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Grã-Bretanha - 15 dias - Londres, Brighton, Oxford, Canterbury, Cardiff e Bath - outubro de 2011


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Décimo primeiro dia. Quarta-feira, 12 de outubro de 2011.

 

Segundo o guia da Lonely Planet, se existe uma cidade no interior da Inglaterra que merece uma visita bate e volta, essa cidade é Bath. Obviamente, a maioria das pessoas que vai à Bath em uma viagem à Grã-Bretanha, vai a partir de Londres. Eu e a Dani, entretanto, preferimos ir a partir de Cardiff. A justificativa é óbvia: de Londres à Bath são 193 km de distância. De Cardiff à Bath, apenas 90 km!

 

Acordamos não tão cedo. O cansaço acumulado da viagem começou a bater e saber que não temos hora marcada na estação para pegar o trem fez com que ficássemos ainda mais preguiçosos. Ficamos enrolando e quando vimos já era 9 da manhã. Levantamos, nos arrumamos e descemos para tomar outra vez aquele café da manhã inglês reforçado (6 Libras / R$ 18 cada). Saímos e vimos que o tempo ainda era aquele nublado de sempre. A estação de trem era perto do nosso hotel, apenas cinco quadras. Chegando lá, pegamos o trem das 10:30 horas. Vale a pena escolher horários livres, assim, não tem correria e podemos fazer tudo com calma.

 

Pagamos 19,50 Libras (R$ 58,50) ida e volta para cada um. Compramos no guichê da estação de Cardiff mesmo, dois dias antes. Comprar passagens de trem na Inglaterra pela internet é meio complicado pois eles pedem um cartão de crédito britânico que, obviamente, eu não tenho. As passagens de ônibus geralmente são mais baratas (às vezes muito mais baratas) que as de trem e os sites das empresas de ônibus aceitam cartões de crédito internacionais, possibilitando a compra ainda no Brasil.

 

A viagem de Cardiff até Bath dura uma hora e os trens são pontuais, muito confortáveis e limpos. O nosso trem saiu até vazio. O sistema de trens da Inglaterra funciona muito bem, a rede é grande e tem estações em quase todas as cidades, até nas menores. Viajar de trem pelo país (apesar de ser mais caro do que de ônibus) é uma experiência muito interessante, ainda mais para nós, brasileiros, acostumados a serviços públicos de péssima qualidade.

 

Bath é uma pequena cidade histórica, com apenas 90 mil habitantes, localizada no sudoeste inglês, condado de Somerset. Fundada no ano 43 D.C., pelos romanos, Aquae Sulis foi o seu primeiro nome. Os romanos construíram na cidade um dos maiores banhos do Império, aproveitando as fontes naturais de águas quentes da região.

 

Com a queda do Império Romano, a cidade ficou estagnada até a chegada dos Anglo-Saxões, em 757 D.C. Foram eles que tornaram a cidade um centro comercial de lã e de peregrinação na Idade Média, tanto por causa das termas, às quais se atribuía o poder de cura de doenças como a lepra, quanto por causa da religião, com a construção da primeira Abadia de Bath.

 

Saindo da estação de trens, percebemos que o clima fechado de Cardiff tinha vindo com a gente. A estação é bem central e percebemos que a cidade era pequena e calma. A arquitetura nos chamou a atenção pela sua elegância, quase tudo herança da era Georgeana, quando quatro reis George reinaram consecutivamente, de George I à George IV, de 1714 à 1830.

 

Caminhando, logo nos deparamos com um bonito parque, o Parade Gardens. Esse parque fica entre o centro de Bath e o rio Avon e fica em um plano mais baixo que a cidade. De lá de baixo, podemos ver muitos dos bonitos edifícios que o cercam. Muito bem cuidado, o Parade Gardens é bastante florido.

 

Os canteiros do parque eram temáticos. Havia um que era um coração com a bandeira britânica no meio, feita com flores coloridas, em homenagem ao casamento real do príncipe William. Vimos também um arranjo que deve ter sido muito difícil de fazer. Eram crianças de mãos dadas em volta de uma pequena árvore com a mensagem: plant a tree for the future of the planet (plante uma árvore para o futuro do planeta).

 

A dois passos do Parade Gardens fica a pracinha principal de Bath, onde ficam a Abadia de Bath e os Banhos Romanos. Essa praça já é mais movimentada que o resto da cidade e dá para ver que o turismo de massas chegou com força à Bath. Ônibus de turismo e grupos guiados estão por todos os lados. Mas, mesmo lotado de turistas, esse centrinho da cidade ainda é muito bonito.

 

Resolvemos, então, conhecer primeiramente a Abadia de Bath. Fundada por beneditinos logo da chegada dos Anglo-Saxões, a Abadia de Bath original já não existe mais. Ela ficou de pé entre 757 e 1066, quando foi destruída durante a invasão normanda. Os normandos construíram outra catedral no lugar, que ficou pronta em 1090, mas já estava em ruínas por volta do final do séc. XIV. A atual abadia é uma reconstrução em menor escada da antiga igreja anglo-saxã e sua construção foi iniciada em 1499 e terminada apenas em 1611.

 

O trabalho artístico da construção é muito detalhado. São coisas que já não se fazem mais. O teto em abóbada de leque e os vitrais coloridos são pontos altos (apesar de terem sido acrescidos mais recentemente, no séc. XIX). A Abadia de Bath é considerada a última das grandes igrejas medievais da Inglaterra.

 

Mais além de beleza arquitetônica, a Abadia de Bath é um lugar de muita relevância histórica para a Inglaterra. Foi exatamente naquele lugar que, no ano de 973 D.C., ainda na antiga abadia anglo-saxã, em que Edgar, o Pacificador, após submeter os reinos do norte, foi coroado o primeiro rei de toda a Inglaterra, unificando o país.

 

Outra coisa que chama a atenção é o fato da Abadia de Bath ser excessivamente utilizada como cemitério. Assim como na Abadia de Westminster, em Londres, há placas e esculturas por toda a parte fazendo referência a personalidades importantes religiosas e não-religiosas que estão ali sepultadas. O comando da Igreja pelo rei, fruto da Reforma Anglicana, fez com que houvesse uma grande confusão entre Estado e religião. É muito comum aqui na Grã-Bretanha vermos nas igrejas referências (bandeiras, altares, placas) às forças armadas e às guerras em que o país participou.

 

A entrada é gratuita e ainda há a possibilidade de subir as torres (não sei se é gratuito também). Vale a pena visitar.

 

Bem ao lado da Abadia de Bath fica a entrada dos Roman Baths(Banhos Romanos), o principal ponto de interesse da cidade, claro. Entramos em um grande salão de teto alto e cheio de turistas onde compramos os ingressos. Cada um custa 12 Libras (R$ 36). Os áudio-guias (não tem em português) estão inclusos no preço dos ingressos.

 

Além dos banhos, a construção romana também abrigava um templo dedicado à deusa Sulis Minerva. Sulis era a deusa celta das nascentes e os romanos logo a identificaram com Minerva. Essa mistura religiosa é interessante por deixar evidente que os romanos não só dominaram as ilhas britânicas, mas também foram influenciados pela cultura local. Há relatos que afirmam que as termas romanas já existiam no ano de 75 D.C., mas o uso dessas fontes de água quente pelos povos celtas é bem mais antigo.

 

Seguimos para a área das visitações e logo temos uma bonita vista da grande piscina dos banhos. No andar de baixo se encontram várias salas interligadas que formavam o complexo dos banhos. Há exposições que contam detalhadamente a história do lugar.

 

Em uma época em que não existia água corrente nas casas, os banhos públicos eram um grande feito de saúde pública e lazer, muito apreciados pelos romanos. Nos banhos espalhados pelo Império a elite política e econômica da época se encontrava e socializava.

 

Nos banhos de Bath podemos ver como tudo era organizado. Havia banhos com água fria e banhos com água quente. As águas eram levadas da fonte até as piscinas por meio de uma tubulação subterrânea de chumbo (os romanos não sabiam que o chumbo era tóxico).

 

Hoje, algumas piscinas estão secas, exibindo o processo de construção. Outras estão cheias e viraram fontes de desejos, com o fundo cheio de moedas. Fizemos os nossos pedidos também, claro. Na área onde ficava o templo está em exposição uma cabeça de bronze da deusa Sulis Minerva, original da época. Todo o templo e também os banhos eram ricamente decorados com mosaicos e mármores. Infelizmente, quase tudo se perdeu. Ficaram apenas alguns pedaços do frontão do templo, com o famoso górgona, símbolo dos banhos, intacto ao centro.

 

A fonte está até hoje jorrando águas termais ricas em minerais, a uma temperatura constante de 46°C. Podemos ver até uma fumacinha saindo da água.

 

Sem dúvida a parte mais bonita da visita é o grande banho. Cercado por colunas e estátuas romanas, hoje ele fica a céu aberto e tem como cenário outros edifícios de Bath, inclusive a vizinha abadia, mas, na época romana, era coberto por uma abóbada de pedra em formato cilíndrico.

