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Salkantay: uma trilha para o Machu Picchu – Via Acre/Brasil.


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Salkantay: uma trilha para o Machu Picchu – Via Acre/Brasil.

 

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Olá galera da mochila!!!!! Amigos e eu recentemente realizamos a fantástica Trilha Salkantay, no Peru, e que tenho a oportunidade e o prazer de relatar essa aventura que fizemos entre os dias 10 e 21 de julho de 2015, com a intensão de contribuir com dicas e informações atualizadas para aqueles que desejam trilhar a Salkantay.

 

Conhecer Machu Picchu, construída no Século XV, é um sonho para muitas pessoas. Depois de conhecê-la, em 2008, notei que é mesmo um lugar maravilhoso e que tem muitas histórias para se ouvir. Porém, achei interessante a maneira de se chegar até lá por meio de trilhas – existem pelo menos umas sete opções de caminhos – e senti o desejo de realizar essa aventura numa outra oportunidade.

 

Conforme informações obtidas nos sites especializados do Peru, as Trilhas Incas são uma enorme e complexa rede de estradas que interligavam Cusco – o centro geográfico e capital do império inca – e diversos pontos na região andina ao longo de todo o continente sul-americano. Atualmente, apenas alguns trechos desses caminhos estão abertos para turismo, como a Trilha Inca Clássica, por exemplo. Esta trilha, de duração de até 4 dias, começa no km 82 da ferrovia para Machu Picchu e termina com a clássica vista de postal da cidade perdida vista de cima.

 

Considerada uma das melhores rotas de trekking do mundo, a Trilha Inca Clássica é, sem dúvida, a trilha mais procurada para chegar a Machu Picchu, mesclando muita história e muita natureza. Caminha-se em trechos de uma antiga estrada inca pavimentada com pedras, passando por túneis e outras construções originais. A fim de preservá-la, o tráfego de animais de carga é proibido, o Governo Peruano limita o número de visitantes a 500 pessoas por dia (incluindo guias e carregadores) e a trilha é fechada no mês de fevereiro para manutenção.

 

Quando os espaços tradicionais da Trilha Inca estão ocupados, ou seja, lotados com o número máximo permitido de pessoas, ou para aqueles que desejam escapar dessa rota congestionada, uma outra excelente opção é a Trilha Salkantay ("A Montanha Selvagem" na língua nativa Quéchua). Apesar de não possuir calçamento inca ou sítios arqueológicos, Salkantay também era percorrido pelos incas. O ponto mais alto da trilha, que dura pelo menos cinco dias, fica a 4.600 metros de altitude, o que requer fôlego. Este passeio impressionante passa ao lado da magnífica montanha Salkantay (6.271 m de altitude) uma das mais altas e mais impactantes dos andes peruanos.

 

A Trilha Salkantay é mais longa que a clássica (ao todo são 55 km de trilha) e conhecida pelas suas exuberantes paisagens naturais e seus extremos: picos nevados das montanhas Salkantay e Humantay e trechos de mata amazônica, temperaturas negativas e acima dos 30ºC, altitudes que variam de 2.000m a 4.600m. Porém, o caminho não desemboca direto em Machu Picchu como a trilha clássica. Primeiramente, no penúltimo dia da caminhada, chega-se ao povoado de Águas Calientes para pernoitar e no outro dia segue-se para Machu Picchu, de ônibus ou a pé, conforme o desejo ou o pacote contratado com a operadora.

 

A oportunidade de visitar o Peru pela segunda vez surgiu quando alguns amigos queriam realizar o trekking à cidade perdida do Machu Picchu e eu me animei a ir também. Assim, decidimos fazer a Trilha Inca Clássica e começamos a pesquisar valores de passagens aéreas e terrestres, de hotéis e de agências, ler relatos de viajantes e subimos o Monte Roraima novamente, no carnaval de 2015, como treinamento para a trilha inca ( :lol: ).

 

Ao voltamos do Monte, no final de fevereiro, fomos consultar o site oficial (http://www.machupicchu.gob.pe/) para fazer a reserva da trilha inca e descobrimos que não havia mais vagas para o período de julho, somente a partir de agosto em diante. Imaginem nossa frustração. Mas, que havia uma opção que parecia desafiadora e empolgante: a trilha Salkantay. Ao ler os relatos dos viajantes, essa trilha nos deixou apreensivos e receosos e, ao mesmo tempo, nos encorajou a reconhecer os limites do nosso corpo e nos motivou a vencer os desafios que o trajeto poderia nos proporcionar. Resolvemos fazer a Trilha Salkantay.

 

Consultamos novamente vários sites de agências que operam a trilha escolhida, lemos relatos e mais relatos de pessoas que fizeram a Salkantay e providenciamos as roupas e acessórios para não passarmos perrengues na trip. Vejam bem, nós moramos em Boa Vista /RR e a outra amiga em Manaus. Aqui no Norte não se encontra facilmente equipamentos e acessórios com alta tecnologia ou pelo menos de boa qualidade para quem deseja realizar qualquer tipo de trekking. Compra-se tudo a partir de sites especializados ou ao realizar uma viagem a outros estados ou países aproveita-se a oportunidade.

 

Bem, com a mochila pronta, dólares na polchete (fiz o câmbio a 3,60 reais por 1 dólar) e documentos em mão ( :D ), viajamos no dia 10 de julho de Boa Vista e Manaus até Rio Branco/AC de avião. Resolvemos ir por terra a partir do Acre visando a aclimatação e porque as passagens saindo de Manaus a Lima estavam muito caras. E mochileiro é mochileiro!!!!! Em Rio Branco ficamos hospedados na casa do amigo Fábio Santiago, conhecedor de Cusco, Machu Picchu e da cultura peruana, porque já trabalhou como guia, levando viajantes de Rio Branco a Cusco. Ele nos deu umas dicas interessantes e nos indicou a agência com quem ele ainda mantém um elo.

