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Paranapiacaba em dois tempos... a pé!


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http://jorgebeer.multiply.com/photos/album/96/Prainha_do_Rio_Mogi

http://jorgebeer.multiply.com/photos/album/97/Pico_do_Itaguacira

 

PARANAPIACABA EM DOIS TEMPOS... A PÉ!

Existem pessoas q gostam de Mozart, outras q curtem Iron Maiden. Algumas apreciam ambos. Há quem opte por boteco a restaurante, assim como gostar mais de cinema a teatro. Enfim, o pto é q há gosto genuíno pra td, e de forma ampla podemos estender o conceito tb ao montanhismo. Se há quem curta trilhas fáceis e batidas, da mesma forma há quem se veja inclinado a perrengues de dificuldade maior, menos conhecidos. Ou ambos até. A Serra de Paranapiacaba preenche estes dois requisitos a contento, seja pela “Trilha do Vale do Rio Mogi” como pela subida ao Pico do Itaguacira, sendo aqui ilustrados por dois momentos distintos, quase consecutivos. Dois tempos q alternam vales profundos e picos apontando pro céu nesta bela e pitoresca região serrana próxima à urbe paulistana.

 

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A tradicional “Trilha do Vale do Mogi” é a materialização de picada sussa e isenta de qq problema de navegação. Tb conhecida como “ Tupiniquins”, “Raiz da Serra”, “Guaianazes” e “Piacanguera”, a vereda desce o planalto ate o fundo do Vale do Rio Mogi, pra depois serpentear rumo Cubatão, já na baixada. Como minha veia perrengueira continua intocada, sempre dei meu “muito obrigado” a qq tentativa de aliciamento a tornar a (re)fazê-la. Até o sábado passado. O comprometimento de levar uma amiga “desenferrujar o esqueleto” nalgum bate-volta fácil na região imediatamente apontou como à “Prainha” do Rio Mogi como opção ideal, através da trilha do mesmo nome. E pelo nível de facilidade, naturalmente haveria possibilidade de encontrar mais gente por lá. Dito e feito. Durante a semana soubera q outra amiga, a Vivi, estaria tb por essas bandas levando conhecidos menos condicionados. Legal, era a deixa pra trilhar descompromissadamente e quiçá esbarrar com velhos amigos. O mundo trekkeiro é bem pequeno mesmo.

Saltamos do trem em Rio Gde da Serra as 9hrs, eu e a Renata, e imediatamente encostamos na padoca Barcelona, tradicional pto de encontro de andarilhos, onde tomamos nosso rápido desjejum com destaque prum delicioso pão-na-chapa. Na sequencia nos dirigimos ao pto da integração com o bus, onde uma fila enorme de orientais e pivetada nos aguardava. Acotovelados num latão apinhado de gente, após rápida e trepidante viagem descemos na vila de Paranapiacaba antes das 10hrs, e sem pestanejar nos dirigimos ao inicio da picada. Pelo horário bem avançado via pouca probabilidade de encontrar a Vivi, pois lembro da dita ter avisado q zarparia por volta de 1hr antes, impreterivelmente. Mas eis quem topamos ao cruzar o cemitério e o estacionamento? Vivi e sua trupe, composta pelo Fabio (de braço quebrado), Cris e Emeka, q aguardavam mais 3 rapazes, Mario, Caio e Jorge, q coincidentemente estavam no mesmo bus nosso, atrasados. Coincidencia ou destino? Não sei, o fato é q dali zarpamos tds juntos, pois nosso destino era o mesmo.

 

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O dia estava radiante. Com um céu isento de nuvens e um sol martelando a cachola rumamos pra picada, mas não sem antes bater algumas fotos no Mirante, com ampla vista do verdejante vale cujas encostas percorreríamos ate dar no rio. E Cubatão, ao longe, se revela ao nosso olhar contra um horizonte de azul imaculado. Tomamos a trilha e mergulhamos no frescor da mata, descendo a encosta esquerda da serra em suave declividade, passando com cautela alguns trechos escorregadios devido ao limo depositado na trilha ou mais estreitos da picada, com sinais evidentes de deslizamento. As frestas na mata permitem vislumbres de uma linha férrea cortando a encosta oposta, onde um som seco e metalico anuncia a passagem de um trem.