 

A piscina tem degraus em toda a volta que descem até o fundo plano, a 1,60 metros de profundidade, fundo este que está até hoje coberto com chumbo romano. Em volta desta grande piscina há bancos de mármore onde os banhistas podiam se sentar para conversar.

 

Depois da partida dos romanos, o templo pagão foi destruído e os banhos, abandonados, desabaram e foram soterrados e esquecidos. Muito do que vemos aqui são reconstruções das termas originais, fruto de pesquisas históricas. Só nos anos de 1880 é que a maioria do complexo foi escavada e começaram os estudos mais aprofundados do local.

 

Obviamente, não podemos entrar na água dos Roman Baths (e quem ia querer entrar nessa água verde?!). Para aqueles que querem experimentar banhos quentes em Bath, existe um hotel-spa que explora as águas de outra fonte termal da cidade, mas prepare o bolso pois é caríssimo. Eu e a Dani nos contentamos só de olhar e conhecer a história mesmo.

 

Impossível é não se impressionar com o feito dos romanos em construir uma estrutura daquelas tão longe de casa. Para quem vem à Bath, visitar as Termas Romanas é fundamental. Recomendo fortemente.

 

Na lojinha, comprei um imã em porcelana com as fachadas da praça, onde ficam a abadia e as termas. Em frente à loja, a Dani fez questão de deixar cair e quebrar. Mas ela se redimiu e comprou outro para mim (também… com a cara que eu fiz… hahaha).

 

Além da abadia, dos banhos romanos e do centrinho de Bath, com sua bonita arquitetura, mais ao norte existe dois conjuntos de casas geminadas históricas construídas em ruas curvas que são muito famosos, The Circus e The Royal Crescent. Mas nós já estávamos meio cansados e mesmo não sendo tão longe, bateu uma preguiça enorme de ir dar uma olhada. Ficou para uma próxima. Já era umas 3 horas da tarde, então fomos procurar um lugar para almoçar.

 

Andamos sem destino, à espera de uma boa comida. Encontramos uma ruela toda decorada com bandeirinhas que nos chamaram a atenção. Ali encontramos um restaurante despretensioso (apesar do nome francês) que servia pequenas porções. O nome era La Croissanterie.

 

Comemos torta de frango e quiche de legumes com refrigerantes. Na saída, apesar de satisfeitos, compramos três fatias de bolos diferentes e guardamos para comer quando desse vontade. Tudo custou 11,70 Libras (R$ 35,10).

 

Bem na esquina dessa rua tinha uma livraria anunciando promoções. Entramos e eu comprei um livro de história sobre as Guerra Civis Inglesas, um período muito conturbado da história deles e que acabou influenciando o mundo todo.

 

Depois do almoço, sabendo que as passagens de volta eram para qualquer horário, foi difícil resistir à preguiça. Era hora de ir para a estação. Pegamos o trem das 16:30 horas.

 

Chegando em Cardiff, passamos em um supermercado da Tesco que fica bem ao lado do nosso hotel. Compramos mais uns sanduíches naturais, água e refrigerantes. Na hora de pagar, vimos um sistema interessante, o auto check-out. No caixa não tinha atendente e nós mesmos passávamos as compras no leitor, selecionávamos a forma de pagamento e pagávamos para uma máquina, sem ninguém para fiscalizar se tínhamos passado todos os produtos antes de pôr na sacola. Sei que isso é só mais uma medida para cortar custos da empresa, mas eu achei prático. Nessas horas é impossível não ter aquele pensamento: será que um dia veremos algo do tipo no Brasil?

 

Chegamos no hotel e fomos deitar. Acordamos só para comer e dormimos de novo. No outro dia íamos voltar para Londres e estávamos animados com isso pois ainda tinha muita coisa para fazer por lá.

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Décimo segundo dia. Quinta-feira, 13 de outubro de 2011.

 

Acordamos bem cedo para voltar para Londres. Cardiff ainda estava clareando. Como sempre, o clima estava frio e úmido e o céu nublado. Nosso ônibus saía às 7 e meia. Tínhamos deixado tudo pronto, então foi só tomar banho, vestir uma roupa, pegar a mochila/mala e ir para a estação.

 

As passagens Londres-Cardiff-Londres, para dois adultos, custaram 22,50 Libras (R$ 67,50). Compramos pela internet, ainda no Brasil, no site da National Express. Embarcados, nos acomodamos e dormimos. Nem sentimos as 3 horas e meia de viagem até Londres.

 

Mais ou menos uma hora antes de chegar na estação nós começamos a trafegar já na área urbana de Londres. Passamos por muitos bairros da cidade e pudemos ver como são as partes não tão centrais, não tão turísticas. É tudo arrumado e as ruas são tranquilas, cheias de casas parecidas. O comércio é sempre de pequenos estabelecimentos. Deve ser bom morar ali.

 

Chegando na Victoria Station, pegamos a bagagem e fomos andando para o hotel. Já falei sobre isso, mas nunca é demais reforçar: localização é muito importante na hora de escolher um hotel e, de novo, eu recomendo o bairro onde ficamos em Londres, Pimlico.

 

Ficar em Pimlico é estar perto do centro, com muitas opções de comércio e bem servido de transporte. Se tivéssemos ficado em outro lugar, longe da Victoria Station, que é estação de metrô, trem e ônibus, seria muito mais trabalhoso, principalmente para viajar para outras cidades. Ali a gente só tinha que descer na Victoria Station e ir à pé para o hotel, sem precisar pegar outro metrô. Fora que o bairro é bonito e cheio de opções de hospedagem.

 

Assim como nos primeiros dias, nessa volta à capital britânica ficamos no Best Western Victoria Palace. É um hotel simples, mas que vale o que pagamos. Fica instalado em várias casas antigas geminadas em estilo vitoriano, mas bem conservadas, na esquina da Warwick Way com a Belgrave Road.

 

Diferente da primeira vez, não demos a sorte de ganhar um upgrade na reserva e ficamos no quarto duplo que tínhamos escolhido mesmo, sem a cozinha completa da outra vez. O recepcionista, o mesmo que nos atendeu da primeira vez (um malgache muito gente boa chamado Raj que falava bem português pois tinha morado em Portugal), até tentou nos colocar em um quarto mais espaçoso, mas eles não tinham vagas. Mas mesmo assim, o nosso quarto era muito bom. Quatro noites por 387 Libras (R$ 1.161).

 

Demos uma rápida arrumada nas nossas coisas, trocamos de roupa e saímos de novo. Tínhamos planejado visitar o Museu Britânico e como ele é muito grande, esperávamos usar boa parte do dia lá. Mas antes, claro, precisávamos almoçar. Não tínhamos tomado café da manhã e já era meio dia. Sem almoçar não íamos conseguir visitar o museu com calma. Então resolvemos ir outra vez ao Covent Garden. Já tínhamos dado uma passada por lá, mas foi rápido e quase não tivemos tempo de ver as inúmeras lojinhas.

 

Pegamos o metrô na Victoria Station e, depois de apenas quatro estações e uma conexão, chegamos a Covent Garden. Como sempre, as ruas estavam cheias de gente. É uma região sempre muito agitada.

 

Vimos uma placa que traduz direitinho o que é esse lugar: Welcome to Covent Garden Market. The place to shop, eat and be entertained in Central London (Bem-vindo ao Mercado de Covent Garden. O lugar para comprar, comer e se divertir no Centro de Londres). Concordamos. Nós fomos logo ao que mais nos interessava nessa hora: comida!

 

Há vários restaurantes por lá. Mas nós queríamos algo mais informal e rápido. Uma espécie de lanche de rua, mas com cara de comida caseira, nada industrial. Foi aí que avistamos de cima, em um dos vãos centrais do mercado, uma barraca com um tacho enorme cheio de paella! Eu e a Dani adoramos paella mas, de início, ficamos meio ressabiados. Será que era boa? Paella inglesa… sei não…

 

Chegamos perto para ver e parecia muito boa. O cheiro então… deu mais fome ainda. Aí olhamos o preço e vimos que uma porção pequena custava “só” 4 Libras (R$ 12). Mesmo que fosse uma bomba, não ia ser um grande prejuízo. Decidimos pedir duas porções pequenas.

 

O mercado estava cheio e não tinha nenhuma mesa vaga. Sentamos no vão de uma porta e lá mesmo comemos. Estava uma delícia, muito boa mesmo! Não contentes (ficar com muita fome é uma desgraça), vimos um restaurante bacaninha especializado nos mais famosos quitutes ingleses, as tortas (pies). Já falei delas por aqui e sempre que eu vejo eu quero provar de novo. O bom é que a Dani é minha melhor parceira nessas minhas gulas hahaha.

