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INDIA e NEPAL(fotos e vídeos) - 28 dias - Março 2012 - Viagem Solo


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Segue o relato sobre a viagem que fiz para Índia e Nepal sozinho.

Gostaria de dar alguns créditos para Sandman (Yuri Sá) e Daniela Canales, que me deram preciosas dicas sobre essa viagem, e também a Cassia Chicolet, pela ajuda com o texto.

 

Sobre a Índia:

 

Lindo, horrível, bizarro, exótico, caótico...

 

A Índia é uma mistura da modernidade do aeroporto e prédios comerciais ao redor de Nova Deli com o cotidiano quase medieval dessa população formada por diferentes povos, nativos e invasores, dezenas de dialetos e milhares de Deuses.

É muito difícil se adaptar à Índia nos primeiros dias, afinal, o choque cultural é gigantesco, mas com o tempo o organismo e o psicológico se acostumam e tudo vira uma festa. Eu pelo menos ri muito com as cenas exóticas que eu vi. O único problema é que a lista de coisas classificadas como bizarras que vemos no nosso dia-a-dia diminui consideravelmente.

O maior problema que os ocidentais vão enfrentar é aceitar os conceitos locais de higiene que, se existem, são totalmente imperceptíveis. Porém, a Índia chama a atenção e choca em todos os aspectos, deixando uma lição de vida pra quem visita, e pra mim, esse é o maior benefício de uma viagem... e que viagem!

 

Roteiro Índia:

 

09.03.2012 New Delhi

10.03.2012 New Delhi

11.03.2012 Pushkar

12.03.2012 Pushkar – Jaisalmer

13.03.2012 Jasailmer

14.03.2012 Jaisalmer

15.03.2012 Jodhpur

16.03.2012 Jaipur

17.03.2012 Jaipur

18.03.2012 Agra

19.03.2012 Khajuraho

20.03.2012 Khajuraho - Varanasi (trem)

21.03.2012 Varanasi

22.03.2012 Bodhgaya

23.03.2012 Bodgaya - Delhi (trem)

24.03.2012 Delhi

25.03.2011 Delhi – Dharamsala

26.03.2012 Dharamsala.

27.03.2012 Chandigarh

28.03.2012 Rishikesh – Haridwar

29.03.2012 Haridwar – Delhi

 

Roteiro Nepal:

 

30.03.2012 Delhi - Kathmandu (avião)

31.03.2012 Kathamndu

01.04.2012 Chitwan

02.04.2012 Chitwan

03.04.2012 Chitwan

04.04.2012 Kathamndu

05.04.2012 Kathamndu - Delhi

06.04.2012 Delhi - volta pra casa

 

Mapa do Roteiro na Índia:

 

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Logística:

 

Para economizar tempo e driblar as condições precárias de higiene da Índia, eu contratei uma agência indiana que me disponibilizou um carro com motorista para viajar entre as cidades, reservou hotéis de três estrelas, passagens para o Nepal e passagens de trem em alguns trechos.

A agência que contratei foi a “Abyss Tours” (http://www.theindiatrips.com). O serviço deu “pro gasto”, não pisaram na bola nenhuma vez. E o preço é muuuuuuuito mais em conta do que uma agência de turismo brasileira. Existem outras agências indianas, até mais baratas, porém, eu não posso dar minha opinião.

 

Dicas gerais:

 

-Evite comida de rua nos primeiros dias. Seu estômago deve se adaptar aos poucos com a pimenta e com as bactérias.

-Beba apenas água mineral engarrafada, evite roer as unhas, evite comer salada crua.

-Leve um par de meias na mochila, pois é obrigatório tirar os sapatos antes de entrar nos templos e estes raramente estão limpos. (limpos = 5cm quadrados sem fezes de animais)

-Troque suas rúpias por trocados bem miúdos, pois, todos a sua volta arrumarão uma boa desculpa para receberem gorjetas. Resistir é inútil, use essa estratégia.

-As cidades de Pushkar e Jodhpur não impressionam, se você tem poucos dias, não perca seu tempo visitando-as.

-Em Jaipur, não deixe de ir ao Galta Temple.

-Em Varanasi, não perca o anoitecer no Ganges com o ritual, e nem o amanhecer com a galera tomando banho na água cristalina.

Se você tem medo de baratas e nojo de comer o misto quente do boteco, não vá para a Índia.

