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Peru, Bolívia e Equador - 23 dias em Fevereiro de 2016


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  • Colaboradores

Preparativos

 

No último semestre de 2015, fui convidado para passar umas semanas no Peru, por um colega que já havia estado lá. Depois de algumas semanas acompanhando os valores, comprei então a passagem de Porto Alegre a Lima com volta de outra cidade por uns 1600 reais na TACA, um preço razoável para a época da viagem, no carnaval. Acabei ficando na mão quando o cara desistiu da viagem, mas pelo menos aproveitei o roteiro que ele já tinha feito. Uma semana antes de partir, terminei de reservar todas as hospedagens e comprar os transportes (a parte que era possível pela internet), visando aproveitar o tempo por lá ao máximo.

Assim ficou meu mochilão, com os exatos 10 kg permitidos ao embarque na cabine do avião.

 

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1° dia

 

Na manhã de 6 de fevereiro parti da capital gaúcha e poucas horas depois já estava em um táxi do aeroporto de Callao ao centro de Lima. O nuevo sol, a moeda peruana, estava equivalente a 1,10 reais. Paguei uns 40 soles de fora do aeroporto até o Parque de la Exposición, mas é possível ir por menos. No caminho, o trânsito sufocante e ensurdecedor das rodovias e avenidas peruanas (por que tanta buzina, ó céus!?).

O Museo de Arte de Lima estava recém abrindo quando cheguei (10h). Paguei a entrada geral de 30 soles e passeei pelos seus corredores e salas refrigeradas, observando as esculturas, pinturas e outros tipos de artesanatos das civilizações pré-colombianas, praticamente uma prévia do que veria no resto da viagem. O museu ajuda a contar a história, desde os povos primitivos antecedentes à Cristo e à escrita até a conquista dos incas pelos espanhóis, com a arte fortemente influenciada pelos mesmos.

 

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De lá, caminhei sem uma rota traçada até o terminal da empresa de ônibus Cruz del Sur. No caminho, parei em um restaurante familiar para uma refeição típica completa que custou uns 8 soles.

Na hora devida, embarquei no veículo de 55 soles a Paracas. Os ônibus dessa empresa estão em um nível de qualidade (e de preço) acima das demais que conheci, além de ser a única peruano que consegui comprar pela internet. Fui vendo um filme no busão até chegar durante o pôr-do-sol no balneário turístico de Paracas.

 

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Como a Willys House, que era a hospedagem escolhida (na verdade a 2ª opção, já que a primeira fechou para reforma poucos dias antes), estava sem luz, aproveitei para conhecer o centrinho com meu novo amigo Yllatupa (ou algo do gênero), um peruano de meia idade fanho. Cometi a heresia de comer ceviche no jantar, pois estava com muita vontade. Pra quem não conhece, o prato típico do litoral peruano é um marinado apimentado de frutos do mar e/ou peixe cru. Ali estava custando uns 18 soles.

Depois, como o agito estava meio morto por ali, paguei os 22 soles do quarto compartilhado e capotei.

 

2° dia

 

Às 8h eu e meu companheiro já estávamos a caminho do píer de onde por 40 soles mais taxas saíam lanchas para a Reserva Nacional Islas Ballestas. O arquipélago rochoso fica no caminho da Corrente de Humboldt. Com a ressurgência, milhares de peixes, mamíferos marinhos e aves aglomeram-se para dividir os recursos alimentares. O resultado disso é uma montanha de guano, literalmente a merda desses animais. Rica em nitrogênio, é uma fonte de renda para o país, embora não tão importante quanto nos séculos passados, quando era extraído sem controle algum. Agora o foco está no ecoturismo, com visitas diárias de turistas do mundo todo.

No caminho até as ilhas, o misterioso geoglifo (desenho no solo) chamado de candelabro, de origem desconhecida, que resiste ao tempo.

 

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Na aproximação já é possível escutar o ruído e sentir o odor do local. No meio do paraíso ornitológico, até mesmo pinguins (de Humboldt) coabitam as ilhas.

 

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Entre as espécies mais comuns, pelicanos, atobás e as pequenas e bigodudas gavinhas.

 

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Por fim, mas também abundantes, são os lobos e leões-marinhos, que repousam com seus filhotes nas praias rochosas. Os machos dessa última espécie têm uma aparência curiosa, com as cabeças desproporcionalmente grandes.

 

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A única parte ruim do passeio é que os barcos praticamente não param, então é um tanto difícil ter tempo hábil para ajustar a câmera em modo manual para fotos de qualidade.

De volta a terra, corri para tomar o ônibus seguinte da Cruz del Sur a Ica, por 20 soles. Uma pena não ter ficado à tarde para conhecer a interessante Reserva Nacional de Paracas.

No caminho, desertos e vinícolas da região produtora de pisco, o destilado de uva famoso do país.

 

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Chegando ao calor de Ica, prossegui num táxi até o museu da cidade. Como estava fechado naquele dia, o taxista me levou à destilaria Bodega Lazo, onde pude provar de forma gratuita os diferentes e muito saborosos tipos de vinhos, além das fortes graduações de pisco.

 

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O taxista-guia ainda me mostrou os equipamentos e explicou o processo de produção do líquido, desde a pisada da uva ao engarrafamento. Cuidado para depois da degustação não terminar borracho como esse aí.

 

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Depois do almoço, adentrei no oásis de Huacachina, a principal atração da cidade.

 

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Lá, conheci uma turma pluricultural bacana. Por cerca de 50 soles, eu, o inglês Matt, o francês Manu, a chilena Carolina e a sueca Lina subimos num buggy turbinado e enfrentamos as gigantescas dunas, com diversão.

 

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A parte mais emocionante foram as descidas de sandboard. Apesar de só ter um dia de experiência nesse esporte e do relato de um jovem que havia quebrado algum membro poucos dias antes, resolvi arriscar e enfrentar os montes de areia. Enquanto o resto do povo foi de bruços, eu e um praticante de snowboard descemos em pé. Mandei bem, nada de acidentes naquele dia.