 

O nome do restaurante é Battersea Pie. Entramos e vimos um balcão cheio de opções de tortas. Escolhemos a mais tradicional: chicken and mushroom (frango e cogumelo). Pagamos e fomos nos sentar (duas pies e dois refrigerantes saíram por 15 Libras/R$ 45). O bom é que esse restaurante tinha as próprias mesas.

 

Eu e a Dani temos um mandamento de sempre privilegiar a comida local. Assim, comendo as tortas, acabamos com a dor de consciência de estar em Londres e comer comida espanhola ao invés de inglesa. Fica a dica. Na dúvida entre uma comida que você adora e uma comida local, coma as duas! Estava realmente muito bom. Adoramos.

 

O problema agora era levantar e seguir para o British Museum. Eu sei que é feio dizer isso, mas ficamos cheios. Para fazer a digestão, saímos para dar uma olhada nas lojas ao redor.

 

No Jubilee Market, uma feirinha que tem bem ao lado do mercado principal, vimos um monte de souvenirsbem bacanas por preços bons. Acho que é um dos melhores locais para comprar essas coisas em Londres. Mas não compramos nada, só olhamos para ter uma ideia dos preços.

 

Abri o guia e olhei no mapa. Não valia a pena pegar o metrô para ir para o museu. Resolvemos ir andando mesmo. De Covent Garden até o British Museum são umas quinze quadras, 10 minutos de caminhada. Foi bom pois fomos conhecendo lugares por onde não passaríamos.

 

O Museu Britânico é um prédio monumental, em arquitetura neoclássica, mas que fica em uma rua meio estreita, então é difícil tirar uma foto de toda a fachada dele.

 

Também chama a atenção a absurda cúpula de vidro que cobre o pátio central do museu. Projetada pelo renomado arquiteto Norman Foster, o mesmo que assina a cúpula do parlamento alemão e o edifício 30 St Mary Axe (The Gherkin) de Londres, ela cobre todo o espaço entre as bordas quadradas do pátio e a biblioteca circular que fica no centro do espaço. É impressionante.

 

A importância desse museu para a cultura mundial é gigante. Foi ele quem estabeleceu os padrões de científicos da museologia, tornando os museus não apenas instituições de lazer, mas também de pesquisa e educação.

 

Fruto do racionalismo científico do século XVIII, o Museu Britânico era, no início, mais uma exposição de feitos das civilizações antigas com o objetivo de exaltar o progresso da humanidade, sem muitas pretensões científicas.

 

O museu foi inaugurado em 1759 como o primeiro museu público, não-religioso, gratuito (isso mesmo, a entrada é gratuita até hoje) e nacional do mundo. Seu acervo era composto pela reunião de coleções de manuscritos antigos, moedas, livros, pinturas e outras antiguidades, adquiridas de ricas personalidades da época, tudo exposto sem qualquer classificação ou organização. Hoje, o Museu Britânico é umas das instituição mais respeitadas do mundo em matéria de pesquisa e produção científica.

 

Logo que entramos, ficamos meio perdidos, sem saber por onde começar. É indispensável comprar um mapa do museu. Compramos um por 2 Libras (R$ 6). Aí foi só seguir as indicações.

 

O acervo do museu é composto por cerca de 7 milhões de peças. A maioria, claro, está guardada e só uma “pequena” parte está em exposição. As coleções egípcias, gregas, romanas e asiáticas são incríveis.

 

Na seção grega, um templo inteiro está montado dentro do Museu Britânico. São salas e mais salas cheias de esculturas, cerâmicas, jóias e outros testemunhos das civilizações antigas.

 

Vimos a tão célebre Pedra de Roseta. Essa pedra encontrada na cidade egípcia de Roseta foi a chave para os estudiosos decifrarem os hieróglifos. É que nela, o mesmo texto, um decreto do rei do Egito, está escrito tanto em hieróglifos quanto em grego antigo, o que permitiu decifrar a escrita antiga egípcia, feito creditado ao francês Jean-François Champollion. Fora que a pedra foi alvo de uma disputa entre franceses e ingleses durante as guerras napoleônicas. Os franceses descobriram a pedra durante a ocupação do Egito, mas os britânicos ficaram com ela depois da capitulação de Napoleão. A pedra está no Museu Britânico desde 1802.

 

O Museu Britânico tem uma grande coleção de múmias. Vimos uma que nos causou surpresa. Estava escrito que era a múmia de Cleópatra! Logo eu e a Dani nos perguntamos: como é que nós nunca ouvimos falar que ela estava aqui? Mas aí foi só ler atentamente o painel para saber que era a múmia de uma jovem, também chamada Cleópatra, que morreu aos 17 anos e viveu 150 anos depois da famosa namorada de Marco Antônio. Ah bom…

 

Mas acho que o ponto alto do museu, a obra mais bonita e que gera mais controvérsia, são os fragmentos da decoração do Parthenon de Atenas. Tanto é que há até um folheto no museu que explica a discussão.

 

O Parthenon, construído há 2500 anos atrás como templo à deusa Atena, há muito estava abandonado e em ruínas. Entre 1801 e 1805, Lord Elgin, admirador das artes gregas e embaixador britânico no Império Otomano, do qual a Grécia fazia parte naquela época, com total permissão das autoridades otomanas, adquiriu cerca de metade das peças de decoração da fachada do antigo templo grego e as enviou para Londres. As peças foram expostas e tiveram grande impacto na sociedade européia da época, reavivando o interesse pela cultura clássica em todo o continente.

 

Então, em 1816, por intermédio de uma comissão parlamentar, o governo britânico comprou as obras de Lord Elgin e as doou ao Museu Britânico, onde estão expostas até hoje, sem qualquer cobrança de ingresso para vê-las.

 

Assim como no Museu Britânico, há partes do Parthenon por vários outros museus do mundo. Apesar de que a coleção do Museu Britânico é a mais completa.

 

Ocorre que o governo grego, desde 1980, questiona a legitimidade do Museu Britânico em possuir as obras e mesmo a legalidade de suas aquisições, uma vez que a Grécia estava sob domínio turco na época, e requer a devolução das mesmas à Grécia.

 

O Museu Britânico se defende com o argumento de que é uma instituição científica que zela por grande parte do patrimônio cultural da humanidade com muita eficiência, inclusive contribuindo para o melhor conhecimento da cultura grega por meio de suas caríssimas pesquisas. O museu afirma também que a cultura grega transcende a Grécia e o legado de sua civilização é universal, pertence à humanidade.

 

A questão é controversa mas não se pode negar, apesar dos britânicos não alegarem isso abertamente, que o Museu Britânico cuida muito bem das peças e que, se estivessem em Atenas até hoje, provavelmente não estariam tão bem estudadas ou mesmo nem existiriam mais. Enfim, o fato é que elas estão lá e são fantásticas. Nisso, gregos e ingleses concordam.

 

Passamos ainda pela parte antiga do Museu Britânico, onde as paredes ainda são revestidas de madeira e estão expostas coleções e mais coleções de moedas, vasos, joias livros e esculturas.

 

No fim, com o museu já quase fechando, fomos à loja. Há muitos produtos do museu. Comprei um livro das principais obras expostas e um imã. Os preços são um pouco altos mas já até desisti de encontrar uma barbada por essas bandas… Já percebi que se a gente deixa de comprar as coisas esperando achar um preço melhor acaba não comprando nada… O British Museum é um passeio imperdível para quem gosta de história, como eu e a Dani. E é um museu gigante. Passamos umas quatro horas lá dentro. É melhor não esperar conhecer tudo em uma só visita. Recomendo muito.

 

Já começando a escurecer, resolvemos passar por Piccadilly Circus. Já tínhamos ido lá no nosso primeiro dia em Londres. Mas estávamos tão cansados da viagem que sabíamos que teríamos que voltar uma outra hora. Fomos à pé mesmo. São umas vinte quadras (ou mais). Uns 15 minutos de caminhada.

 

O ícone de Piccadilly Circus é a simpática escultura de Eros com o seu arco e flecha. É impossível não tirar uma foto em frente dela. E com aquele céu de início da noite tudo ficou ainda mais bonito.

 

Era hora do rush e Piccadilly Circus estava lotada. Na verdade esse lugar não tem nenhuma grande atração, é apenas um cruzamento entre três grandes avenidas da cidade, a Piccadilly Ave., a Regent St. e a Shaftesbury Ave. Mas não há como negar, que é uma região muito charmosa, com edifícios de arquitetura imponente e uma aura cosmopolita e meio caótica que é a cara de Londres.

 

Ali também há muitos teatros, bares e restaurantes. Fora que Piccadilly Circus é um ponto de encontro para as pessoas depois do trabalho e um local de comemorações públicas. Sem dúvida vale uma visita.

 

Entramos outra vez na Cool Britannia, uma loja enorme de souvenirs. Como já tínhamos passeado bastante pela cidade e pelo país, compramos várias bugigangas legais. É incrível a variedade dessa loja, tudo com a temática britânica e londrina. Já tinha comprado a bandeira da Grã-Bretanha para costurar na minha mochila. Aí decidi comprar também a da Inglaterra e a do País de Gales.

