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Prólogo: Frescolitas, Chinotto e o bolso cheio de bolívares


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Entre 22 e 31 de janeiro de 2015, fiz a expedição ao Monte Roraima com a empresa Roraima Adventures, de Boa Vista (RR). O pacote maior, Circuito Mágico Makunaíma, é de 10 dias e 9 noites - com cinco noites no topo do monte. O relato aqui no blog segue a linha cronológica dos dias, com bastante informações sobre o que você vai encontrar lá, além de muitas piadas internas. No final de cada post, tem o "Dicas deste post", uma espécie de resumo dos serviços que o texto oferece. Quem não quiser ler a história, vá direto ao final do post. Neste prólogo, conto a história do dia anterior ao início da aventura. Boa leitura. Boa viagem. [leia toda a história aqui:http://rascunhosdeviagens.blogspot.com.br/search/label/M%C3%A3e%20das%20%C3%81guas?updated-max=2015-05-05T14:07:00-03:00&max-results=20&start=5&by-date=false]

 

Quando vi aquele grupo de senhoras - e um cara - de Cacoal (RO) trajando o uniforme “Expedição Monte Roraima”, percebi que aquela não seria uma viagem como as outras. Na hora e meia de briefing do Roraima Adventures, no Hotel Aipana, em Boa Vista , em 22 de janeiro de 2015, tivemos uma ideia de o que nos aguardava nos próximos 10 dias.

 

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Divisa do Brasil com a Venezuela na cidade de Pacaraima. Local para trocar moeda

 

Na mesa, quatorze cabeças se estudavam. Seria aquele o grupo com quem conviveria entre 22 e 31 de janeiro, para fazer a expedição ao Monte Roraima. De senhoras em plena forma a adolescentes cujos pés nunca tocaram nada menos polido que porcelanato. De casais aventureiros e “caminhantes profissionais” a duplas que fariam este tipo de coisa pela primeira vez na vida.

 

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Muitas notas de bolívares no bolso. O guia Everaldo (Borracha) separou um saco só para pagar os carregadores

 

“Que legal, vamos passar os próximos dias juntos!”, resumiu, logo de cara, o sorridente biólogo cearense Marcelo Soares, que subiria o monte com sua esposa, a também bióloga Michella Albuquerque. Em poucos dias, o tilintar de dentes nas noites frias do Roraima faria o casal de Fortaleza sentir saudades do clima de Boa Vista.

 

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Hotel Anaconda, em Santa Elena de Uiarén (Venezuela)

 

As análises mútuas continuaram naquela noite, quando o grupo se reuniu no primeiro jantar, no bom Hotel Anaconda, já em Santa Elena de Uiarén, na Venezuela, a 220 km de Boa Vista. “Parrilla ou hamburguesa?”, perguntou alguém do staff. “Os dois”, respondeu a jovem comilona manauara Alice Anjos, que estava ali com a amiga, a marigaense Veridiana Sahd, porque encontrara uma passagem de Manaus para Boa Vista por 80 reais (uma economia de 30 reais).

 

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Polar Ligth, cerveja extra refrescante e extra ruim

 

Para pagar comida e latas de Frescolita, Chinotto e Polar Extra Light, os visitantes tinham bolsos cheios. Na fronteira, antes de entrar na Venezuela, ainda em Pacaraima, todo mundo fez o câmbio de 52 por 1 trocando reais por bolívares (Bs). Como a maior cédula venezuelana é a de 100 Bs, é impossível evitar carregar muitas delas.

 

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Turma de expedicionários. Partiu Monte Roraima!

 

Sol e longas distâncias

 

Aquela sexta-feira (23 de janeiro) era feriado em toda Venezuela. A data lembra a queda do general Marcos Perez Jimenez, em 1958, e o fim da ditadura no país. “A Venezuela tem uma das democracias mais antigas da América Latina”, vangloriam-se alguns. “Isso não é democracia, é libertinagem”, explicou em seus termos um carredor, tempos depois, já na trilha.

 

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De 4x4 já no Parque Nacional Canaima

 

Alheios a isso tudo, acordamos cedo naquela sexta-feira. Coloquei esparadrapo nos dedos dos pés, vesti duas meias e calcei com cuidado pela primeira vez a bota depois de dois anos sem usá-la. O último solo em que minha Nômade pisara fora o Parque Tongariro, na Nova Zelândia, que cruzei de ponta a ponta, em janeiro de 2013, ao lado de um desconhecido alemão. A bota ainda não conhecia o sobe-e-desce-sol-e-chuva que enfrentaria. Mal sabia que antes de chegar ao monte seria costurada inteira por um carregador. Ignorava que aquela era sua última viagem.

 

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Conversas no 4x4: a movimentada vida da Alice e os primeiros contatos com os colegas

 

No café da manhã, conversamos sobre o que esperávamos da viagem. Ainda estava preocupado com o peso de minha mochila. O economista Andri Stahel, um senhor de sotaque gringo que aparenta ser mais jovem que seus 48 anos, e eu éramos os únicos que não tínhamos contratado carregadores. A paulista Luciana Christante, que trabalha numa editora de livros científicos internacional, embora já afeita a longas caminhadas, mudara de ideia ao ver a foto do Paso de las Lágrimas, ainda no brieffing em Boa Vista. Fizera bem.

 

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Na comunidade de Paraitepui, vivem os indígenas da etnia Pemón. Este povo concentrado no sul do estado Bolívar, na Venezuela, é sub-dividido em Taurepan, Arekuna e Kamaroto. Estima-se em 30 mil Pemóns no país

 

Do hotel fomos para os veículos. São mais de 100 km de Santa Elena até a comunidade Paraitepui, no Parque Canaima. Atravessamos a Gran Sabana em 4x4 ouvindo as histórias a la novela mexicana da vida agitada de Alice, enquanto eu tentava convencer o pessoal a comer doce de tamarindo, que havia comprado na cidade. Fazia bastante sol e a caminhada estava apenas começando.

 

Dicas deste post

- O trekking do Monte Roraima é considerado nível médio. Para as pessoas que não estão acostumadas, sugiro fazer um treino ao menos dois meses antes, com caminhadas longas e, carregando mochila.

- Faça seu check list e confira as dicas básicas. A Roraima Adventures sugere isso aqui.

- Leve dinheiro em efetivo para fazer o câmbio logo em Pacaraima (na divisão com a Venezuela). Você vai precisar de dinheiro para o jantar do hotel, para carregadores (se for o caso) e para o almoço e compra de artesanatos no final da viagem.

- Defina se você vai precisar de um carregador pessoal. O valor dele depende do câmbio do Real para o Bolívar. É preciso pagar também a alimentação dele. Quem contratou pagou cerca de R$ 600 nesta expedição. Cada carregador leva no máximo 15 kg por participante.

- Detalhe: o staff é responsável por carregar toda a logística, inclusive as barracas. Cabe ao participante levar os objetos de uso pessoal, incluindo o saco de dormir e o isolante.

- Escolher entre contratar ou não um carregador depende de seu preparo físico. Eu gosto de carregar minha própria bagagem e, além disso, não precisava esperar os carregadores chegarem quando terminava a caminhada (nós sempre chegamos ao acampamento antes deles).

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