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Machu Picchu via Acre, de busão e sozinha


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Bem, isso é um relato, não vai importar a quem ler saber o nome das pessoas e os lugares, portanto poupei-me.

Machu Picchu sempre foi um sonho, planejado, adiado, esquecido...até o dia 24 de junho de 2008. Resolvi ir a Cacoal-RO, para o aniversário do meu vô Arcelino. Mas caramba, quem vai a Cacoal, pode muito bem ir a Rio Branco ver minha queridissima amiga Cléia.

Comprei passagem de busão para Cacoal. A noite quem disse que eu dormia ? cabeça a mil, porque a idéia "quem vai a Rio Branco pode muito bem ir de uma vez ao Perú" era muito simples prá eu não botar o pé na estrada e finalmente desvirginar meu passaporte.

Naquela semana incomodei metade da comunidade Machu Picchu do Orkut, tive ajuda de todos a quem pertubei, e fiz amigos ali quem sabe para a vida toda.

Pô...mas só Machu Picchu ??? Já que está lá, "faça outros passeios sua anta". Fernando de Ji Paraná, sugeriu fazer a Trilha de Salkantay, minha idéia foi fazer a "Trilha Inca", mas não havia mais lugar até outubro. Beleza...Cinco dias de Salkantay..."4.600 metros de altitude ???" , não dá nada, prá quem caminha até que regularmente e faz algumas trilhas em Floripa...guentei Conceição do Ibitipoca !!! Comprei o pacote Salkantay que incluia Machu Picchu no quinto dia. Nooooooossssssa! Mantegão em lágrimas, e comecei a sonhar com o que estava por vir.

Passei e-mails convidando algumas pessoas que gostaria que estivessem comigo. Nada feito, por vários motivos...e acho que o mais das negativas era que, eu tinha planejado ontem e ia amanhã !!! Tudo bem, vou sózinha então ! Com a força e dicas de alguns amigos, a desconfiança dos filhos de que isso não ia dar certo, comecei a preparar a lista de coisas a levar, que começou com 30 itens e terminou em torno de 150. (mulher!!!)

Dia 20 de julho ao meio dia fui para o Terminal de Floripa pegar meu busão prá Cacoal, e voltei prá casa. Não sou baiana, mas cheguei quatro horas antes na rodoviária."Comecei bem" os prováveis dois dias de viagem.

Saí tranquila, na boa, porque felizmente tenho um poder de me adaptar as circunstâncias, vamos dizer que eu pensava que não era "fresca". E aí vai um aviso aos homens que tem mulheres frescas, não as levem a fazer a mesma coisa que eu fiz, mesmos lugares e circunstâncias. É separação na certa. Porque o troço é prá macho. Principalmente em regiões que há assalto e o ônibus é obrigado a parar para trocar pneu...no meio do nada, breu total ! liga não...isso é só a fichinha.

E mulheres...nestas regiões não pergunte nada a um homem que esteja acompanhado de uma mulher, pergunte a mulher, do contrário será muito mal vista o resto da viagem.

Até Cacoal conheci algumas pessoas muito legais, caramba ! como isso é bom ! Quando faltava menos de 300 km para chegar em Cacoal, eu já não tinha mais posição no assento do ônibus, pé na janela, pé no vidro, pé na lâmpada, dois dias sem banho (tudo pela adaptação), calorão do cacete, deve ter saído desta região a expressão "cuspir tijolo". É por causa desta poeira que saímos de casa brancos e voltamos com um tom bronzeado dourado de pura terra.

A população que saiu de Floripa já tinha mudado não sei quantas vezes...e cheguei. Nem acreditei !!! Sem necessidade de explicar, porque quem chega nos braços dos seus depois de muito tempo, sabe o que sente, e as palavras nem sempre conseguem definir.

Comidinha de vó, colo, porque felizmente sou uma eterna necessitada e finalmente banho e uma cama limpa ! No outro dia andei de charrete com meu vô, lindinho !!! "Diz que me ama véio ?? - Diz !!!" - não precisa, tá definido no seu abraço, no seu colo e nos seus olhos !! Saimos prá feira de mãos dadas...mandioca tamanho de um trem, abóbora do tamanho do mundo, e o pior: segurar a sombrinha, se agarrar na charrete e não quebrar os ovos. Coisa horrível, mas tive sucesso !!!

Ficar horas debaixo de dois enormes pés de manga ouvindo velhas histórias da vó Alaíde e do vô, prestando a mesma atenção de quando eu era menina, mais em sinal de respeito, do que por qualquer outra coisa, me fez chorar várias vezes enquanto os dois falavam e eu gravava. Isso não tem preço !!!

Hora de ir embora, sempre com a promessa da volta. Sempre prometemos como se fossemos donos do nosso destino e da nossa vontade. Por hora só posso dizer que amo voces e que isso sim é definitivo.

Na viagem para Rio Branco, quando paramos em Ji Paraná, marquei e deu certo para conhecer meus dois anjos de guarda, Fernando e Michel. Digo e repito: sou previlegiadissima ! Deus sempre colocou sêres de muita luz no meu caminho, mesmo quando fiz a opção de andar em lugares com pouca luminosidade. Dicas, abraços de boa sorte, fotinho básica...e lá vou eu. (Com gripe, ou alergia, nunca soube diferenciar uma coisa da outra).

Não vi minha queridinha Cléia, porque ela teve que se ausentar de Rio Branco, sendo assim antecipei minha viagem para a divisa em um dia. Na rodoviária de Rio Branco, antes de embarcar para Assis Brasil já estava de trêlele com tres pessoas que foram também meus anjjos. Ho e Max, javâneses e Peter...o príncipe de uma tribo do Surinâme. Princípe sim, e daí ???