 

Ao apresentar a proposta, o grupo concordou e fechou os serviços com a agência Go2inkas (http://www.go2inkas.pe/tour/salkantay-machupichu-5d4n/), por 450 dólares, incluídos: guia exclusivo só para nós quatro, sacos de dormir, isolantes térmicos, alimentação, barracas, passagens de ida e volta de ônibus até o Machu Picchu, a passagem de trem na volta para Cusco, entrada no Machu Picchu, uma diária no hotel em Águas Calientes e duas diárias no Hotel El Puma (http://www.elpumahotelcusco.com/en), na chegada a Cusco, e outra ao voltamos da caminhada. Infelizmente não foi possível incluir a visita ao Wayna Picchu porque não havia mais vagas - o governo também limita o número de visitantes a 400 por dia.

 

Assim no dia seguinte, 11 de julho, viajamos bem cedo de táxi para Assis Brasil, o município fronteiriço com o Peru, com duração de 4 horas de viagem e cada um de nós pagou R$ 100,00 pela corrida. Ainda tivemos que trocar de táxi ao chegarmos em Brasiléia, mas, como fomos em quatro pessoas, não tivemos que esperar o táxi lotar para nos conduzir até Assis Brasil. Na chegada em Assis, fomos à Polícia Federal carimbar os passaportes e logo sem seguida cruzamos a fronteira com o Peru.

 

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Numa localidade conhecida como Iñapari (localizada na tríplice fronteira formada por Peru, Brasil e Bolívia e separada do território brasileiro pelo rio Acre), carimbamos a entrada no país, fizemos o câmbio de real para soles (oscilando entre 0,95 – 1,00 real por 1 novo sol peruano) e almoçamos próximo ao ponto das vans que fazem rota para diversas localidades do Peru, principalmente para Porto Maldonado, nosso destino.

 

Após o almoço, tomamos uma das vans para Porto Maldonado numa viagem que durou umas quatro horas, contando com a parada para troca de pneus, pois no caminho um deles furou... Na chegada a van nos deixou direto na rodoviária, onde havia vários ônibus que em breve partiriam para Cusco e optamos pela empresa Huareños (http://transporteshuareno.com/), com saída prevista para as 20h direto. Compramos as passagens com direito a poltronas-leitos por um preço bom, 50 soles cada. A empresa ainda prometia cobertores e travesseiros, mas não vimos isso dentro do ônibus. :) . Além de sair um pouco atrasado, o motorista não parou para sequer um lanche rápido na estrada. Então, levem um lanche na mochila. ::otemo:: . Aliás, os motoristas só pararam quando um dos pneus do ônibus estourou (de novo... será que estávamos com pé frio nesse dia?? ::lol3:: ) e eles tiveram que fazer a troca. Não vimos a paisagem da rodovia porque estava de noite, mas pudemos sentir a altitude e as inúmeras curvas fechadas num “sobe-sobe” sem parar. :lol: . Ah, leve o casaco de frio junto com você, pois ao descer do ônibus em Cusco a temperatura é baixa.

 

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Para quem preferir, há possibilidade de chegar em Cusco de avião pela LAN Peru, saindo de Porto Maldonado todo dia às 11:00h e 12:00h, duração de vôo de 40 minutos, ao preço de 110-125 dólares, ida e volta ou 75 dólares só a ida. Até para Lima é possível ir de avião saindo de Porto Maldonado de avião.

 

Chegamos em Cusco às cinco horas da manhã e o Rodolfo Hermoza, operador da agência Go2Inkas, estava à nossa espera na rodoviária com uma plaquinha com nossos nomes e nos levou direto ao hotel para fazermos o check-in e tomar o café da manhã. Depois, reunimo-nos com ele para acertar os detalhes da trilha e ele nos apresentou Margot, a nossa guia exclusiva, que nos explicou o roteiro da trilha, a realidade da caminhada, camping, alimentação e a boa notícia de que havia cavalos para levar até 5kg de nossas bagagens (o resto é conosco. Rsss). Quanto a valores em dinheiro, Margot nos orientou a levar tudo em soles e 300,00 soles extras para pagar o retorno caso alguém queira desistir ( ::ahhhh:: oi???). Ela informou também que não é recomendável bebermos água durante o caminho porque nosso organismo não está acostumado com o tipo de água que desce das montanhas, mas que poderíamos comprar água durante o trajeto da trilha, que havia vários pontos estratégicos para descanso e vendas de garrafas de água, refrigerantes, etc., porém, à medida que vamos nos afastando do início da trilha, uma garrafa de água de até 2L pode custar até 12 soles (!!!!). E, também, nestas paradas de apoio há sanitários com descargas que podem ser usados por 1 sol por pessoa. Margot disse ainda, que é comum os porteadores (carregadores) ou cozinheiros serem agraciados com gorjetas pelos serviços e solicitou que nós, ao final da trilha, doássemos pequenas quantias de dinheiro para o cozinheiro e seu ajudante. E, por fim, se alguém de nós passar mal devido à altitude temos que comunicá-la imediatamente. Depois de esclarecidos o roteiro e as dúvidas, fomos ao comércio comprar alguns itens que ainda faltavam para levarmos na nossa caminhada, como bastões, chapéu, capas de chuvas, mochilas de ataque, etc.

 

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E assim, no dia seguinte, dia 13 de julho, começou nossa aventura:

 

Primeiro dia: Mollepata – Soraypampa (19 km)

 

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No primeiro dia despertamos às 4h da manhã para organizar as mochilas e esperar a van. Margot já nos aguardava na portaria do hotel. Como a van atrasou alguns minutos, tivemos tempo para um rápido café da manhã no hotel, uma vez que isto não estava previsto, pois sairíamos muito cedo e a sugestão foi de tomarmos café no local de início da caminhada. Quando a van chegou, já com os outros viajantes, partimos direto para povoado de Mollepata (2800 m de altitude), numa viagem de cerca de duas horas e quarenta minutos de duração. Durante a viagem, observamos a paisagem e o visual é lindo demais.