 

Em Piccadilly Circus também fica o Madame Tussauds e o Ripley’s Believe It or Not! O primeiro um museu de celebridades feitas de cera e o outro um museu de bizarrices como um boi com pernas de mulher e cabeça de abajour (?!). São ridículos demais. Não iria nem se fosse de graça.

 

Já era umas 7 e meia da noite quando resolvemos comer outra vez. De novo fomos à Pizza Hut, onde comemos na primeira vez em que estivemos em Piccadilly Circus. Pedimos uma pizza com buffetde saladas incluso e refrigerantes. A conta, já com a gorjeta da garçonete, saiu por 20 Libras (R$ 60).

 

Saindo da Pizza Hut já era hora de voltar para o hotel. Pegamos o metrô e, mal chegamos, já fomos nos deitando. O dia tinha sido corrido, mas aproveitamos bastante.

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Décimo terceiro dia. Sexta-feira, 14 de outubro de 2011.

 

Uma coisa é certa: não há quem pense em Londres e não lembre da Guarda Real, com seu tradicional uniforme vermelho e chapéu preto. Assim como não há quem não queira ver a tão famosa cerimônia de troca da guarda no Palácio de Buckingham.

 

Na primeira vez que fomos ao Palácio de Bukingham, logo no nosso segundo dia em Londres, vimos uma placa informando que no outono e no inverno a cerimônia da troca da guarda ocorre em dias alternados (na primavera e no verão ocorre todo dia), com raras exceções. Aí calculamos o dia e vimos que nesta sexta-feira haveria cerimônia.

 

Acordamos relativamente mais tarde, pois a troca só começa às 11:30 da manhã. Tomamos café em uma deli perto do nosso hotel. Aqui é muito difundida a prática de dois preços, um para consumir no local (eat in), que é sempre maior, e um para levar (aqui chamado to take away, ao invés do to go americano). É uma forma de cortar custos com garçons. O reflexo disso, somado à pressa da maioria dos londrinos, é que quase todo mundo come andando pela rua. De férias, comemos sentados, com calma.

 

Depois de 13 dias de viagem, já estávamos quase sem roupa limpa. Em Cardiff, não havia lavanderias por perto do nosso hotel, então tivemos que trazer as roupas para lavar em Londres. Depois do café voltamos para o hotel para pegar as roupas e chegando lá perguntamos para a camareira onde havia uma lavanderia ali por perto. Ela nos explicou que sabia de uma que ficava há três quadras do hotel. Não indico essa lavanderia pois tivemos problemas com ela. Logo adiante eu contarei. O que posso garantir é que há outras opções de lavanderias pelas redondezas de Pimlico.

 

O multiculturalismo de Londres é uma coisa impressionante. Talvez até maior que o de Nova York. O recepcionista que sempre nos atendia no hotel era de Madagascar, o outro tinha feições indianas, a camareira e a garçonete da Pizza Hut eram romenas. Não é nem um pouco incomum ser atendido por estrangeiros nos lugares. A impressão que temos é que é possível viver nesta cidade sem falar com nenhum londrino por dias. Talvez isso é que torne essa cidade tão atraente, o convívio de tantas culturas diferentes em um mesmo espaço, com todos respeitando as regras. Nas cidades menores que visitamos na Grã-Bretanha há muito menos imigrantes que em Londres, mas ainda sim há bastante.

 

Chegamos à lavanderia (que, a propósito era administrada por uma família árabe) e deixamos duas sacolas cheias de roupa para lavar. Ficamos de buscar no fim da tarde. Tudo custou 12 Libras (R$ 36). Para os padrões brasileiros, muito barato, tendo em vista que esse é o preço que nos cobram para lavarem uma camisa. Mas, em comparação com os Estados Unidos, por exemplo, muito caro. Chegamos a pagar 12 dólares para lavar mais ou menos a mesma quantidade de roupa em Nova York.

 

Da lavanderia fomos para o Palácio de Buckingham ver a tal troca da guarda. De onde estávamos até lá dava para ir tranquilamente à pé, pois eram só uns 15 minutos de caminhada.

 

Chegamos em frente ao Palácio por volta das 10 horas, portanto, uma hora e meia antes do início da cerimônia, crentes que estávamos abafando e que íamos ficar bem de frente para os soldados.

 

Mas, como alegria de pobre dura pouco, vimos que metade dos turistas de Londres já estava por lá há muito mais tempo (e a outra metade estava chegando). Não havia nem um espaçozinho por perto das grades do Palácio. Tinha gente do outro lado da rua, em cima dos monumentos e até em cima das árvores! Tem turista que vai com mala! Acho que deve ter pouco tempo na cidade e de lá vai direto para o aeroporto. Eu e a Dani até desanimamos pois de onde nós estávamos não veríamos muita coisa.

 

A cerimônia ocorre no pátio do Palácio e as grades estavam tomadas por pessoas que não desgrudavam por nada. E adivinhem a novidade: a maioria era de brasileiros! Na verdade não sei se a maioria, pois ali tem gente do mundo todo, muitos europeus, indianos… mas com certeza os mais empolgados eram os brasileiros. Ouvimos uma menina dizendo que estava lá desde as 8 horas da manhã e que quando ela chegou já tinha gente esperando.

 

O sol estava forte, mas o clima não estava quente. O que não quer dizer que ficar lá sem nada acontecer fosse o melhor dos programas. Ficamos esperando em pé no meio da multidão e até conseguimos chegar mais perto da grade. Pelo menos os policiais, que aqui são bastante educados, não deixavam as pessoas subirem nas grades ou nos ombros umas das outras, para não impedir a visão de ninguém.

 

Nada acontecia e nós não tínhamos nem pistas de onde estavam os guardas vermelhos. Só havia um grupo de soldados com uniforme azul marinho lá dentro. Um deles carregava uma bandeira e chegava bem perto da grade e voltava intermináveis vezes e todo o tempo tentando fazer cara de sério. Mas não teve jeito. Umas meninas brasileiras ficavam assobiando e fazendo graça e o cara, mesmo tentando se segurar, chegou a gargalhar alto uma hora.

 

Depois de muito esperar, surgiu um pelotão da Guarda Real que veio marchando na avenida. Junto vieram também alguns guardas montados. Eles entraram e começaram a interagir com os outros soldados de uniforme azul. Eles ficavam parados um tempão uns de frente para os outros, depois iam de um lado par o outro e a banda tocava umas músicas. Achamos aquilo meio monótono pois não entendíamos muito bem o que estava acontecendo e estava demorando muito.

 

E pelo visto não fomos só nós que achamos. Várias pessoas também se entediaram e começaram a ir embora. Não sei se é sempre assim ou se este era um dia especial, mas achamos a cerimônia muito demorada. O fato de estarmos mal localizados, sem poder ver muito e tendo que tirar as fotos com zoom e com a grade aparecendo também não ajudou. Quando eles começaram a formar um círculo e tocar umas músicas bem lentas, sem sinal de que o negócio ia evoluir, desistimos.

 

Ficamos umas duas horas lá, em pé, no meio da multidão. Não é que nós não tenhamos gostado. É interessante ver toda aquela movimentação e tal, mas com Londres cheia de opções, acho que não voltaria para ver a cerimônia da troca da guarda outra vez. Valeu por ser a primeira vez.

 

Fomos rodeando o Palácio de Buckingham até que chegamos no famoso Hyde Park. Este é o maior espaço verde do centro de Londres. A origem desse parque remonta à 1536, quando o rei Henrique VIII expropriou os 145 hectares, que pertenciam à Igreja. Até hoje, o Hyde Park é um Parque Real.

 

Durante a Segunda Guerra Mundial, a crise de abastecimento era tão grave que o parque virou uma grande plantação de batatas. Isso no meio da cidade, atrás do Palácio Real. Hoje, o parque serve como área de lazer para a população. Muitos fazem caminhada e corrida pelas trilhas e caminhos. Há alguns monumentos, restaurante, jardins, fontes, gramados a perder de vista e também um grande lago. Há também uma fonte em memória da Princesa Diana.

 

À beira deste grande lago, chamado The Serpentine, há um restaurante/bar bem legal, cheio de mesas ao ar livre e que atrai muitas famílias com crianças que querem ver de perto os cisnes e os patos do lago.

 

Comprei uma água para a Dani e um pint de Guinness para mim. Nos sentamos e ficamos conversando e admirando aquela paisagem tranquila encravada no centro de uma das cidades mais agitadas do mundo.

 

Depois fomos seguindo pelas margens do lago em direção à uma antiga ponte. No caminho passamos pela casa dos pedalinhos. Uma hora custa 10 Libras (R$ 30) por adulto. Para uma família de dois adultos e duas crianças, uma hora sai por 25 Libras (R$ 75)! Mais um pouco e vale mais a pena comprar o pedalinho! Mas é aquela história: na Europa, quem converte não se diverte.