Até a divisa do Brasil foi tempo suficiente prá fazer amizade com metade do ônibus. Chupar picolé, comer, cantar com as crianças, abraça-las, ouvir suas histórias e relembrar do tempo que eu era criança pobre e muito feliz. ..Histórias de crianças fortes, de guarra, onde as oportunidades corriqueiras do sul do Brasil nem passa por suas cabecinhas. Que importa ? Elas são felizes, parece que isso é o bastante. E saber o que são e o que fazem meus anjos de guarda Peter, Ho e Max.

Chegamos em Assis Brasil...fronteira do Brasil com Perú, lado de lá Iñapari. Desci do busão e TUMMMM !!! Fiquei besta ! pés e mãos sem circulação ! Até ali tinha bebido uma garrafa de água por hora, mas nenhuma gota de alcool. Mas me sentia bamba, ou tonta, ou os dois. Dá um medo que aquilo não passe mesmo com o chá de coca. Fomos almoçar (lá vem polo), comi pouco, porque tinha a impressão que a comida subiria prá cabeça, em vez de descer pro estômago. Tudo bem...lé no Brasil, cré no Perú, imigração e saida do Brasil só a tarde.

As cidades são juntas, a única coisa que as divide é uma coisa que chamam de "Rio Acre", mas é um "corguinho". Visto de saída do Brasil por um senhor meio atrapalhado e honesto, fomos a imigração peruana e fomos atendidos por um ser com os predicativos ao contrário do primeiro, entramos legalmente no território peruano. De taxi claro, até Puerto Maldonado. Taxista camarada, correu conosco até resolvermos a parte legal da coisa. Cinco pessoas com o motorista, o bagageiro entupido com nossas coisas, estavamos todos muito bem e felizes já cantavamos com o rádio do carro. Do nada depois de uns quinze km ainda com alguma coisa que chamam de asfalto, o motorista para no acostamento junto a uma senhora (gordinha vai !) e duas malas. Pensei que ela ia entregar aquelas coisas para ele, e nem abrimos o bico ! Lêdo engano, ele abriu o bagageiro, socou bem aquelas coisas...eu olhando ! e depois de bem socado resolveu enfiar a pobre criatura ali também. Chegou a empurrar a mulher com as próprias costas e desconfio que com os pés também. E bateu a porta traseira, embarcou e deu partida ! Ficamos mudos e nos olhando e quem sabe pensando que era melhor ficar quietos, do contrário ele socaria nós lá também. Aí gritei "pare José, pode parar isso". Hora dele se assustar e quase nos matar com a freiada e o atropelamento das malas, mais a mulher que estava atrás delas. Perguntei quem era aquela pessoa, e porque ele tinha feito aquilo. Só respondeu que era sua espôsa e que ela estava acostumada. "Pois voce pode trazer ela aqui prá frente porque do contrário eu não vou contigo, onde se viu levar uma mulher deste jeito por mais de duzentos quilomêtros ???" Os outros concordaram, e Floribela se acomodou conosco. Claro que lhe aconselhei a pedir separação na volta, ou no mínimo dar na cara do marido. Impossivel porque ela tem sete filhos e depende só das viagens dele para a sobrevivência de todos.

Quando acabou o "asfalto"...só poeira, milhões de castanheiras e bananeiras...nenhuma castanha ou banana prá comprar. Cadê as bananas ? A maior parte vai para Lima, e de banana mesmo um pacotinho de bananas verdes que fritam e salgam. Tem gosto de sal, não de banana. Banheiro, eu encontrei uma "casinha" com frestas de 20 cm, dentro tábuas no chão e um buraco no meio. Altitude pegando...e mesmo sendo mulher voce tem que mirar, não para não fazer xixi fora do buraco, mas para não cair dentro dele. Coisa horrível. Mas eu já disse, sou de fácil adaptação.

Chegamos todos mulatos as margens do Rio Madre de Dios. Atravessando é Puerto Maldonado. Bem...sou obrigada a dizer que se estivesse sem meus anjos teria botado a boca no Perú a berrar. Noite, com fome e sede, sem hotel, sem bússola ou GPS, quase fui atropelada por um diabo que é meio moto, eles cortam o trem pela metade e instalam um banco para tres pessoas, e uma capotinha. Tres pessoas...mas vi familia com mudança naquela coisa. A cidade é cheia disso, e todas buzinam ao mesmo tempo !!! TODAS !!! O idiota anormal em Puerto Maldonado é que não buzina. Estou cuidando ao atravessar a rua...o cara tá vendo que estou esperando ele passar, mas ele vai buzinar, e buzina o maldito. Vou ter que aguentar isso mais dois dias, porque não consegui adiantar o vôo para Cusco. Tudo cheissimo até 11 de agosto.

Max espertissimo sabia de um "hotel legal" e depois de algumas voltas na cidade para que ficassemos mais tontos o taxista nos largou.

Bem, eu não sabia o que era mais urgente...quem sabe um "baño", antes que eu expluda ??? para eles quando voce pede um BAÑO quer dizer que quer fazer suas necessidades. Bom lembrar que é preciso pensar lentamente para não se cansar, Voce tem que escolher: ou sobe escadas ou fala. As duas coisas vão te matar. É necessário um chá de coca. Urgente ! Se tiver grana e sorte consegue um hotelzinho bom. Do contrário toma banho frio como eu ! Em banheiros que voce entra prá escovar os dentes e molha os pés, entra prá um xixizinho básico e molha os pés. Simplesmente porque tudo é engembrado, emendado, descolado e eles não estão nem aí, e vivem muito bem com os revezes, obrigado!