Não tardou e caímos num descampado ao sopé da 1ª torre de alta tensão, onde paramos pra sentir a brisa no rosto e clicar o visu do vale descortinado à nossa frente. Penetramos novamente na floresta densa e sombreada por grandes árvores cujas copas fecham o céu, sempre bordejando a encosta porém agora cruzando com vários córregos cortando a picada, q por sua vez alternava-se em pedras, charcos, terra, valas ou lajotas. No caminho topamos com mais uma galera descendo, em ritmo vagaroso, a quem acenamos um cordial “e ai, beleza?”. Minha amiga, apesar de estar há muito tempo sem trilhar, desceu num ritmo bem satisfatório, sem problema algum. Performance mto boa pra quem acompanhava pra ser “(re)iniciada”. A 2ª torre, mais abaixo, é alcançada após emergirmos por entre enormes matacoes de lírios-do-brejo. Dali em diante a picada desce em largos ziguezagues costurando a encosta, sempre acompanhado a linha de alta tensão serra abaixo. Assim, chapinhando pelo brejo numa trilha q ora se alarga ou estreita, desembocamos na base da 3ª torre, onde há algum lixo e sinais de fogueira. A picada desvia forte pra esquerda e retoma a descida, aos ziguezagues, onde agora podemos ouvir o rugido de um rio correndo nalgum vale fundo à nossa esquerda. O sol da manhã está bem forte, mas o calor ainda não venceu o frescor da mata e desenvolvemos uma caminhada tranqüila pela encosta cada vez mais inclinada.

 

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Após a 4ª torre a declividade aumenta e a picada embica por uma crista florestada praticamente em linha reta, serra abaixo, durante um tempão. Emerge brevemente entre matacoes de maria-sem-vergonhas pra depois enfiar-se outra vez na mata. A presença cada vez maior de lírios-do-brejo anuncia água nas proximidades. Dito e feito, tropeçamos no 1º riachinho do percurso, cujo marulhar ouvíamos já a algum tempo. Mas um pouco mais a frente topamos com outro afluente maior do Rio Mogi, onde paramos brevemente pra descansar sobre as lajotas de seu pedregoso leito. O calor está insuportável e não dá outra: mergulho no poço mais próximo pra me refrescar, atendendo institivamente o chamado de suas águas frias e esverdeadas.

Saltando de pedra em pedra passamos pra outra margem, onde a picada prossegue em meio à mata e praticamente nos vemos “nadando” entre voçorocas de lírios-do-brejo, afastando a vegetação q tende a ocultar a trilha. Depois o caminho se estreita e bordeja uma íngreme encosta, sempre acompanhando pelo alto o tributário supracitado. Um 3º e 4º rios despencando serra abaixo são vencidos sem dificuldade, onde pequenos córregos cortando a encosta e algumas arvores tombadas correspondem aos últimos pequenos obstáculos deste trecho de trilha. Um aparelhinho do Mario revelava q ate ali havíamos completado 8km em 10mil passos (!?).Verdade ou não, o certo era q o desnível desde la em cima havia sido de quase 750m vencidos!