 

Engraçado é que até cadeiras reclináveis estão disponíveis para aluguel (mais uma coisa que não daria certo no Brasil). As pessoas alugam e ficam lá deitadas pegando sol, como se estivessem na praia. Como o dia estava ensolarado, muita gente estava fazendo isso, aproveitando o último sol do outono antes do inverno chegar.

 

Continuamos andando até a ponte, por onde subimos e fomos nos encaminhando para sair do parque. Antes de sair encontramos o Albert Memorial. Esse monumento foi construído pela rainha Victoria em 1872 para homenagear o seu falecido marido, o príncipe Albert, vítima de febre tifóide, e por quem a rainha manteve luto para o resto da vida.

 

O custo do monumento foi de 120 mil Libras, o que em valores atualizados seria o equivalente a 10 milhões de Libras (R$ 30 milhões)! Como o Reino Unido, à época, era o maior e mais poderoso império do mundo, muito em parte ao bom governo da rainha, ela pôde se dar ao luxo de homenagear seu marido com essa pequena extravagância.

 

O enorme monumento é em estilo gótico, com esculturas em mármore e mosaicos. Parece até o altar de uma igreja. No centro, uma estátua em bronze dourado do príncipe Albert sentado. Aliás, esse não é o único monumento erigido pela rainha Victoria em homenagem ao marido morto. Há vários outros espalhados pelas cidades do país.

 

Em frente dele, atravessando a rua, fica outra homenagem ao príncipe, o Royal Albert Hall. Essa renomada casa de espetáculos inaugurada no ano da morte do príncipe consorte é mundialmente conhecida e já serviu de palco para todo tipo de apresentação artística, desde as óperas, concertos e ballets mais clássicos até shows de astros do rock e da música pop.

 

A arquitetura circular e a fachada ricamente decorada chamam a atenção. Já tinha visto fotos do interior e sabia que era muito bonito. Tentamos entrar mas só é permitida a entrada em grupos guiados, com número mínimo de pessoas e horários pré-determinados.

 

Passeamos pela Kensington St., uma rua cheia de lojas legais e sem a multidão da Oxford St. Chegamos a entrar em algumas lojas de departamento. A Dani até comprou umas blusas. Enquanto ela escolhia, como era uma loja só de roupas de mulher, eu fiquei esperando lá na porta, olhando o movimento.

 

Nessa meia hora eu vi cada aberração. Só em Londres mesmo alguém pode se vestir tão chamativamente e não chamar a atenção! É cada combinação, cada coisa estrambólica. E dá para ver que isso é cultural mesmo, é o jeito deles. Até as vitrines são ”diferentes”.

 

Já era mais de 4 horas da tarde quando fomos embora. Tínhamos que buscar nossa roupa na lavanderia. Pegamos o metrô na estação High St. Kensington. E foi nesta estação onde vimos uma menina (ou menino, até hoje não sabemos) que talvez seja um dos maiores exemplos da excentricidade da moda de rua londrina.

 

Descemos na Victoria Station e fomos caminhando para a lavanderia. Quando entramos já tivemos uma má impressão. Havia duas pessoas sendo atendidas e um cara estava aborrecido porque a roupa dele ainda não estava pronta e do outro lado do balcão estava uma baderna total. Pedimos as nossas roupas e a moça procurou e nos entregou um pacote embrulhado com papel de presente. Como já estava pago, fomos embora.

 

Chegando no hotel, desfizemos o pacote para guardar as roupas e a surpresa: não tinha nada da Dani. Só vieram as minhas roupas. A Dani começou a dar piti e voltamos lá na mesma hora.

 

Quando chegamos dissemos que estava faltando as roupas dela e eles ficaram igual baratas tontas procurando. Até que acharam. Estava tudo lavado, mas molhado. A abusada da mulher ainda perguntou se a gente queria daquele jeito mesmo! Fiquei logo aborrecido e disse que não, que era para eles secarem. Aí ela disse que só ia ficar pronto no dia seguinte. Peguei mais corda, levantei o tom e disse que não era esse o serviço que eles tinham me vendido e que eu não poderia voltar no outro dia pois já íamos embora de Londres (menti, para pressionar). Aí a mulher ficou toda agoniada e levou as roupas lá para dentro para pôr na secadora.

 

Ficamos esperando em pé e meia hora depois, ela traz as roupas ainda quentes da secadora. Pegamos tudo e fomos embora. No hotel ainda percebemos que algumas roupas dela estavam úmidas e que duas meias tinham sumido. Ou seja, desaconselho totalmente essa lavanderia. Chama-se Chase Drycleanners e fica na Warwick Way.

 

Mais do que esfomeados, nem pensamos duas vezes e fomos para Covent Garden comer paella e pies outra vez. Pegamos o metrô e, no caminho, combinamos de ir também ao Museu dos Transportes de Londres (London’s Transport Museum), que fica em frente ao mercado de Covent Garden.

 

Quando chegamos estávamos com tanta fome que fomos direto em direção ao tacho de paella. Só agora vimos que a barraca tem um nome: Holla Paella. Pedimos uma porção pequena para cada um (4 Libras/R$ 12 cada). A porção média custa 6 Libras (R$ 18) e a grande custa 7,50 Libras (R$ 22,50). Pedimos a pequena pois já estávamos pensando nas tortas que íamos comer depois.

 

Acabamos a paella e fomos para o Battersea Pie, uma loja especializada nas pies inglesas. Dessa vez quisemos experimentar outros sabores além de chicken and mushroom (frango e cogumelos), que nós adoramos. Há vários sabores para escolher.

 

A Dani pediu uma sabor beef and Guinness (carne e cerveja Guinness) e eu pedi uma de sabor mais radical ainda: The Winstone, ou seja, carne e rins. As tortas sempre vêm acompanhadas de purê de batatas e molho de carne. Ficamos fãs das tortas inglesas. Esses sabores que provamos também são muito bons, mas reconheço que não é todo mundo que vai gostar. Ainda preferimos a de frango e cogumelos. Quem for ao Covent Garden Market e quiser experimentar uma tradicional tortinha dessas, eu recomendo a Battersea Pie. O lugar é arrumado e as tortas são bem feitas.

 

Quando acabamos de comer e matamos a fome que nos matava, fomos para o museu dos transportes. O problema é que ele já estava fechando e não pudemos entrar. O bom é que ainda tínhamos tempo para voltar mais um dia lá e visitar.

 

Demos mais uma volta, olhando as inúmeras coisas à venda no mercado. O legal de Covent Garden é que é uma área muito viva da cidade. Há sempre muitas coisas para se ver, ouvir e comer por lá. Nesse dia tinha um grupo de violinistas tocando. Eles tocavam músicas conhecidas e juntava muita gente em volta para assistir.

 

Por volta das 8 horas da noite voltamos para o hotel, de metrô.

 

Tomamos banho, mandamos e-mails para as mães e eu ainda escrevi um pouco o blog. É inevitável atrasar as postagens. Sempre chegamos cansados e acaba que eu deixo acumular tudo e só vou postando depois que voltamos para casa. Ainda planejamos o dia seguinte, com prioridade para a London Eye e a St. Paul’s Cathedral, lugares que não podíamos deixar de visitar.

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  • 2 semanas depois...
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Décimo quarto dia. Sábado, 15 de outubro de 2011.

 

Hoje seria, finalmente, o dia de subir a London Eye. Já tínhamos adiado várias vezes. Não podíamos mais adiar pois seriam só mais dois dias em Londres antes de seguir viagem para a França. Nosso maior medo de deixar para visitar a London Eye em um fim de semana era estar muito lotado e não conseguirmos. Felizmente deu tudo certo.

 

Pegamos o metrô e descemos na estação Westminster, de frente para o Big Ben. Mais alguns passos em direção ao Tâmisa e já podíamos ver a gigantesca roda gigante. Nossa maior sorte foi que o dia estava bonito, com céu azul e nem sinal de chuva, perfeito para uma vista panorâmica da cidade.

 

Inicialmente ficamos assustados com as filas. Fomos para a primeira delas, que fica no prédio em frente, para comprar os ingressos. Pagamos 18,60 Libras (R$ 55,80) por cada ingresso, com direito à um mapa em 360° identificando tudo o que podemos ver lá de cima. O ingresso inclui também a entrada em um filminho 4D que passam no fim da visita.

 

Depois fomos para a fila para entrar na roda gigante, de frente para a London Eye, ao ar livre. A boa notícia é que eles são muito organizados e mesmo com as filas, a demora não é exagerada. A rotatividade é muito grande e nós nunca ficamos parados pois a fila está sempre andando. Acho que ficamos pouco mais de meia hora nas duas filas.