 

 

Nova Deli:

 

A capital da Índia é eletrizante, uma cidade cheia de atrações, partindo de táxi do aeroporto, que é um Oásis de modernidade, passo por avenidas cheias de rochas realmente grandes no caminho, as quais os carros desviam. Podem ser vistas muitas placas de todo o tipo e, grande parte delas religiosas, algumas com fotos de gurus hindu-barbudos e com roupas características que, aqui no Brasil, seriam facilmente confundidos com charlatões do tipo Walter Mercado.

A rede de metrôs é de envergonhar São Paulo, mas fui informado de que ela foi construída na época em que foram realizados os jogos esportivos entre os países colonizados pela Inglaterra, e a Índia quis fazer bonito perante os ingleses. Como será que estaremos em termos de infraestrutura depois da Copa e das Olimpíadas?

Essa cidade tem gente de todo o mundo oriental e inúmeros monumentos legais. Enfim, dá para passar dois dias inteiros passeando, sem repetir o lugar: Lotus Temple, Jama Masjid, Delhi Gate, Red Fort e muitos outros, além de uma infinidade de templos e ruas repletas de lojas que vendem bugigangas e comida popular, algo que poucos gringos têm coragem de comer.

De tudo o que vi nessa cidade, o que mais gostei foi o Humayun’s Tomb. Ele fica num parque com várias outras atrações e o visual multiétnico dos visitantes era uma atração à parte: muçulmanos, turcos, butaneses, hindus, europeus. Isso se tornara regra em Nova Deli e eu já me via em outro mundo.

Não posso esquecer o Akshardham Temple, é um templo construído recentemente, mas é grandioso e dentro dele existem cinemas e teatros em barca, que contam um pouco da história da Índia e dos hindus. Eu levei 4 horas para vê-lo inteiro, imperdível.

Logo no primeiro dia, quando visitei o Lotus Temple, conheci um brasileiro que estava trabalhando e morando em Jaipur há dois meses. Fomos almoçar num restaurante onde ele me indicou o prato menos apimentado, para eu me habituar. Ele contou que estava tendo problemas estomacais, um tipo leve de úlcera causada pelo excesso de comida picante.

Combinamos de ir para uma casa noturna chamada Blue Frog. Fomos lá com mais dois brasileiros na mesma situação que ele, todos meio desolados de estar morando na Índia. Eu recomendo ir até essa balada, a estrutura é bem acima da média de São Paulo, porém, a agitação ficou por conta dos gringos, pois os indianos, mesmo os mais ocidentalizados, ainda são bem pacatos nesse tipo de festa. Um bom exemplo disso é que se você olhasse muito pra alguma indiana “dançando”, o segurança vinha chamar a atenção. Pô, I’m brazilian!!!

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Pushkar:

 

É uma cidade pequena, interessante para dar uma volta andando, com lojas que vendem bugigangas. Nesse vilarejo todos os tipos de celebrações religiosas acontecem o tempo todo. O ponto principal era o lago Pushkar, é considerado um lugar sagrado, repleto de indianos devotos, vacas e golpistas aguardando os turistas desavisados.

Sinceramente, o seu tempo pode ser gasto com lugares muito mais interessantes na Índia.

 

 

Jaisalmer:

Estou iniciando minha jornada de mochileiro, mas duvido que eu venha a conhecer muitos lugares tão surreais como Jaisalmer. Minha estadia nessa cidade valeu cada centavo que gastei no avião vindo do Brasil.

Este cidade fica próxima à fronteira do Paquistão, por isso na estrada de acesso, podem ser vistos radares contra ataques aéreos e outros artigos militares.

Este é um daqueles lugares que só vemos no Discovery, ou nos filmes do Aladim. É um clima indiano meio árabe, não consigo explicar com palavras.

As construções são feitas de concreto à base de areia do deserto, o que dá um tom amarelado à cidade. As casas são construídas em volta de um forte que pertencia a um Marajah.

Existem muitas vendas e ruas estreitas que parecem cenário do filme do Indiana Jones. E tudo parece um labirinto, as casas, as lojas e os hotéis possuem interligação em seu interior. Eu estava no hall de entrada do hotel, e pelos fundos, fui até a lanhouse, mas existiam portas que levavam para quartos com famílias inteiras de indianos. Esta cidade possui a maior concentração de vacas por metro quadrado do mundo!