Comer em Puerto Maldonado é coisa de kamikaze, mas confiei no Max e fomos atrás de um que ele conhecia e dizia ser bom. Beleza !!! quando chegamos na frente do "restaurante", minhas pernas pensaram antes do mim e automaticamente dei meia volta. "Peter...eu não vou entrar neste lixo !" - não estou falando mal...era um depósito de lixo mesmo. Quem já entrou num ferro velho de décima categoria ou depósito de entulhos sabe o que é isso. Em seguida a razão disse que não devia fazer desfeita ao Max. Respirei, entreguei prá Deus, e entramos ! Tava escrito na minha cara o medo, o nojo e a desconfiança; Meus olhos andavam pelos cantos do restaurante imaginando o tamanho dos ratos que transitavam por ali. O povo que comia ali se olharam e comentavam com certeza..."una fresca !!!". Mas surprêsa ! A garçonete vestida com uma blusinha azul e uma sainha de babado laranja de lycra, mostrando toda a sustância da mulher peruana, super simpática veio nos atender, chegou com uma garrafa de alcool e um paninho limpando a mesa coberta com um vidro. Eu precisava ver isso... alcool desinfetante. Isso deu segurança para enganar a mim mesma e ter confiança que não ia morrer daquilo. Aí veio a sopa em prato de porcelana, com talheres de inox brilhando, e um mate numa jarra muita limpa. Relaxei. A comida estava ótima, nem cabelo tinha.

Mas enfim, Puerto Maldonado se tiver uma próxima, quero passar pelo alto. O vôo saiu na hora para Cusco, depois de passar pela revista, mesmo sendo um vôo nacional, tive que tirar até o cinto das calças. Meus amigos Peter, Max e Ho não conseguiram passagem para Cusco, só para duas semanas depois. Mas para aquele momento pelo dobro do preço tinha !!! Como assim ??? Melhor não fazer perguntas difíceis em terra estranha !!! Não comprem nada de artesanato ali, é muito caro !! A Lan Perú é ótima...o vôo foi ótimo e quando a aterrisagem em Cusco está próxima e o dia claro, como foi...eu na janelinha, coração ameaça uma taquicardia de emoção e não adianta... chorei de novo. É muito, muito lindo.

Chegando, liguei para o Jimmy, meu contato em Cusco que estava esperando na Praça de Armas, de camiseta com as cores do Brasil e seu cão labrador. Subimos a Rua dos Procuradores como se eu tivesse nascido em Cusco, na metade da rua parei, me senti inflada e azul. Finalmente ele olhou para trás e viu que aquele ritmo não era para quem tinha vindo da praia.E desculpou-se ! "Não dá nada Jimmy".

Fiquei no Hotel Procurador de Cusco (ainda não sei se recomendo porque durante todos os dias que fiquei permaneceu no banheiro coletivo uma lagartixa ou cobra ou minhoca amassada e colada ao chão), mas tudo bem, tinha banho quente, e tava um frio de renguear cusco (cusco no rio grande do sul é cachorro). Tinha comprado na subida alguma coisa que eles chamam de pão e me socorri com minha sopinha Vono, chá de coca, bala de coca e folha de coca. Mais refeita desci a Praça de Armas, sentei num banco na frente da Catedral e pensava quase em voz alta: "Eu tô aqui, eu tô aqui...não acredito, tenho muito orgulho de voce Luci !" - devia estar dopada com tanto chá, remédio prá dor de cabeça e a altitude. Fiquei ali por mais de uma hora...eu e meu Led Zeppelin. Há uma magia ali, uma energia poderosa que abraça, que aconchega, um silêncio que trás paz ao espírito. As pessoas passam lentamente...ninguém tem pressa (nem podem), não há lixo em lugar algum, e NÃO BUZINAM. Emocionante e inesquecível.

Mas, no centro de Cusco as pessoas não dormem...desmaiam. Porque há uma danceteria, um bar, uma zorra qualquer na madrugada, que manda música alta pelo ar até de manhã. Então desmaiei...mas lá pelas duas horas da senti minha cama chacoalhando, as paredes do hotel estalando...pensei : "legal Luci, voce demorou prá vir, mas agora que veio trouxe um terremoto que a mais de 50 anos não acontecia". Quem consegue dormir depois disso ? estalei os olhos e grudei os olhos na lâmpada, minha janela com grade... até descer estas escadas e chegar a rua, com todas estas pedras !!! tô morta. Não demorou nada e deu de novo !!! Claro que só pode ser o chá de coca, melhor confiar nas fundações incas, não loquiar, porque voce não é tão importante assim ! e desmaiei de sono ! Cedo perguntei ao gerente o que tinha sido aquilo. Ele disse ser "normal", por causa dos fogos, rojões e tiros de canhões que soltavam, aí treme mesmo. Simples !!! cabeça do ser humano é coisa de maluco...concentrei minha atenção nos "abalinhos", mas não ouvi foguete algum. E tinha claro, porque cheguei no Perú no meio das festas da independência. E eles soltam tiros de canhão as 3 da manhã sem nenhuma cerimônia.

O cedo do Jimmy é cedo mesmo e no outro dia, fomos atrás do tal boleto turistico prá conhecer os parques arqueológicos, museus e igrejas, e por mais esperto que o Jimmy seja ele não conseguiu subornar ninguém prá eu pagar como estudante. Paguei 130 soles. Não sei dizer, mas acho que há maneiras de fazer isso sair mais barato. Este boleto não dá direito a visitar Machu Picchu: (122 soles). Mas te dá direito a vans e guias durante os passeios.

Gostei dos museus que fiz sem guia atropelado, na boa, no meu tempo, sem correria. Os guias fazem questão de dizer que o que se vê é menos de 30% do que certamente era. A falta de cuidados, terremotos e o próprio tempo se encarrega de ir destruíndo o que há e o que havia. É impressionante o conhecimento do povo que ali habitava, tem se a impressão clara que eram trabalhadores organizados, prezavam o que de verdade quer dizer a palavra comunidade, adoravam e respeitavam a natureza, entendiam e guiavam suas existências pelos astros. Cada um sente o que pode conforme a maneira que vê e entende as coisas. Da minha parte senti uma profunda veneração por estes sêres, que ingênuos e da paz, foram destruídos pelos miseráveis espanhois com seus cavalos e sua maldita pólvora. Maldito Pizzarro !!!