 

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Em Mollepata a equipe organizou todo o carregamento, incluindo nossas mochilas com 5 kg cada, conforme orientações recebidas no hotel. Enquanto isso, outros viajantes tomavam o café da manhã, compravam itens que ainda faltavam, eu e a Gracie, por exemplo, compramos um bastão de madeira para ajudar nas descidas. Em seguida, ainda subimos a montanha por uns 15 minutos de van para adiantar a caminhada. Às 9h, finalmente, iniciamos o trekking até Soraypampa, o primeiro acampamento a 3880 m de altitude, com previsão de umas 6-7 horas de caminhada.

 

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Sentimos o impacto da altitude logo nos primeiros trechos. Nós subimos, subimos, subimos, subimos e subimos! ::lol3:: . Em qualquer trilha, o meu ponto fraco são as subidas, canso rápido. Nesse primeiro dia, a cada três passos eu cansava mais rápido do que o de costume. Haja panturrilha e fôlego! Então, eu segui a trilha no meu ritmo, mas, conseguia alcançar meus amigos quando estes paravam para descansar. Nossa como sofri com as subidas! Pensando no dia seguinte quando caminharemos pelo trecho considerado mais difícil em termos de subida e altitude, olhei para a Margot e perguntei-lhe o valor do aluguel do cavalo para eu chegar até o ponto mais alto da trilha. Ela disse que custava 100 soles (100 reais) somente para subir a montanha. Mesmo assim solicitei a reserva na hora! :lol: . Nesse primeiro dia caminhamos tanto que nem vimos a hora passar, mas, víamos todos os outros viajantes passarem por nós! ::lol3:: . Sentimos leve tontura na caminhada e para cessar esse mal-estar Margot sempre nos oferecia água florada para inalarmos.

 

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Num dado trecho a trilha é mais plana, porém se caminha sempre sob o sol forte. Tem que usar bastante protetor solar e repelente de insetos nesse trajeto. Agora o visual das montanhas é espetacular! A geleira nevada do Salkantay fica sempre à nossa sempre. É lindo demais! Além dessa maravilha, havia muitas orquídeas e margaridas rasteiras pelo caminho e até lhamas próxima da trilha. Já próximo ao acampamento Soraypampa passamos em frente a um hotel cuja diária custa 3 mil dólares segundo a Margot e notamos um campinho de futebol próximo ao camping. Que legal! E a temperatura foi ficando mais amena.

 

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Fomos os últimos a chegar no acampamento, lá pelas 15h da tarde, muito cansados e famintos. Deixamos nossas mochilas nas barracas e fomos almoçar. Os cozinheiros capricharam na refeição: uma sopa quentinha como entrada, depois o prato principal com arroz, legumes e carne. Durante a refeição, minha amiga Angélica manifestou o desejo de conhecer um lago que fica nas proximidades, mas para chegar até lá teríamos que subir a montanha por uma hora mais ou menos. Cansei só de ouvir ela dizer isso. ::lol4:: . Mas, como os outros dois estavam muito cansados e com dor de cabeça, desistimos de ir no lago.

 

Dando uma visão geral no acampamento, observamos que eles são improvisados, mas que havia uma estrutura mínima, ou seja, existe lugar com mesas e bancos para as refeições, sanitários com descarga, uma pia grande com água encanada onde os cozinheiros e ajudantes lavavam os utensílios de cozinha, um galpão onde eles montam as barracas dentro. Aliás, quando chegamos, nossas barracas eram as únicas que estavam fora do galpão, ou seja, iriamos dormir ao relento! Falamos com a nossa guia para arrumar um jeitinho de nos colocar dentro do galpão para não virarmos picolé! Kkkk. Outra informação importante desse acampamento é que não existe energia elétrica e nem banho quente. Levem bastante toalhinhas úmidas.

 

Depois do almoço, Margot pediu para que nós descansássemos bem e às 17 horas ela iria nos chamar para tomar um chá com biscoitos e chocolate quente, além de outras guloseimas e às 19 horas seria servido o jantar. Fui para a barraca quase morta de cansada e com as panturrilhas bastante doloridas. Rsss. Na hora do lanche, preferi ficar na barraca e aguardar a hora da janta. Dividi a barraca com a amiga Gracie, que mora em Manaus, e o casal Paulino e Angélica ficaram em outra barraca próxima à nossa. Não sei dizer em números exatos quantas pessoas estavam nessa trilha, mas eram vários grupos de diversos países, inclusive grupos de brasileiros de Minas Gerais.

 

Como era de se esperar, a noite foi bastante gelada em Soraypampa. ::Cold:: Mas, o saco de dormir que a agência do Rodolfo nos ofereceu foi excelente! Nos aqueceu bastante, tanto que no decorrer da noite, fui tirando o anorak, o casaco de fleece e dormi somente com o conjunto segunda pele, :D .

 

Segundo dia: Soraypampa – Chaullay (22 km).

No segundo dia acordamos às cinco horas da manhã com um dos porteadores servindo chá de coca na porta das barracas e, após o chá, arrumamos nossas mochilas para desocupar as barracas que seriam desmontadas logo em seguida. Fomos orientados a nos agasalhar bem, pois a caminhada até o Abra Salkantay seria muito fria. O café da manhã foi servido às 6:00 e em seguida deu-se o início à caminhada: 8 km para subir dos 3.880 m aos 4.630 m, em cerca de 4 horas mais ou menos. Eu, a Gracie e outras duas pessoas saímos mais tarde, às 7h30min, porque os porteadores estavam preparando nossos cavalos. Enquanto isso, pagamos o aluguel dos cavalos a uma senhora que atende numa vendinha no acampamento.

