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Moçambique - Março 2017


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(PARTE I)

 

Olá nação mochileira!

 

Como vários aqui, aproveite a promoção da Taag no fim de 2016 e comprei passagens por R$600 ida e volta + taxas (total de R$1400 por pessoa) para Moçambique.

 

Antes de falar da viagem vou dar as dicas do pré-viagem:

 

- Visto: http://www.mozambique.org.br/ - R$250 entrada única e R$600 múltiplas entradas. Isso significa que, no primeiro, você pode entrar apenas uma vez (quando chega no país), enquanto que no segundo você pode sair pelas várias fronteiras, conhecer outros países e voltar. Eu paguei o visto simples e acabei saindo pra ir pro Kruger. Quando voltei tive que comprar um visto simples novo na fronteira - o que acabou saindo mais barato do que ter comprado o múltiplo, na real, mas a dor de cabeça, olha...não sei se vale muito a pena.

 

- Dinheiro: O metical (MZN) é uma moeda bastante desvalorizada. Com passagem + hospedagem + fazer tudo o que fiz + refeições saiu R$5000. Poderia ter economizado mais, mas estava com minha mãe e ela não quer ter trabalho de lavar a louça ou se preocupar com isso enquanto viaja, então saímos pra comer todos os dias. Compre dólar, leve o máximo possível em espécie; nós levamos o Travel Money Card, mas cada saque (em Maputo tem ATMs por tudo quanto é canto) cobra uma taxa de USD20. Ou seja, a gente meio que se fodeu (médio, já que pra comer, pelo menos, todos os lugares aceitavam cartão).

 

- Hospedagem: procure AirBnB. Ou pesquise muito sobre os lugares onde estão os hoteis. Maputo é uma cidade muito pequena, a mesma rua pode começar em uma área super tranquila e terminar em um lugar meio esquisito. Os mais caros ficam em áreas melhores...mas são mais caros.

 

- Comunidade brasileira: existe uma por lá, vale a pena pesquisar e procurar pessoas que moram por lá e podem te ajudar com o básico (onde ir, onde não ir, etc). Eles salvaram a gente logo quando a gente chegou. A maioria dos brasileiros em Moçambique hoje são missionários, mas tem uma parte que vive há anos por lá que não é e pode te dar dicas valiosíssimas.

 

- Doenças: pra sair do Brasil precisa do cartão internacional contra Febre Amarela. Isso vão te pedir várias vezes (como nosso vôo fez escala em Luanda, acredito que tenham pedido pelo menos umas 4 vezes ao longo do percurso). Malária e cólera são doenças reais lá: a cólera é passada por alimentos e água contaminada (então evite saladas em restaurantes e não caia na água a menos que te digam que é própria para banho), a malária por mosquito (repelente normal dá conta do recado). Com os cuidados certos você pode voltar inteiraço, que nem eu. :)

 

- Segurança: Money belt (aquelas pochetes que ficam dentro da calça) SEMPRE. Cópia do passaporte ali dentro SEMPRE. Mochila virada pra frente SEMPRE. À noite prefira andar de táxi (e, assim como no Rio, prefira táxis de pontos ou recomendações - lá tem algumas pessoas que trabalham como taxistas em carros de passeio, como Uber -, evite pegar na rua), sempre combine o preço da corrida antes de começar. Lá não existe roubo à mão armada (armas de fogo são raras fora do Exército e da Polícia), mas furtos são uma constante. Olho aberto. É impossível tentar se passar por local quando 98% da população é negra de pele bem escura, então nem tente ser malandro. Abrace o turista que existe em você e siga em frente.

 

- Roupas: África é quente né queridos, nem precisa dizer. Mas às vezes venta, e o vento é bem fresquinho, até. Sou do Rio e estou acostumada com calor, mas o sol de lá é realmente diferente: ele queima MUITO. Passe protetor solar, vai por mim. Agora, as pessoas em Moçambique são muito reservadas. Shorts e roupas curtas na rua só pra quem é turista, galera lá anda de calça jeans, saias longas e homens de terno o tempo todo, não importa o clima. Como eu disse ali em cima, você não vai conseguir se passar por local, o que significa que pra você usar uma bermuda é OK, mas evitemos shorts, saias e blusas muito curtas, ok? Por respeito à cultura local.