Visto a metade do que o boleto dá acesso, descansar, porque no outro dia tem Salkantay...e o bicho vai pegar ! Mas ainda nesta noite o agente da empresa que contratei para Salkantay foi ao hotel dar as últimas orientações, horário e local de saída e uma ótima notícia: não há mulas para carregar as mochilas, nós é que carregariamos ! Diminui o que pude e pensando que ia mesmo me ferrar ! Mas seja o que Deus quiser porque não ia botar U$ 240 fora. Lembrei que tinha comigo impresso, o contrato, mesmo que fosse uma cópia de email. Eles iam ver se eu é que ia carregar minha mochila. Cedo, a galera começou a se juntar, graças a Deus mais tres brasileiros, Mark, Alexandre e Rodrigo. Finquei o pé, ameacei processar a agência e de repente choveu mulas em Cusco.

Embarcamos num ônibus 1930 com mais tres franceses, dois alemães, dois austriácos, uma mexicana, um israelense, dois holândeses e nós quatro brasileiros. Vambora até Mollepata ! Quando começou a caminhada, nos primeiros cem metros eu já era retardatária. Isso tem a ver com a altitude, claro, mas também é meio proposital. Não estava nadinha a fim de fazer rally. Queria passear ! e me aturaram fechando o caminho durante todo o tempo acompanhada da super ultra guia Marlene e do Nico. Vamos explicar melhor isso: todo o percurso é de muita pedra, água, lama, subidas e descidas (no Perú tudo é subida e descida). Se quer ver alguma coisa além dos pés, tem que parar prá ver. E há muito prá ver ! Se fosse somente para olhar meus pés tinha ficado em casa !

Primeiro dia, subida do caramba, descida idem...mas uma natureza lindissima. Voce fica em fiapos, para, contempla aquele visual e renova sua vontade. Tinha ímpetos de reclamar, mas aí não tinha marido, filhos e minhas amigas prá fazer o ouvido deles de pinico, só restava respirar fundo, seguir em frente e engolir as lamúrias. E cada superação de bolha, escorregão, torção, picada de mosquito "guentada" no osso do peito era motivo de orgulho. "Eita, que voce é mesmo porreta."

Parada prá almoço, num frio do caramba, feito pelos cozinheiros contratados prá isso, segue viagem, até o primeiro acampamento. Eu não tinha força nem para segurar a lanterna, mas prá que lanterna com aquele céu hiper estrelado ? parecia que se erguesse um pouco mais o braço poderia tocá-las. Lindo, lindo, lindo. Aproveita...se reenergiza porque amanhã vai ser pior. Hã é ??? pois eu quero uma mula. Eu e a Ingrid - a alemã, alugamos os bichos. Esperamos o peão encilhar...um burro que dava a metade da mula , deduzi fosse prá mim e uma égua esperta, com cela e estribo, mas sem arreios, porque esta mula conhece a trilha como a sola dos cascos !!! Mais um engano, o burro era prá Ingrid que sentada no bicho quase encostava os pés no chão. O Elvis (peão), conduzindo o burrico e a Ingrid em cima...legal, ela parecia que tinha nascido em cima do burro.

E eu com a égua sabida, só cela, onde furei os dez dedos das minhas luvas de tanta força que me agarrei naquilo, e estribo. Nada mais...nem uma marcha, nem a ré ! sem freio, sem acelerador. Quase estoporei com meu bico de tanto tchu tchu tchu. Mas eu precisava da mula, se não fosse ela ia chegar no dia seguinte a 4.600 metros de altitude. Tudo nesta região é carregado no lombo dos animais, de gás, água, comida e toda espécie de provisões. Vez por outra se cruza com outra parelha !!! São animais super educados, e coitados, carregam o dobro do seu tamanho e pêso.

Não demorou muito eu já achava que sabia andar a cavalo também, tava me sentindo uma verdadeira amazonas, quando a minha queridissima ao cruzar com outra mula, resolveu que ia passar junto ao paredão e não na beira do precipício, também achei a idéia ótima. Ela tentou...mas a outra que estava subindo ao contrário se negou a abrir espaço. Foi quando o idiota do Elvis resolveu dar um tapa na bunda da mula. E ela simplesmente disparou despenhadeiro abaixo...comigo berrando em cima, claro !!! perdi os pés dos estribos, esqueci todas as instruções, pensei nos meus filhos, fechei os olhos e só lembro de ter pensado: morri...tudo bem meu Deus...morri !!! Mas ela parou antes disso. Meu coração e o da mula com certeza tinham parado, não sei quem estava mais branca...eu ou a mula ! Comecei a chorar, engolir minha reclamação e pensar porque fui me meter naquilo...podia ter ido prá Fortaleza...no plano,sem pedras, com sol, mar, calor.

Começando a me refazer, lá onde voce acha que não pode haver nada mais gelado, abaixo de neve, tres nativos vendendo bugigangas, tôca, manta, cachecol, porta água. Quando me viram começaram a rir. Até agora não descobri porque riam. Eu que achei aquilo esquisito, com certeza naquelas alturas a esquisita era eu !!