 

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Gente, eu nunca havia andado de cavalos antes! O porteador perguntou-me se eu já tinha andado a cavalo e ao ouvir a resposta negativa, ele me deu umas orientações que segui à risca: quando eu estiver montada não mexer na mochila, não tirar fotos, segurar firme a cordinha que estava presa ao cavalo e evitar se mexer pois podia assustar o animal e ele sair correndo! Então, segurei firme na cordinha e seguir cavalgando sem me mexer para não assustar o animal. ::lol4:: ; Quando o cavalo começou a andar, achei que iria cair e pensei em desistir!! ::lol4:: , e ele sempre andava bem na borda do precipício. Jesus!!!! Eu fechava os olhos e tinha que confiar naquele bendito cavalo! ::mmm: . E ele parava a cada instante, parecia que foi escolhido a dedo para mim ( :D ), parava para comer, parava para olhar o chão, parava para o outro cavalo ultrapassá-lo, parava por parar :P . Ele só ia para frente quando o porteador que nos acompanhava, cutucava-lhe com uma vara. ::quilpish:: , que loucura! Meus dois amigos que resolveram seguir a trilha pé, cansaram bastante e resolveram alugar um cavalo para finalizar a subida na montanha. Pagaram os mesmos 100 soles. A subida de cavalo foi rápida – talvez uma hora de duração -, até alcançamos os outros que saíram na nossa frente mais cedo. Fora o medo do cavalo despencar do precipício, a chegada foi muito tranquila. Mas, reafirmo que não conseguiria subir a pé pois, como já disse antes, meu ponto franco numa caminhada ou trilha são as subidas. ::otemo:: . Mas, você que não ver as subidas como um problema, vale a muito a pena ir a pé, no fundo gostaria muito de chegar à Abra Salkantay caminhando, quem sabe numa outra oportunidade. Ao chegarmos no local, dei uns trocados ao porteador que nos acompanhou.

 

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Enfim, estávamos no local denominado Abra Salkantay (4,632 m / 15,196 pés), o ponto mais alto da trilha situado entre duas montanhas imponentes dos andes peruano: a Humantay (5,917 m / 19,412 pés) e a Salkantay (6,271 m / 20,574 pés). Ao deixarmos os cavalos, Margot reuniu nós quatro para vivenciarmos um tradicional ritual quéchua: entregou-nos três folhas de coca que simbolicamente representavam a trilogia andina baseada em três animais sagrados associados aos níveis espirituais, sendo o Cóndor, o guardião do mundo de cima, do macrocosmo, que representa a visão com amplitude, à elevação espiritual; o Puma, guardião do mundo dos homens, o real, que representa a coragem, a força e está ligado ao trabalho; e por último, a Serpente, guardiã do mundo dos mortos, da terra em sua essência, que representa a sabedoria e está ligada ao amor. Segundo Margot, a trilogia andina representa o conjunto de forças e características de cada mundo que deve estar presente na vida das pessoas para a contemplação do equilíbrio, da sabedoria, do desenvolvimento, do amor e da elevação. Nesse momento místico, nossa guia pediu que cada um de nós escolhêssemos um local para fazermos uma breve oração e uma oferenda das folhas de coca às três montanhas que nos circundavam, deixando-as sob pedras. Achei mágico esse momento. ::otemo::

 

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Depois do momento místico, fomos observar as geleiras nevadas de Salkantay e fazer fotos. Mas, rapidamente o tempo fechou, veio uma ventania e o tempo esfriou ainda mais. E que frio! ::Cold:: Não conseguíamos tirar as fotos, pois ao tirarmos as luvas nossos dedos ficavam enrijecidos! Rssss. Uma pena, mas, tivemos que descer a montanha bem rápido por causa do vento gelado que levantava poeira e da ameaça da chuva de granizo. Mas, valeu a pena, o local é lindo demais!

 

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Assim, continuamos a caminhada em declive para outro ponto de parada denominado Huayrac Pampa, local de descanso e almoço. Chegamos por volta das 13h e, como sempre, fomos os últimos a chegar. Rsss. Os outros já tinham descansado, almoçado e seguiram na caminhada. Em Huayrac, meu amigo sentiu alguns dos sintomas do mal de altitude: muita dor de cabeça, enjoo e ânsia de vômito. Margot deu-lhe um chá poderoso que, meia hora depois, ele se sentiu tão bem que após o almoço continuou na trilha turbinado! :lol: , desceu a montanha sempre na frente. Mas, brincadeiras à parte, gente, a altitude “pega” mesmo! Caso nosso amigo não estivesse com condições de continuar a descida caminhando, ele teria que pagar mais 150 soles pelo aluguel de um cavalo para carregá-lo até o próximo acampamento, numa altitude mais baixa. Mas, graças a Deus ele se recuperou muito bem.

 

Assim, seguimos nossa caminhada pela borda da floresta com cerca de 14 km de descida. Olha, nós descemos, descemos ,descemos e descemos! Eu, claro estava mais contente porque descida não é problema para mim, em alguns trechos desci até correndo! ::otemo:: . O caminho é relativamente tranquilo, porém em algumas partes há muitos pedregulhos grandes e soltos que exige cuidado e atenção para não torcer o pé. E ainda tivemos que encarar uma fina chuva que perdurou naquela tarde. E após umas 4 horas de descida chegamos a Chaullay, situado a 2900 m de altitude, o camping da segunda noite. É preciso dizer que fomos os últimos a chegar? Rsss. Os outros grupos já estavam todos acomodados e servindo-se do chá que a equipe de cozinha preparava sempre no capricho no fim das caminhadas: chá quente, café, bolachas, pipoca, geleias, etc. E às 19 horas foi servido o jantar. Destaco que os cozinheiros sempre caprichavam na apresentação dos pratos. Rsss. Durante o jantar, senti um ligeiro mal-estar estomacal após ter ingerido uma bebida artificial de frutas. Mas, logo melhorei após coloca-la para fora e fui dormir. :mrgreen: .

