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Day trip para Bratislava (Eslováquia)


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O dia amanhecera em Viena (Áustria) e eu me mandei para a estação de trem Westbahnhof. Fui ao guichê checar a necessidade de um bilhete adicional ao meu passe (lembra o sufoco que passei no trecho Istambul-Bucareste?), pois o mesmo não era válido na Eslováquia. Mas a atendente disse que estava tudo ok e lá fui eu – sem confiar muito nela.

 

Embarquei desconfiado e torcendo para que ninguém viesse conferir meu bilhete. A viagem transcorria bem e eu, aos poucos, fui me acalmando – mas ainda temia uma multa ou situação constrangedora. Eu deveria descer na segunda estação de Bratislava e apenas um minuto antes de chegarmos aparece um homem para checar os bilhetes. Ele se aproximou e eu lhe mostrei o meu passe. Adivinha? Tudo ok! E o trem parou. Aliviado, desembarquei para conhecer a cidade.

 

Quem assistiu ao filme O Albergue certamente gravou o nome da capital da Eslováquia. Bratislava ficou mundialmente conhecida entre os jovens devido a esse filme que mostra mochileiros estrangeiros sendo seduzidos por lindas garotas em um albergue, para depois serem cruelmente torturados e assassinados por integrantes de um clã de psicopatas (Elite Hunting) que partilhavam o prazer de pagar para matar. E eu, que nunca tinha ouvido falar da cidade, a incluí no meu roteiro.

 

A primeira impressão foi ótima. Logo que cheguei me dirigi ao balcão de informações turísticas onde recebi um mapa e um guia super bem estruturados. Em direção ao centro, passei pelo belo Palácio Grassalkovich (ou Palácio Presidencial) que possui, a sua frente, uma interessante fonte – e um popular ponto de encontro.

 

Em seguida passei pelo Michalská Brána (Portão de São Miguel), a única passagem e torre que está de pé desde os tempos medievais. Construída no início do século 14, hoje sua aparência barroca deve-se a uma repaginação feita em 1758, ano em que também ganhou sua cereja – a estátua de São Miguel e o dragão. No local funciona o Museu de Fortificação Medieval. Interessante também é sentar em algum dos disputados barzinhos da rua Michalská, que cruza o Portão.

 

A caminho do castelo, encontrei a Katedrála Svätého Martina (Catedral de São Martinho) – dita a maior e uma das mais antigas igrejas da capital – é conhecida por ter sido o local das coroações do Reino da Hungria entre 1563 e 1830. Aliás, dizem que durante as coroações, as águas jorradas pelas fontes da cidade eram substituídas por vinho! Voltando à igreja, os destaques são os grandes vitrais e para o sepulcro no subsolo.

 

A interminável subida até o Bratislavský Hrad (Castelo de Bratislava) vale mais a pena pelas vistas que se têm da cidade, da Nový Most (Ponte Nova) e do rio Danúbio, que pelo castelo em si. Entretanto, mesmo não sendo nenhuma maravilha, o castelo é um símbolo da cidade.

 

Depois de descer todo o caminho do morro, fui até a praça Hlavné námestie (a Praça Principal) que abriga o Múzeum Mesta Bratislavy (Museu da Cidade de Bratislava) que, por sua vez, ocupa o prédio da Stará Radnica (Antiga Prefeitura) datado de 1421. Logo atrás, fica a Primaciálne námestie (Praça Primacial) onde está localizado o clássico Primaciálny Palác (Palácio Primacial), dono de uma elegante fachada cor-de-rosa, que foi palco da abolição da servidão húngara e da assinatura de um tratado de paz entre Napoleão Bonaparte e o príncipe da Áustria.

 

Eu já estava com fome e, seguindo a indicação de uma vendedora de suvenires que encontrei pelo caminho, fui até o Slovenská Reštaurácia (literalmente Restaurante Eslovaco) para experimentar o típico bryndzové halušky (nhoque com queijo de cabra e bacon), bem acompanhado pela cerveja Zlatý Bažant (Faisão Dourado) pra refrescar.

 

Em frente ao restaurante fica a Hviezdoslavovo námestie, uma praça comprida e bem arborizada, com fontes e a estátua de Pavol Orszégh Hviezdoslav, poeta e dramaturgo eslovaco que dá nome ao local. Uma das extremidades da praça termina no Slovenské Národné Divadlo (Teatro Nacional Eslovaco) onde ocorrem espetáculos de drama, operas e balés.