 

A história dessa roda gigante é interessante. Ela foi construída em cima de balsas no rio Tâmisa e só depois de toda montada foi içada até a posição atual, o que não deve ter sido fácil devido ao gigantismo da estrutura. A razão da construção foi celebrar a chegada do ano 2000 (por isso a London Eye também é chamada de Millennium Wheel), um luxo que só uma cidade como Londres pode se dar. O incrível é que, originalmente, a London Eye seria uma estrutura provisória. Felizmente, devido ao grande sucesso, acabou por se tornar permanente.

 

A London Eye tem 32 cápsulas (uma para cada bairro de Londres). Cada cápsula pode receber até 25 pessoas (mas nesse dia eles não estavam pondo tudo isso, acho que só umas 15-20 pessoas por cápsula). Hoje, a London Eye é um dos pontos turísticos mais visitados do país. E é fácil entender o porquê quando subimos e temos aquela vista de Londres.

 

No guia da Lonely Planet está escrito que a London Eye, com seus 135 metros de altura é a maior roda gigante do mundo. Na época da inauguração até era mas, atualmente, ela é “só” a terceira maior, perdendo para a Star of Nanchang (na cidade chinesa de Nanchang, que tem 160 metros) e para a Singapore Flyer (em Cingapura, que tem 165 metros de altura). Uma coisa é certa, só a London Eye, mesmo não sendo a mais alta, tem Londres como cenário!

 

Em uma cidade com poucos arranha-céus (principalmente na região de Westminster), a London Eye veio preencher uma lacuna no turismo da cidade, a de um mirador com vista aérea. De lá de cima podemos ver, além da City, com os edifícios modernos, a cúpula da St. Paul’s Cathedral, o sempre movimentado rio Tâmisa e, claro, o Parlamento com o seu Big Ben.

 

Uma volta dura cerca de meia hora e a roda gigante não para de rodar. Como a velocidade é bem lenta (nem sentimos a movimentação), quando a cápsula passa lá por baixo, dá tempo das pessoas saírem, a segurança fazer um rápida vistoria e os próximos visitantes entrarem.

 

Subir na London Eye vale muito a pena. Acho que irei outra vez na minha próxima viagem à Londres. Recomendo.

 

Saindo da roda gigante fomos ver o tal filminho 4D. Para a época em que a London Eye foi inaugurada (ano 2000), esse filme de 4 minutos era um coisa de outro mundo pois os efeitos 3D ainda eram muito raros. Hoje não é mais tão extraordinário assim e a única coisa que ainda é diferente são as gotículas que espirram na gente e os cheiros que sentimos (por isso é 4D). Mas é legalzinho. Depois, antes de seguir caminho, fomos tirar a foto clássica da London Eye, aquela em frente ao corredor de árvores com a roda gigante ao fundo.

 

Ainda perto da London Eye há duas atrações que devem ser legais também. O Dalí Universe e o Aquário de Londres. Infelizmente eles ficaram para uma próxima. Nossa próxima parada era a St. Paul’s Cathedral (Catedral de São Paulo). Essa era a segunda vez que íamos tentar visitar a catedral. Na primeira vez, não era dia de visitação então pudemos entrar, mas não pudemos passear e não havia tours.

 

Atravessamos o rio e fomos andando pelo calçadão que margeia o Tâmisa. No caminho, fomos apreciando as paisagens da cidade. A caminhada da London Eye até a St. Paul’s Cathedral é longa, mas vale a pena caminhar em Londres, sempre há o que ver.

 

Uma coisa nos chamou muita atenção. Havia muitos carros de polícia e furgões cheios de policiais passando à toda velocidade e com as sirenes ligadas. Todos iam na direção da City. Achamos aquilo meio fora do normal, mas evitamos pensar no pior.

 

Chegamos na City of London por volta das 2 horas da tarde. Quanto mais íamos chegando perto da catedral, mais aumentavam as sirenes. Quando conseguimos ver a igreja, entendemos o motivo de tanta movimentação da polícia. Eram mais protestos contra a crise financeira. A pracinha em frente à St. Paul’s Cathedral estava tomada por manifestantes e havia muita polícia. A rua estava fechada.

 

Os protestos pareciam ser pacíficos, mas é sempre tenso passar perto desses acontecimentos. Nunca se sabe o que pode acontecer. Mas se queríamos visitar a catedral, não tinha jeito, íamos ter que passar no meio da confusão.

 

No alto da cúpula podíamos ver pessoas tirando fotos. Sinal de que a igreja (ainda) estava aberta à visitações. A porta da frente estava fechada por questão de segurança e, procurando outra entrada, eu e a Dani acabamos achando um portão lateral, que é o portão por onde os visitantes saem, no fim do tour. Uma guarda nos parou e disse que não podíamos entrar por ali. Então dissemos que a entrada principal estava fechada e queríamos visitar a igreja. Por um momento pensamos que não iam autorizar nossa visita. Ela falou no rádio e então decidiu nos acompanhar, por dentro da catedral, até o local onde o tour começa.

 

Os ingressos custam 14,50 Libras (R$ 43,40) cada e dão direito a subir até o alto da cúpula e a um áudio-guia (com versão em português de Portugal). Recomendo não deixar de pegar o áudio-guia, que tem informações muito interessantes.

 

A St. Paul’s Cathedral é uma igreja Anglicana, sede do Bispo de Londres, e é uma das principais igrejas da Grã-Bretanha. Foi ali que o Príncipe Charles e a Princesa Diana se casaram, em 1981. A primeira igreja construída no local já era dedicada à São Paulo e foi erguida no ano 604 D.C. A atual catedral é a sexta a ocupar aquele espaço, foi projetada pelo arquiteto Christopher Wren e construída entre 1675 e 1710.

 

O estilo arquitetônico mescla o neoclássico com o barroco. A decoração é rica em mármores, lustres, mosaicos e pinturas. A grandiosidade do prédio impressiona, principalmente a imensa cúpula, conhecida no skylinede Londres. É a segunda maior cúpula do mundo, só perdendo para a da Catedral de São Pedro, no Vaticano.

 

Passeamos pela catedral ouvindo o áudio-guia e conhecendo a sua história. Em seguida, fomos até o topo da cúpula, o que não é tarefa fácil. São 530 degraus. Há partes em que o espaço para passar é muito estreito.

 

Na verdade, a estrutura é formada por uma cúpula, dentro de um cone, dentro de outra cúpula, de modo que o teto que vemos no interior da catedral não é a parte de dentro da cúpula que vemos por fora. Lá no alto, a vista faz o esforço da subida valer a pena. Hoje, pelo visto, era o dia de ver Londres de cima. Primeiro a London Eye e depois a Catedral de São Paulo. São panoramas diferentes. Os dois valem muito a pena.

 

Quando descemos, cruzamos no caminho com outros visitantes que estavam subindo todos esbaforidos. Muitos têm que para para respirar e há bancos para isso em alguns pontos das escadas. Claro, descer é muito mais fácil e fomos em um embalo só.

 

Assim como as várias outras igrejas que visitamos na Grã-Bretanha, esta também tem um profundo vínculo com a história do país. É na St. Paul’s Cathedral onde estão sepultados dois dos maiores herois nacionais, o Almirante Nelson e o Duque de Wellington, ambos militares importantes na derrota de Napoleão no início do século XIX. É no subsolo onde podemos visitar a cripta e ver os túmulos desses herois ingleses.

 

Quando saímos da catedral as visitações já tinham sido suspensas por causa dos protestos, por questão de segurança. Já era mais de 4 horas da tarde e ainda não tínhamos almoçado. Então pensamos: por que não comer uma tal paella? E lá fomos nós, pelo terceiro dia consecutivo, almoçar em Covent Garden.

 

Chegamos lá e fomos direto à paella. Dessa vez nos comprometemos a não comer tortas inglesas logo em seguida, então pedimos duas paellas grandes, para compensar. Cada uma custou 7,50 Libras (R$ 22,50). Ficamos satisfeitos. Agora só faltava a sobremesa.

 

Encontramos uma sorveteria chamada The Icecreamists onde as pessoas faziam fila para comprar. Demos uma olhada e realmente parecia bom. A Dani pediu um de chocolate equatoriano e baunilha malgache. Eu pedi um de pimenta-gengibre e pistache. Os sorvetes não são baratos mas são muito bons. Não é a toa que forma fila.

 

Demos mais uma volta pelo mercado e eu comprei alguns souvenirs bacanas no Jubilee Market. Lá também achamos outra sorveteira, mais simples, mas que também tinha sorvete de pistache (por um terço do preço). Eu adoro sorvete de pistache e sabe como é né… tomei outro. Duplo.

 

Enfim, fomos visitar o London’s Transport Museum, que fica de frente para o Mercado de Covent Garden. Na véspera tínhamos tentado visitar, mas já tinha passado da hora. Ele fecha cedo (se eu não me engano, às 17:00 horas. O ingresso custa 13,50 Libras (R$ 40,50). O curto comentário do guia da Lonely Planet não traduz o quanto o museu é bacana.