 

Nesse acampamento, Chaullay, pode-se notar que existe energia elétrica limitada apenas à área de refeição e chuveiro com água quente a 10 soles. Uma garrafa de água de 600 mL custa 6 soles. As barracas foram montadas ao ar livre, mas a temperatura neste local é mais suportável que em Soraypampa.

 

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Terceiro dia: Chaullay – La Playa (Sawayaco) - Santa Teresa (15 km).

 

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No dia seguinte, às 5h30min acordamos assustadas, pois os cozinheiros deveriam estar servindo o chá de coca às 5 horas da manhã. Enquanto não chegavam, começamos a arrumar nossas coisas, pois Margot disse que às 7 horas deveríamos iniciar a caminhada. Mesmo atrasados, os cozinheiros logo em seguida começaram a nos servir o chá de coca na porta das barracas. Depois do café da manhã, às 6h45min, reiniciamos a caminhada de 10 km até um local chamado La Playa com duração de umas 6 horas. Neste percurso, pudemos observar um povoado, próximo do acampamento Chaullay, denominado Collpapamba, muitas cachoeiras, árvores frutíferas e variedades de flora. Durante o trajeto havia outros povoados e também observamos diferentes variedades de orquídeas e cachoeiras de grande magnitude e apreciamos as variedades de café e árvores frutíferas como bananeiras, abacateiros e maracujazeiros. Comi muito morangos durante a trilha. rsss . Num certo trecho, uma semana atrás, houve um deslizamento por causa das fortes chuvas. Mas a trilha foi refeita para que todos possam cruzá-la com segurança.

 

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Assim, do início ao fim caminhamos numa rapidez, que quase não paramos para descansar. Ao chegarmos em um certo ponto da trilha, para a surpresa de nós quatro, pelo menos, havia umas vans à espera de todos os grupos para levar-nos por uns 40 minutos à Santa Teresa, local do almoço. Bem, eu acordei nesse dia preparada psicologicamente para enfrentar o sobe e desce da trilha durante todo o dia rsss, Até porque nossa guia disse que caminharíamos bastante e que éramos para poupá-la de perguntas como “falta muito Margot”!!! ::lol3:: , claro que ela falou isso de maneira descontraída. Mas, ela deve ter comunicado em algum momento que teríamos o privilégio do transporte terrestre, mas devo ter me distraído quando ela disse que caminharíamos muito! :lol:

 

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Margot se surpreendeu e vibrou muito ao ver que seus quatro pupilos foram um dos primeiros a chegar no local onde as vans estavam estacionadas. Ao ser perguntada sobre o nosso desempenho nos três dias de trilha, Margot disse-nos: “primeiro dia malo, segundo dia malo, terceiro dia biennnnn, muy biennnnnn!” ::lol4:: . Ou seja, diferentemente dos outros dias, fizemos uma excelente caminhada. Daí, tivemos a honra de aguardar os outros grupos chegarem. Não esperamos muito e logo já estávamos na estrada de van em direção ao local do almoço.

 

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Uns quarenta minutos depois, chegamos a uma vila chamada La Playa (Sawayaco), Santa Tereza (1650 m de altitude), onde almoçamos, por volta de umas 13h. Nessa hora a nossa paçoca roraimense fez sucesso com os gringos! ::otemo:: . Todos ficaram curiosos e queriam provar a mistura de carne seca com farinha. Eles provaram, aprovaram e tiraram até fotos. Rsss. Depois do almoço, tivemos um breve descanso, e a van nos levou ao local do acampamento da terceira noite, um local chamado Camping Oficial Inka Tour. Este camping é um pouco mais estruturado, pois fica dentro de uma cidadezinha, tem eletricidade, banheiros, uma lojinha/bar, que vendia bebidas, frutas, produtos de higiene, biscoitos, chinelos, etc. Pudemos até carregar os celulares por 1 sol no bar. Ah, antes que me esqueça de relatar, pagamos 10 soles cada um de nós pela corrida da van.

 

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Depois, as vans nos levaram para os banhos termais, no balneário de Cocalmayo. Liinnndo!!! O local tem três piscinas grandes e a água quentinha resulta de falhas geológicas de caráter vulcânico, segundo as informações obtidas no local. No espaço apropriado, tomamos um bom banho quente, ensaboamos o corpo e até lavamos os cabelos, que estavam precisando. :D . Detalhe: se você estiver desprevenido de roupas de banho ou chinelos, não se preocupe, há quiosques que alugam estes itens por dois soles! Após umas duas horas desfrutando das águas termais voltamos para o acampamento. Assim que chegamos fizemos um lanche com chá de diversos tipos de ervas, pasteizinhos, pipocas, geleias, biscoitos, café com leite, chocolate quente e outras guloseimas, como sempre servidas no capricho! ::otemo::

 

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Depois, Margot nos procurou e fez-nos uma proposta irrecusável, que não estava dentro do pacote contratado. Ela nos disse que a trilha podia nos proporcionar uma aventura numa tirolesa de seis trechos. Gostamos da proposta e ela nos levou até um agente que estava presente no acampamento oferecendo o pacote aos viajantes por 90 soles. Ele nos explicou como funcionam as tirolesas e mostrou-nos fotos do local e das pessoas que fizeram a aventura. Nós fechamos o pacote com ele e dentro do valor acertado estavam incluídos transporte até o resort Cola de Mono, guias para ajudar na descida das tirolesas e transporte até a hidrelétrica para continuarmos nossa caminhada até Águas Calientes.