 

Ao andar pelas ruas de Bratislava, o difícil é não encontrar alguma estátua que desperte a curiosidade, há pelo menos 11 delas espalhadas pela capital – e cada uma remete a uma história interessante. Duas que me chamaram a atenção são: Čumil e Schone Naci. A primeira (localizada na esquina das ruas Laurinská e Panská) é a mais popular entre os turistas e reproduz um senhor de chapéu, debruçado pra fora de um bueiro, observando quem passa por ali – uma das versões diz que ele olha por baixo das saias das mulheres. Reza a lenda que ao tocar o chapéu dele e fazer um pedido, o mesmo se realizará mas você deve guardar em segredo! A segunda (na rua Sedlárska) é a única estátua prateada (todas as demais são bronze) e reproduz um homem elegantemente vestido, saudando quem passa com uma cartola na mão. O detalhe é que ele realmente existiu e chamava-se Ignac Lamar. A história conta que uma desilusão amorosa o deixou louco e, depois disso, ele era visto pelas ruas oferecendo flores para as mulheres que escolhia aleatoriamente.

 

Outra história curiosa, embora sinistra, é sobre Agatha Toott Borlobaschin. Há placa comemorativa na calçada da Hurbanovo námestie referindo-se à sua morte, como sendo a primeira bruxa queimada na cidade de Bratislava, no ano de 1602.

 

Mas, fora a intolerância com as bruxas, cadê a Bratislava assombrosa do filme? Boa pergunta. Pelo que li, as filmagens não foram feitas na cidade, por isso pesquisei mas não achei nenhuma locação. O que encontrei foi uma cidade muito gostosa de se visitar, tranquila e com uma atmosfera provinciana. Mas… E se eu tivesse pernoitado por lá? Qual albergue eu escolheria? O que poderia ter acontecido naquela noite? Será que eu estaria vivo para escrever este blog? Bom, isso jamais saberemos! Rs

 

O tempo havia fechado e eu, com o roteiro concluído, andei depressa até a estação. Em pouco menos de uma hora de viagem desembarquei tranquilo em Viena – mesmo após um cobrador dizer que o meu passe não era válido para aquele trecho, dá pra entender?

 

Na manhã seguinte, acordei bem cedo e peguei o trem com destino a Praga, capital da República Tcheca.

 

Leia o post original com fotos: http://viajanteinveterado.com.br/day-trip-para-bratislava-eslovaquia/

 

Este é o 44º post da série Mochilão na Europa I (28 países). Leia os outros posts da série: http://www.viajanteinveterado.com.br/category/grandes-viagens/mochilao-na-europa-i-28-paises/

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  • 2 anos depois...
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Em 30/12/2016 em 17:22, Viajante Inveterado disse:

O dia amanhecera em Viena (Áustria) e eu me mandei para a estação de trem Westbahnhof. Fui ao guichê checar a necessidade de um bilhete adicional ao meu passe (lembra o sufoco que passei no trecho Istambul-Bucareste?), pois o mesmo não era válido na Eslováquia. Mas a atendente disse que estava tudo ok e lá fui eu – sem confiar muito nela.

 

Embarquei desconfiado e torcendo para que ninguém viesse conferir meu bilhete. A viagem transcorria bem e eu, aos poucos, fui me acalmando – mas ainda temia uma multa ou situação constrangedora. Eu deveria descer na segunda estação de Bratislava e apenas um minuto antes de chegarmos aparece um homem para checar os bilhetes. Ele se aproximou e eu lhe mostrei o meu passe. Adivinha? Tudo ok! E o trem parou. Aliviado, desembarquei para conhecer a cidade.

 

Quem assistiu ao filme O Albergue certamente gravou o nome da capital da Eslováquia. Bratislava ficou mundialmente conhecida entre os jovens devido a esse filme que mostra mochileiros estrangeiros sendo seduzidos por lindas garotas em um albergue, para depois serem cruelmente torturados e assassinados por integrantes de um clã de psicopatas (Elite Hunting) que partilhavam o prazer de pagar para matar. E eu, que nunca tinha ouvido falar da cidade, a incluí no meu roteiro.

 

A primeira impressão foi ótima. Logo que cheguei me dirigi ao balcão de informações turísticas onde recebi um mapa e um guia super bem estruturados. Em direção ao centro, passei pelo belo Palácio Grassalkovich (ou Palácio Presidencial) que possui, a sua frente, uma interessante fonte – e um popular ponto de encontro.

 

Em seguida passei pelo Michalská Brána (Portão de São Miguel), a única passagem e torre que está de pé desde os tempos medievais. Construída no início do século 14, hoje sua aparência barroca deve-se a uma repaginação feita em 1758, ano em que também ganhou sua cereja – a estátua de São Miguel e o dragão. No local funciona o Museu de Fortificação Medieval. Interessante também é sentar em algum dos disputados barzinhos da rua Michalská, que cruza o Portão.