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(PARTE II)

Dia 1:

Saímos do Galeão na quinta à tarde. De lá fomos para SP Guarulhos, onde ficamos 1:30 estacionados, depois fomos para Luanda, onde trocamos de avião, e finalmente Maputo. O total da viagem foi de 14 horas.

O avião até Luanda era espaçoso e gigante. A comida no jantar era horrorosa, a do almoço e café da manhã era OK. O aeroporto de Luanda é mínimo e não tem nada pra fazer.

 

Chegando no aeroporto de Maputo (sexta à tarde) já tem vários caras se oferecendo para carregar sua bagagem no carrinho. Não aceite, é óbvio que eles estão ali para te cobrar.

Fique atento também à revista: mochilões e malas de mão costumam passar, malas de rodinha são pedidas para serem revistadas, e é nessa hora que começa a corrupção: o policial te deixa tenso, diz que tal coisa não pode entrar no país (o que provavelmente será mentira), você não conhece as regras do lugar, dali a pouco ele te pede um dinheiro pra te deixar ir. Se acontecer de você ser o sortudo a ter a mala revistada, fique muito de olho no que o cara está fazendo e conteste (com muita educação e amor no coração) se ele disser que está levando algo proibido. Não tente crescer pra cima dos caras que acho que não dará muito certo.

 

Eu e minha mãe tivemos a maior sorte do mundo: um conhecido foi no mesmo vôo que a gente com um amigo, e a prima dele mora em Maputo. Ela e o marido tem uma van, e foi nessa van que fomos conhecer a maioria dos lugares. Eles foram nos deixar no nosso hotel (Taka-Taka) mas, chegando lá, vimos que não era em uma boa região, e decidimos abandonar o hotel ali mesmo (imagina, depois de 14 horas de vôo, cansadas, chegar em uma área tensa, sem conhecer nada, na África....minhas crises de ansiedade começaram ótimas). Fomos para o Hoyo-Hoyo, um hotel mais simpático, apesar de achar o preço caro (acho que era algo em torno de R$300 a diária para duas pessoas) para o tamanho micro do quarto. O preço é mais pela localização, que é numa área bacana da cidade.

 

Pois bem, dali fomos em uma casa de câmbio trocar os USD300 que levei em espécie (aprox. 12000 MZN) e fomos comprar chips para meu celular (a internet lá é bem boa e bem barata, vale a pena já que poucos lugares tem conexão boa de wi-fi).

 

Como era sexta feira, fomos à um bar chamado 96, onde às sextas rola música brasileira ao vivo. Ficamos um pouco, comemos alguns aperitivos locais, tomamos a cerveja local (2M é como Antartica, Laurentina Premium e Preta são mais fortes e Manica é bem forte) e conhecemos uma moça que aluga um quarto na casa dela. Ali mesmo fechamos de ir pra casa dela no dia seguinte.

 

Aqui no Brasil tínhamos fechado de ir para Tofo, Província de Inhambambe, mas no Bar descobrimos que um FUCKING CICLONE tinha atingido a Província, e que Tofo não estava lá muito maneiro para se ir. Cancelamos a reserva no hostel e ficamos meio à deriva, colando nessa galera para ver o que faríamos. 3 balas desviadas, e ainda era só o primeiro dia em Moçambique.

 

Dia 2:

 

Tomamos café-da-manhã, fizemos o check out e esperamos nossa van da alegria. Quando ela passou, deixamos nossas malas em nossa nova casinha e saímos com o pessoal para conhecer um pouco de Maputo. Fomos na Estrada de Ferro (estação de trem que ainda funciona), onde aos sábados rola uma feirinha, comidinhas, agitação. De lá fomos para a Fortaleza (20 MZN), lugar onde a cidade começou a partir. Demos um passeio pela costa e fomos no Mercado do Peixe.

