham pelo fone de ouvido, fomos tendo uma visão geral da cidade. Na realidade era mais fado que informações, tanto que até hoje me recordo da música! Mais à tarde, andando pelas ruas, nos deparamos com a famosa confeitaria Majestic, onde sem o menor constrangimento, entrei de tênis, calça jeans, aparência cansada, e sentamo-nos à mesa para fazer um lanche finíssimo! Estava meio perdida no pedido, e pedi um tal café bombom, muito recomendado, que julguei ser uma xícara de café com alguma coisa tipo chocolate e leite condensado dentro. Pedimos um misto quente para cada um, e mais um sorvete de sobremesa... Só que quando chegou tudo junto, chegamos até a rir envergonhados da bandeja que a garçonete trouxe: Várias taças de pé alto cheias de sorvete e sei lá mais o quê... Até uma turista que estava com o marido tomando um vinho olhou para mim e sorriu... E estavam todos os freqüentadores bem vestidos. Um casal, por exemplo, até parecia ter saído de um porta-retratos dos anos 50...

 

Vigésimo quinto dia: 15/06/11qua Porto /Aveiro/Mealhada / Matosinhos

O passeio no rio Douro, nos dá uma visão bonita, com as margens ladeadas pelos casarios antigos subindo as ladeiras, tão característicos da cidade do Porto... Deixamos o cais e fomos imediatamente almoçar, num pequeno restaurante, Churrascaria do Infante, (na Praça do Infante) freqüentado principalmente por portugueses. Muito bom, simples, sem sofisticação, mas comida boa. Aliás, comida boa se come mesmo é em Portugal... Lógico que esta afirmação vem provavelmente da memória dos almoços de domingo da minha infância, e da minha família, pois sou neta de um deles. Na Espanha, os pratos tem iguarias que agradam mais aos acostumados com polvos, mariscos, lulas, etc. etc.etc.

Seguimos à tarde para Aveiro. Cidade lindinha! Demos uma volta no centro histórico, e fomos experimentar os famosos ovos moles tão elogiados por Eça de Queiroz, na Pastelaria Avenida... Como todo doce português é de comer em silêncio degustando devagarzinho... Bom demais!

Em seguida seguimos para Mealhada, acompanhado de vinho rosé, comer o não menos famoso Leitão à Bairrada... Esse, não dá pra perder não! E de sobremesa nos fartamos com um delicioso creme de ovos, que é o pudim de claras que conhecemos no Brasil. Escolhemos o restaurante "Meta dos Leitões", entre os mais de quinze que existem pela estrada à fora, sugestão do livro Guia de Portugal que havíamos levado. Não nos decepcionou. Comemos, aliás, mais do que devíamos...

De lá seguimos para Matosinhos, cidade onde estava acontecendo a festa em homenagem ao padroeiro, Bom Jesus do Matosinhos. Aliás, no mês de junho, assim como no Brasil, as festas aos santos são largamente comemoradas. E por isso, acabamos sendo surpreendidos por uma feira de artesanato com artesãos de várias cidades portuguesas, comida típica, parque, enfim, uma maravilha para visitar... A igreja estava tão maravilhosamente enfeitada, que não resisti e fui tirando fotos de todos altares! Eram vários de cada lado da igreja. Achei muito criativa as ornamentações de flores naturais e artificiais em conjunto... Saímos com igreja fechando as portas... Voltamos para o Porto, já de noite, cansados, mas muito felizes com a empreitada...

 

Vigésimo sexto dia: 16/06/11qui Porto/Fam/Braga/Famalicão/Guimarães/Porto

No dia seguinte, na quinta-feira, fomos para Vila Nova de Famalicão, onde o Roberto queria conhecer uma fábrica de relógios muito conhecida entre os que admiram carrilhões. Fomos almoçar em Braga, e voltamos a Famalicão, para finalizarmos uma encomenda. Em Braga, acontecia uma festa em homenagem à São João Batista, o santo padroeiro da cidade e objeto de devoção do Roberto. Tiramos várias fotos, e visitamos a famosa Sé de Braga, construída de 1070 à 1091. De construção tão antiga que, conforme nos lembrou o Chico, daí advém a frase “mais velho que a sé de Braga”.