 

Ou seja, tivemos a opção de escolher o roteiro do dia: caminhar umas seis horas até a hidrelétrica e de lá tomar um trem até Águas Calientes, ou realizar a tirolesa e aproveitar o transporte que iria nos deixar até à Hidroelétrica e neste local, almoçaríamos e depois seguiríamos a caminhada de três horas até nosso destino. Claro que resolvemos nos aventurar na tirolesa! Rsss. Assim ficou acordado para acordamos às 6h da manhã e às 8h a van viria nos buscar para levar até o local das tirolesas. ::otemo::

 

Mais tarde, durante o jantar, Margot nos propôs fazer uma homenagem aos dois cozinheiros da equipe, porque no dia seguinte, após o café da manhã, não necessitaríamos mais do serviço de cozinha. A guia sugeriu que fizéssemos uma doação em dinheiro para ambos como forma de agradecimento. Então doamos 40 soles para cada um dos dois e agradecemos o carinho com que preparavam nossa alimentação durante a trilha. Depois, houve uma baladinha no camping em local improvisado que tinha até um globo de luzes e um DJ que colocava músicas dançantes para a galera agitar o acampamento. Não fiquei na balada, preferi ir para a barraca mais cedo, pois precisava descansar o corpo, minhas panturrilhas estavam muito doloridas, devido ao sobe e desce da caminhada na parte da manhã.

 

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Quarto dia: Santa Teresa - Hidroelétrica - Aguas Calientes (11 km).

Acordamos todos dispostos, tomamos um excelente café da manhã com diversas opções de chá, panqueca com banana, iorgurte, cereais, pão e margarina e café com leite (Para mim esse quarteto é o café da manhã perfeito! Rss), em seguida arrumamos as mochilas e embarcarmos na van com destino às tirolesas. Uma aventura que nem imaginava fazer na trilha. Do acampamento até esse local foram mais ou menos meia hora de viagem, cruzando por uma estradinha estreita e cheia de plantações de banana, café, maracujá. Etc.

 

A estância da tirolesa, conhecida como Cola do Mono (http://canopyperu.com/en/), está situada a 2km do povoado de Santa Teresa e foi uma aventura opcional que pagamos à parte. Segundo informações do pessoal da estância, a tirolesa Cola do Mono tem um total de 2.500 m de extensão divididas em seis trechos. As tirolesas são conectadas em 3 montanhas distintas. A primeira é a mais alta da América Latina, com 150 metros acima do solo, a viagem mais longa chega a 400m e a velocidade máxima atingida nos cabos é de 60 km/h. ::otemo::

 

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Uma orientação nos foi dada antes da atividade, claro, e usamos equipamento de proteção individual. Depois desse breve ensaio, partimos para começar as tirolesas. Para chegar na mais alta foi necessária uma pequena caminhada montanha acima por uns 20 minutos mais ou menos. Foi um pouco puxado, porque a subida é íngreme. Nesse primeiro circuito fiquei apreensiva, afinal nunca tinha descido de uma tão alta!. Fechei os olhos na descida, mas, foi uma delícia sentir o ventinho gelado no corpo debaixo de um sol escaldante! A partir da segunda, o medo foi superado e pude apreciar a vista impressionante e privilegiada. Foi muito show!! Amamos a aventura. O tempo total do circuito durou cerca de duas horas. Então, galera, considere a proposta de fazer o circuito das tirolesas, além da maravilhosa vista das montanhas, vale também pela diversão e usem bastante protetor solar.

 

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Após a diversão na tirolesa, a van nos deixou na Hidroelétrica, já no Santuário Histórico de Machu Picchu, onde fizemos uma parada para almoço e um breve descanso. Em seguida, com um mínimo de bagagem, empreendemos uma caminhada de 11 quilômetros seguindo uma via férrea, paralela ao rio Urubamba. No caminho, cruzamos com muitas pessoas de diversas localidades e países. Uns seguiam para Águas Calientes ou Machu Picchu e outras viam no sentido contrário para visitar águas termais em Santa Tereza.

 

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Vale destacar que foi uma vantagem termos optado em realizar a tirolesa. Caso contrário, continuaríamos a caminhada do dia bem cedo carregando as próprias mochilas (pois não haveria cavalos para carregar os 5kg) até a hidroelétrica (cerca de 4 horas de duração). Neste local, tomaríamos um trem até Águas Calientes às 15h40m min com previsão de chegada às 17h. Isto seria o trajeto inicial, mas, com a inclusão da tirolesa no nosso trajeto, ao chegarmos na Hidrelétrica, seguimos a caminhada somente com a mochilas de ataque, porque as mochilas maiores foram despachadas no trem.

 

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Após três horas, chegamos à cidadezinha de Águas Calientes muuuuitos cansados e fomos direto ao hostel The Tayta (incluso no pacote da trilha). Margot sugeriu que descansássemos um pouco e às 17h30min pediu que fôssemos ao seu encontro num ponto de parada do trem buscar nossas mochilas que chegariam neste horário.

 

Depois de pegar nossas mochilas, jantamos num restaurante (também incluso no pacote da trilha) e na oportunidade nossa guia nos repassou os ingressos ao Machu Picchu, as passagens de ida e volta de ônibus (Águas Calientes – Machu Picchu – Águas Calientes) e a passagem de trem com parada em Ollataytambo, onde haveria uma van à nossa espera para nos levar de volta a Cusco. Em clima de despedidas, Margot solicitou que fizéssemos uma avaliação por escrito sobre os serviços prestados pela agência. Em seguida, ela solicitou que no dia seguinte, dia da vista ao Machu Picchu, estivéssemos às 5h10min no ponto dos ônibus com destino às ruinas, e que ela estaria nos esperando na fila nesse horário. Em seguida, voltamos ao hotel para um bom banho demorado e quente. Estava friíssimo em Águas Calientes! ::Cold::

 

Quinto dia: Aguas Calientes – Machupicchu – Cusco (9 km).