 

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Com o pôr-do-sol desértico, voltamos ao oásis. Jantamos e tomamos umas em um dos poucos locais disponíveis e em seguida retornamos ao Desert Nights Hostel. Tivemos uma noite conturbada, pois meus colegas de quarto foram massacrados por percevejos de cama. Eu achei que não tinha sido atingido, até que nos dias seguintes apareceram dezenas de picadas no meu corpo sem explicação.

 

3° dia

 

Paguei os 22 soles no check-out e voltei ao centro de Ica, onde por mais 55 soles embarquei novamente pela Cruz del Sur, dessa vez em direção a Nazca e suas linhas patrimônios da UNESCO.

Quase 4 horas depois desci. Não tive sucesso na busca de uma companhia para dividir um táxi, visto que o transporte até os geoglifos é bem escasso. Todos que desembarcaram do ônibus foram até o aeroporto, onde voariam no caro e de segurança duvidosa teco-teco para ver as linhas de Nazca de cima. Paguei então 60 soles para que o taxista me levasse até o mirador principal, afastado da cidade, e depois me deixasse no lado oposto de Nazca, onde ficavam mais sítios arqueológicos.

A rodovia, que foi feita por cima de um dos desenhos, atravessa o deserto. A única coisa que parece ser viva por ali são os ventos. Frequentemente são vistos pequenos tornados.

Subi na torre, podendo ver as figuras de poucos centímetros de profundidade, mas dezenas de metros de área. De um lado da rodovia a forma de lagarto e do outro a árvore e a mão de 9 dedos, conhecida como a mais honesta do país, só que não.

 

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Comprei um souvenir barato e atravessei o deserto até os Acueductos de Cantalloc, que não tem relação alguma com a forma dos aquedutos romanos. Com 20 soles paguei o boleto que dava direito ao acesso a dezenas de canais subterrâneas cercados por pedras construídos pela antiga cultura Nazca, onde a cada tantos metros espirais propiciavam o acesso a água. Alguns desses canais são ainda usados na atualidade.

 

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De lá, caminhei algum quilômetro sob o sol escaldante até o sítio seguinte, incluído no ingresso dos aquedutos, o geoglifo telar, que se acredita que seja uma representação de instrumentos têxteis. Eis a vista do pequeno morro em que é necessário subir para a contemplação do geoglifo, com a cidade ao fundo.

 

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A caminho do próximo local, flagrei esse belíssimo príncipe (Pyrocephalus rubinus) pousado à procura de alimento. Não havia como não notar essa cor em meio às plantações.

 

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Alguns minutos depois, parei nos Los Paredones, um centro administrativo incaico construído com adobe e pedra. Compõe-se de diversas construções e muros, muitos dos quais ainda preservados. Também está incluído no ingresso já pago.

 

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Finalmente de volta à cidade, tive outro ceviche de refeição, acompanhado pela cancha, um tipo de milho ingerido como aperitivo.

 

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Caminhei pelo centro da cidade, enquanto aguardava o tempo passar para a apresentação de 25 soles no planetário María Reiche, localizado dentro do hotel Nazca Lines.

Mais que astronomia, o principal aprendizado se deu em torno do estudo e significado das famosas linhas de Nazca. A alemã cujo nome batizou o planetário passou mais de 50 anos de sua vida nessa cidade somente pesquisando as linhas! Acredita-se que cada uma das centenas de figuras e geometrias registrados até o momento (ainda são encontradas novas formas) tenha diversos significados, como a posição de astros celestes, a localização de recursos naturais, a demonstração de elementos da natureza e o culto a seres superiores. No fim da vida, a pesquisadora ganhou moradia grátis no hotel. Como o céu estava nublado demais para a observação (maldito El Niño!), como prêmio de consolação conhecemos o pequeno quarto que continua intocado. Os peruanos possuem profunda admiração por essa mulher que dedicou a sua vida a eles.

De volta ao terminal, esperei o último embarque na Cruz del Sur, onde por expressivos 115 soles eu passaria a noite toda na poltrona reclinável até chegar pela manhã na elevada Arequipa.

 

4° dia

 

Cheguei sentindo-me meio enjoado, não sei se pela falta de sono adequado, pelo sol e desidratação em excesso ou pelo ceviche do dia anterior, ou ainda pela altitude, embora os 2500 m não fossem muita coisa. Ainda assim, me esforcei pra conhecer bastante coisa. Tomei um táxi até a hospedagem, que recém havia mudado de endereço então estava vazia e ainda precisava de uns reparos. O Home Yuntawasi Backpackers, localizado no distrito de Yanahuara é tocado por uma japonesa e uma francesa simpáticas, além de Spike, o cão.

Esse distrito de classe mais privilegiada apresenta arquitetura memorável de diversos períodos, em uma mistura de estilos. Quem caminhar por suas ruas vai identificar placas que explicam a respeito.

 

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O único inconveniente é que o bairro se localiza em uma porção de terra mais elevada que o centro, então é necessário fazer uma forcinha extra nas pernas para chegar lá. Há um mirante para o vulcão El Misti nos arcos do vizinho parque Yanahuara.

Em seguida caminhei até o centro, 1 km distante. Arequipa é conhecida como a cidade branca, pela tonalidade de suas edificações históricas, o que é fácil de perceber pelo centro. Essas construções históricas, principalmente igrejas, renderam ao bairro o título de patrimônio da UNESCO. Entre essas, a Iglesia La Compañia de Jesús e seu pátio interno.

 

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A principal atração, no entanto, eu só veria no dia seguinte.

 

5° dia

 

Depois de aproveitar para descansar bastante, segui para o Monasterio de Santa Catalina. O salgado ingresso de 40 soles dá acesso ao mosteiro de mais de 20 mil metros quadrados construído em 1579. Há serviço de guia pago, mas as descrições já dão uma boa noção da história desse lugar, que já chegou a abrigar 450 religiosos e funcionários. É composto de quartos, salões, ruas, praças, jardins, altares e cozinhas.

 

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Outra característica marcante são as paredes pintadas, em parte azul e outra vermelha, e a organização e limpeza do santuário.