 

Londres é cheia de recordes e ícones na área dos transportes. O metrô foi o primeiro do mundo e os famosos ônibus vermelhos são a cara da cidade. O passeio começa em um corredor que mostra vídeos dos transportes nas principais cidades do mundo (Londres, Paris, New York, Berlim, Tokio, Shanghai…).

 

Depois pegamos um elevador que nos leva ao andar de cima, onde as exposições começam, por volta do ano 1800. Ali eles mostram como Londres foi pioneira na necessidade de se criar alternativas de transporte público. A cidade da era vitoriana estava crescendo muito pois era a capital de um grande império e cheia de indústrias/operários. Em 1863 a cidade implantou o primeiro sistema de transporte urbano sobre trilhos do mundo.

 

A história do metrô de Londres é contada passo a passo. Inclusive o processo de construção das primeira linhas subterrâneas, no sistema cut and cover (cavar e cobrir). Foi um trabalho e tanto para a época, feito praticamente à mão, sem muitas máquinas. A maior parte desses túneis vitorianos ainda está em uso pelo metrô de Londres.

 

Em 1907 Londres já tinha oito linhas de metrô (construídas em menos de 20 anos), o que fez com que a cidade não precisasse expandir a rede no centro de Londres até 1960. Sem dúvida é um dos melhores sistemas de metrô do mundo. E cheio de personalidade também. Os túneis estreitos em forma circular deram ao metrô o apelido de Tube. E é assim que a maioria dos londrinos o chama.

 

Há uma parte do museu em que estão em exposição os vagões antigos do metrô. Dentro deles, bonecos de cera vestidos com as roupas da época. No mais moderno eu passei a maior vergonha falando altão para a Dani que aqueles bonecos estavam muito perfeitos e já puxando a máquina para tirar uma foto. Mas foi aí que o casal de velhinhos se mexeu. Eu peguei um susto tão grande que dei um pulo para trás e não consegui disfarçar. Tive até que pedir desculpas. Eu achei que eles fossem de cera de tão brancos que eles eram… A Dani só ria de mim.

 

No andar de baixo estão os modelos de bondes e ônibus vermelhos que já circularam na cidade. Destaque para o mais novo modelo que vai entrar em circulação agora em 2012. Aliás essas Olimpíadas de 2012 vão deixar boas heranças para Londres. Além dos ônibus novos, o metrô está todo novo também. Londres é uma cidade onde não se precisa ter carro para viver bem. Quero só ver se o Rio de Janeiro vai saber aproveitar a oportunidade dele.

 

No fim, já estavam anunciando que o museu estava fechando, mas ainda deu tempo de tirar uma foto dirigindo os novos ônibus. O Museu dos Transportes de Londres é imperdível. Vale muito a pena visitar. É uma aula de história e de planejamento urbano que os políticos do Brasil deveriam ter. Na saída do museu passamos ainda na loja, onde tem muita coisa bacana com a temática da cidade. Comprei um mouse pad e uma caneca com a estampa do mapa do metrô.

 

Outra loja legal de Covent Garden é a Ben’s Cookies, especializada em biscoitos. Fazia uma fila enorme para comprar os biscoitos recém saídos do forno. A Dani fez questão de experimentar e foi para a fila. Eu fiquei lá fora vendo o show de um malabarista/comediante.

 

Com os tais cookies em uma caixinha vermelha, voltamos para o hotel de metrô. Na estação Victoria, passamos ainda em um supermercado da rede Sainsbury’s. Era pouco mais de 7 horas da noite e podíamos sentir fome mais tarde. Compramos água, refrigerantes e uma massas prontas. Jantar para duas pessoas por 7 Libras (R$ 21 reais). Mais uma vantagem de ficar perto da estação Victoria: tem lojas de tudo lá, inclusive supermercados.

 

No hotel, experimentamos os tais Ben’s Cookies. E são incrivelmente bons. Sem dúvida os melhores cookies que eu já comi. Todos tinham recheio (creme de nozes, avelãs, chocolate) e a massa era ao mesmo tempo macia e crocante. Recomendo.

 

Tomamos banho, mandamos e-mails dando notícias para o Brasil e depois fomos dormir. O dia seguinte seria o nosso último dia em Londres e na Grã-Bretanha. Íamos dar uma olhada no Kew Gardens, o jardim botânico de Londres.

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  • 3 meses depois...
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Décimo quinto dia. Domingo, 16 de outubro de 2011.

 

Quando visitamos a National Gallery pegamos um folheto de divulgação do jardim botânico de Londres, o Kew Gardens. Já tinha lido no guia uma crítica positiva de lá. No mesmo dia, vimos um poster no metrô. O que nos chamou mais a atenção foi a foto de uma estrutura de ferro em que os visitantes sobem e ficam na altura da copa das árvores. Combinamos que se visitássemos tudo que considerávamos prioridade íamos tentar ir lá também. Tendo em vista que as nossas últimas prioridades (London Eye e St. Paul’s Cathedral) nós já tínhamos visitado na véspera e esse era o nosso último dia em Londres e na Grã-Bretanha, lá fomos nós para o jardim botânico.

 

Comemos os Ben’s Cookies (muito bons) que ainda tínhamos no quarto e saímos. Na Victoria Station tomamos uma café em uma das várias cafeterias e fomos pegar o metrô. E aí começou nossa missão.

 

Seria muito fácil para a gente ir da Victoria Station para a estação Kew Gardens. É só pegar a District Line que é a linha da estação Kew Gardens e uma das duas linhas que passam na Victoria Station. Seria… Com a reforma do metrô para as Olimpíadas de 2012, um trecho da linha estava interditado, o que nos obrigou a pegar um caminho alternativo dando uma volta gigante por outras linhas e fazendo várias conexões. Essa é uma vantagem que só uma cidade com uma rede de metrô tão boa quanto a de Londres tem. Mesmo assim a viagem, que deveria ser de mais ou menos meia hora, levou mais de uma hora!

 

Em uma das estações eu comprei dois pacotões de nachos, uma garrafa de refrigerante e um suco de laranja em uma loja da Marks & Spencer, uma rede de supermercados local. O interessante é que todos esse produtos eram da marca própria da Marks & Spencer e não havia produtos de outras marcas. Não tinha Coca-Cola! Mais interessante ainda é que o tal refrigerante de cola deles era muito bom, muito igual a Coca-Cola! Já o suco era muito azedo e tinha gosto de sabão.

 

Kew é um bairro da cidadezinha de Richmond Upon Thames, no sudoeste da região metropolitana de Londres. É um lugar muito aprazível, uma zona residencial cheia de casas de alto padrão (muitas delas à venda) em ruas arborizadas. Tudo muito organizado. Não há mais nada de atrativo além do jardim botânico, o que torna a área não muito turística, mais voltada para os próprios londrinos.

 

A estação Kew Gardens é bem perto da entrada do Jardim Botânico, onde fica a bilheteria. O ingresso para adulto custa 11,10 Libras (R$ 33,30).

 

O Royal Botanic Gardens, ou simplesmente Kew Gardens, é um dos mais importantes jardins botânicos do mundo e recebe anualmente mais de dois milhões de visitantes. Quem quiser pode dar uma olhada no site deles.

 

Agora no outono (e com um clima tão nublado como o de hoje) o Kew Gardens nem está tão florido quanto deve ficar na primavera. Muitos canteiros estavam cobertos para proteger as sementes do frio. Mesmo assim ainda havia muitas flores.

 

Fundado em 1759, portanto com mais de 250 anos de história, o Kew Gardens começou como uma coleção particular de um lord. Ao longo do tempo, a coleção foi crescendo e outros lords e também o rei passaram a contribuir construindo os edifícios, financiando os estudos botânicos e doando mais áreas para a expansão do parque. No auge do Império Britânico, o Kew Gardens já possuía espécies de todos os continentes. Em 1840 o parque foi adotado como Jardim Botânico Nacional e passou a ser propriedade da Real.

 

Logo que entramos somos recepcionados por uma estufa em frente a um lago. Essa estufa abriga espécies tropicais da América e da África que precisam ficar aquecidas lá dentro durante o outono e o inverno. O nome dela é Palm House(Casa das Palmeiras). Aliás, o calor e a umidade dentro da estufa são meio sufocantes, até porque o CO2 produzido pelas plantas fica todo acumulado lá. Fora estava friozinho e quando entramos parecia que estávamos de volta a Belém!

 

A estufa é bem grande e há escadas que levam a corredores suspensos, na altura do teto. Toda a estrutura é de ferro. Muito legal também o mini-aquário que eles têm no subsolo, com várias espécies de peixes africanos e americanos.

 

Aliás, este jardim botânico tem uma história que parece ser muito comum nos países anglo-saxões. Desde nossa viagem aos Estados Unidos e Canadá, em 2010, eu e a Dani reparamos como a sociedade civil nesses países participa ativamente da criação e preservação dos espaços públicos.