Enfim quando chegamos a 4.600 metros, não vimos mais nada, nem a nós mesmos por causa da neblina espessa, frio tão terrivel e ficamos tempo suficiente prá empilhar umas pedrinhas em agradecimento a qualquer Deus que olhasse por nós, tirar fotos, fazer xixi (todo mundo faz xixi no Salkantay) e começar a descida de 1.600 metros. Aí sim...foi do Perú ! só lôdo, pedras e neblina. Descer para esquentar, sem desviar os olhos do chão...eu não falava nada, os pensamentos não davam tempo para a boca, e comecei a ver coisas no meu lado direito...vi uma espécie de bar de pedras com um monte de índio na frente conversando, daqui a pouco já tinha uns índios conversando e andando comigo, tava pirada ou fui abdusida por uma legião de incas mais doidos que eu. Pensei: "se eu tivesse fumado maconha não tava tão louca", só pode ser miragens. Deixei quieto e desconectei dos malucos. Continuei descendo "falando sózinha"...meu joelho esquerdo começou a doer. Cajado tanto fazia, mão esquerda ou direita, não alterava nada o resultado, a dor aumentando...não queria ver mais nada, a neblina dissipando e eu comecei a ver com o canto dos olhos (de novo), coisas coloridas, é um lixão pensei....e aquilo foi por algum tempo. Mas aí chegou lerdamente o pensamento que ali não poderia ter lixo, qual o doido que ia levar lixo até ali ? ergui a cabeça e eram musgos coloridos nas pedras...impressionante. Vermelhos, amarelos, marrons, dourados, verdes, laranjas...espero que ninguém me diga que variei de novo e que não há musgo nenhum ali.

Logo começa a esquentar e neguinho tirar roupa, estamos na parte amazônica da coisa...muito umido e os mosquitos fazem a festa. Não é mosquitinho, e a picada conforme o vivente, vira uma ferida. Repelente prá passar, prá tomar, prá ameaçar é fundamental. (E o joelho doendo !) Percurso muito lindo com cachoeiras e plantas exóticas. Chegar no acampamento foi um alivio, uma fome de dar razão a canibal.

Vamos encurtar esta história, depois de tres dias sem banho...só no lencinho umedecido, conseguimos tomar um banho nas piscinas de Águas Termales, sem sabonete e shampoo. Não pode, exceto nas duchas de água fria. Até a alma foi lavada ali. Daí prá frente até Santa Tereza...(aí onde se pega o trem para àguas Calientes vá no restaurante da esquerda: TEM BANHEIRO, o da direita é atrás do restaurante, ao naturally, ou seja, no mato ! com direito aos dias de chuva este caldo natural escorrer para dentro do "restaurante") e pegar o trem para Águas Calientes. Onde euzinha tive o previlégio de ficar num hotel movido a dólares, porque a agência não tinha reservado hotel prá mim. Pagaram, claro !!! Principalmente quando souberam pelo guia que a "encrenqueira brasileira" é que tinha ficado sem lugar prá dormir.

Águas Calientes é uma delicia, barzinhos, come-se bem, TEM BANHEIRO LIMPO, mas tudo é muito mais caro. Pode-se comprar a partir das cinco da manhã a passagem para Machu Picchu e cinco e meia começa o trajeto de vans ao Parque Arqueológico. É emocionante amanhecer ali... o grito vem prá fora e é melhor não se conter..."EU TÔ AQUI, NÃO CREIO, ESTOU AQUI". Ingenuamente pensava que precisava de dois dias prá conhecer, mas quatro ou no máximo cinco horas é tempo suficiente. Exceto se subir Wayna Picchu. Não fiz isso, o acesso é controlado, e meu joelho não dava trégua. Resolvi ficar sentadinha curtindo aquilo tudo e pude ver a energia do lugar, é mágico realmente. E ainda saí com o passaporte carimbado com visto de entrada em Machu Picchu. Isso sim é de meter inveja na vizinha, rsrs.

De volta a Águas Calientes, onde o grupo de dezesséis pessoas dispersou, retomei o trem para Cusco com Ravid, o amigo israelense. O caminho é lindissimo.

Dia seguinte, meu amigo Jimmy teve que chamar um médico para mim no hotel, uma sinusite inca me pegou e fiquei de molho. No outro dia faltava muito a ver...igrejas, museus que o boleto turistico dava acesso. Nesta mesma noite peguei um bus para Puno...com metade do ônibus com pessoas que definitivamente não tomam banho. O que será que os nativos carregam dentro daquelas trouxas que fede tanto ??? Amanheci em Puno, ainda bem que dormi no ônibus porque duas horas depois estava indo para o Titicaca. Amei...apesar de achar que aquele povo de Uros não vive ali messsssssmo, podem revezar as pessoas que passam horas e alguns dias ali, mas que moram definitivamente ali...duvido. Taquiles chegamos em dia de festa religiosa. Ali eu não casava nunca...porque quanto mais saias e "sustâncias", mais sexys são as mulheres, mesmo que os pés nunca tenham visto água. Mas a truta grelhada com aquele "chilli" de tontear dragão estava ótimo. Descobri que não tem cachorro em Taquiles, porque cachorro é necessário onde há ladrão...e em Taquiles não há ladrão !!! E no Brasil negócio bom é montar Pet Shop.

De volta ao hotel em Puno...quarto andar, num quarto que qualquer ser humano normal precisaria de uma bússola, tomar banho demorou um pouco. Na minha casa se quero água mais quente abro menos a torneira, ali é o contrário...quanto mais abre, mais quente a água fica. Descobri isso depois de descer duas vezes os quatro andares, intercalando as descidas com botar e tirar a roupa para achar o funcionário (vestida né ?). Finalmente explicado, ele lascou: "usted es brasileña, no?" achei que ia completar com "burra", para eu voar na cara dele. Pela manhã o tal "desayuno" não passou de um chá de coca mofada a dois soles, foi a única vez que fui assaltada! Queria voltar prá minha casinha...já tava cheia e com saudades dos meus filhos. Peguei o ônibus para La Paz, asfalto...beleza ! Simpática La Paz...um buraco ! Mas as pessoas (EM LA PAZ) tratam bem o turista, come-se bem...na rua há de tudo, o cheiro é bom, mas é necessária certa coragem. Yo no la tengo !!! e fiz meu kit sobrevivência com industrializados. O artesanato em La Paz, é muito bem acabado, preços compensam também, ao lado da Igreja São Francisco, há uma rua cheia de coisinhas, potinhos, enfeites, mantilhas, "platas", e muita coisa que se acha nos camêlos aqui no Brasil. Principalmente em Floripa !! Tudo é lhama, alpaca ou vicunha para os turistas; Tem que cuidar, porque as vezes é "pet". Foi isso que me falaram. Deduzi que os fios são feitos de garrafa de Coca Cola, sei lá. Hã jeans que são feitos de "pet". Não importa ! Da estação de buses até o centro o taxi custa 10 bolivianos e resolvi que não ia mofar na estação até a hora do embarque para Cochabamba.