Seguimos então para Guimarães. E lá, aconteceu um fato especial. A cidade se prepara para ser a Capital Européia da Cultura em 2012 e por isso estava a praça em reforma, logo antes da entrada da parte histórica. Colocamos o carro no estacionamento do shopping e fomos visitar os lugares principais, e as infindáveis lojinhas. E como já estávamos mais ao final da viagem, começamos fazendo mais comprinhas, entrando e saindo, os três, em separado, nas lojas, mas cada um de olho no outro à distância para não perdermos contato. Nisto eu vejo o Roberto saindo de uma loja indo rapidamente em direção à praça principal, sem imaginar que estávamos logo atrás dele. Imediatamente procurei o Chico que estava conversando com o filho ao telefone. Avisei que ia atrás do Roberto e segui rapidamente em direção à praça. Lá chegando, não o vi mais, e ele por sua vez, tinha apertado o passo, achando que estávamos mais a frente. Nisto o Chico chegou e eu avisei: “O Roberto sumiu!” E daí, para frente umas duas horas ou mais ficamos eu e o Chico rodando pra lá e pra cá, sempre um parando na entrada, e nada dele aparecer... O trânsito da cidade, antes, bem animado, foi começando a diminuir, os carros rareando, o sol baixando... Bom, nem vou detalhar mais o sufoco! O Roberto nos contou depois que já estava com a camisa molhada de tanto andar pra lá e pra cá, e sempre nós três íamos aos mesmos lugares e nunca nos encontrávamos! Quando enfim ele apareceu voltando do estacionamento, onde nós já tínhamos estado duas vezes, resolvemos por uma pedra sobre o assunto para não estressar mais.

Voltamos para uma esplanada, onde tinham vários restaurantes, escolhemos um, e lá ficamos. O vento estava meio exagerado, mas como não tinha lugar dentro do restaurante, a solução foi comer ali mesmo. Sempre achei um charme as pessoas que ficavam comendo em restaurantes nas praças, mas depois dessa experiência, me desencantei...

Pegamos o carro e voltamos ao Porto. Ufa! Como disse o Chico, a partir daí, ficamos de rédea curta...

Vigésimo sétimo dia: 17/06/11sex Porto /Coimbra /Fátima /Tomar/Lisboa

No dia seguinte, malas no carro, seguimos em direção a Coimbra. Nunca subi ladeiras tão íngremes como essas para chegar à Universidade tão famosa de lá. Valeu o esforço, porque a biblioteca realmente é muito bonita e interessante. A Capela, a Escola de Direito, as salas de aula, os corredores, com as um paredes pouco danificadas, mas ainda justificando as várias fotografias. Almoçamos no restaurante dos estudantes, de bandejão. Estava bom.

De lá, demos as voltas de sempre nas vielas onde se anda a pé com mil lojas uma atrás da outra, e finalizamos, na praça onde começamos a visita, comprando uma gaita, para o meu filho Guilherme que anda desenvolvendo esta habilidade.

Seguimos então para Fátima, onde nós três já havíamos estado, mas sempre voltaremos se tivermos oportunidade. Daí, seguimos para Tomar, visitar o mosteiro Convento de Cristo. Ao chegarmos, encontramos as portas fechadas, pois já passava das 18horas. Um detalhe: O GPS nos indicou uma estrada que não existia, e como ele estava programado (por mim) para não entrar em estrada pedagiada, como já expliquei anteriormente, ficamos rodando um bom tempo, por estradinhas sem viv’alma que nos pudesse orientar, e passando por inúmeros vilarejos sem também nenhuma alma viva que nos confirmasse o caminho... rs... Conclusão: Chegamos a Lisboa já à noite. Mas o GPS deu conta...

 

Fomos então em direção a Lisboa. Aí sim, o GPS endoidou. Por três vezes, ele nos mandou entrar numa estrada à direita, que não existia, era apenas um acesso de cascalho, resto talvez de obras de estrada recém construída talvez. Ficamos rodando e nos enroscando um bom tempo, por estradinhas sem viv’alma que nos pudesse orientar, e passando por inúmeros vilarejos sem também nenhuma alma viva que nos confirmasse o caminho... Conclusão: Chegamos a Lisboa no Hotel Ibis Alfragide já à noite. Mas o GPS deu conta... Mas esse assunto também merece um parágrafo à parte.

O GPS não reconhecia o endereço do hotel, que constava apenas estrada de circunvalação, que é como se fosse uma estrada marginal a uma rodovia. Ele até teve boa vontade e nos levou ao local exato, porém do outro lado da tal rodovia. Bom, à noite, lugar ermo, uma região de muitas árvores, pois se tratava de um parque para acampamentos, pouca iluminação, conclusão: motorista estressado e sobrou pra quem? Quem? Para mim, lógico! A sorte é que o Chico colocou “panos quentes”, e conseguimos chegar a uma cidade próxima, onde tomamos informação com um taxista e conseguimos chegar são e salvos ao hotel. Mais uma vez, ufa!