 

E finalmente chegou o “gran finale”! Eu quase não podia acreditar que eu realizei um desejo de chegar ao Machu por meio de uma trilha cheia de aventuras e diversão. Assim, neste último dia, servimo-nos do café da manhã no hotel antes do horário combinado com a guia e logo fomos ao seu encontro na fila do ônibus para Machupicchu. Havia muita gente na entrada das ruínas da cidade perdida. Machu Picchu recebe diariamente uma média de 3 mil pessoas. Assim que entramos na cidade, a guia nos explicou o significado e importância do lugar, do Machupicchu e seus arredores. Machu Picchu (em quéchua Machu Pikchu, "velha montanha") também chamada "cidade perdida dos Incas", está localizada a 2400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba, protegida por grandes montanhas.

 

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Visitar Machu Picchu é como misturar o real e o imaginário, fazendo com que cada pessoa tenha sua própria interpretação dos fatos que cercam essa misteriosa cidade. Nós, por exemplo, ao observar Machu Pacchu a partir da cabana do guardião conseguimos enxergar um rosto de um Inca, talhado nas montanhas. Em relação à estrutura física das ruínas, é algo incrível e impressionante observar que a cidade foi toda construída com pedras enormes, encaixadas perfeitamente sem o auxílio de cimento ou de barro. Margot contou que há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, e a mais aceita afirma que foi construída para supervisionar a economia das regiões conquistadas e refugiar o imperador Inca, no caso de ataques.

 

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A guia explicou, ainda, que os Incas eram formados principalmente pelas tribos indígenas Quéchuas, Aymará, Yunka e outras, que fisicamente eles eram de estatura baixa e pele morena – o que explica o tamanho das portas e entradas nos compartimentos da cidade –, que adoravam o Sol e acreditavam que o astro se reencarnava em cada Inca ou imperador. Aliás a expressão inca significa, na língua quéchua, “filho do sol”, e que esse termo era utilizado por uma elite que dominava politicamente o território e que, para a grande parte da população, o termo só era empregado para designar o imperador, a mais importante autoridade política, considerado um descendente do sol, pertencente à tribo dos Quéchuas, a principal do império.

 

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Após essa e outras explicações Margot encerrou seus serviços como guia e despediu-se de nós, deixando-nos livres para apreciar Machu Picchu. Assim depois de horas fotografando e filmando finalizamos nosso passeio à cidade perdida. Pela tarde tomamos o trem de retorno conforme o combinado. Fizemos um percurso de trem a partir de Águas Calientes até a cidade de Ollataytambo e depois de van até Cusco, onde permanecemos por mais um dia até voltarmos a Rio Branco, seguindo o mesmo roteiro da ida. ::otemo::

 

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Trilhar a Salkantay foi surpreendente. O caminho é lindo, florido e tem uma vista maravilhosa das montanhas . De fato, a trilha tem seus extremos: calor e frio, subidas e descidas, picos nevados e floresta. Além disso, andei pela primeira vez a cavalo, mergulhamos nas piscinas de águas termais e aventuramo-nos na maior tirolesa da América Latina! E hoje, quando lembro do sufoco que passei nas subidas do primeiro dia da caminhada, sinto que foi uma prova para que eu pudesse conhecer melhor meu organismo e, quem sabe, voltar à Abra Salkantay com as próprias pernas! Ou realizar a Trilha Inca Clássica. Vou treinar muito para isso! rsss. Acho que vou até tentar subir o Monte Roraima em um dia! ::lol4:: Não temam a Salkantay, limites e desafios podem ser superados, e sempre tem-se uma recompensa ao final dessa trilha: Machu Picchu. ::love::

 

Agradeço ao amigo Fábio, e sua companheira Sandra, pela acolhida em sua chácara, na cidade de Rio Branco, capital do Acre, e Rodolfo Hermoza pelo compromisso de nos proporcionar essa grande aventura. E aos meus amigos fiéis Angélica e Paulino, que desde o ano passado (2014) sonhávamos juntos em realizar essa trilha e mesmo com tantas adversidades fomos firmes e fortes nesse propósito. E agradeço nossa amiga Gracie, que conhecemos no Monte Roraima e que aceitou o desafio de realizar essa aventura mesmo sem nos conhecer. E ela é uma mulher que caminha viu! ::otemo:: Já fez diversas trilhas, incluindo Santiago de Compostela e Monte Roraima. Gracie, obrigada pela companhia, pelo carinho e pela amizade. Valeu amigos, Salar de Uyuni nos espera! ::otemo::

 

Dicas para realizar a Trilha Salkantay com tranquilidade. ::otemo::

• Em primeiro lugar, acredito que sedentários terão dificuldades. Eu, por exemplo, não sou uma atleta, porém exercito o corpo na academia. Assim, um bom treino antes de realizar a trilha ajuda bastante.

• Leve o necessário para trilha. Mas somente o necessário mesmo! A seguir uma relação de itens considerados essenciais nessa caminhada: uma mochila de 10 litros (nós levamos duas mochilas, uma maior para levar os 5kg nos cavalos); 2 blusas de manga longa tipo dry fit; 2 blusas de manga curta tipo dry fit; 1 jaqueta tipo anorak; 1 casaco tipo polar/ fleece; 1 calça de tactel, com zíper que vira short para a caminhada; 1 calça de fleece ou outra de tecido leve para usar nos acampamentos; 1 blusa segunda pele; 1 calça segunda pele; 1 bota para trekking; uns 3 pares de meia especiais para trekking (2 mais finas, 1 mais grossa); 1 cachecol; 1 par de luvas; 1 gorro; 1 chapéu com abas; 1 toalha leve e que seque rápido; 1 capa de chuva; 1 cantil de 1 litro; Estojo de remédios de uso costumeiro; Repelente, bloqueador solar; lanterna e pilhas extras; Óculos escuros; Desodorante; Pasta e escova de dente; Lenços umedecidos; Papel higiênico; Roupa íntima; cobertor de emergência; Máquina fotográfica e baterias extras com carga; bastão de trekking e alimentos energéticos. Saco de dormir e isolante térmico podem ser alugados na agência contratada. Cada pessoa decide o que pode ser levado pelos cavalos/mulas.