 

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Na saída encontrei o francês Manu, que havia conhecido alguns dias antes em Ica. Demos uma volta na cidade e jantamos frango, prato bem comum no Peru. Antes de voltar ao albergue, não poderia deixar de registrar a cena noturna da Plaza de Armas, que é como são chamadas as praças principais de cada cidade peruana.

 

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6° dia

 

Nesse dia eu deveria ter escalado o imponente vulcão nevado de mais de 5400 m denominado El Misti. No entanto, com o tempo ruim e os perigos da montanha, acabei não conseguindo convencer ninguém a se juntar a minha empreitada. Como não havia me recuperado 100%, apesar da frustração, achei melhor deixar para uma próxima.

Antecipei a passagem para o Vale do Cânion do Colca. Por 17 soles passei quase 6 horas no longo, porém belo trajeto pelos altiplanos até Cabanaconde. A empresa se chama Milagros, mas na verdade o milagre foi aquele ônibus tenebroso ter chegado inteiro até lá. Que saudades da Cruz del Sur...

Coincidentemente encontrei pela terceira vez Manu, no mesmo quarto do albergue em que fiquei por lá, o Homestay Pachamama. A aconchegante hospedaria estava minada de franceses por todos os lados. Enquanto conversavam entre eles, eu folheava um guia e devorava uma das deliciosas, porém nada baratas, pizzas feitas no forno à lenha.

 

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7° dia

 

Manu seguiu com os franceses por uma rota, enquanto eu fui por outra. Cometi o maior erro da viagem, que foi levar o mochilão inteiro com uns 13 kg comigo pela trilha. Mas só percebi isso quando já era tarde demais.

Como o caminho original planejado não levaria o dia todo, parti pelas 10 da matina, parando ainda para observar e fotografar os enormes condores andinos na borda do cânion.

 

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A vista lá de cima, por sinal, era esplêndida. Era possível ver todos os povoados da rota, além das montanhas, florestas e rio.

 

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Para prosseguir na trilha você que é sul-americano tem que pagar 40 soles para uma pessoa que estará no meio do caminho. Havia pelo menos uma dezena de turistas percorrendo o mesmo trecho, todos com guias. Eu não considero necessário, se você já tiver experiência em altitude e aventura, e um GPS ou mapa para orientação, embora possa pedir auxílio aos simpáticos moradores dos povoados do vale. Dica: leve alimentos energéticos fáceis de digerir, como carboidratos em gel, para não dificultar ainda mais o trabalho do seu sistema digestivo, que já vai sofrer pela falta de oxigênio.

Depois disso é descida em ziguezague sem parar. Vá com um tênis e meias adequadas, caso contrário o atrito dentro de seu tênis pelo fato de ter que frear a cada passo resultará em muitas bolhas. Torções também devem ser consideradas.

 

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Ao cruzar a ponte do rio Colca, decidi ampliar a rota prevista. Em vez de pegar a esquerda para Malata, subi de San Juan de Chuccho à vila de Tapay antes disso. Nessa hora eu senti a altitude e o peso da mochila. Arrastei-me na ascensão vertical de meio quilômetro. Pra piorar, o tempo sempre inconstante nessa que era a temporada de chuvas peruana, resolveu desaguar.

No meio do caminho pensei fortemente em desistir, mas segui em frente. O tempo resolveu então me ajudar. Um tempo depois cheguei lá, dando graças na praça do povoado.

 

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Dali em diante o caminho foi praticamente só de descida. Passei por Cosñirhua (saúde!) e Malata, duas vilas feias onde não há nada para fazer, a não ser que você queira comprar mantimentos superfaturados (com razão), fazer uma refeição ou procurar hospedagem. Como não necessitava de nada disso, continuei em direção oeste, acompanhado por um cachorro que resolveu me seguir.

Exausto, consegui chegar ao “oásis” de Sangalle antes do sol se pôr, minha maior preocupação. Aqui começou o segundo drama do circuito. A hospedagem em que fiquei, o Jardín El Eden Lodge, só tinha o jardim de bonito. A habitação, apesar de individual, foi a pior em que já fiquei na minha vida. No banheiro não havia luz, água quente no chuveiro, papel higiênico ou assento no vaso sanitário. Enquanto no quarto havia coisas: goteiras, teias de aranha e muita sujeira. Ou seja, não consegui relaxar, apesar de estar necessitando muito!

 

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8° dia

 

No café-da-manhã terminei de comer o que eu tinha levado para me desfazer de um pouco do peso. O parto final começou em seguida. Subir de uns 2250 m para 3250 m quase em linha reta. Parei umas trocentas vezes para descansar no meio do penhasco.

 

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Esse trecho é cheio de bifurcações, mas aparentemente quase todas levam ao mesmo ponto. Uma dica é seguir a rota que tiver as fezes animais mais frescas, já que mulas e cavalos passam por ali todos os dias.

Mais que morto, me joguei num gramado sob eucaliptos quando cheguei ao topo. Comi o último sanduba e tomei o último gole de água, antes de voltar à cidade de Cabanaconde. Na praça da cidade fui a um bar que tinha internet, a tempo de escapar da chuvarada que caiu em seguida.

À noite, tomei uma bira com uns franceses e voltei pro mesmo albergue de antes da trilha.

 

9° dia

 

Por 5 soles tomei o ônibus matutino para Chivay, de onde embarcaria para Puno. No caminho, impressionantes vistas da agricultura em terraços, muito comum nos povos andinos. Essa técnica é usada em terrenos muito íngremes para reduzir a erosão.

 

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Ao chegar, tive sorte de estar por lá no horário de uma apresentação de Wititi, dança típica do Colca onde homens vestiam-se como mulheres. Achei meio boba, mas tradição é tradição.

 

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Já estava sem dinheiro algum a essa hora. Sofri nessa viagem por não aceitarem Mastercard em praticamente nenhuma cidade ou estabelecimento, somente Visa, que eu não tinha. Pra piorar não consegui sacar dinheiro nos caixas eletrônicos de Chivay. Como resultado, tive que catar as moedas que tinha guardado e almoçar uma gororoba da feira da cidade, que incluiu, entre outros ingredientes, uma batata negra sem gosto.