Cosmos, não viajem com este lixo. "El bus tem baño?" - "Sy, tiene". "OK". Pero el bus veio com las puertas do baño cerradas, o motorista alegou que uns não sabem usar e por isso o ônibus fica podre. Fui obrigada a concordar e parar de tomar água. E principalmente...não ter vontades, até que não aguentei e fiz o motorista parar, parecia que só eu tinha bexiga. Viagem dos infernos, calor e todas as janelas fechadas. Meu vizinho de assento fedia e roncava coberto até o pescoço.

Cheguei atordoada de cansaço em Cochabamba, lugar horroroso, quanto menos tempo ali melhor prá saúde, comprei passagem para Santa Cruz e renovei o estoque dos industrializados.

Previsão para chegada em Santa Cruz as 10:00, horário da Bolivia, chegamos as 12:40 e o trem Pullman tinha saído a 10 minutos. Só no outro dia...NEM MORTA !!! Bufando, sai a caça de passagem para Puerto Quijarro de ônibus mesmo, me consolei pensando que o trem era o dobro da passagem do trem. E é feriado, dia da Independência, e diziam que a coisa tava estranha, que a Bolivia estava um barril de pólvora pronta a explodir. Nos televisores da estação era o assunto, eleições, inimigos politicos, golpe, propaganda de Evo e das forças armadas e a possibilidade de parar tudo.

Dizem que a Bolivia é somente passagem de turistas que vão a outros países. Deve ser e com razão dos que fazem isso. No geral os bolivianos tratam mal o turista, não perdem tempo para explicar nada, principalmente se voce não entendeu, falam rápido e seco...assim voce não tem coragem de perguntar de novo. A impressão é que estando ali é voce que precisa deles, não eles de voce.

Comprei passagem para Quijarro para as 16:30. E finalmente uma ventana só prá mim. Espero poder abrir e não ter que fechar por causa de algum boliviano mal encarado, fedido e friolento. Tudo bem ??? Nãooooooo !!! quando vi o ônibus tive uma sincope. Na última janela a direita onde eu pensei que deveria haver um banheiro, estavam entrando mochilas, sacos, barris de plástico, caixas de papelão. NÃO TEM BANHEIRO DE NOVO !!! E quando mais da metade dos passageiros suicidas estavam acomodados no ÔNIBUS DA MORTE, descobrimos que o que valia não é a marcação original de fábrica das poltronas, mas a marcação feita a BIC. Caos total, faltou pouco para a povo cometer um motoricinio. As fididas nativas com suas trouxas reduziu a nível quase 0, menos male e tive sorte no remanejamento, fiquei com dois lugares e uma ventana só prá mim.Tá rolando um sertanejo brasileiro, nestas alturas, saturada de música andina, um brasileiro cantando, mesmo que seja isso, é um bálsamo. Finalmente saímos...e quinze minutos depois paramos, entra um cara com uma pasta preta pedindo atenção, nem dei bola...Mas ele gritou: PRESTEM ATENÇÃO, isso é para o bem de voces....glup !! e ficamos parados meia hora na saída da cidade enquanto ele tentava vender pedras para pendurar no pescoço, chás para todos os males, xaropes para frigidez, comprimidos para o cabra ficar macho. Não vendeu nadinha o trambiqueiro. Vambora, tempo fechando para num temporal, estrada de chão, poeirão. Aquilo que chamam de ônibus pelo menos leva o mecânico junto. Amém. Cada quilomêtro quer dizer mais perto da divisa.

Escureceu, a chuva não veio, calorão, sem banheiro e a música boliviana a mil pela Bolivia. Nos intervalos das "músicas" eu pedia para baixar o volume...nada ! Peguei minha lanterna e fui direto no motorista maluco (tem que ser): "Quierem que abaixe ou desligue ?", falei por todos: DESLIGUE ! Quando voltei para meu lugar, uma boliviana mal encarada começou: "Múcica, múcica", ainda bem que o companheiro dela lascou: "Cala-te". Mesmo assim dormi com minha lanterna de aço inoxidável bem dura, empunhada na mão direita. "Deixa ela vir", pensei.

A única parada foi no C* do mundo, se Cusco é o umbigo, ali é mesmo o C*, e ninguém quer lembrar o nome disso. Uma "casinha" para todas as mulheres do ônibus, a dois bolivianos com direito a 15 cm de papel higiênico tipo lixa. Os homens se viravam em volta da tal casinha.Para lavar as mãos uma caixa d'água para todos com água cinza e milhões de bactérias.Para beber uma senhora com um balde de água suja que chamam de suco, servido com uma concha. Para comer pipocão Biluzão repleto de um bichinho preto. Comprei um pacotão e vim libertando os bichinhos estrada fora.