 

M E U A M I G O E M I N H A A M I G A

QUE SITUAÇÃO

 

O Mercado do Peixe é um lugar gigantesco. E, antes que eu comece a falar qualquer coisa, saibam: frutos do mar é muito barato em Moçambique. Foi um choque real para mim. Mas bom, como eu ia dizendo, o lugar é enorme, vendem todo tipo de frutos do mar ali. Você negocia, compra, pede pra eles limparem (sempre bom ter alguém por perto vendo se eles não vão tirar alguma coisa e te deixar com menos do que você comprou), depois leva em um dos vários quiosques e os caras preparam para você. Nós éramos 7 pessoas e compramos OITO QUILINHOS DE COMIDA ::otemo:: , sendo que 5 eram só de camarões gigantescos que você nunca vai ver em nenhum lugar do Brasil (alguns eram do tamanho de lagostas, REAL). O preço para eu e minha mãe, incluindo comprar no Mercado, levar pra fazer, bebidas e acompanhamentos saiu à MZN 2280 (algo em torno de R$120, talvez). Só de escrever isso já me dói o coração em pensar que eu nunca vou comer essa quantidade de comida por aqui por R$60. :cry:

À noite os meninos queriam sair, mas como ainda estava me ajustando ao fuso (5 horas de diferença + crises de ansiedade) decidi ficar quietinha.

 

Dia 3:

 

Como os meninos estavam em um tal ~~passeio de homens~~, fomos na FEIMA, a feira de artesanato. Lá tem muitas coisas bonitas mas é insuportável o assédio desesperado dos vendedores. Sério, é cansativo só de lembrar. Lá tem dois restaurantes, e comemos um Frango À Zambeziana que, se você for em Maputo, você não pode deixar de comer. Que saudade desse frango, sério! É delicioso demais. Ficamos ali conversando, nosso total (sempre pra duas pessoas, ok?) foi de MZN 1280. Não compramos nada na Feima (ainda voltaríamos lá algumas vezes); à noite fomos em uma pizzaria chamada Mimmo's. Fiquei muito surpresa em como a pizza moçambicana é melhor do que qualquer pizzaria que já fui aqui no Rio.

 

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Dia 4:

 

Tentamos ir à uma cidade chamada Catembe, mas a fila para cruzar a balsa de carro estava gigante (Catembe é como Niterói, pra quem conhece o Rio, em termos de chegar - só que sem ponte, só barco). Fomos então visitar à Coalizão, onde um brasileiro trabalha; a Coalizão é uma ONG tutelada pela ONU, onde jovens trabalham na disseminação de informações sobre saúde e sexo, empoderamento feminino, uso de camisinhas, etc. Aproximadamente metade da população moçambicana está afetada pela AIDS hoje, muito devido à cultura e informações erradas.

Da Coalizão visitamos Mafalala e Xipamanine. Não são lugares maneiros de visitar, assim como a favela não é um lugar maneiro - mas é importante ver como as pessoas realmente vivem. São lugares muito pobres - Xipamanine é como uma feira gigantesca e tumultuadíssima onde não é nem recomendado você andar por ali pois provavelmente vai perder todos os seus pertences; Mafalala é uma parte da cidade onde jovens usam muitas drogas e bebem muito).

 

Eu geralmente amo tirar fotos de todas as coisas, mas nessa viagem tirei poucas; não é seguro ficar com celular na rua, tirando fotos e tals. E, nesse passeio por Mafalala e Xipamanine, a vontade de tirar fotos daquelas pessoas, como se eu estivesse em um safári humano, era 0.

 

À noite jantamos em uma pizzaria chamada Pirata (MZN 1300 p/ 2).

 

Dia 5:

 

A fila para Catembe estava maior ainda, mas estacionamos o carro e fomos de barco mesmo (MZN 10 por pessoa). Em menos de 10 minutos você está lá. Assim como Niterói, a melhor coisa de Catembe é a vista para Maputo ::lol3::

Fomos comer n'O Farol, um lugar bem gostosinho para sentar, comer com calma, apreciar a vista (MZN 1700 p/ 2). Soubemos que existe um hotel onde você pode pagar para passar o dia, com piscina e tudo o mais, mas ele era distante, só de carro para chegar.