 

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Às 13 h embarquei no caro ônibus turístico da empresa 4M Express. O motivo de eu ter comprado o bilhete era para poder conhecer a Reserva Nacional Salinas y Aguada Blanca, onde camelídeos ameaçados de extinção como a Vicunha, além de diversas aves, encontram-se protegidos. A empresa em teoria pararia tempo suficiente em alguns pontos no meio do caminho. No então, ela reduziu o número de pontos e o tempo em cada um, sem explicação. Ponto negativo pra 4M Express...

Ao menos a paisagem da longa viagem de mais de 6 horas é bela. Na primeira parada, enquanto admirava o arequipenho nevado El Misti, provei o tal do chá de coca. Não senti absolutamente nada.

 

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O trecho continuou por dentro da reserva, onde nos altiplanos, além de animais soltos, há criação de alpacas e lhamas para extração de carne e pele.

 

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A parada seguinte foi nas lagunillas, uma sucessão de lagos que atraem uma diversidade expressiva de aves, incluindo flamingos. Pudemos observar apenas de longe, em virtude do tempo.

 

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Apenas à noite cheguei a Puno, às margens do Lago Titicaca. No terminal de ônibus tive outra dor de cabeça. Também não consegui sacar dinheiro e alguns dias depois descobri que as máquinas acusaram como se eu tivesse retirado a grana. Resultado, saí no prejuízo. Consegui trocar umas notas de reais para tomar um táxi até a praça central, e lá finalmente conseguir sacar com meu cartão American Express no banco BCP, sem pagar taxa.

Jantei e segui ao hotel Totarani Inn, não sem antes levar um jato de espuma na cara, em comemoração ao dia de São Valentim.

 

10° dia

 

Paguei os 30 soles do hotel e entrei na van do tour às Ilhas Uros, que havia contratado por 25 soles na rodoviária. Em pouco tempo já estávamos em um barco motorizado no lado peruano do Lago Titicaca. Ao redor do barco, agrupamentos de totora (Scirpus californicus), que são a base para a formação das Ilhas Uros.

 

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O povoamento dessas ilhas artificiais ocorreu pela primeira vez por povos pré-colombianos, para fugir dos conquistadores incas e espanhóis. Além de dar sustentação às ilhas flutuantes, a totora também é usada para a manufatura das casas, barcos, artesanato e até alimentação, que é complementada por peixes e ovos de aves.

 

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Depois de parar em uma dessas ilhas para conhecer os costumes do povo, demos uma volta no barco de totora. Posso afirmar que não é nada fácil remar nele.

 

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De volta à terra, bem na saída do píer de Puno, há um pequeno museu gratuito com informações sobre a história, biologia e geografia do Lago Titicaca. Não deixem de conferir.

 

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Caminhei até a rodoviária, almocei um PF de 4 soles em frente, e fui-me pra Bolívia. No caminho, moradores dançavam e tocavam ao longo da estrada.

Depois de algumas horas passamos pela sossegada fronteira e chegamos a Copacabana, a original e não a carioca. Na praça principal estava para começar uma comemoração de carnaval, com shows. Reparem na presença das cholitas bolivianas com seus chapéus coco.

 

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Jantei o tradicional silpancho por 10 bolivianos, pouco mais de 5 reais, e parti pro quarto privado no Hostal Florencia, com café-da-manhã incluso por 80 bolivianos (R$41,90).

 

11° dia

 

A ideia seria ir à Ilha do Sol logo pela manhã e passar o dia lá, percorrendo a trilha de norte a sul, mas como o tempo estava chuvoso na hora da saída resolvi ir apenas à tarde. Descansei um pouco mais e depois fui a um dos 3 sítios arqueológicos da cidade, o abandonado e gratuito assento do inca, cujo propósito é desconhecido.

 

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Prosseguindo, subi a via sacra do Cerro Calvario. No meio do caminho, deparei-me com o maior beija-flor do mundo (Patagona gigas), ainda assim com apenas 23 cm de comprimento.

 

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Do alto da colina religiosa, é possível ter uma bela visão 360° da cidade e do lago, que compensam o esforço da subida.

 

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Desci o morro correndo para ter tempo de almoçar antes de embarcar no passeio à incaica Ilha do Sol.

A primeira parada foi na ponta sul da ilha, no nada impressionante templo do sol, que recebia uma forcinha do astro-rei.

 

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Seguindo, o barco aportou na vila Yumani, pouco acima. Ali, alguns hotéis e restaurante infiltram-se em meio aos terraços e árvores isoladas. No pouco tempo que ficamos, contei um número considerável de aves.

 

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Infelizmente, foi só eu ir além da zona turística em busca de um banheiro ecológico grátis que me deparei com a sujeira que era varrida para debaixo do tapete...

 

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Ao retornar, por 35 bolivianos peguei o ônibus seguinte para La Paz. No caminho temos que desembarcar do ônibus para cruzar um trecho estreito do lago, na localidade de Tiquina, que à noite é um tanto sinistra.

 

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Chegamos depois das 11 da noite no destino. Ainda bem que meu albergue ficava perto da rodoviária, assim pude seguir a pé até lá. Por 50 e poucos bolivianos a cada noite, dormi no Adventure Brew Hostel. Logo tomei a saborosa cerva artesanal incluída na diária.

 

12° dia

 

Comecei o dia com um city tour. Somente o fiz porque achei que era gratuito, mas por questões legais o Red Cap Walking Tours teve que começar a cobrar uma taxa do governo.

O passeio começa em frente ao Carcel de San Pedro, um presídio inserido em pleno centro de La Paz! Reza a lenda que há visitas guiadas dentro dele, inclusive com hospedagem nas celas. Alguém arrisca?

 

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Passamos por diversos mercados de rua. No centro e na maior parte de La Paz, com exceção da zona sul que é de classe mais elevada, não há supermercados da forma como conhecemos. Tudo parece um grande camelô.

Um desses é o famoso Mercado das Bruxas. Por ali, vendem-se artigos um tanto diferentes, como poções do amor, amuletos mágicos e partes de animais. O mais bizarro é o feto de lhama mumificado, que é usado como oferenda à divindade máxima andina Pacha Mama (Mãe Terra) na construção de uma nova residência ou negócio.

