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Trilha Lençóis–Capão ou Trilha das Mulas


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Integrantes: Eduardo Borges, Daniela Batista e Lucas Pinheiro

 

Eu havia prometido em 2008 a Lucas, então meu estagiário, que o levaria para conhecer a Chapada Diamantina. Marcamos primeiramente para março/2009 nossa tão esperada viagem. Lucas estava muito ansioso, porém, no dia de viajarmos choveu muito e desistimos de viajar. Remarcamos nossa viagem para maio/2009. Neste meio tempo, soube que minha prima Daniela estava louca para conhecer a Chapada Diamantina. Convidei-a, e ela topou na hora!

Viajamos na noite do dia 30/04/2009, chegando em Lençóis por volta das 04:30h do dia 01/05. Pegamos nossas mochilas, enchemos nossos cantis com as garrafas d’água do próprio ônibus da Real Expresso. E, antes de partirmos em direção ao hotel Portal de Lençóis, início da trilha, demos uma rápida passada no sanitário da rodoviária de Lençóis.

Ainda era madrugada do dia 1º de maio, quando começamos a subir as antigas ruas de Lençóis. Passamos pela avenida Senhor dos Passos, passamos a ponte sobre o rio Lençóis, na Praça dos Nagôs demos uma rápida olhada para a esquerda e vimos o Mercado Cultural. Seguimos adiante na diagonal direita, chegando a Praça Horácio de Matos, onde fica o Banco do Brasil e a agência dos Correios. Fomos subindo a avenida Sete de Setembro até chegarmos ao famoso Coreto, ponto obrigatório para os turistas amantes da fotografia. Dobramos a esquerda e continuamos a subir, agora pela rua Nossa Senhora da Vitória até alcançarmos o deslumbrante Hotel de Lençóis, onde mais uma vez dobramos a esquerda para pegarmos a rua Altina Alves, a qual se finda no hotel Portal de Lençóis, fim da área urbana de Lençóis e início da nossa trilha: a Trilha Lençóis – Capão, também conhecida como Trilha das Mulas.

 

 

Vou fazer uma parada no relato da trilha para falar um pouco sobre a trilha das mulas e o porquê deste nome! Antes das nossas atuais rodovias, a forma de escoar os produtos agrícolas para a cidade de Lençóis, oriundas do Vale do Capão, Conceição dos Gatos e outras comunidades menores, era através desta antiga trilha de tropeiros, que ligava o Capão Grande (Vale do Capão) até a cidade de Lençóis. Ela é muito mais fácil do que a Trilha da Fumaça por Baixo, mas com suas belezas singulares, tais como: a vista da cidade de Lençóis vista do alto da trilha; a desembocadura para o vale do rio Ribeirão, com o Vale do XXI lá na frente; o Poço da Piaba e a Toca dos Noivos; a deslumbrante vista do Morrão (Monte Tabor), tendo as Águas Claras aos pés do Morrão, entre o mesmo e a Serra dos Cristais; e por fim, a chegada ao místico Vale do Capão, lugar de paz e refazimento!!!

 

 

Pois bem, voltemos ao nosso relato. Eram exatamente 05:42h do dia 01/05 quando demos nosso primeiro passo na trilha, os primeiros raios matinais começavam a iluminar o ambiente. Como vocês devem saber, todas as trilhas têm subidas e descidas. Esta, particularmente, tem mais subidas que descidas, haja vista que há um desnível altimétrico favorável a quem vem do Capão no sentido Lençóis, pois o Capão está a +/-1000 metros de altitude, enquanto Lençóis está a +/-400 metros de altitude. Pois bem, como estávamos no sentido Lençóis/Capão, tínhamos que vencer 20km e um desnível de +/-600 metros de altitude. Eu ia na frente, pois, apesar dos meus 117kg, era o guia daquela excursão. Logo atrás vinha Dani, que era a mais bem preparada para cumprir o trajeto. Era magra e tinha 22 anos a seu favor. Lucas era o último e, apesar de mais novo e bem mais magro do que eu, parecia que ia “morrer/boiar” na trilha. Rsrs. Não me recordo de Lucas sorrir em uma única foto, devido ao seu cansaço. No entanto, é importante observar que tanto ele quanto Dani amaram tanto a trilha, quanto os demais passeios de nossa viagem.

Nossa primeira parada se deu às 06:27h. Já dava para vermos Lençóis do alto, apesar de ainda estarmos muito perto dela. Continuamos nossa caminhada até encontrarmos nosso primeiro riacho! Este ponto é interessante, pois logo após ele há três caminhos a seguir: o da esquerda; o da direita; e o do meio! Devemos seguir pelo do meio! Vinte minutos depois do riacho eu tomei uma baita queda que machucou bastante meu dedo médio da mão esquerda. Tanto que na hora pensei de o haver quebrado. Passei um gel que havia levado e procurei deixar o dedo imóvel.