Quando chegamos a Quijarro, a porta do inferno, não acreditei...perguntei umas quatro vezes, "Aqui é Quijarro ?", "Moço, voce tem certeza que aqui é Puerto Quijarro ?" Passei na imigração boliviana e voei emocionada em direção de um prédio azul escrito POLICIA FEDERAL. Faltou pouco prá eu dar um beijo no carinha.Só não dei porque na cara dele tava escrito: BEM FEITO. Aviso: não peguem taxi de Quijarro a Corumbá!!! é fria. Custa somente vinte vezes mais, e na frente da PF tem ônibus urbano que vai até a rodoviária . Coisa boa...gente morena, simpática, prestativa, brasileira. Peguei ônibus da Andorinha até Campo Grande, motorista limpo, de gravata, sapatos limpos, educado, ônibus com ar água, ar condicionado, tv, e principalmente BANHEIRO, E LIMPO. Não vi praticamente nada do Pantanal, mas o que vi me fez querer voltar. E vou ! Chegando em Campo Grande vi algumas placas de restaurante oferecendo lambari frito, até sentia o cheiro da coisa, cheguei as 19:50 e as 20 horas tinha ônibus prá Floripa. Senti muito pelos lambaris mas prefreri encarar de uma vez as vinte e duas horas até em casa. Tempo suficiente prá fazer mais amizades com o povo do busão, repartir os lanches, pegar endereços, contar finalmente suas maluquices.

Resumindo...tudo foi muito bom ! a única vez que tive diarréia foi no trajeto de Balneário Camboriu até Floripa ocasionada pela ansiedade de ver meus filhos, meus amigos, minha caminha box limpinha. Vim sentada no toillete com a expectativa.

Embarquei só nesta aventura, queria levar comigo outras pessoas, não deu, mas não tive medo disso e iria só novamente. Mesmo porque se fica sózinho se quiser ! Sai de casa com a idéia que estava deixando meu mundinho para trás e que dali prá frente era eu quem deveria me adaptar a tudo, e não o todo a mim, porque eu era simplesmente mais uma. Há muita pobreza, que ninguém se engane, mas as pessoas são realmente guerreiras, no Perú as crianças cumprimentam, ajudam os pais, vi adultos juntando o lixo que os turistas jogam na rua. Levei um "choque", em todos os sentidos, que fez avaliar e reavaliar o meu mundinho. As vezes tão fútil e material.

Por fim: deixei as frescuras e os preconceitos em casa, não pude conviver muito bem com a adversidade, mas tentei respeitar a casa que não é minha, e tirar o que é bom prá minha vida.

A minha dica:

Deixe o salto alto, o melhor perfume, a melhor roupa, a unha bem feita...em casa. Não vai precisar, não vai acrescentar absolutamente nada na sua vida.

Vá ver antigas construções arqueológicas sim, mas não esqueça que são pedras e a maior riqueza são as pessoas, a cultura e a natureza que principalmente no Perú está preservada.

Não deixe seu lixo por lá. É burrice. Caminha-se muito com o pêso do que vai comer, depois que se come, está mais energizado e com condições de carregar a embalagem do que comeu. Porque vai deixar seu rastro ?

Vou voltar a Águas Calientes e Machu Picchu, eu mereço. Mas vou incluir o que faltou: Arequipa, Chan Chan, Huaraz, Uyuni, Tiwuanaco e Chakaltaya. Vambora ?

 

Algumas fotos desta "louuuuucura" estão no Orkut, link do perfil:

http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=16875318230970880815

 

 

 

:D

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Oi luci, parabéns pela aventura, desafios e principalmente coragem que sempre deve se ter em viagens como essa, tenho dois relatos aqui no mochileiros "sai de manaus e conheci o Peru" talvez vc já tenho lido pois o trajeto e em parte igual ao seu a diferença e que fui de Cusco pra Nazca e depois pra Lima, o outro e "sai no meu carro de Manaus e conheci a venezuela" outro também muito bacana, faltou eu postar aqui o meu ultimo trip pela sua região que eu fui em fevereiro desse ano, fui de manaus a Florianopolis e de lá ate a casa de um amigo em Rio do sul e conhecemos parte do parana, Argentina e Paraguai, vi que a vida por ai e bem diferente do que vc viu pelo Peru e principalmente na Bolivia, mais mesmo com tantos apertos ainda considero Cusco como a melhor cidade que eu conheci "Florianopolis vem em segundo" como vc falou viagens desse tipo mudam as nossas vidas tudo tem um valor diferente, depois que voltei do Peru minha vida não foi mais a mesma, agora a 1 ano e meio estou quase voltando ao normal, sinto que é hora de botar o pé na estrada de novo pra manter essa chama do descobrimento acessa, não só de novos lugares como de mim mesmo, pois viajar sozinho e a melhor forma de conhecer a si memo certo, bom um abraço e muitas alegrias.

 

 

Obs. de Puerto maldonado a Cusco eu fui de Onibus cortando a selva e depois a cordilheira dos andes, imagina a complicação que eu passei, mais também e a historia mais emocionante da minha vida coisa que daqui a muitos e muitos anos não vou esquecer, por isso Eu Continuo Viajando mesmo que seja atraves de relatos como o seu.

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Nossa Lu, estou tonto de tanto rir com o seu relato...

Vc tem razão... uma viagem como esta... que fizemos... marca profundamente nossa alma... sinto-me diferente com muitas coisas... até os pensamentos mudaram um pouco... acredito que agora eu vejo a vida não com outros olhos... mas de um ângulo diferente... mais rico... mais real.

Eu fiz o trajeto de cusco a puerto maldonado de busão, que nem o para-choques tinha... um calor infernal dentro e fora um frio de congelar a alma... mas tudo foi magnífico.

Quando formos pra floripa (eu e Michel)... já sabe... vai ter que passear conosco!!!! hahahahah

 

Bjinhos e continue assim... iluminando-se com os novos caminhos...!!!!!

