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Viagem de 42 dias, 15.500 km de Biz por 5 países gastando R$3.000,00


Posts Recomendados

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12º dia

17 de dezembro de 2016

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Trajeto do dia.

 

Depois de uma boa noite de sono em um lugar pra lá de sinistro voltei pra estrada. Tinha mais de 200 km de estradas de chão para percorrer e um banho em uma fonte termal para restabelecer minhas forças perdidas nestes dias de muito off-road por desertos e salares.

 

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Mais um tombinho.

 

Inicialmente a estrada era bem firme dava pra manter 80 km/h, mas depois de mudar de estrada a coisa mudou passou a ser uma estrada de areia intercalada com partes com pedras soltas e sem sinalização que tornava a decisão de por qual caminho seguir uma questão de sorte acertar. Neste trecho comprei mais um terreno em uma bolsa de areia. Eu tinha saído do acampamento perto das 7 da manhã e pelas 9 eu chegava na divisa com a Bolívia, eu teria que andar uns 5 km dentro da Bolívia para então voltar ao Chile. Nesta região não tem aduana, ao chegar na fronteira eu ainda não tinha certeza de que ali era a fronteira, então parei pra perguntar à um grupo de umas 10 pessoas que estavam sentados lá no deserto, longe de tudo não sei o que faziam lá. Era muito frio ainda, tinham lagos com água congelada pelo caminho. Ao para a moto para perguntar se eu estava no caminho certo percebi que um dos caras estava com uma metralhadora, o cara não estava uniformizado, gelei na hora, perguntei sobre o salar de Surire e me apontaram uma montanha, disseram que era do outro lado. Segui então por uma estradinha que subia aquela montanha. Estradinha bem ruim com areia, ingrime e a uma altitude de mais de 4.000 metros. Antes de começar a subida passei pelo marco que indica a fronteira. Na subida a moto não teve forças pra subir devido a altitude e inclinação da estrada, tive que ajudar a empurrar, parcelei em 5 trechos e com muito esforço cheguei ao topo a 4.400 metros de altitude.

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Divisa Chile/Bolívia

 

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Salar de Surire

 

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Salar de Surire

 

Do topo era possível avistar todo o salar, que eu imaginava ser maior. Desci sem pressa apreciando a beleza do local. Cheguei à terma de Polloquere no salar de Surire eram 10 da manhã com um frio ainda perto de zero. Li as recomendações da placa que tinha na entrada da terma, onde avisava para não exceder os 15 minutos de banho, lavar-se com água doce imediatamente após sair do banho, pois a água tem sais, enxofre e é sulfurosa com temperatura de 65º C. Quente pra caramba.

Eu estava sozinho no local. Coloquei uma garrafa de água pra esquentar, fiquei de cueca e fui pra água. A sensação é a mesma de quando no verão você põe o chuveiro na posição inverno, inicialmente parece que vai queimar, mas aí você vai relaxando e fica gostoso. O cheiro da água não é nada bom, parece ovo podre por conta do enxofre. Fiquei lá por 15 minutos, ao sair usei os 2 litros de água que tinha deixado esquentando pra tirar a água da terma do meu corpo. Foi interessante como eu não senti frio depois de sair da terma, mesmo estando muito frio, me enxaguei e me vesti sem passar frio.

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Banho na terma.

 

Após o banho segui margeando o salar até pegar uma estrada que subia uma montanha para seguir para Arica. Passei por algumas vilas e em uma descida bem ingrime com muitas pedras soltas. No meio da montanha aparecem dois pastores alemães quem vem atrás de mim e eu não podia acelerar, me arrepiei inteiro, os cachorros me acompanharam por um trecho, mas interessados na roda dianteira pra minha sorte.

 

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Abaixo fotos da estrada entre o Salar de Surire e Arica

 

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Um boi perdido nos Andes

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Em uma parte da estrada, de uns 150 km, nenhum veículo cruzou por mim, uma estrada estreita e com milhões de curvas que passava sobre a borda de um cânion, muito bonita a visão que algumas vezes quase me tirou da estrada por prestar mais atenção à volta da estrada que à ela.