No segundo dia, fiz o safári de camelo pelo Deserto de Thar. Eu gostei de andar de camelo, apesar de algumas pessoas falarem mal. Esse sáfari vale MUITO a pena!

Depois desse passeio, ainda dormi ao relento com um grupo de turistas que também fizeram o sáfari. Um indiano levou cobertores numa carroça puxada por um camelo e deitamos no chão. A areia do deserto brilhava com a luz da Lua e, apesar da falta de luzes, o deserto ficava iluminado. A noite foi mal dormida, mas a visão do céu estrelado sem uma nuvem ou poluição foi algo bem surreal. (Perde apenas para céu no Deserto do Atacama)

 

Evento Inusitado:

 

Assisti ao crepúsculo sobre uma duna no deserto, enquanto conversava com o guia e adestrador do camelo. Apesar de o garoto ter um péssimo inglês, consegui me comunicar. Eu contei algumas coisas do meu mundo ocidental capitalista e ele me descreveu como era a vida no deserto. Com isso fiquei imaginando que 99% dos nossos valores, lazer e ocupações são coisas criadas por nós mesmos e não algo natural da humanidade, pois o garoto não fazia ideia da existência de nada disso e, mesmo assim, tinha objetivos, motivações e felicidade, com coisas especificar de seu universo.

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Jodhpur:

 

Particularmente não me impressionei muito com Jodhpur. É verdade que sua principal atração é um Forte Gigantesco, porém, eu encontrei outros semelhantes em Jaipur e em várias outras partes da Índia.

 

 

Jaipur:

 

Por ser uma cidade grande, mas sem tanta influência moderna como Delhi, Jaipur reúne um grande número de elementos característicos da Índia. Grandes fortes, inúmeros templos, macacos no telhado, elefantes e vacas na rua, vias lotadas de gente e todo tipo de veículo.

Vale a pena pegar uma tarde para andar sem rumo por essa cidade, apreciar a comida de rua (se tiver coragem), entrar nas lojas, barganhar, pois aqui vendem de tudo: roupas, bibelôs turísticos, joias, especiarias.

(vídeo:

)

 

Próximo ao hotel em que fiquei, existia uma praça que ficava lotada de gente ao anoitecer, com tambores tocando e indianas de todas as idades dançando. (vídeo:

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O passeio que mais gostei em Jaipur foi o Galta Temple, esse é um lugar mágico. É um templo muito antigo, infelizmente pouco conservado. Com uma imagem do Deus macaco Hanuman, o templo está repleto de macacos, onde é possível alimentá-los com gomos de mexerica, cedidas pelos guias locais. Mais à frente, existiam piscinões com a água já esverdeada, onde os macacos nadavam e faziam “outras coisas” livremente. Essa água é considerada sagrada, consequentemente, vários indianos tomavam banho e lavavam roupa nessa água “purificada”. Nesse local, mulheres hindu, que tanto recato possuem, banhavam-se nuas, e não pareciam se intimidar com a presença de gringos... eu não entendi nada!

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Abhaneri:

 

No caminho de Jaipur à Agra, não deixe de parar em Abhaneri, nela fica o Chand Baori, uma construção bem exótica, uma cisterna com escadarias. Particularmente um dos pontos que mais gostei na Índia, pena que é mal conservado. O guia local disse que servia de teatro e os espectadores sentavam-se nos degraus. Essa história seguiu o padrão de bizarrice da Índia e eu estava gostando demais.

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Agra:

 

Não explorei quase Agra, hospedei–me num hotel a 1 km do Taj Mahal, por azar (ou sorte) estava havendo um evento musical naquele dia, o que tornara o Taj Mahal mais lotado de gente que o habitual. Por essa razão resolvi visitá-lo no dia seguinte, na primeira hora.

De noite eu aproveitei e fui ver o festival. Era um tipo de quermesse, com barracas vendendo coisas a preço de indiano (não de turista), e comidas de todo o tipo, com a falta de higiene habitual e centenas de moscas.

O palco estava montado com várias cadeiras para o público assistir, a iluminação formou uma gigantesca nuvem de besouros que voavam sobre os espectadores, sem dar trombada no olho de ninguém. No palco tocaram algumas bandas pop indianas, mas uma era realmente interessante, com instrumentos típicos, cítara, e uma cantora que só murmurava aqueles sons bem ao estilo árabe que conhecemos, muito show!