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Oi luci, parabéns pela aventura, desafios e principalmente coragem que sempre deve se ter em viagens como essa, tenho dois relatos aqui no mochileiros "sai de manaus e conheci o Peru" talvez vc já tenho lido pois o trajeto e em parte igual ao seu a diferença e que fui de Cusco pra Nazca e depois pra Lima, o outro e "sai no meu carro de Manaus e conheci a venezuela" outro também muito bacana, faltou eu postar aqui o meu ultimo trip pela sua região que eu fui em fevereiro desse ano, fui de manaus a Florianopolis e de lá ate a casa de um amigo em Rio do sul e conhecemos parte do parana, Argentina e Paraguai, vi que a vida por ai e bem diferente do que vc viu pelo Peru e principalmente na Bolivia, mais mesmo com tantos apertos ainda considero Cusco como a melhor cidade que eu conheci "Florianopolis vem em segundo" como vc falou viagens desse tipo mudam as nossas vidas tudo tem um valor diferente, depois que voltei do Peru minha vida não foi mais a mesma, agora a 1 ano e meio estou quase voltando ao normal, sinto que é hora de botar o pé na estrada de novo pra manter essa chama do descobrimento acessa, não só de novos lugares como de mim mesmo, pois viajar sozinho e a melhor forma de conhecer a si memo certo, bom um abraço e muitas alegrias.

 

 

Obs. de Puerto maldonado a Cusco eu fui de Onibus cortando a selva e depois a cordilheira dos andes, imagina a complicação que eu passei, mais também e a historia mais emocionante da minha vida coisa que daqui a muitos e muitos anos não vou esquecer, por isso Eu Continuo Viajando mesmo que seja atraves de relatos como o seu.

 

 

 

 

Olá Oseas...

 

Amigo, antes da minha viagem li seus relatos algumas vezes. Foi com eles que tive impulsos de coragem de ir mesmo sózinha. Hoje posso dizer que não tenho medo de absolutamente nada...muito ao contrário, a graça é justamente essa, de vencer os meus medos, cruzar as barreiras, ver o que tem do outro lado do muro. Na primeira semana depois que cheguei, pensei que ia pirar...até agora não consigo definir o que senti e ainda sinto. A impressão é que não vivi isso, dei o nome de "choque", pensava que até aquele momento estava dando importância a tantas coisas insignificantes quando tudo é muito extenso, muito longo, muito a ser visto e vivido. Foi maravilhoso...apesar de algumas dificuldades, estou com muitas saudades...não sei precisar se dos lugares, ou de mim e do que sentia naqueles lugares. Sniff...sniff...

Obrigada pelas suas palavras carinhosas. E como dizia meu pai: "Vamos caminhar, porque o mundo é grande."

Muita paz amigo!!!

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Nossa Lu, estou tonto de tanto rir com o seu relato...

Vc tem razão... uma viagem como esta... que fizemos... marca profundamente nossa alma... sinto-me diferente com muitas coisas... até os pensamentos mudaram um pouco... acredito que agora eu vejo a vida não com outros olhos... mas de um ângulo diferente... mais rico... mais real.

Eu fiz o trajeto de cusco a puerto maldonado de busão, que nem o para-choques tinha... um calor infernal dentro e fora um frio de congelar a alma... mas tudo foi magnífico.

Quando formos pra floripa (eu e Michel)... já sabe... vai ter que passear conosco!!!! hahahahah

 

Bjinhos e continue assim... iluminando-se com os novos caminhos...!!!!!

 

 

Rsrsrs...Fernando, voce e o Michel foram meus anjos de guarda nesta deliciosa loucura. Digamos que não segui todas as recomendações, porque aquilo que se tem como manual torna-se obsoleto diante do inusitado e imprevisível. Mas fica o principal que é a boa vontade, os braços abertos prá curtir, lembrar depois e rir muito. Agora parece engraçadissimo eu em cima da mula em disparada ladeira abaixo. Na hora não foi...mas sobrevivi ao despenhadeiro e ao susto. Tudo no esquema, certim certim, não seria tão bom, como foi.

 

Dia 4 de outubro tô na estrada novamente, só a mulherada...até Paraty, Mauá, Cachadaço e se o joelho deixar, Itatiaia !!!

 

Floripa e eu os espera...vai ser muito bom.

 

Bjussss, obrigada

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:mrgreen::mrgreen::mrgreen::mrgreen::mrgreen::mrgreen::mrgreen:

Lu, nossa felicidade em ti v aqui. O vagabundo do Fe não mi falou que vc tava no mochileiro, kkkkk, ele ate falou algo sobre um depoimento, mas não entendi, pensei ser coisa do Orkut, kkkkkk.

 

Lu vc tem moradia fixa no meu coração, poxa Lu, bem que vc podia morar aqui perto, assim eu e o Fe iríamos-te v sempre.

 

Há, da mesma forma q Deus mi colocou amigo lindos como vcs na minha vida, tenho certeza q ele vai nos ajudar a organizar uma viajem louca, mas louca mesmo. De preferência para janeiro de 2010, assim da tempo de bolarmos algo, já pensou nos na terra do fogo e depois sair subindo pela pan-americana, kkkkkkkkkkk.

 

Vamos mesmo pensar em algo, mas que posamos reunir uns amigo, vc e o Fe, já tem vaga cativa no Changarela (vou colocar umas placas com o nome de cada, kkk).

 

Cada dia fico mais apaixonado por vc, bjs.

 

Michel

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Pois então Fe...nem vou cobrar, já me considero dentro da Changarela. Se fui sózinha, imagina se não iria com meus mentores ??? Tudo é um sonho, mãos a obra com os tijolinhos. Isso se voce dois não resolverem casar, serem pais de uma meia dúzia até lá.

 

O povo que entrar neste tópico vai pensar que aqui é a casa dos bolinha e da luluzinha. Não é não...é aberto as pessoas que como nós, estão sempre com o pé que é um leque, prontos prá voar.

 

Em tempo...teve algumas vezes, na descida do Salkantay, onde meu joelho doeu mais, que eu parava, olhava aquela natureza, abria os braços pedindo que aquilo me abraçasse, as lágrimas corriam e eu me sentia profundamente abraçada, amada e cuidada. Jamais em tempo algum vou esquecer estes momentos.

 

Adoro voces dois...Beijão

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