Cheguei no asfalto da ruta A-35 já passava das 15 horas. Segui então para Arica, abasteci o suficiente pra chegar à Tacna no Peru e segui para a aduana.

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Deixando o Chile

 

Fiz a saída do Chile e segui para o lado peruano. Fui comprar a guia pra dar entrada na imigração do Peru, esta guia é comprada na lanchonete acima da imigração, a atendente me pediu 700 pesos chilenos, quase 4 reais, ou 2 soles. Eu não tinha nenhuma das moedas, então mostrei 2 reais e ela aceitou, disse que ia guardar de recordação.

Após a aduana segui para fazer o SOAT, seguro tipo carta verde, mas não aceitavam nem dólar, nem real e também não tinha cambistas ali, eu teria que ir até Tacna pra fazer o câmbio e lá contratar o seguro. Já estava pra escurecer quando eu estava a caminho de Tacna, então decidi ir acampar na praia, achei uma ruazinha e segui em direção ao mar, muito areão e o mar parecia nunca chegar, devo ter levado mais de meia hora pra chegar. Ao chegar na praia achei um jeito de entrar na areia e segui rumo norte por uns 5 km até achar um lugar longe da civilização, mesmo assim ainda tinha, era perto de uma lavoura de melancia e ainda tinha gente na roça, mas acampei mesmo assim. Eram trabalhadores não iam vir me fazer algum mal.

Montei a barraca enquanto o sol descia no mar do Pacífico. Uma visão muito linda que sempre sonhava, meus acampamentos anteriores na costa do Pacífico não tinham propiciado um por do sol tão bonito antes.

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Hotel de frente para o mar.

 

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Por do sol magnífico.

 

Quilometragem do dia: 350 km

Quilometragem acumulada: 4450 km

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13º dia

19 de dezembro de 2016

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Trajeto do dia.

 

Acordei com o barulho de milhares de aves que ficam pela praia, desmontei minha barraca e arrastei a moto até a areia dura. Segui de volta por onde eu vim e peguei uma saída da praia diferente, areia mais fofa a moto atolou até o motor encostar no chão, ela patinava e quase não saia do lugar, até que um cara veio dar uma mão, empurrou a moto e consegui sair de lá. Cheguei em Tacna era 7 e pouco da manhã, ia ter que esperar até as 9 a seguradora abrir.

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Tirando um pouco do sal.

 

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Praça central de Tacna.

 

Fui para a praça central e fiquei por lá pensando no trajeto que faria nos próximos dias. Fui até um policial de transito perguntar onde teria uma casa de câmbio, ele me indicou cambista que ficam na rua umas duas quadras acima e então começamos a conversar sobra minha viagem e as coisas bonitas pra ver no Peru e ele também deixou claro a preocupação que eles tem pelos turistas, pois sabem que nos levamos dinheiro pra lá e por isso tentar nos tratar da melhor forma. Me deu algumas recomendações de segurança também. No geral a polícia Peruana foi sempre muito solicita e simpático, tanto quando eu era parado por eles ou quando eram parados por mim Achei um cambista e troquei 100 dólares, pensava em trocar o restante em Lima.

As 9 fui até a correto e fiz o SOAT pra 30 dias ao custo de R$170,00, aproveitei pra usar o wifi e mandar notícias e em seguida fui pra estrada, neste dia seria somente asfalto, nada de aventura. Segui pela Carretera Panamericana, que segue por toda a costa do Peru passando por inúmeras praias, falésias e as vezes entra um pouco no deserto. O vento pra quem segue rumo norte é sempre nas costas e para a Biz carregada foi muito bom, sem contar que pouca areia consegue entrar pelo capacete, pois as vezes tem muito vento e tempestades de areia não são raras.

Meu destino era a região de Arequipa para no dia seguinte seguir para a nascente do Rio Amazonas. Não tinha nenhum ponto para visitar neste trecho, então era aproveitar o asfalto lisinho e o vento a favor e acelerar.