 

A caminho do castelo, encontrei a Katedrála Svätého Martina (Catedral de São Martinho) – dita a maior e uma das mais antigas igrejas da capital – é conhecida por ter sido o local das coroações do Reino da Hungria entre 1563 e 1830. Aliás, dizem que durante as coroações, as águas jorradas pelas fontes da cidade eram substituídas por vinho! Voltando à igreja, os destaques são os grandes vitrais e para o sepulcro no subsolo.

 

A interminável subida até o Bratislavský Hrad (Castelo de Bratislava) vale mais a pena pelas vistas que se têm da cidade, da Nový Most (Ponte Nova) e do rio Danúbio, que pelo castelo em si. Entretanto, mesmo não sendo nenhuma maravilha, o castelo é um símbolo da cidade.

 

Depois de descer todo o caminho do morro, fui até a praça Hlavné námestie (a Praça Principal) que abriga o Múzeum Mesta Bratislavy (Museu da Cidade de Bratislava) que, por sua vez, ocupa o prédio da Stará Radnica (Antiga Prefeitura) datado de 1421. Logo atrás, fica a Primaciálne námestie (Praça Primacial) onde está localizado o clássico Primaciálny Palác (Palácio Primacial), dono de uma elegante fachada cor-de-rosa, que foi palco da abolição da servidão húngara e da assinatura de um tratado de paz entre Napoleão Bonaparte e o príncipe da Áustria.

 

Eu já estava com fome e, seguindo a indicação de uma vendedora de suvenires que encontrei pelo caminho, fui até o Slovenská Reštaurácia (literalmente Restaurante Eslovaco) para experimentar o típico bryndzové halušky (nhoque com queijo de cabra e bacon), bem acompanhado pela cerveja Zlatý Bažant (Faisão Dourado) pra refrescar.

 

Em frente ao restaurante fica a Hviezdoslavovo námestie, uma praça comprida e bem arborizada, com fontes e a estátua de Pavol Orszégh Hviezdoslav, poeta e dramaturgo eslovaco que dá nome ao local. Uma das extremidades da praça termina no Slovenské Národné Divadlo (Teatro Nacional Eslovaco) onde ocorrem espetáculos de drama, operas e balés.

 

Ao andar pelas ruas de Bratislava, o difícil é não encontrar alguma estátua que desperte a curiosidade, há pelo menos 11 delas espalhadas pela capital – e cada uma remete a uma história interessante. Duas que me chamaram a atenção são: Čumil e Schone Naci. A primeira (localizada na esquina das ruas Laurinská e Panská) é a mais popular entre os turistas e reproduz um senhor de chapéu, debruçado pra fora de um bueiro, observando quem passa por ali – uma das versões diz que ele olha por baixo das saias das mulheres. Reza a lenda que ao tocar o chapéu dele e fazer um pedido, o mesmo se realizará mas você deve guardar em segredo! A segunda (na rua Sedlárska) é a única estátua prateada (todas as demais são bronze) e reproduz um homem elegantemente vestido, saudando quem passa com uma cartola na mão. O detalhe é que ele realmente existiu e chamava-se Ignac Lamar. A história conta que uma desilusão amorosa o deixou louco e, depois disso, ele era visto pelas ruas oferecendo flores para as mulheres que escolhia aleatoriamente.

 

Outra história curiosa, embora sinistra, é sobre Agatha Toott Borlobaschin. Há placa comemorativa na calçada da Hurbanovo námestie referindo-se à sua morte, como sendo a primeira bruxa queimada na cidade de Bratislava, no ano de 1602.

 

Mas, fora a intolerância com as bruxas, cadê a Bratislava assombrosa do filme? Boa pergunta. Pelo que li, as filmagens não foram feitas na cidade, por isso pesquisei mas não achei nenhuma locação. O que encontrei foi uma cidade muito gostosa de se visitar, tranquila e com uma atmosfera provinciana. Mas… E se eu tivesse pernoitado por lá? Qual albergue eu escolheria? O que poderia ter acontecido naquela noite? Será que eu estaria vivo para escrever este blog? Bom, isso jamais saberemos! Rs

 

O tempo havia fechado e eu, com o roteiro concluído, andei depressa até a estação. Em pouco menos de uma hora de viagem desembarquei tranquilo em Viena – mesmo após um cobrador dizer que o meu passe não era válido para aquele trecho, dá pra entender?

 

Na manhã seguinte, acordei bem cedo e peguei o trem com destino a Praga, capital da República Tcheca.

 

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Este é o 44º post da série Mochilão na Europa I (28 países). Leia os outros posts da série: http://www.viajanteinveterado.com.br/category/grandes-viagens/mochilao-na-europa-i-28-paises/

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