 

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Finalmente, as 13hrs, desembocamos às margens da “Prainha” do Rio Mogi, já no fundo do vale. Perdi a conta de qtas vezes já passei por aqui mas sempre me maravilho com este lugar, q fica mais cênico realçado pela iluminação deste inicio de tarde. As águas e poços de tom esverdeado-claro contrastam gritantemente com o esmeralda mais escuro da mata ao redor, q por sua vez recorta um céu azul despido de qq vestígio de nuvens. A “Toca da Onça”, uma greta formada por enormes rochas ao lado da simpática prainha fluvial, surge como eventual proteção em caso de chuva e tantas vezes já me servira com essa finalidade. O Rio Mogi, por sua vez, corre manso e sinuoso sentido Cubatao, emparedado neste trecho por altas montanhas forradas de densa vegetação. Naquele local paradisíaco, nos jogamos ao mais completo ócio sobre as lajotas e pedras do leito - q agora serviam de esteiras – com direito ate um cochilo e lanche. E com o sol próximo de seu ápice não deu outra: tchibum!

Revigorados, as 14:30 damos as costas ao Rio Mogi e iniciamos o árduo caminho da volta. Um negrume surge no céu encobrindo o alto da serra e mosquitos se fartando do nosso sangue reforçam nossa decisão de voltar. Contudo, o argumento mais contundente era o de ter tempo suficiente de vencer os quase 700m de desnível q tínhamos ainda pela frente. E assim voltamos lentamente td o caminho feito repisando nossos passos, mas após o 1º riacho (de cima pra baixo) o pessoal começa a se distanciar, justamente no trecho onde a declividade aperta. A partir daqui a Renata começa a sentir o peso da “roubada” em q se meteu, assim como o das pirambas q se seguem consecutivamente, nas quais inúmeras paradas são necessárias pra retomada de fôlego. O calor sufocante e o ar parado faz seu suor escorrer fartamente pelo rosto, ensopa a camisa e a mochila de ataque parece pesar duzentos quilos, minando seu pique inicial aos poucos. O consumo de água aumenta e esvazia rapidamente nossas garrafas. Mas o fantasma da sede mantem o passo constante, mesmo q arrastado. Pra complicar, uma leve pontada na minha têmpora anuncia a iminência de uma enxaqueca, tão forte qto inesperada. Mas ainda assim busco manter a compostura e prossigo no meu ritmo, ignorando a dor. Pensando bem, a trilha não era tão “sussa” assim. Não a volta, pelo menos.

 

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E lá vamos nos, empenhados em subir aos poucos a serra enqto o resto deslancha de vez na dianteira. “Devagar, porem sempre!”, é meu lema nessas horas, sem perder minha amiga de vista e atentando às bifurcações no caminho. A medida q ganhamos altitude e vencendo as torres sucessivamente, a satisfação de estar cada vez mais próximo do fim da jornada aumenta. Uma parada no primeiro córrego do caminho molha com gosto indescritivel nossa garganta seca, lava nosso rosto e revivemos. Ao mesmo tempo as brumas envolvem o alto da serra, tornando infrutífera qq tentativa de visual. Já não enxergamos Cubatão nem o litoral, apenas somos brindados por um enorme quadro opaco à nossa volta.

Um doce aroma de “dama-da-noite” paira no ar e anuncia nossa chegada ao alto da serra, as 18hrs, onde uma roda de crentes ora àlguma graça alcançada próximo do Mirante. Com Paranapiacaba fazendo jus ao seu famoso “fog londrino”, nos dirigimos ao pto de bus. Provavelmente Vivi & cia devem estar comemorando nalgum boteco da vila, à nossa espera, mas nosso cansaço nos impele a retornar à casa antes da hora. Eu tb precisava voltar pois minha cabeça pulsava dolorosamente. Afinal, a pernada terminou mas não a jornada; havia ainda a longa via-sacra bus-trem-bus. Mas não sem antes uma breve parada na padoca, em Rio Gde da Serra, pra tomar somente uma cerveja gelada merecidamente. Não apenas pra simplesmente satisfazer a sede, e sim pra fechar com chave de ouro um passeio simplório e prosaico q pra quem ta pouco acostumado certamente ganha contornos de epopéia homérica, de vitoria e superação. E isso certamente sempre merece comemoração.