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Pelas 17 horas eu já tinha abandonado a beira mar e entrado em direção a Arequipa. Depois de subir até uns 3.500 metros de altitude começa um deserto, propriedade da aeronáutica que é usado para praticas de tiro não muito legal pra acampar. No meio deste deserto, uns 100 km antes de Arequipa, avistei um galpão, daqueles de lona, com casas de alojamento ao lado e que parecia não ter ninguém, fui lá conferir e realmente estava abandonado, fizeram e deixaram lá. Minha intenção era acampar no galpão, mas tinha um dos alojamentos com a porta aberta e ele era feito com placar de isopor, tipo câmara fria, então montei minha barraca la dentro protegido do frio e do vento. Aproveitei também pra trocar o filtro de ar da moto que estava bem sujo devido aos dias de off que encaramos.

Quilometragem do dia: 380 km

Quilometragem acumulada: 4830 km

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14º dia

20 de dezembro de 2016

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Trajeto do dia.

 

Após uma boa noite de sono, sem vento, frio nem calor e sobre um piso plano eu segui para um dos principais objetivos da viagem, a nascente do Rio amazonas.

Teria que cruzar Arequipa, uma grande cidade e como todas as grandes cidades do Peru com trânsito tumultuado e pouca sinalização quanto as saídas da cidade e pra ajudar meu GPS funciona quando quer. Eu tenho que saber o nome da rua pra me localizar nos mapas e então ir definindo quais as ruas eu devo tomar e para isso sempre perguntando para policiais, porque as ruas não tem placa indicando o nome em sua maioria.

Vi que poderia passar por fora do centro e com isto ganhar tempo, fui perguntando e em cerca de uma hora sem muitas perdidas consegui sair da cidade. Agora seguia em direção a cordilheira com a bela vista do vulcão Misty com seu cone perfeito e do vulcão Chachani. A carretera que sigo passa contornando o Chachani. Quando estou atrás dele vejo no horizonte um vulcão entrar em erupção, um sonho que tinha era ver isto. Estava a uns 100 km em linha reta do vulcão. Parei as margens da carretera, peguei pão e sardinha e almocei ali mesmo apreciando aquela visão. Não era uma grande erupção, de 10 em 10 minutos ele expelia uma coluna de cinzas de uns 2.000 metros de altura, mas pra mim já era suficiente. Fiquei lá uns 40 minutos e segui meu caminho.

 

 

 

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Vulcão Sabancaya

 

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No roteiro que tinha feito apontava 70 km de estrada de chão para chegar a Chivay, para minha sorte eu estava errado e era asfaltado em partes, estavam recapando e peguei só uns 15 km de estrada de chão. No meio desta estrada eu vi uma placa apontando 3 km inscrições rupestres e uma seta apontando para uma estrada de chão. Fui lá ver. Desci então pela estrada e 5 km depois cheguei a uma pequena vila que ficava em volta de uma estação de trem, já tudo abandonado, parecia coisa de faroeste. Vi uma roda de caminhão com um pendulo dizendo para tocar, não toquei, afinal não via sinal de vida na cidade. Procurei alguma indicação para as inscrições e nada, quando eu já estava pensando em voltar ouço um berro ao longe. Era a única pessoa que morava lá, um senhor de uns 65 anos já bem judiado pelo sol e pela vida dura que levava ali e seu cachorro. Esperei ele chegar, ele falou que custava 5 soles para ir ver as inscrições e que ficava a uns 3 km dali. Ele me deu a chave da "cueva" e segui para lá, deixei a moto num estacionamento que ficava a uns 500 metros da "cueva".

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Cidadezinha abandonada

 

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Cidadezinha abandonada

 

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La Cueva

 

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Os desenhos

 

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A Biz descansando

 

As inscrições estavam em uma caverna em um vale uns 100 metros abaixo do estacionamento, desci até na expectativa de ter coisa legal e valer a pena a descida e subida. Cheguei lá e não me impressionaram os desenhos, mas vale a visita. Os desenhos mostram o cotidiano do povo que viveu ali a milhares de anos, mostra os animais e a rotina deles que era plantar e caçar.