• a melhor época para fazer a trilha Entre abril e novembro, que são os meses mais secos.

• Não é necessário reservar o trekking com antecedência. Tem inúmeras agências de turismo em Cusco que realizam saídas diárias. Fechando o passeio pessoalmente você consegue um valor melhor do que se reservar do Brasil. Pode ir tranquilo(a) que você não corre o risco de ficar sem vaga.

• Não precisa um número mínimo de pessoas no grupo, pois eles juntam pessoas de diferentes agências. No nosso caso, contratamos uma guia exclusiva para nós quatro.

• Sobre os custos do trekking de 5 dias, os preços variam muito (mesmo) de agência para agência. Em Cusco, vi agência vendendo pacotes a partir de US$ 165 a US$ 800. Mas é preciso estar atento ao que se cobre ao contratar o trekking. O que pode justificar as diferenças de preços são: o tipo de acomodação no 4º dia em Águas Calientes e o horário do trem da volta de Águas Calientes a Ollantaytambo (horários mais “convenientes” são mais caros). Trens com serviço de bordo também são mais caros.

• Levar dinheiro em soles, pois você vai precisar comprar água nas “lojinhas” do caminho, onde também é possível comprar biscoitos, chocolates, refrigerantes e outros, dar gorjeta aos porteadores e cozinheiros, pagar por um banho quente em um dos acampamentos, pagar para usar sanitários, pagar entrada nos banhos termais e, se optar, pagar pelo passeio nas tirolesas. E ainda, levar uns 300,00 soles extras para pagar o retorno a Cusco, caso pense em desistir da trilha. Pelo menos foi a orientação da agência que contratamos.

• E sobre o custo das passagens para quem decidir entrar no Peru pelo acre, segue-se os valores:

- Passagem de táxi Rio Branco/Assis Brasil/Rio Branco (com parada em Brasiléia para troca de táxi): R$ 200,00.

- Passagem de van Iñapari/Porto Maldonado/ Iñapari: 60,00 soles (60 reais, no cambio a 1 real por 1 sol);

- Passagem de ônibus Porto Maldonado/Cusco/Maldonado: 100 soles.

- Passagem de avião Porto Maldonado/Cusco/Porto Maldonado: 140 a 300 dólares (depende do dia e da companhia)

• Valores inclusos no pacote contratado:

- Passagem ônibus Águas Calientes/Machu Picchu/Águas Calientes: 24 dólares;

- Boleto de acesso ao Machu Picchu: 128 dólares;

- Passagem do trem de volta a Ollantaytambo: 70 dólares (http://www.perurail.com/)

 

Por enquanto é isso galera, até a próxima!!!

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  • Membros

Vanilsa, ri muito do seu relato, muito bom, parabéns! Também fiz a Salkantay em minha segunda visita ao Peru, infinitamente linda. Peguei muita chuva, mas foi lindo. Usei o cavalo também e quase morri de medo dele beirando os precipícios, ainda bem que a gente só se da conta do perigo depois que termina a viagem rs. ::otemo::

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  • 3 semanas depois...
  • Membros

Olá, tudo bem? Poderia me informar se é possível fazer essa trilha sozinho, sem guia? No caso teria que ir de Cusco para Mollepata, certo? E lá iniciar o trekking... Minha dúvida é se eles deixam fazer sem ter guia e se nos acampamentos pode se alugar espaço pra acampar mesmo indo sem agência.

 

Obrigado.

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  • Membros

olá Reginaldo. Acredito que é possível fazer a trilha sozinho sim, até porque a trilha é bem marcada e sempre tem uma vendinha de água e lanches rápidos a cada 2 ou 3 km e os acampamentos são amplos e a trilha é bastante movimentada. Agora não sei te informar como isso é possível. Devido a altitude, penso que carregar mochila, barraca e tralha de cozinha seria muito peso! a não ser que já esteja acostumado. Fale com alguém da agência que informei no relato. abraços.

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  • 7 meses depois...
  • Membros

ola!

sou de Porto Velho - RO e fiz essa trip ano passado de carro ate Santa Tereza, este ano quero ir de carro ate o mais proximo de Salkantay, nem vou perguntar preços das hospedaje de la ....kkkkk.....meu joelho nao me permite fazer a rota toda por isso quero chegar ate Salkantay e voltar pra pernoitar pela regiao....estou a procura de informaçoes da área, tipo se encontrarei hospedaje meia estrela........

Abraço

Alberto

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  • 11 meses depois...
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ola!

sou de Porto Velho - RO e fiz essa trip ano passado de carro ate Santa Tereza, este ano quero ir de carro ate o mais proximo de Salkantay, nem vou perguntar preços das hospedaje de la ....kkkkk.....meu joelho nao me permite fazer a rota toda por isso quero chegar ate Salkantay e voltar pra pernoitar pela regiao....estou a procura de informaçoes da área, tipo se encontrarei hospedaje meia estrela........

Abraço

Alberto

 

Alberto, estou indo para Cusco em Setembro. Queria muito conhecer este lugar, porém num bate e volta, pois nao tenho o tempo de fazer a trilha.. voce conseguiu?

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