 

Diferentemente do que vemos no Brasil e na América Latina, onde a regra é o governo ser o maior responsável por criar e preservar os museus, bibliotecas, parques, praças e monumentos, na Grã-Bretanha (e também nos Estados Unidos e no Canadá) grande parte das instituições/espaços públicos tem origem na iniciativa privada. Acho que o espírito público e o sentimento de fazer parte de uma coletividade (e os incentivos fiscais também, claro) explica o fato de tantas empresas e empresários ricos contribuírem com grandes doações e mesmo fundando instituições culturais, educacionais e de pesquisa, doando-as em seguida ao Estado. Mesmo pessoas mais simples contribuem de alguma forma. É comum vermos até em bancos de praças (como no Central Park, em New York) uma plaquinha fixada com o nome de quem contribuiu para a instalação ou reforma daquele bem que está ali, à disposição de todos.

 

Há muitas construções interessantes dentro do parque. Uma delas é a Pagoda Chinesa de 10 andares que fica no fim de um corredor natural de árvores. A vista fica muito bonita.

 

Outra coisa muito legal, apesar de simples, são as pereiras e macieiras. Nunca tínhamos visto peras e maçãs ainda na árvore e aqui elas estão no ambiente natural delas. Quem gosta muito delas são as dezenas, senão centenas, de patos que ficam soltos pelo Kew Gardens.

 

Fiz logo amizade com eles tirando alguma frutas e jogando no chão para eles comerem. Eles adoram e devoram as frutas rapidinho. Teve uma hora que eu acho que tinha uns vinte me cercando. A sorte é que eles são mansos (até o pato inglês é educado) porque se eles conseguem comer aquelas peras duras tirando os pedaços rapidinho imagino que uma beliscada deles deve doer.

 

Desde 2003, o Royal Botanic Gardens de Kew é considerado patrimônio da Humanidade pela Unesco. Uma das razões é a outra estufa que visitamos, chamada Temperate House. Quando ela foi construída, no século XIX, era a maior estufa do mundo. Até hoje é a maior estrutura de ferro e vidro da era vitoriana, um marco na arquitetura da época. Dentro há espécies de clima temperado do mundo todo, que tem que ficar lá para se proteger do frio excessivo. Esta não é tão quente e abafada quanto a Palm House, além de ser muito maior.

 

O Kew Gardens reúne, em cerca de 120 hectares, mais de 30 mil espécies de plantas vivas, de todas as regiões do mundo. O herbarium da instituição, que é uma catalogação de plantas e partes de plantas conservadas, possui mais de sete milhões de itens, sendo reconhecidamente um dos maiores do mundo. Encontramos até uma velha conhecida da nossa decoração de natal, mas que aqui é de verdade e não de plástico. A diversidade de flores é muito grande.

 

Mais do que um bonito parque público, Kew Gardens é um instituição científica que desenvolve vários estudos e emprega cerca de 700 funcionários, muitos dos quais, pesquisadores. A biblioteca deles possui mais de 750 mil livros!

 

Depois da estufa gigante, continuamos andando até mais perto da Pagoda Chinesa, onde há também um bonito Jardim Japonês, muito bem cuidado. No centro do Jardim Japonês está uma réplica de um portal de um templo de Kyoto, que foi construída para a exposição Nipo-Britânica de 1910, que aconteceu em Londres. Ele é todo feito de madeira de cipreste japonês.

 

De lá fomos procurar um lugar para almoçar. Na entrada eles nos dão um mapa com os caminhos, as atrações e os banheiros e restaurantes, mas é muito fácil se perder lá dentro pois tudo é muito grande.

 

Quando chegamos ao restaurante mais próximo ficamos até desanimados. Eles tinham muitas opções de pratos para o almoço, mas já estava tudo recolhido por causa do horário. Só restavam muffins(bolinhos), sanduíches e bebidas. Compramos uns bolinhos de frutas vermelhas, um sanduíche de queijo e ovos e uns refrigerantes diferentes que vimos lá (tinha um refrigerante de cola dito ”tradicional” que parecia um remédio para asma que eu tomava quando era criança). Tudo saiu por 12 Libras (R$36). Pelo menos matou a fome.

 

Aconselho a não passar muito da hora do almoço por aqui pois, diferente do Brasil, o horário de serviço de quase todos os restaurantes é bem restrito.

 

Ainda tínhamos que ir ver a tal atração que nos chamou mais a atenção, a estrutura metálica que nos leva para caminhar por corredores no alto das copas das árvores, chamada Rhizotron and Xtrata Treetop Walkway. Depois de subir os 118 degraus das escadas (os elevadores não estavam funcionando) e ver uns velhinhos quase morrendo de cansaço, a vista é realmente muito bonita.

 

De lá de cima podemos ver o quanto o Kew Gardens é grande, uma imensa área verde. A estrutura balança um pouquinho mas acho que é segura. Vale a pena subir.

 

Depois de descer, fomos em direção à estufa das vitórias-régias, já na direção do portão de saída. Nem esperávamos muito de lá (afinal, viemos da Amazônia), mas nos surpreendemos.

 

As plantas foram trazidas da Amazônia Boliviana em 1852 e para elas foi construída uma estufa especial com um lago no meio, a Waterlily House(Casa das Vitórias-Régias). A reação de todo mundo que entrava era de admiração. As plantas estavam no auge da beleza. Havia umas com flores enormes e bem coloridas. Além da tradicional flor branca, havia também umas rosas e outras violetas. Ficamos até envergonhados. Em Belém, com todo o clima e facilidades propícios nós não temos vitórias-régias tão bonitas!

 

Das vitórias-régias fomos para o vizinho roseiral, atrás da primeira estufa que visitamos (Palm House). No mapa estava indicado que o roseiral não estava na melhor época do ano, já sofrendo com o frio do outono. Mas ainda assim estava muito bonito. Ficamos imaginando como deve ficar na primavera, com muito mais rosas e com um céu azul no lugar desse dia nublado.

 

Os bosques do Kew Gardens parecem intermináveis. Passamos a tarde inteira lá e não conhecemos tudo. Aliás, ainda faltou muita coisa. Nem chegamos a ir para o lado onde fica o lago e nem até a margem do rio Tâmisa, no extremo oposto da entrada do parque. Com certeza o Kew Gardens vale a visita. Na saída ainda passamos pela loja que é grande e cheia de opções de produtos de jardinagem. Compramos só uns imãs de recordação.

 

Em uma calçada de uma rua residencial de Kew, vimos uma placa que nos chamou a atenção. Coisa que mostra toda a diferença entre um país desenvolvido e um país de gente mal educada. Na Inglaterra paga-se até 1.000 Libras (R$ 3.000) de multa por não juntar a sujeira do cachorro da calçada. Seria bom aplicar isso no Brasil também. Só acho que ia ser difícil pegar uma lei como essa onde o governo tem que fazer propaganda para que as pessoas não urinem na rua durante o carnaval.

 

Já estava escurecendo quando pegamos o metrô de volta para o hotel. Chegamos no hotel já quase oito da noite. Decidimos nem descansar e sair logo para jantar para evitar encontrar tudo fechado. Resolvemos sair para procurar um restaurante por perto do hotel mesmo. Pimlico tem muitas opções.

 

Encontramos o New Jomuna, um restaurante indiano que parecia arrumadinho e por coincidência ficava bem ao lado de um restaurante brasileiro. Os indianos fazem parte de Londres. Há uma comunidade bem grande deles aqui e restaurantes indianos são comuns. Como eu e a Dani adoramos comida indiana, fomos de New Jomuna.

 

O restaurante era simples e estava vazio. Eu e a Dani adoramos o pão deles, chamado papadam (as vezes chamam de naan), que sempre é servido com vários molhinhos como aperitivo antes da refeição principal. A variedade de sabores é sensacional. Tem coisas que comemos e nem sabemos o que é, mas gostamos.

 

Como prato principal pedimos 2 frangos Tandoori que vinham acompanhados com Rogan Gosht (uma espécie de ensopado de carneiro), Bombay Aloo (refogado de legumes e especiarias), arroz Pilau, uma salada e mais papadam. Tudo muito delicioso. Claro, pedimos para maneirarem na pimenta pois eles gostam com muita (acho até que veio pouco picante). Ficamos satisfeitíssimos. Tudo saiu por 35,95 Libras (R$ 107,85).

 

Aí foi só voltar para o hotel, arrumar a bagagem e dormir. No outro dia cedinho íamos embora, seguir viagem para a França. Íamos de trem para Paris. Estávamos tristes por ter que partir de um país que gostamos tanto, com pessoas tão educadas e lugares tão bonitos. Mas, além do ”consolo” de estar indo para um dos países mais bonitos do mundo, ao mesmo tempo sabíamos que aquele não era um adeus, mas apenas um "até logo".

 

Este é o fim do relato dos 15 dias na Grã-Bretanha, mas não é o fim da viagem, que continua pela França. Já estou postando o relato dos 16 dias na França em outro tópico. O link está abaixo, na minha assinatura.

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