 

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Três dias depois de ter percorrido a “Trilha do Mogi” voltávamos novamente à Paranapiacaba. Não tem jeito. A serra tem uma tendência a nos chamar. Porém nosso propósito é outro: subir ao alto do Pico do Itaguacira, tb conhecido como Pedra Grande de Quatinga, com as precárias infos q dispúnhamos e uns poucos pontos plotados pelo GPS do Nando. Diz a lenda q o Pico de Itaguacira ("pedra afiada", em tupi-guarani), um enorme granito de 1196m encravado no alto da Serra do Mar, é o pto mais alto de Mogi das Cruzes e tem varios acessos partindo de Paranapiacaba, porem pouco conhecidos. Bem, era ver pra crer.

E assim eu, o Nando,Vivi e Fabio saltamos do busao no mesmo lugar q o sábado anterior, as 9hrs, sob um sol radiante num dia igualmente promissor. Ao invés daquela ocasião, agora tomamos rumo sentido a vila atravessando-a por inteiro, em direção à Estrada do Taquarussu, a exatos 790m de altitude. Após o portal q nos dá boas-vindas ao Pq das Nascentes e a cancela dos guardinhas ambientais, caminhamos um tempão em meio ao frescor da sombra da mata ao redor, alternando suaves sobe-desce num ritmo bem satisfatorio. A conversa jogada fora no caminho é tão animada q nem nos damos conta qto passamos pela Cachu da Agua Fria e a entradinha da picada q leva ao Rio Quilombo, palco de tantas outras aventuras, mais adiante.

Por volta das 10hrs e quase 6km depois, caímos na simpática vila do Taquarussu, onde temos uma breve parada de descanso à sombra do gramado da bucolica praçinha central, ornada por canteiros de bromélias. O vilarejo tem uma historia interessante. Fica dentro da Faz. Taquarussu, propriedade particular, e foi formado pela vinda de trabalhadores italianos, durante a segunda Guerra Mundial para uma mineradora que explorava carvão. No local, encontramos a Igreja de Santa Luzia, um jardim com o coreto, o belo lago que contorna a Vila. Estamos a 810m de altitude.

 

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Descansados, damos as costas ao vilarejo prosseguindo nossa jornada pela estrada, acompanhando um riachinho pela direita, sempre sentido nordeste e com suave declive. Revoadas de borboletas colorem o ambiente enqto a mata ao redor se reverza entre mata secundaria e bosques de eucaliptos e pinheiros, e nos provê de sombra fresca pro sol matinal a pino. Pela carta neste ponto adentramos já nos limites de Mogi das Cruzes.

As 10:40 tropeçamos com uma bifurcação na qual tomamos o ramo da direita, sentido camping do Simplão. No caminho ignoramos uma estrada de terra à esquerda e logo topamos com duas casas, onde coletamos informações com o simpático José, um peão q cortava eucaliptos na região. Alem de nos passar valiosas infos, nos deu alguns frutos de cambuci com os quais eventualmente curtia uma famosa pinga tradicional da região. Nos disse q o caminho ao pico, o qual sua face sul era já bem visível, tinha dois acessos: um curto, porem extremamente difícil e confuso, onde bastava seguir pela estrada em q nos encontrávamos pra dali se esgueirar serra acima partindo de uma tal Cachu da Macumba; e outro fácil porem mais extenso, q foi o q decidimos seguir, q contornava o pico pela esquerda e o alcançava pela sua face norte.