Subi o vale fazendo algumas paradas para descansar, estava a quase 4.000 metros de altitude e ali qualquer movimento já cansa, ao chegar no estacionamento a moto que já estava cansada de me esperar resolveu deitar, o vento era forte.

Voltei para a vila, devolvi a chave da "cueva" e voltei para a estrada. Para chegar a Chivay, que fica no vale do Colca, eu ainda tinha que passar uma montanha, esta passagem fica a 4.900 metros de altitude e como toda passagem de montanha nos Andes é muito bonita em função das mais variadas cores e formas das rochas. No alto da montanha tem um mirante que se pode observar todos os vulcões da região, são vários e todos indicados por placas com o nome e altitude. De lá eu podia ver o vulcão que estava em erupção, era o Sabancaya. Tinham várias cholas vendendo artesanatos e roupas tipicas lá. Por curiosidade perguntei quanto era uma blusa de lã de alpaca e custava 40 soles, 40 reais, não pude não comprar.

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Desci então para Chivay, uma cidade antiga com construções coloniais e agitada por turistas do mundo inteiro que vem até a cidade para percorrer o cânion Colca, o mais profundo do mundo. Cheguei lá as 16:30. A cidade está a 3.635 metros de altitude e a nascente a 5.173 metros separadas por 47 km de estrada, sendo 22 km de asfalto e 25 km de chão. Pensei que daria tempo de chegar até a nascente durante o dia e sabia que teria que voltar parte do caminho no escuro. A estrada que liga Chivay ao distrito de Tuti foi um dos trechos mais lindos que percorri nesta viagem, o sol poente dava uma iluminação toda especial ao cânion que é todo cultivado em andenes incas com um rio de águas cristalinas correndo ao centro. Estrada super recomendada a que vai a Chivay.

Comecei então a subir a montanha após deixar o asfalto. Eu tinha fotos por satélite com o roteiro traçado, pois as estradas não estavam mapeadas no GPS. A estrada até certa altura estava em boas condições, mas depois foi piorando, muitas pedras soltas e valetas cortadas pelas chuvas de dias anteriores. Em certa altura a estrada passa a ser um trilho bem marcado em meio ao deserto e a estrada que sai da principal para o Nevado Mismi nada mais é que alguns trilhos de carro, passei direto. Continuei seguindo no caminho errado por uns 8 km até me dar conta de que estava no caminho errado. Olhei para meus mapas, tentei reconhecer o relevo para me localizar e achei que um cerro que estava atrás de uma colina era o Nevado Mismi, sai da estrada em direção ao cerro, andei uns 1000 metros até depois da colina achando que teria uma estrada lá que me levaria a nascente e não tinha. O caminho fora de estrada era sobre pedras e moitas de capim, uma dessas moitas pegou na carenagem frontal e quebrou. No meio do caminho voltando para a estrada algumas vicuñas pararam e ficaram me olhando espantadas, nunca devem ter visto um maluco andando de moto no meio do nada ali. Algum tempo depois voltei para a estrada e o sol estava pra se por em pouco tempo, não tinha como chegar até a nascente e eu não podia voltar para a cidade sem chegar à nascente. Olhei no GPS a altitude, estava a 4.800 metros, acampar ali seria muito frio, alias já estava muito frio e ventava um pouco, mas não tinha jeito eu precisava achar um lugar pra acampar. Segui pela estradinha até achar um daqueles locais onde as vicuñas fazem de banheiro, elas defecam sempre num mesmo lugar e isto cria uma clareira no meio das moitas de capim.

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Chivay

 

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Praça das Armas

 

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Vale do Colca

 

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Perdido em algum lugar perto da nascente co Rio Amazonas.

 

Escolhi um lugar com menos coco de vicuña, tirei umas pedras que me incomodariam pra dormir e montei a barraca. Peguei todas as roupas que eu tinha, sabia que ia precisar, vesti elas e fui tentar dormir, com o vento batendo na lona e o frio, para no dia seguinte

tentar achar a nascente.

