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Marrocos: Tanger & Chefchaouen - 3 dias


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Oi pessoal,

Atualmente estou fazendo intercâmbio acadêmico em Rabat, capital do Marrocos, e no feriado do ano novo muçulmano (03/10) aproveitei para visitar Tanger e Chefchaouen. Escrevi esse relato no meu blog, onde também adicionei algumas fotos.

 

Caso você queira conferir o blog, o link é esse: https://wordpress.com/posts/danirodando.wordpress.com

 

Aqui vai o relato,

 

Nas primeiras duas semanas aqui no Marrocos foram o que eles chamam de “semanas introdutórias”. Não tivemos aulas propriamente dito, mas algumas palestras e atividades para introduzir ao que é Rabat, o Marrocos e a universidade. De posse da programação da semana, notei que na sexta-feira da segunda semana (30/09) não teríamos nada. Como segunda-feira (dia 03/10) era feriado aqui no Marrocos, por conta do ano novo muçulmano, pensei logo eu: “é uma ótima oportunidade para uma p’tit voyage, n’est-ce pas?”. Eu sendo eu, rs!

 

Ps: só por efeito de curiosidade, aparentemente os marroquinos não ligam para esse feriado, não vimos absolutamente nenhum sinal de comemoração.

 

Os outros alunos intercambistas também tiveram a mesma ideia e, ao juntarmos 11 pessoas, decidimos ir para o norte antes que o inverno esfrie o país todo. E na sexta-feira de manhã pegamos o trem rumo à cidade de Tanger, que fica entre o atlântico e o estreito de Gibraltar, bem próximo da Espanha (da pra pegar um barco e em 20min você chega em Algeciras). Para quem não sabe, nessa região do país (o norte) a colonização foi espanhola e não francesa, então proporcionalmente menos pessoas falam o francês e muitos falam o espanhol. Inclusive no darija do norte (darija é como o dialeto árabe marroquino é chamado) mistura muitas palavras em espanhol, como o darija de Rabat também se apropriou de vocabulário da língua francesa. Bueno, entoces cambiamos al castellano, no hay problema.

 

Reservamos um hotel pelo booking.com e o que eu sei é que 2 noites em HOTEL, com café da manhã (que era ótimo por sinal), saíram uns 28 euros/pessoa. A passagem de trem custava uns 18 euros ida e volta, então o fim de semana - aparentemente - não sairia muito caro. Doce ilusão: Tanger é caríssima! Pelo menos se compararmos com os preços em Rabat (claro que se você converter para real tudo sai à metade do preço, mas é melhor começar a pensar em dirhams e esquecer os reais). Chegamos ao redor de meio dia, fomos para a medina (depois de ser extorquidos pelos taxistas por não ter noção da distância da estação de trem para a medina - não paguem mais do que 15 dirhams (pagamos 50), se vocês fizerem esse trajeto!). Estávamos famintos e era sexta-feira - o que no Marrocos significa COUSCOUS!!! -, de forma que começamos a procurar um lugar para comer. O problema é que, acostumados com a realidade não tão turística de Rabat, nos assustamos porque os preços eram simplesmente o dobro! Acabamos comendo um couscous não tão bom num restaurante super agradável, porém caríssimo (um couscous saiu 64 DH/pessoa). O problema é que na hora de pagar teve alguma confusão que confesso não ter entendido muito bem, porque preferi me afastar. Acho que o problema foi que não deixamos gorjeta, só que também não gostamos da comida nem do serviço, isso fora que a conta estava errada (para mais, claro).

 

Passamos o dia visitando a medina (que é como a parte antiga das cidades são chamadas aqui nos países do Magreb) e a kasbah (cidade murada). São lindas, lindas, vale à pena perder o dia andando nas ruelas e descobrindo tudo o que tem no souk, nas lojas, nos salons de thé, etc. Na kasbah visitamos o Museu das Culturas do Mediterrâneo (ou algo similar), onde se contava sobre a historia da região e a relação com outras partes do mediterrâneo, como a Grécia, o Império Romano, a Península Ibérica, o Império Otomano, etc. O museu não é muito grande, mas é super interessante e fica numa casa em estilo Al-Andalus (ou seria marroquino mesmo? ahahahah). Uma amiga intercambista, que é de Cordoba (Espanha), se sentiu em casa, não só porque a arquitetura é muito parecida com a do sul da Espanha, mas também o fato de falarem castellano, dos jardins, enfim tudo é parecido. Depois de séculos de árabes vivendo na península ibérica não há santa inquisição que consiga apagar seus rastros, não é mesmo?