 

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À noite comemos em casa, mesmo. É bom ter esses momentos (se eu estivesse viajando sem minha mãe, certamente eles seriam mais recorrentes).

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Parte III

 

Dia 6:

 

Fechamos um passeio por MZN 3.000 para passear por Maputo, mas meio que já tínhamos conhecido tudo. Fomos então conhecer Matola, a cidade vizinha, que não tem nada, na verdade. Almoçamos no Mimmo's e à noite fomos no Clube Naval, o lugar mais luxo e mais caro em que comemos (MZN 2300 p/2).

 

Dia 7:

 

KRUGERRRRRRRRR ::love::::love::::love::

 

Pagamos MZN 5000 para um motorista nos levar até o Pestana Kruger. De Maputo até o Pestana deu umas 3 horas de viagem, acho, passando pelas fronteiras e tudo o mais. A diária do Pestana é de USD130 com café da manhã E jantar (e um senhor jantar, diga-se de passagem). E, caras, que hotel. A recepção dele dá de cara pro Kruger, o ambiente todo é lindo, piscina ótima, chalés individuais incríveis, tudo muito certo e bonito.

 

O passeio pelo Kruger é USD170 por pessoa fechando no próprio hotel.

 

Dia 8:

 

Saímos do Kruger para o safári às 5:30. O hotel prepara um café-da-manhã para levar. O Kruger é tudo o que esperamos: o verdadeiro set de filmagem do Rei Leão. Vimos crocodilos, impalas, zebras, girafas, elefantes, rinocerontes, um monte de aves...só ficou faltando o leão e o leopardo. Mas a gente não pode pedir para os animais aparecerem quando a gente, quer, né? É a diferença do zoológico. Passamos horas procurando os bichos, mas também se está muito quente eles se escondem nas sombras e aí é bem difícil vê-los (ainda mais com períodos intensos de seca :cry: )

 

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Chegamos no hotel às 13h e já era hora de irmos embora. O carro nos buscou e lá fomos nós, saindo desse paraíso chamado Kruger :cry:

A fronteira é um porre, ponto. Quente, desagradável...tivemos que comprar um visto novo. Apesar do intenso estresse e da preocupação com a corrupção (que está em cada centímetro de Moçambique) ou de talvez não liberarem nosso visto por motivos de eu estava puta pra caralho e nenhum pouco educada, acabamos pagando mais barato pelo novo visto do que se tivéssemos comprado o múltipla entrada. Das duas opções, não sei qual a melhor, honestamente. (MZN 5300 p/ 2 os vistos).

 

É impressionante a diferença de energia e estado de espírito entre os dois países. Foi tudo tão perfeito na África do Sul, e foi só chegar na fronteira de Moçambique que já senti o peso do lugar, a sufocação que dá vontade de se esconder, o sobrepeso nas pessoas que parece pesar o ar. Se eu tivesse dinheiro e o visto de múltipla entrada, sem dúvida voltaria correndo e me esconderia no Pestana.

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  • 1 mês depois...
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Olá Mayra, gostei muito de ler sobre a sua experiencia em Maputo e no Kruger. Obrigado. :D

Sou de cá ou seja, nasci no Maputo e cresci na África do Sul, estou sempre entre os dois países.

Essa tal fronteira que mencionas, Lebombo - Ressano Garcia, já a devo ter passado mais que 2500 vezes na minha vida.

Horas no Kruger nem se fala. Mas gostei maningue, como dizemos em lingua Changana, de ler a sua experiência.

Se um dia cá voltar ou tenha amigos, familia ou conhecidos que queiram vir conhecer África Austral, podem sempre entrar em contacto comigo.

Já viagei muito por cá e conheço isto tudo muito bem, dicas e informações são gratis. ::otemo::

Estou a construir um site web para um negócio que comecei a pouco tempo na area de turismo e especificamente de turismo nos países representados pela África Austral ou CDAA (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).

Tenho uma pagina no FACE dedicada aquilo que faço, a minha paixão.

Vai encontrar se pesquisar o nome África Austral, tours & safaris.

Cumprimentos de Nelspruit, África do Sul e da Catembe, Maputo, Moçambique idem. :wink:

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