 

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Nos despedimos do José e voltamos poucos metros à estrada de terra q havíamos ignorado, pra dali prosseguir tranquilamente no aberto, sob forte sol das 11hrs. Após o Sitio Cachoeira andamos um tempão sem ver alma viva no caminho, e as 11:38 topamos com um improvável orelhão no meio do nada e lugar nenhum(!?), q era uma das referencias q o Ze havia nos dado. Tomamos então uma estradinha à direita q derivava da principal, e ia de encontro à serra do qual o pico despontava majestuoso a nossa frente, espetando o céu. No caminho coletamos mais infos com outro tiozinho local, q apenas retificou aquelas passadas pelo José, e assim fomos nos aproximando cada vez mais do enorme pico, cujo domo rochoso despencando de sua face norte impressiona pelo tamanho. Segue-se um sobe e desce sinuoso por entre pequenos morros, atravessamos um pequeno vale bem florestado onde um enorme rio marulha calmamente e bordejamos um extenso pinheiral ate dar noutra bifurcação. Ignoramos o ramo da direita, q leva ao “Pesqueiro de Trutas Pedrinhas” e vai dar novamente em Paranapiacaba, seguindo a da esquerda q envereda em direção ao pico cada vez com declividade maior. Mas após cruzar uma cerca e passar por uma casinha é q a subida aperta mesmo, e a estrada (cada vez mais precária) começa a bordejar encostas forradas de matacoes de samambaias, ganhando cocorutos sucessivos. A esta altura o céu começa a nublar, mas o calor abafado persiste inalterado encharcando rapidamente nossos rostos.

 

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As 12:15 chegamos num trecho onde visivelmente percebemos q a estrada sobe dando a volta na montanha pela encosta esquerda, mas ai tomamos à nossa direita uma picada erodida e bem escorregadia (com vestígios de passagem de moto) em meio à mata, q sobe forte e provavelmente deve servir de atalho. Dito e feito, pouco depois caímos novamente na estrada, bem mais acima, ganhando altura num piscar de olhos. Mas não deu nem um tempo andando pela estrada q logo topamos com uma placa no arvoredo ao redor escrito “Caminho da Pedra Grande”, apontando pra uma picada em meio à mata, ao lado de um portão de alguma propriedade particular. Daqui não tem mais erro, saímos da estrada e tomamos a picada, as 12:40, lógico! A vereda se enfia na mata e sobe uma crista florestada por vários cocorutos, mas depois a pernada aperta ao bordejar a montanha pela sua íngreme encosta esquerda, alternando vários sobes e desces.

As 13hrs topamos com um bem-vindo córrego cruzando a trilha, onde o pessoal resolve descansar e bebericar do precioso liquido. Apesar de estar nublado, o calor e o mormaço aliados a subida forte nos fazem beber quase td nosso estoque nos cantis, e este pequeno córrego, na cota dos 950m, é o ultimo pto de água do caminho. Assim, abastecemos e continuamos o ataque final. Mal sabíamos q após o córrego era q a subida realmente apertava. E como apertava! Comecou com uma piramba quase vertical q so foi vencida com ajuda das mãos, nos firmando no arvoredo e pedras ao redor. A trilha íngreme, o chão escorregadio e vários trechos de escalaminhada se sucedem em ritmo intenso, onde varias teias de aranha cruzando o caminho sugerem ninguém passar por ali a algum tempo.

 

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Mas finalmente as 13:20, após um arduo trecho de escalaminhada de raízes e rochas, emergimos no alto dos 1140m do amplo cume do Itaguacira. Um vasto capinzal e alguns pequenos trechos lajotados dominam o topo, cuja vista panorâmica é realmente soberba e permite um vislumbre geral em 360 graus, seja da Represa de Taiacupeba, das Cabeceiras do Quilombo e de Cubatao, de td trecho feito desde Paranapiacaba, de Quatinga, etc..enfim, uma vista realmente deslumbrante. Na borda leste, alem de vestígios de fogueira, há uma picada e se enfia nos arbustos e continua por uma crista descendente rumo sudeste. Provavelmente deve ser o acesso “difícil e confuso” mencionado pelo José, mas q fica pra uma outra ocasião conferir. E assim, donos do cume, ficamos um tempão apreciando a paisagem, descansando ao relento e beliscando nosso resto de lanche enqto jogamos conversa fora. Missao cumprida.