Quilometragem do dia: 290 km

Quilometragem acumulada: 5120 km

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15º Dia

 

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Trajeto do dia.

 

Esta noite foi difícil dormir, tinha vestido tudo que tinha levado, não passei frio no corpo, apenas nos pés mesmo usando umas 5 meias. Não sei que temperatura estava, mas certamente perto de uns -10ºC, até as sardinhas estavam congeladas. Demorei um pouco a dormir e quando consegui acordava a cada 15 minutos e demorava mais uns 20 pra conseguir dormir novamente, mas todo sofrimento nesta viagem é seguido de recompensa. Hoje eu iria chegar a nascente do Rio Amazonas em uma Biz, certamento o primeiro com uma moto do tipo. Sempre vi fotos e relatos de pessoas que chegaram lá com motos trail e nunca imaginei que poderia chegar lá com uma Biz, pois bem hoje é o meu dia!

Levantei eram umas 7 horas, tirei as sardinhas e coloquei no sol pra descongelar junto coma a água e o pão que estava uma pedra. O frio era intenso ainda, mas sem o vento era possível se aquecer no sol, fiquei uma hora no sol esperando as coisas descongelarem e meus dedos esquentarem para poder desmontar a barraca e comer para tentar descobrir o caminho para a nascente. Revi os mapas e concluí que eu estava mais longe que pensava da nascente, não era logo atrás da colina e sim lá no horizonte, reconheci o lugar que tinha errado no mapa e depois de desmontar a barraca voltei pelo caminho que tinha feito até achar alguns rastros de veículo que ia em direção do nevado Mismi pelo deserto. Segui os rastros e sempre tendo que escolher uma das estradas das várias bifurcações tentando chegar no ponto mais próximo da nascente para não ter que andar muito para ir até ela. Em uma dessas bifurcações eu errei e acabei abaixo da nascente, tive que voltar e pegar o caminho certo que passava em meio a pedras, estradinha difícil pra moto baixa. Subi vários morrinhos até que perto da nascente tinha um mais inclinado e a biz que já se arrastava se negou a subir. Deixei a moto e subi este morro a pé para ver se não teria outro mais inclinado depois e não tinha, era quase plano até o ponto onde eu deixaria a moto. Voltei e tirei o filtro da moto pra ver se melhorava e melhorou, consegui subir o morro, mas ao lado da moto acelerando e empurrando. Depois foi só acelerar até chegar a uns 300 metros da nascente a uma altitude de cerca de 5.200 metros de altitude.

Deixei a moto lá, peguei minha garrafa PET e câmeras e fui por meio das pedras até a nascente. A emoção foi grande, não chorei porque sou duro, mas a emoção foi grande. Não é pra qualquer um chegar lá, ainda mais de Biz. Enchi a garrafa de água na fenda de onde brota a água, sentei em uma pedra e fiquei um tempo alí olhando aquela imensidão e pensando no quanto esta água vai ter que andar pra chegar no Atlântico, mais longe do que eu já tinha rodado até lá e o incrível é que o Pacífico fica a uns 300 km em linha reta de lá.

 

Abaixo fotos da nascente do Rio Amazonas

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Voltei para a moto orgulhoso dela pelo feito de ter me levado até lá. Voltamos para a estrada, cheguei em Chivay era meio dia e desta vez eu queria uma comida salgada e quente.

 

Abaixo uma sequência de fotos do caminho entre a nascente e Chivay.

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Achei um restaurante simples e pedi o prato que estavam servindo sem nem saber o que era, veio uma sopa de entrada e o segundo prato é o típico: Arroz, papas e pollo. Acompanhado de suco e gelatina e pra ajudar o valor era de 6 soles, 6 Reais. Pedi outro, então foram 4 pratos, valeu a pena estava gostoso. Como na cidade tem uma terma fui ver como era pra tomar banho lá, custava 15 soles. Desisti.