 

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Aproveite para comprar pequenas esculturas ou têxteis baratos por essas bandas.

Saindo dali, passamos por dois protestos na avenida principal da cidade, um de estudantes e outro de aposentados. Além disso, via-se por toda parte placas, cartazes e pichações do referendo que aconteceria em poucos dias, onde o presidente Evo Morales foi derrotado na tentativa da reeleição eterna.

 

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Também passamos pela grandiosa Igreja de São Francisco, erguida no século XVIII, o principal monumento da época colonial, e por alguns prédios governamentais ao redor da praça Murillo, como o Palácio Queimado (sede presidencial), alguns ministérios e a Assembleia Legislativa Plurinacional, com seus ponteiros do relógio agora invertidos, seguindo uma tradição indígena.

 

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Depois do passeio guiado tive um almoço popular na galeria Mercado Lanza e resolvi conhecer os teleféricos. O sistema é novo, moderno e aparentemente seguro, parecido com o Metrocable de Medellín. Por 3 bolivianos (R$1,60), passei um grande cemitério e subi até a cidade vizinha de El Alto, de onde se tem uma visão ampla de La Paz, suas montanhas e suas construções de tijolos à vista. Ali também fica o segundo aeroporto mais alto do mundo, acima de 4 mil metros.

 

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À noite, conheci um pessoal bacana no albergue. Entre brasileiros, argentinos e outras nacionalidades minoritárias, fizemos uma baita pizzada com cerveja no terraço do edifício de vários andares. Depois de muitas tentativas em fazer uma churrasqueira improvisada funcionar, fomos vencidos pela escassez de oxigênio e tivemos que usar o forno do hostel.

 

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13° dia

 

Por 100 bolivianos, reservei no próprio albergue um passeio para esse dia. Saímos em uma van eu, o holandês Vince, hospedado no mesmo lugar, e mais uns 8. O café-da-manhã ia chacoalhando violentamente em meu estômago enquanto o veículo subia os malditos projetos de estrada até o Monte Chacaltaya, nos arredores de La Paz. Belas paisagens iam sendo desvendadas nos altiplanos até a ascensão vertical.

Em um lado do monte havia uma porção de máquinas metálicas estranhas. Elas fazem parte de um laboratório que estuda a emissão de raios cósmicos, sob a colaboração de pesquisadores japoneses e brasileiros.

 

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O trecho final de algumas centenas de metros tem que ser feito a pé, sob placas de laje. Alguns turistas alegaram sintomas da altitude. Não é por menos, pois o pico fica a mais de 5400 m. Subi na frente do resto para tirar várias fotos da visão privilegiada que temos do topo, incluindo o monte rochoso onde estávamos, o nevado Huayna Potosí em frente, e os vales esverdeados e os lagos coloridos abaixo.

 

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De lá, atravessamos de um lado a outro de La Paz até a zona sul, onde fica o Vale da Lua, assim chamado por Neil Armstrong após uma visita em 1969. É uma paisagem um pouco diferente, devido ao conteúdo das formações rochosas ser de argila, que tem sua erosão facilitada. Você tem que pagar 15 bolivianos de entrada para fazer uma trilha entre as colunas brancas e sua escassa vegetação. Legal, mas nada comparável ao Chacaltaya.

 

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No retorno, antes de voltarmos ao albergue, eu e Vince provamos as saborosas e baratas saltenhas, que são pasteis assados recheados com algum tipo de proteína.

 

14° dia

 

Esse dia foi iniciado com o tour a Tiahuanaco ou Tiwanaku, reservado no terminal rodoviário, por ser um pouco mais barato. O transporte+guia+entrada+almoço custou uns 180 bolivianos. Cerca de uma hora e meia após a saída, chegamos ao sítio arqueológico tombado pela UNESCO.

Assim que saímos do ônibus desabou uma chuva do capeta. Sorte que estava com meu conjunto à prova d’água Frogg Toggs, que embora pareça papel crepom, é razoavelmente barato, leve, compacto e cumpre muito bem a sua finalidade.

Essa que foi uma das civilizações mais antigas da América expandiu-se ao redor do Lago Titicaca até boa parte do Peru, Bolívia e norte do Chile. Possuía arquitetura e arte impressionantes para a época. Infelizmente extinguiram-se sem explicação antes da chegada dos incas, e como não usavam a escrita, não deixaram registros para a posteridade. O pouco que se poderia conhecer foi dilapidado por ladrões e restaurações malfeitas.

Os Tiahuanaco acreditavam que havia 3 mundos, mostrados nessa foto pela pirâmide Akapana (mundo de cima, representado pelo condor), templo de Kalasasaya (mundo do meio, representado pelo puma) e templo semi-subterrâneo (mundo de baixo, representado pela serpente).

 

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A pirâmide de Akapana, um dos maiores edifícios dessa cultura, tinha originalmente 7 andares de paredes de arenito esculpido e um perímetro de 800 m. Acredita-se que foi usado como um local de culto, pois em seu topo havia uma cruz.

 

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Passamos ainda pelos museus Lítico e Cerâmico, que visualmente contam um pouco mais da história dessa cultura. No primeiro encontra-se o monólito Bennett, uma besta de 7,3 metros de altura e 20 toneladas de puro andesito. É uma pena não ser permitida a fotografia.

Hora do almoço. O único restaurante oferece um buffet fraco, mas para compensar tem uma opção interessante de carne: lhama! Claro que não perdi a oportunidade. Quase tão saborosa quanto o boi, mas bem mais magra.

O último trecho foi o sítio de Puma Punku. Estruturas megalíticas repousam sobre o local, trazidas de terras distantes. Ainda hoje em dia não se tem explicação de como foram feitos os cortes precisos nas duras rochas de andesito, já que os Tiahuanaco só dominavam as ferramentas de bronze, incapazes de moldar esse tipo de rocha. Tiveram então uma mãozinha de alienígenas?

 

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Ao retornar, embarquei na longuíssima jornada de mais de 16 horas de ônibus até outro patrimônio da humanidade, a cidade de Cuzco. A viagem incluiu uma passagem nada desejada pela fila quilométrica na fronteira de Desaguadero. Tudo para economizar dinheiro, pagando 26 dólares pelo distante trajeto.