Retornamos à trilha, nos deslumbrando com os pássaros, as bromélias, as cachoeiras temporárias que víamos nos paredões distantes, enfim, curtíamos e muito! Às 08:30h nos deparamos com um pequeno córrego que eu passei de botas sem maiores problemas. Dani tirou seu tênis, calçando-o logo após sua passagem. Já o Lucas, meus amigos, meteu o tênis na água, o que trouxe arrependimento para ele pelo resto do dia, pelo incômodo de andar com um tênis encharcado e suas conseqüências: frieiras, chulé, calos de sangue etc. Às 09:26h eu tomei outra queda, sem maiores conseqüências, na garganta que dá acesso ao vale do rio Ribeirão. Quem quiser ver o vídeo é só acessar:

 

 

Às 10:10h paramos para enchermos nossos cantis numa pequena cascata temporária, cujas águas também nos serviu para molhar nossas cabeças, nos refrescando um pouco. Retomamos nossa caminhada, serpenteando o chapadão que mais adiante recebe o nome de serra dos Cristais, descendo até o rio Ribeirão. Às 12:08h chegamos no leito do rio Ribeirão, encontrando dois uruguaios que estavam fazendo o percurso contrário, indo do Capão para Lençóis. Aproveitamos para perguntar como estava o Capão e se tinham encontrado mais alguém na trilha. Disseram que o Capão estava tranqüilo e que nós éramos as primeiras pessoas que eles encontravam na trilha!!! Despedimo-nos, atravessamos o rio Ribeirão, passamos pelo acampamento (local a +/-50m do local da travessia do rio, ótimo para quem faz esta trilha em dois dias), minutos depois passávamos pelo Poço das Piabas e pela Toca dos Noivos. Daí em diante a trilha é sempre do lado esquerdo do rio Ribeirão, ora mais perto deste, ora mais longe. Quando nos aproximamos dele, a mata se fecha e torna-se alta. É a chamada mata ciliar, com vegetação de Mata Atlântica ou similar. Quando nos afastamos, a mata se torna cada vez mais rala, as árvores dão espaço aos arbustos, que por sua vez dão espaço aos lajedos com plantas de raízes curtas, pequenas portanto, e a grandes extensões de campos, chamados de gerais.

Às 14:07h chegamos defronte ao Morrão. Este é o momento em que começamos a contornar a esquerda, no sentido sul, na direção do Vale do Capão. Porém, antes de contornarmos, paramos para admirarmos o Morrão, com os seus gerais aos seus pés, as matas ciliares serpenteando os campos como cobras a denunciar os leitos dos rios, a serra dos Cristais à direita do Morrão, a encantadora e mística Águas Claras, bem no meio entre o Morrão e a serra dos Cristais. Por falar em Águas Claras, vale aqui informar ao nosso leitor que por lá passa uma trilha que pode ser feita de bike em direção ao morro do Pai Inácio, e que pode ser emendada imediatamente com outra que leva para Lençóis, num dos mais incríveis e técnicos downhills da Chapada Diamantina. Para finalizar a parada no Morrão, pousou para minha lente, o Augaste lumachellus (Beija-flor-gravatinha-vermelha), endêmico da Chapada Diamantina, e que se tornou uma constante nas minhas trilhas, pois sempre o encontro para meu prazer!

Depois da contemplação e muitas fotos e filmagens, retomamos nossa trilha, só parando às 15:06h, num pequeno riacho que, acredito eu, deva ser um dos pequenos rios que irá formar o Riachinho, em cujas quedas d’águas nós tomaríamos banho no dia seguinte, após visitarmos a Cachoeira da Fumaça.

Às 15:40h avistamos as primeiras casas do Vale do Capão, apesar de geograficamente ainda não estarem propriamente no vale. E às 16:09h descansamos no leito do último rio da trilha, pois ao transpô-lo, encontramos a primeira estrada de barro da região. Consideramos este local como fim da nossa trilha, pois daí em diante até carro transita. No entanto, devo ressaltar que do leito deste rio, até a Pousada Beira-Rio, mais conhecida como Pousada de seu Dai, nós caminhamos ainda por mais 01:33h, chegando na pousada às 17:42h. Pois bem, se começamos a trilha às 05:42h e terminamos às 17:42h, fizemos a trilha em 12 horas, com muitas paradas para descanso, lanches, fotos e filmagens!

Após o banho revigorante em seu Dai, fomos a noite na pizza do Thomas, para desfrutarmos sua pizza. Vale ressaltar que lá só tem dois sabores: natural e doce. A natural é feita de mussarela, molho de tomate, pesto (molho de azeitona, manjericão, alho e orégano) e cenoura, tudo no forno à lenha, numa massa fina e crocante. No lugar de catchup, há um mel com pimenta, muito bom! Quem for geminiano não pode deixar de experimentar! Rsrs. A pizza doce é de mussarela, banana d’água, canela, mel e cachaça. Para acompanhar eu sugiro o suco de maracujá silvestre adoçado com mel, ou o suco de mangaba! Ah o suco de mangaba...

Dia seguinte fomos tomar café-da-manhã no argentino (Diego), não vou nem descrever nada aqui, senão sai um livro sobre culinária, rsrs. Ao sairmos de lá, fomos à Cachoeira da Fumaça. No retorno, almoçamos em D. Beli. A tarde, fomos ao Riachinho. Dia seguinte fomos a cachoeira do Rio Preto e Rodas e a noite pegamos a rural de Edinho rumo a Palmeiras (outro capítulo a parte, rsrs), de lá partimos para Salvador!!!

Há quem ache esta trilha simples, que é para ser feita apenas uma única vez! Eu discordo. Ela é singular, como aliás toda a Chapada Diamantina! De lá voltamos a Salvador com nossas energias renovadas, e com muita saudade, pois quem é trilheiro de coração sabe o que eu e meus amigos de aventura sentimos na hora de voltarmos ao nosso cotidiano! Mas já voltei a ela, e ainda no próximo mês estarei por lá para fazer a Fumaça por Baixo com o Lucas e mais dois amigos: o Dito e o Carlinhos!!! Abraços!!!

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  • Membros de Honra

Duda,

 

Muito bacana seu relato!! e o tombo faz parte!! ::essa:: rssr

 

A trilha do Vale do Pati pode até ser a mais famosa, mais bonita etc. etc. Mas esta trilha acredito que é a mais querida!!! eu sou fã... Gosto de dormir lá em Águas Claras e depois é só curtir no Capão!!!

abraços! ::otemo::

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  • 1 ano depois...

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