Fui então para o cânion Colca, sonho antigo também, no inicio era asfalto, mas que logo acabou e começou uma estrada de chão em boas condições e movimentada, uns 50 km depois tinha uma cancela na estrada e uma guarita. Parei lá e fui informado que teria que pagar o equivalente a 40 reais para poder seguir. Taxa para turistas internacionais conhecerem o Colca. Paguei contrariado.

Continuei pela estrada que serpenteia o cânion até Cabanaconde, onde fica o Mirante Cruz del Condor.

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O cânion tem lavouras em andenes incas e é muito bonito. Antes de chegar ao mirante eu vi uam placa indicando um geiser a 9 km montanha acima por uma estrada de chão, nunca tinha lido sobre um geiser no Peru e por não ter lido eu já sabia que não seria grande coisa, mas ficava no pé do vulcão Sabancaya que estava em erupção. Decidi ir lá ver, eram umas 17 horas quando cheguei lá. O geiser nada mais é que um lugar por onde brota do chão muito vapor, parecido com o Sol de La Mañana, mas com apenas uma fonte de vapor que expele os gazes com força chegando a mais de 10 metros de altura se não tiver vento.

Como já era tarde e eu também queria ver o vulcão em erupção, eu estava literalmente aos pés dele, a 4.500 metros de altitude, 400 metros abaixo dele, e em local seguro ele estava expelindo apenas cinzas já tem dois anos. Montei a barraca no mirante do geiser e fui dormir, mas a casa barulho estranho eu tirava a cabeça pra fora da barraca pra ver se não era o vulcão que estava em erupção. A lua estava cheia e eu podia ver perfeitamente o vulcão.

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Camping ao lado do geiser.

 

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Quilometragem do dia: 150 km

Quilometragem acumulada: 5270 km

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16º dia

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Trajeto do dia

Após uma noite bem dormida para compensar a anterior e sem erupção do vulcão, acordei desmontei a barraca sem pressa esperando que o vulcão entrasse erupção, comi minha sardinha também sem pressa. Fiquei mais de uma hora lá esperando e nada. Desisti e desci a montanha para ver o Cânion Colca. Continuei pela estrada de chão até chegar ao asfalto novamente e logo depois ao Mirante Cruz del Condor. Era umas 8 da manhã e tinham poucos turistas lá, fiz algumas fotos e videos, sentei em um ponto onde tinha uma visão privilegiada do cânion esperando avistar algum Condor, mas nenhum apareceu, pelo menos consegui ver eles lá no geiser.

Abaixo uma sequência de fotos do cânion Colca

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Pelas 9 da manhã começou a encher de turista e eu segui viagem, passei por Cabanaconde e começou a estrada de chão novamente até chegar a Majes.

Logo após passar Cabanaconde o vulcão entrou em erupção. Pensei: "FDP". Fiquei todo aquele tempo lá e ele quietinho, assim tenho motivo pra um dia voltar lá e ficar esperando aquele lazarento.

Foram 180 km por uma estrada em condições razoáveis subindo e descendo montanhas. Ao meio dia parei para comer alguma coisa e percebi o baú traseiro aberto, tinha esquecido de trancar. Era o baú que estavam minhas roupas, uma câmera fotográfica, uma filmadora e cartões de memória, na hora me preocupei com os eletrônicos, mas estavam todos lá. Fui conferir as roupas e algumas havia saído do baú, fiquei sem a calça da segunda pele, meia calça de lã, um par de meias grossa e a parte debaixo da "pantera cor de rosa". Certamente iriam me fazer muita falta estas roupas, mas como eu estava descendo para o litoral e demoraria alguns dias para voltar para a altitude eu ia tentar comprar alguma coisa em alguma cidade grande.

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De Majes segui para a carretera Panamericana e na altura de Ocoña comecei a procurar um lugar para acampar, passei a cidade e depois de subir um morro saí da carretera pelo deserto em direção ao mar. Acampei na borda de uma falésia de onde eu podia ver a praia de Ocoña e o belo por do sol no Pacífico.

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Quilometragem do dia: 360km

Quilometragem acumulada: 5630 km

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