 

15° dia

 

Cheguei de manhã bem cedo morrendo de sono. Depois de uma revigorada, comprei o boleto turístico de 130 soles (70 para estudantes) que dá direito a conhecer 16 atrações, a maioria dentro da própria cidade ou em seus arredores. É importante saber que esses locais são acessíveis somente com um dos diferentes tipos de boletos existentes, não há como pagar por um sítio individual.

Fui caminhar ao redor do centro histórico, muito bem-cuidado em comparação com o resto do país, e composto de várias edificações coloniais. Na Praça de Armas estão as imponentes Catedral de Santo Domingo e o Templo da Companhia de Jesus, além da estátua de Pachacutec, o primeiro imperador inca.

 

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Em sequência percorri os 4 museus que ficam em volta. Primeiro os 2 que valem a visita, o Museo de Sitio de Qoricancha, no sítio arqueológico de mesmo nome, mas cuja construção principal é paga à parte. Esse museu fica no subterrâneo do jardim. Apresenta algumas salas que são uma bela introdução às culturas pré-colombianas do Peru. De representações a artefatos arqueológicos de verdade, o local apresenta descrições escritas o suficiente para ser auto-guiado.

 

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O segundo foi o Museo Historico Regional. Locado em um lugar de arquitetura típica andaluz, abriga um conjunto de coleções arqueológicas pré-incaicas e incaicas, além de obras mais modernas. Apresenta também um filme que demonstra a condenação e execução em praça pública de Túpac Amaru II, o último inca, em 1781. Curiosidade: hoje em dia é difícil passar por uma cidade peruana que não tenha uma rua denominada Tupac Amaru.

Já o Museo de Arte Popular e o Municipal de Arte Contemporáneo são quase desprezíveis. O primeiro apresenta uma sala com artesanatos em miniatura e o último alguns quadros. Só. A única coisa decente é a construção do Palacio Municipal.

 

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Depois da overdose de museus fui almoçar no popular Mercado San Pedro, junto à estação ferroviária. Há um grande número de opções a partir de 4 reais, muitas delas gororobas não identificáveis. Pelo preço não há como exigir conforto, sabor e higiene de primeiro mundo.

 

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Já aproveitei para comprar na DirCetur o ingresso para Machu Picchu, já que não havia conseguido comprar na internet pois o site oficial exigia cartão Visa, e nos demais o preço era muito superior. Minha intenção era ir também no monte Huayna Picchu, mas como já havia esgotada a capacidade do dia em que eu poderia ir, fiquei com a Montaña Machu Picchu, por um total de 140 e poucos soles. Menos que isso só sendo estudante ou da comunidade andina (Peru, Bolívia, Colômbia e Equador).

À noite, outro atrativo do boleto turístico, a apresentação de danças típicas no Centro Qosqo de Arte Nativo. No caso, houve uma apresentação baseada no carnaval. Cada música mostrou os trajes e dança de uma região do país durante essa festividade, que também é comemorada no Peru, mas de uma forma um pouco diferente da nossa. Apesar de levar apenas uma hora, foi muito interessante.

 

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Fiquei hospedado em um dos quartos compartilhados do Kokopelli, uma rede de albergues peruanos. Bem localizado e eu diria que com uma boa infraestrutura, se não fosse pelo chuveiro que só gotejava...

 

16° dia

 

Caminhei até o lugar onde saíam os micro-ônibus a Pisac, em um anexo da Avenida Tullumayo próximo a Garcilazo de la Vega. Por 2 soles embarquei em um deles que saiu logo e desci nas terras mais altas de Tambomachay, um dos sítios arqueológicos abrangidos pelo boleto. Também chamado de El Baño del Inca, compõe-se de duas estruturas principais de rochas de andesito encaixadas, com canalização das águas e terraços com grama aparada, embora eu creia que esse último não fazia parte da condição original.

 

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Do outro lado da estrada fica Puka Pukara. No meio do caminho, eis que surge uma bela lhama de olhos azuis. Não podia deixar de registrá-la.

 

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Em meio ao céu eternamente nublado da estação, jazia a fortaleza vermelha (tradução do quéchua para o nome). Realmente acredita-se que tinha função militar, devido a sua forma e posição geográfica. O que restou em pé não toma muito tempo a ser percorrido. Assim como o sítio anterior, não há descrições escritas.

 

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Como tinha tempo sobrando, fiz o caminho de volta caminhando. Mas ao invés de seguir pela estrada, fui por uma trilha que passa por áreas rurais. Vi um grande número de aves, incluindo um gavião e um pica-pau, no caminho de descida do vale cercado por árvores prateadas ao longo de um riacho.

 

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Em seguida passei pelo Chukimarka, ou templo da lua, bem simples, mas aparentemente aberto ao público. Dali se passa por um dos trechos do longínquo caminho feitos pelos incas (Qhapaq Ñan).

 

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Parei no rochedo do sítio de Q’enqo, outro do boleto sem muita atratividade. O último deles, Sacsayhuaman (do quéchua “lugar onde sacia o falcão” – por acaso, vi um falcão comendo por lá), é que vale realmente uma boa visita. A imponente fortaleza militar e templo ao deus Sol instalada a 3700 m do nível do mar levou uns 50 anos para ficar pronta, antes da chegada dos espanhóis. As enormes pedras polidas e finamente encaixadas formam uma grande estrutura. Há uma diversidade de estruturas com funções diferentes nesse terreno.

 

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Da parte da construção que fica do outro lado, ao lado das muralhas em ziguezague fica o Cristo Redentor cusquenho, chamado de Cristo Blanco, que abre seus braços à cidade.

 

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Retornei descendo os degraus do caminho a pé, que desemboca na Plaza de Armas.

 

17° dia

 

Cedinho parti pra Machu Picchu. O caminho até lá por conta própria não é nada fácil, o tempo que se toma pode levar um dia todo. Por sorte, consegui negociar um preço excelente com o Wayna Mundo Explorers, agência localizada na Av. El Sol. Por 50 soles garanti a ida e volta numa van até a Hidroelectrica, ponto final para veículos rodoviários. Se tivesse usando o transporte público onde possível e dividindo um transporte particular no resto do trecho não sairia por menos que isso.