Vigésimo oitavo dia: 18/06/11sab Lisboa (Alfragide) (City tour)

Levantamos no dia seguinte, sábado, direto para o centro, onde o Chico decidiu comprar uma mala, e nós, mais alguma coisa que queríamos. Pegamos o metro e fomos conhecer o Shopping Amoreiras que é muito bonito também, mais antigo e onde finalizamos as nossas compras... Também consegui me perder dos dois que ficaram passeando pelos corredores, mas desta vez, não estendi muito o stress não, pedi para chamarem o Roberto ao microfone, e fui prontamente atendida. O Roberto chegou rapidamente, com uma expressão assustada, pois a recepcionista do shopping havia pedido para que ele comparecesse ao quiosque de informações com urgência! Isto não foi idéia minha, mas pelo menos consegui o meu intento... Agora era só achar o Chico...

 

Vigésimo nono dia: 19/06/11dom Lisboa/Sintra /Cascais / Estoril /Lisboa

No dia seguinte, domingo, fomos em direção à Sintra, conhecer por dentro a Quinta da Regaleira, que é imperdível e o mais famoso e imperdível ainda, o Castelo ou Palácio de La Pena. Muito bonito mesmo! Totalmente mobiliado, dá realmente uma visão de como era a vida na época. Nós chegamos antes de abrir, e por isso fomos rapidamente lá para cima de bondinho, mas minutos depois, já chegavam os grandes grupos de excursões, que enchem imediatamente qualquer espaço! E haja paciência para as filas! Uma afirmação nós pudemos comprovar, conforme disse um guia que conhecemos numa excursão que fizemos às Capitais Imperiais da Europa do Leste: _ ”A melhor época para turistas estrangeiros viajarem é em maio e junho, pois ainda não começaram as férias dos europeus, e o tempo ainda está bem agradável. Outra época interessante, é setembro, mas aí começam muitas obras nas estradas e nos monumentos, preparando-se o inverno...” Mas esta data foi decidida pelo Chico, por nós prontamente aceita e confirmamos ser o período ideal...

Comemos na famosa lanchonete “A Periquita”, na segunda loja recém-inaugurada, na mesma rua, onde comemos além de outras guloseimas, os famosos travesseiros e queijadas característicos de Sintra. Visitamos também o Palácio Real, também mobiliado, a cinco euros por pessoa, sendo que, aos domingos, até as 14h00min horas é grátis. Lógico que fazíamos parte deste grupo! Conhecemos e compramos umas lembranças, desta vez para nós mesmos, numa lojinha de antiguidades, da D. Margarida, que por sinal é extremamente simpática! Ela disse ter conhecido o Jô Soares que, lá esteve e que ela achou muito simpático!

Voltamos passando por Cascais e Estoril, onde descemos do carro e fomos dar uma volta pela praia... Muito bonita e cheia de gente, pois estava um dia maravilhoso e era domingo!

Em Belém, fizemos um lanche ali perto do museu dos coches, onde fizemos uma visita e que fechou conosco saindo. Em frente havia uma praça arborizada, com bancos muito convidativos... Cada um cochilava mais que o outro... Logo depois, já anoitecendo, nos encontramos com a Tininha e a prima Luiza, que nos recebeu com muita alegria em seu apto em Lisboa, onde moram suas filhas que estudam e trabalham lá.

 

Trigésimo dia: 20/06/11seg Lisboa (City tour)

Segunda feira, nosso último dia em Lisboa! Entregamos o carro que havíamos alugado, e fomos almoçar naquele mesmo restaurante, O cacho Dourado, junto com a Tininha e a prima Luiza. E novamente o leitão à Bairrada, tão nosso conhecido! Dali, fomos conhecer o Shopping Colombo que ainda não conhecíamos, e onde fizemos o checking on line na Lan house, para evitar mais atropelos de última hora, pois nosso vôo saia às 9:45.

 

Trigésimo primeiro dia: 21/06/11ter Lisboa/ Belo Horizonte

Quanto aos “finalmentes” da viagem, mais um imenso stress no aeroporto por causa do tal do tax free que atrasa muito os procedimentos de embarque e por uma taxa de 180 euros que a funcionária queria nos cobrar por ter embarcado uma mala de mão como uma mala a mais... Depois de ficarmos para o último lugar da fila, talvez para nos “colocar de castigo”, ela nos liberou. Demos rapidamente uma chegada no free shopping e fomos para uma serpentuosa fila em direção aos guichês para carimbar o passaporte. Foi outro stress, pois já havia passado da hora de embarcarmos e ainda estávamos numa fila interminável, e ainda teríamos que entrar no ônibus até o avião!

 

Bom, o vôo foi excelente! Encontramos mais uma fila interminável no aeroporto de Belo Horizonte, para liberarem as malas e passarmos pela Receita Federal, e enfim, cá chegamos na “santa terrinha”, como dizem os portugueses, já sentindo saudades de lá...

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