 

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As 14:40 resolvemos tomar a trilha de volta, repisando nossos passos. O som de trovoes ao longe e do visu de Paranapiacaba totalmente encoberto reforçam esta decisão. Como pra descer td santo ajuda, a volta foi mais rápida q a ida, naturalmente. Resolutos a não voltar pra Paranapiacaba por estarmos relativamente mais próximos de Quatinga, na volta deixamos a picada principal em favor de outra q enveredava pra direita, após um arame farpado q denunciava alguma propriedade. La provavelmente encontraríamos alguém q nos indicaria o melhor caminho pra Quatinga. Não achamos ninguém, mas caímos num pequeno sitio vazio onde uma convidativa piscina (repleta de água de alguma nascente dali) foi mais um motivo de pit-stop pra descanso, tchibum e novo lanche. Ainda mais engrossado pelas deliciosas bananas de um pomar próximo. O tempo q ameacava fechar de vez, novamente se abria em td seu esplendor, permitindo de onde estávamos um visu da bela pedra na qual havíamos estado hora antes.

Sem pressa alguma, do sitio tomamos uma estrada de terra q não demorou em desembocar na estrada principal, do lado da “placa da Pedra Grande”, q bastou apenas seguir em frente. Assim fomos descendo a serra aos poucos e rapidamente perdemos altitude. Dando as costas pro Itaguacira, agora com sua enorme face rochosa norte iluminada pela iluminação da tarde, serpenteamos morro trás morro ate cruzar um riachinho e ter o primeiro contato com a civilização, passando pelo “Sitio Só Alegria”, as 16:20. Uma placa indica estarmos na Estrada Municipal Inelico Ribeiro da Silva q as 16:50 se mostra asfaltada, já na periferia de Quatinga.

 

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Quatinga é alcançada 10min depois, e imediatamente nos dirigimos ao boteco mais próximo comemorar a trip daquele dia, com direito a travessia involuntária de quase 23km percorridos! Quatinga esta situada a 35km de Mogi das Cruzes e guarda um ambiente bucólico e hospitaleiro q remete às pequenas cidades do interior. Tao hospitaleiro q mal chegamos no boteco vários locais se juntaram a nós pra jogar conversa fora e pedir bebida. Destaque prum tiozinho q emprestou sua caranga - isto é, sua charrete - pro Nando e Vivian darem uma volta pela cidade. Tomamos finalmente o busao pra Mogi as 19:40, após sete cervejas, uma pinga de cambuci, um refri, duas porções e muitas historias engraçadas pra contar. O resto da trip pra Sampa foi embalada no mundo dos sonhos, naturalmente.

 

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Retomando o raciocínio do primeiro parágrafo deste relato, existe publico pra td e qq tipo de trilha ou programa montanheiro. E a Serra de Paranapiacaba provê o andarilho de programas pra tds os gostos. Faceis ou difíceis, batidos ou desconhecidos. É uma serra sem meios termos. Encostas íngremes de mil metros encobertas de vigorosa floresta e abismos colossais protegem o imenso planalto repleto de mata densa e riachos cristalinos, onde brotam cumes rochosos q se elevam para o céu. E a “Trilha dos Tupiniquins” e o Pico do Itaguacira são dois ótimos exemplos diametralmente opostos de um mesmíssimo lugar . Exemplos entre muitos outros q a fantástica Paranapiacaba tem a oferecer.

 

PS. agradecimentos ao Julio Fiori e Gabriel paixao pela inspiracao do prologo

Editado por Visitante
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  • Membros de Honra

Mais um relato, este com duas trips. Tu produz, hein, Jorjão?

É bacana ter esta diversidade, trilha hard, trilha fácil, por perto... depende do humor, da cia, do tempo, escolhe o destinho.

Agora, filho, tu tem reclamado reiteradamente desta dor de cabeça... vai ver isso, rapá!

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  • Membros

Grande relato Jorge...