As mais de 6 horas líquidas se deram ao longo de estradas com belas paisagens de morros esverdeados, mas um tanto perigosas, principalmente em sua parte final, onde os veículos passam sobre caminhos de chão ao lado de penhascos sem guarda-corpo ou ao menos acostamento.

 

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No desembarque, uma porrada de mochileiros aglomerava-se para seguir pela borda da ferrovia ou retornar à Cuzco. Junto a eles, os turistas mais endinheirados embarcavam no caríssimo trem.

Ao longo das 2 horas e meia de caminhada plana até o povoado mais próximo de Machu Picchu, há pontes, túneis e vistas de grandes montanhas, florestas e o Rio Urubamba. Algumas barracas vendem comida e bebida no trajeto.

 

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Enquanto a maioria seguia a passos apressados, fui admirando a mata e procurando animais para fotografar. Encontrei algumas aves que nunca havia visto, como o admirável udu-de-coroa-azul, também existente no Brasil.

 

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O absurdo nos preços da entrada e transporte a Machu Picchu parece ter trazido uma gorda fonte de renda e desenvolvimento ao charmoso, organizado e em obras vilarejo de Aguas Calientes, cercado por altas montanhas, sendo que em uma delas encontra-se a cidade perdida.

 

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Há uma grande quantidade de opções para se ter uma refeição ao longo do meio quilômetro de extensão do povoado. Acabei ficando mesmo com uma pizza em promoção na praça principal e me hospedei em um dos pontos mais distantes, o hotel e albergue Casa Machu Picchu. O quarto compartilhado me custou 40 soles.

 

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18° dia

 

Depois de um dos mais variados e saborosos cafés-da-manhã de toda viagem com uma vista de frente às corredeiras do rio, tomei o ônibus de ida para a entrada do parque. Lá se foram mais 12 dólares para nem meia hora de trajeto de subida.

Ao chegar, apesar de não ser tão cedo, ainda não havia um bando de turistas. Talvez por a neblina estar tão densa que não se via quase nada das ruínas. Mesmo assim, consegui avistar uma viscacha, roedor que aparenta ser um coelho, mas que é da família das chinchilas.

 

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Nas encostas menos frequentadas pelos visitantes, como a que leva à ponte inca, vi algumas aves, entre elas esse bonito canário-andino-negro.

 

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Depois disso chegou a hora de encarar a tal da Montaña. Mal sabia eu que esse monte desprezado em detrimento do Huayna Picchu é na verdade mais alta em 340 metros de diferença, o que pode parecer pouco, mas na falta de oxigênio dá uma canseira a mais.

 

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Muitos degraus depois cheguei ao topo, ensopado da umidade relativa do ar e do calor. Como ainda havia certa névoa, embora parte dela já tivesse se dissipado, deixei para fazer o registro das ruínas já no meio da descida. Daquela distância não pareciam tão impressionantes.

 

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De perto essa história é bem diferente. Compare com o tamanho das pessoas, que mais parecem formigas em meio aos blocos de pedras ordenados sobre os terraços, e com Huayna Picchu no fundo. A Cidade Perdida dos Incas foi descoberta e apresentada ao mundo durante expedição em 1911 pelo Indiana Jones daquela época, o americano Hiram Bingham. As explorações e escavações nos anos seguintes extraíram muitas centenas de artefatos dos mais diversos materiais, mas atualmente não se vê nada nas construções vazias das ruínas. Entre os artefatos de metal, nada de ferro, já que os incas não sabiam como fundi-lo, apesar dessa tecnologia já existir na Mesopotâmia desde cerca de 3000 a.C. e o minério estar disponível nos Andes. As construções estão divididas em zona rural e urbana, esta subdividida em habitações vulgares e oficinas, templos, mausoléus e outros locais sagrados, residência real, ficando tudo ao redor de uma grande praça central.

 

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Com o tempo para retornar curto, apressei o passo no caminho de volta. Como para baixo todo santo ajuda, desci a pé mesmo. Há um caminho próprio para pedestres, para que não seja necessário cruzar com os ônibus que sobem a todo o momento.

O que era para ser apenas um retorno demorado mas tranquilo de van até Cuzco, virou um pesadelo. Com a chuva dos dias anteriores, cachoeiras atravessavam a estrada em diversos trechos, aumentando em muito o risco de acidente.

 

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O destemido motorista foi passando obstáculo por obstáculo, inclusive um mais difícil que da foto anterior. O problema foi quando uma montanha literalmente desmoronou sobre a pista. Game over pra gente e pra fila enorme de carros, van, ônibus e caminhões que ali estava. Como o dia já estava chegando ao fim, não tivemos opção senão passar a noite na própria van.

O fato dos assentos praticamente não reclinarem foi o de menos. Eu não tinha mais nenhuma comida sobrando, e isso ainda não foi o pior. Traumatizado em carregar excesso de peso em ascensões de altitude, depois da experiência no Vale do Colca, eu havia levado apenas a roupa do corpo! Nem uma mísera jaqueta ou calça para me aquecer nos cerca de 4000 m de altitude em que estávamos, pois por azar encalhamos num dos pontos mais altos da rodovia. Resumindo então, passei frio pra caralh*!

 

19° dia

 

Pela manhã nenhuma máquina se mexia, então para não perder meu voo seguinte, tive que abandonar o veículo, atravessar ao outro lado a pé e me unir aos demais refugiados na luta pelas poucas e caras vagas de taxistas que apareciam por lá.

 

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Depois de todo estresse, à tarde voei para Piura, com rápida escala em Lima. Consegui esse longo trecho por apenas 3 mil milhas LifeMiles da Avianca Internacional, uma promoção imperdível.

Com o sol se pondo, caminhei para fora do minúsculo aeroporto, inserido dentro da cidade de Piura. Atravessei algumas quadras e cruzei uma ponte para chegar ao centro. Como todas as construções da avenida principal estavam gradeadas, redobrei meu cuidado. Estava preocupado também se haveria ainda vagas no ônibus noturno que tomaria para o Equador, pois tinha lido relatos que o recomendável seria comprar um dia antes.