 

Nós queríamos visitar Chefchaouen (la Perle Bleu - Pérola Azul, como dizem aqui no Marrocos), que é uma cidade que fica a 2/3 horas de Tanger, subindo as montanhas. Estávamos na dúvida sobre dormir uma noite lá ou passar o dia e voltar para Tanger. Acabamos decidindo passar o dia, então precisávamos conferir meios de se chegar na cidade. Fomos no hotel perguntar sobre ônibus e grand taxi (são taxis coletivos que tem permissão para fazer viagens entre cidades no país), já que não dá para ir de trem. Os horários do ônibus eram horríveis e ainda demorava muito, então nos restou negociar com os taxistas (Gsuis!). Sei é que queriam nos cobrar 1.000 DH (da uns 90€), a ser dividido por 6 pessoas. Conseguimos por 750 DH (ainda acho que pagamos caro, dava pra conseguir por menos, rs!), mas tudo bem.

 

Saímos de manhã e em 2:30 mais ou menos chegamos em Chefchaouen. Na hora já bateu a sensação de que valeu cada centavo, a cidade é pequenininha e fica numa encosta, com aquelas casinhas antigas todas amontoadas, formando umas ruelas e becos por onde se caminha. Desce um rio da montanha e dizem que se pode beber a água dele, que é a mais pura do Marrocos. Confesso que depois de ter uma experiência não tão boa com a água de Cuba eu estava meio cético, mas terminei me rendendo e não tive nenhum problema. Se vocês forem, aproveitem que a fonte é de graça e bebam encham as garrafas! Começamos a visita por cima, afinal pra baixo todo santo ajuda, não é mesmo? Você vai descendo as ruelas e é lindo, super agradável, com lojas, cafés, e casas onde vivem pessoas, em meio a oliveiras e parreiras. Às vezes me sentia estranho, porque sei lá… é tanto turista andando na janela das pessoas, parece meio invasivo. O certo é que subimos e descemos as ladeiras, visitamos a kasbah e foi maravilhoso. Almoçamos em um restaurante (foi ótimo e os preços são bem mais em conta que em Tanger, gente!) e depois rumamos para uma mesquita que fica no alto de um morro, de onde daria para ter uma visão panorâmica da cidade. A mesquita em si é super sem graça, mas a vista vale à pena!

 

Um ponto positivo em Chefchaouen é que o assedio não é grande, apesar de ser muito turístico. Você anda tranquilamente pela cidade e ninguém fica te perturbando pra entrar numa loja ou insistindo pra comprar souvenirs. Além, claro, de serem muito simpáticos e receptivos, apesar da fama que as pessoas dessa região têm (entre os marroquinos) de serem conservadores e arrogantes.

 

Voltamos para Tanger ao redor das 18h e chegando fomos direto pra orla comer frutos do mar. Eu e minha amiga espanhola arriscamos uma paella, mas foi uma péssima escolha! Não era uma paella, era arroz com dois camarões e uns pedaços de lula. Tipo, o gosto era estanho e tinha muito pouco frutos do mar, pelo menos não foi tão caro (25 DH, o que para Tanger ta ótimo, rs). Minha amiga ficou muito, mas muito irritada, ela repetia que se sentiu ofendida - como espanhola - por eles chamarem aquilo de paella, rs.

 

Voltando para o hotel já tínhamos que novamente negociar o preço do taxi para ir para as Grottes d’Hercules, nos arredores de Tanger, já que o transporte público não funciona muito bem e os táxis comuns não podem ir lá (aqui no Marrocos os taxis comuns - com taxímetro - só podem circular dentro das cidades). Depois de negociar fomos procurar um restaurante na orla para comer frutos do mar. Nesse lugar, segundo a mitologia grega, havia um dragão que guardava a macieira das maçãs de ouro, que garantiam imortalidade a quem as comessem. São umas grutas à beira-mar, num lugar super bonito. O fato é que eu achei muito pega turista, eles cobram entrada em uma das grutas (a mais sem graça de todas), sendo que ela ta toda trabalhada, é super pequena e tem uma loja e uma pessoa com macacos cobrando por fotos com turistas. Primeiro que eu sou super contra explorar animais desse jeito, segundo que a caverna não era nada de especial. Na segunda e maior de todas não se paga nada para entrar, ela é bem maior e pode-se ver o mar de dentro dela. Pagamos 350 DH no taxi, mas acho que saiu caro porque era uma passeio de tipo 3h… se vocês forem negociem para pagar menos, porque é realmente muito perto de Tanger. Voltamos para a medina, tentamos visitar a sinagoga (que é a única a ainda funcionar no Marrocos), mas estava fechada. No final da tarde pegamos o trem de volta para Rabat, já que o dinheiro começava a escassear, rs.

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