 

realmente a trilha de sábado que pensamos que era para iniciante não era bem assim... pode ser iniciante na parte de navegação, mas fisicamente é puxada...

 

agora a de ontem foi maneira... uma pena eu não ter aproveitado a piscina no sítio que entremos kkkkk

 

abraço!

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  • Membros de Honra

Belo relato , Jorge rs Otimo caminhar contigo!

E muito interessante essa "segunda parte" do rolê...tem tanta coisa por ai que a gente nem imagina...rs

 

realmente a trilha de sábado que pensamos que era para iniciante não era bem assim... pode ser iniciante na parte de navegação, mas fisicamente é puxada...

Fábio,

Eu já falei que "voce e a Vivi só me metem em furada" hoje?

Já?

Então não custa repetir hehehe vai que tem algum desavisado pensando em fazer trilha com a gente rs

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  • Membros

Rorrito, ótimo relato. Detalhadíssimo como sempre.

Não é novidade que adoro trilhar em sua cia, e essa é só mais uma histórias de tantas que ainda estão por vir.

Grande beijo,

Sua amiga, Vivizita

 

kkk, Cris, sim, vc já disse que só enfiamos vc em furadas...kkk

Mas fala sério, vc adorou vai...rs

Grande beijo

Vivi

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  • 2 semanas depois...
  • Membros

Eu fui pra lá ontem e voltei agora há pouco. Estava com o relato impresso no bolso da bermuda porém houve uma pequena falha. Em breve vou postar o relato mas queria acertar mais ou menos o caminho aqui pra que quem vá não cometa os erros que cometi.

 

Minha idéia era sair na sexta de manhã de casa, chegar lá a tarde e acampar no pico. Tudo solitário. Porém não saí de São Paulo muito cedo e cheguei em Paranapiacaba às 14:30. Logo na descida para cruzar a linha do trem perguntei a um grupo sobre a Pedra Grande e um deles, que conhecia bem a região, me disse que eu ia caminhar bastante (e eu gosto de caminhar pouco?). Quando entrei na estradinha do Parque das Nascentes todas as infos do seu relato começaram a bater e fui ficando otimista. Eu sou um pouco ansioso e logo que entro na trilha fico esperando o próximo ponto de referência e entrei numa daquela subidinhas após Taquarussú, me perdendo, mas logo voltei pro caminho certo. Vi a placa a direita para o Camping do Simplão e entrei (número 1 no mapa abaixo). Quando vi as duas casinhas fiquei muito feliz, e até bati palmas pra tentar achar o seu José numa das casinhas (número 2 no mapa), mas não havia niguém. Voltei e segui a estradinha a esquerda que voce seguiu. Então chega o ponto crucial do relato: Temos uma encruzilhada com quatro pontos (número 3 no mapa). O primeiro, de onde viemos (as duas casinhas, ponto 2). A esquerda volta exatamente para a bifurcação de onde pegamos à direita para o camping do Simplão (ponto 1), com uma observação: olhando no google maps, não precisa pegar a direita na placa do camping do Simplão (bifurcação 1 no mapa) e depois à esquerda nas duas casinhas pois o caminho é bem maior. Agora a questão é para onde ir dessa encruzilhada. Voce diz no seu relato que foi reto e achou o orelhão (ponto 4 no mapa), entrando a direita nele que é o caminho que coloquei em verde no mapa (nem há estrada no google, mas é possível ver a trilha), inferindo pelo que voce fez. Porém essa trilha é muito maior. Basta entrar a direita na escruzilhada e seguir reto rumo ao ponto 5 que é o pesqueiro de truta das pedrinhas. Olhando o caminho que voce fez, deu uma volta e quando chegou na bifurcação entrou a esquerda e não seguiu em frente, porém já tinha dado a maior volta.