Cheguei à rótula entre a Avenida Bolognesi e a Rua Loreto Norte, onde ficava o terminal Ronco, ponto de venda de bilhetes e embarque. Por 40 soles consegui o bilhete. De fato, poderia tê-lo comprado na hora do próprio embarque, já que nem ¼ dele foi preenchido por passageiros.

 

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20° dia

 

Em Macará mais uma fronteira tranquila me aguardava, embora estivesse cambaleando de sono ao cruzá-la.

 

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Ainda era noite quando o transporte parou no terminal de Loja, a maior cidade da região. Por sorte estava para sair minha condução seguinte na mesma hora. Por menos de 2 dólares americanos embarquei a Vilcabamba. Dólares? Sim, o Equador usa a mesma moeda estadunidense, o que o encarece um pouco para nós brasileiros nesse momento.

Lá estava eu na praça principal da cidadezinha conhecida como o vale da longevidade. Enquanto as crianças caminhavam até a escola, eu sacava dólares em um dos caixas automáticos nesse lugar super seguro.

 

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Segui o GPS até a hospedagem, para só então descobrir que tinha que caminhar um bocado e ainda subir uma elevação. A distância do centro talvez seja o único ponto negativo do Hostal Izhcayluma, embora também possa ser um ponto positivo. O lugar cujo dono é um alemão é ideal para quem quer relaxar, pois se situa em meio a uma mata, possui redes e piscina, além de salão de jogos e bar para um pouco de diversão.

 

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O objetivo do dia era ir até o Parque Nacional Podocarpus, voltado à conservação da única conífera nativa do Equador. Em meio a informações desencontradas pela internet, consegui descobrir ali que poderia pegar o barato transporte de volta a Loja e parar na portaria inferior do parque em Cajanuma, já que se pode embarcar e descer dos ônibus onde se quiser, desde que seja na via por onde passam.

Quase uma hora depois cheguei lá. O problema agora seria subir os 7 km até a entrada de fato das trilhas do parque. Sorte minha que quando cheguei tinha mais gente por ali, assim consegui ir na caçamba de uma caminhonete até lá.

 

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O trecho do parque acessado por essa portaria (a outra ficava mais de uma hora adiante em Zamora) inclui 4 trilhas (senderos em espanhol): oso de anteojos, bosque nublado, los miradores e del compadre. Só não fiz a última que leva até um lago, pois necessitava um dia inteiro ou então de acampamento.

As duas primeiras são bem curtas, servindo mais como interpretação ambiental do ecossistema floresta nebular, já que há placas com informações. Vi algumas aves diferentes por ali. Além disso, a flora é diferenciada, com muitas samambaias, bromélias, trepadeiras, musgos e líquens sobre as árvores baixas.

 

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A trilha dos miradores é completamente diferente. Você continua a subida e logo sai da floresta nebular para o páramo, onde há apenas vegetação herbácea e arbustiva. A neblina constante encharca o solo (culpa também do período chuvoso), então venham com tênis à prova d’água. Também recomendo trazer uma jaqueta, pois o vento é bem frio lá no topo desprotegido da montanha. Não se deixem enganar achando que são “apenas” 5 km de trilha. Há subidas muito íngremes e o solo enlameado não permite avançar muito rápido. Cruzei com apenas uma dupla percorrendo a mesma trilha que eu, mas no sentido inverso. Outro perigo é o de escorregar e fraturar algum membro. Eu mesmo caí algumas vezes na descida, mas só me sujei.

 

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Quatro horas depois cheguei são e salvo para descer o morro e regressar a Vilcabamba. Jantei uma macarronada vegetariana monstruosa na praça principal, onde os expatriados hippies se reúnem. À noite fiquei de papo com uma suíça que estava no mesmo chalé compartilhado que eu.

 

21° dia

 

Esse foi um dia de descanso forçado. Acordei com alguma zica (espero não ter sido o Zika) que me deixou com um mal-estar, jogado na rede o dia todo, observando a natureza e relaxando. Jules, uma senhora americana muito querida da mesma habitação me auxiliou nesse dia, trazendo comida e bebida. Aproveitei pra treinar meu inglês nesse dia, pois conversamos bastante.

 

22° dia

 

Pela manhã, percorri as trilhas da hospedagem. São um prato cheio para observadores de aves, dado o número de espécies de várias cores que ocorrem em uma pequena área, como o beija-flor Amazilia amazilia.

 

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À tarde fui a outra reserva particular, a Rumi Wilco, administrada por uma argentina. Lá vi outras tantas aves, em meio a formações geológicas e matas mais densas. Entre os mais formosos está o sanhaçu-vermelho, cujo macho é vermelho e a fêmea amarela. Também ocorre no norte do Brasil.

 

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Outro atrativo da reserva, para alguns nem tanto, são os diferentes insetos. Quase na saída, próximo ao rio que passa por dentro da área, flagrei um besouro grandão, que ficou paralisado quando me viu, propiciando uma boa foto macro dele.

 

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No final da tarde tomei um lanche na praça, comprei uns artesanatos numa loja barata que ficava do lado de uma cara, e voltei a Loja para mais um trecho noturno até Piura. Só que dessa vez a imigração não foi tão tranquila. Chovia e havia um milhão de mosquitos em frente à cabine, e para piorar caiu a luz bem na hora em que passávamos.

 

23° dia

 

Enquanto procurava um Plaza Vea (rede de supermercados peruanos), achei um shopping para passar o último dia tranquilo. Comprei umas pimentas, granadillas e outros produtos típicos para levar pra casa, usei a internet liberada à vontade enquanto me refrigerava fugindo do calor da rua, e vi um filme.

 

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O voo atrasou, ainda bem que não o suficiente para perder a conexão seguinte para Porto Alegre. E ainda ganhamos um lanche extra no aeroporto. Ufa, foi assim que terminou essa aventura, espero que tenham gostado!

 

Para relatos mais profundos e específicos de cada lugar com dicas de economia, podem acessar meu blog de viagem, focado em cultura, aventura e natureza: http://rediscoveringtheworld.com ;)

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