Agora a questão nem é de perder ou ganhar 1km, a questão foi o caminho que fiz. Quando entrei a direita no orelhão fui perguntando e, ao invés de seguir para a direita, dando a volta que voce deu, fugia de toda a placa que via escrito pesqueiro de truta das pedrinhas, pois pelo que pensei voltaria a Paranapiacaba. Isso me levou a fugir completamente do caminho, indo portando para a esquerda até andar uma hora ser ver alma viva. Quando vi gente perguntei sobre a Pedra Grande e não me sabiam responder. Perguntei sobre a Pedra Grande de Quatinga e me disseram: "Ah! Quatinga segue reto, mas tá longe". Andei feito camelo por mais uma hora e já eram 17:00 passadas quando um caminhão que ia passar por mim, na mesma direção que eu, pára quase ao meu lado para descer um caboclo que morava ali. Então perguntei sobre Quatinga, já convicto de que a Pedra deveria ser perto desse vilarejo. Segui uma meia hora de carona no caminhão até essa vila, que até pode ser simpática, mas nada seria simpático ao descobrir que estava longe umas 3 horas de caminhada da Pedra Grande e o sol só deixava aquela claridade baixa após ter se escondido. Segui com uma lanterna na trilha de que voces voltaram para Quatinga após terem chegado no topo, na escuridão total e adivinha: passei direto pela placa da entrada da trilha ao lado da cerca, desci o atalho escorregadio, depois de andar na escuridão total às 20:00 sem ver viva alma há pelo menos hora e meia. Quando ia passando pela cerca no meio da estrada (cerca que estava relatada, porém umas 4 horas depois do que deveria estar passando) vi uma casa com luz e resolvi perguntar. Quando o cara me disse que havia passado já fazia meia hora, decidi acampar ali mesmo, mas ele ofereceu uma casa que tinha na propriedade dele ali do lado, em que eu passei a noite. No dia seguinte voltei o caminho e subi na Pedra, quase como um desabafo. Fiquei bem umas duas horas tentando entender o caminho que tinha feito dali de cima e tudo clareou. Na volta, antes de passar pela cerca denovo, encontrei um casal de senhores que disse que vai a Pedra Grande com muita frequencia e me disseram para entrar a esquerda, passar pela frente do pesqueiro (a cerca está no número 6 do mapa) e voltar que encontraria fácil o caminho. Porém, na estrada do pesqueiro encontrei um simpático rio que formava uma psicina natural após passar por baixo da estrada e dei alguns mergulhos, para espantar a zica. Depois que voltei a andar, logo a frente encontrei a encruzilhada maldita do início de tudo e pensei em como fui burro. (no mapa, 7 é onde tem o atalho escorregadio. 8 é a Pedra Grande, grande objetivo conquistado).

Logo que escrever o Relato com mais calma, posto aqui o link. Contudo, fica o aviso para quem quiser seguir essa aventura. O que tenho a dizer é que é uma trilha grande, que necessita de preparo se for fazer desde Paranapiacaba, contudo muito bonita, agradável e não deixa a desejar por ser desconhecida. Um atrativo a ela é o preço para acesso de São Paulo, que me custou cerca de R$10,00 saindo da estação de trem Villa Lobos-Jaguaré. Para quem mora em Santo André, tem um onibus direto pra Paranapiacaba.

Eu gostaria de voltar a região para fazer a primeira parte dos dois tempos. Além disso gostaria de tentar também subir pelo caminho rápido/complicado que o José falou para voces, que passa pela tal Cachu da Macumba. Estando disposto para aventura, é só chamar.

 

Abs,

Davi.

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  • Membros de Honra

hahahahah.. q fique claro q o q postei é um relato de trip.. não um roteiro a ser seguido! Roteiro de trip sao efemeros pq tem prazo! qq coisinha q mude como referencia fedeu; a a rvore q ta hj pode nao ta mais lá amanhã e por ai vai.. mas é bom saber q algum teve como referencia algo redigido por este q vos escreve pra se aventurar por rincoes menos conhecidos deste mundao..

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