No dia seguinte fui ver o Taj Mahal... por fora ele é muito mais bonito que nas fotos e, por dentro dele, não tem muita coisa interessante. É com certeza a construção mais bonita da Índia e, quem sabe, do mundo.

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Khajuraho:

 

Se eu tivesse que eliminar uma cidade do roteiro, essa cidade seria Khajuraho.

Os templos são legais, um dos mais ricos em detalhes que eu vi na Índia, porém, o lugar é apenas isso.

O problema é que a cidade é muito contramão de tudo e o acesso de carro é difícil.

Cuidado ao entrar nos templos, eles são habitados por alguns ratos, apesar de ter uma mulher encarregada da limpeza do local, é possível que ela vá também dar comida para eles.

Após visitar os templos, assisti a um show de dança indiana, bem para turista.

Também visitei um pequeno vilarejo, foi interessante para conhecer um pouco da Índia fora dos grandes centros. Lá, os moradores faziam um tipo de tapete com fezes de vaca, e diziam que espantava as coisas ruins, inclusive os mosquitos.

 

Evento Inusitado:

 

Depois me levaram numa escola. Essa escola tinha condições bem precárias, onde no final de tudo, eles me solicitaram uma doação, mostrando um caderno com mensagens de pessoas do mundo inteiro.

Detalhe, que após a mensagem, tinha o valor que foi doado e os valores eram de cair da cadeira, algo difícil de acreditar que fosse verdade. Eu, por minha vez, doei de acordo com minhas possibilidades de brasileiro.

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Varanasi:

 

No início eu subestimei essa cidade, até cogitei tirar do roteiro por ser longe. Mas vale muito apenas visitar, o lugar é puro “Heavy Metal”.

A cidade possui um bairro que se chama Sarnath, com alguns templos budistas, incluindo a estupa onde o Buda deu o seu primeiro sermão.

O centrão da cidade era a pura experiência de se estar na Índia, com lojas aos montes, lembrando a 25 de Março, mas as ruas eram lotadas de tudo o que se pode imaginar. Não existia calçada, eram todos andando no meio da rua, sem uma mão definida, motos, riquixás, pedestres, vacas, carros, um desviando do outro como pode, até chegar num cruzamento de várias ruas, o que figurou o caos completo. Isso é a ÍNDIA!!!

Os Ghats são os acessos ao Rio Ganges, onde o povo faz de tudo, escova os dentes, toma banho, faz necessidades, oferendas, além de jogarem as cinzas de seus cadáveres.

Eu fui lá meio que duvidando que isso fosse real, mas não é que é exatamente como dizem?!

O povo faz de tudo lá mesmo, depois eu dei uma volta numa barca, onde achei uma vaca morta boiando na água.

Os Ghats estavam repletos de devotos, turistas e sadhus rezando.

Ao se aproximar do Ghat dedicado à cremação de mortos, o barqueiro avisou para eu não tirar fotos do local.

Eu desci do barco perto do crematório e o cheiro de carne queimada era bem forte. Existia uma “montanha” de cinzas na água, onde seu topo saía da superfície. São cremados cerca de 300 corpos por dia para depois serem jogados no rio.

Ao anoitecer, assisti uma cerimônia para o Rio Ganges, foi o ritual mais bonito que já vi na vida, era uma energia de outro mundo.

(vídeo:

)

 

Após ver os Ghats, andei pelas ruas estreitas e casas antigas que os circundam. E realmente é mais uma visão chocante, parece que pararam no tempo e no espaço. Algumas ruas são tão estreitas que quando tinha uma vaca parada, era necessário esperar ela sair de lá. Além disso, muitas motos passavam por essas ruelas e nós tínhamos que desviar.

Essas ruas em particular, eram a parte mais suja que vi na Índia, mas vale muito a pena visitá-las, pois representam uma volta no tempo, conservando a essência de uma das mais antigas cidades do mundo.

 

Evento Inusitado:

 

Para completar o belo dia, dei sorte de presenciar um casamento muçulmano que passou na frente do hotel onde eu estava hospedado. Eu segui a comitiva com batuques, fogos e uns adereços com luzes bem bregas. Todos pararam em uma área com várias cadeiras e um altar. Engraçado que eram apenas homens, as mulheres ficavam numa área separada. O noivo comemorava com o pai, os amigos e os familiares e, assim como toda a viagem, eles começaram a me entupir de perguntas (sempre as mesmas), não paravam de me oferecer comida, e me convidaram pra participar da farra. Esse tipo de experiência que chamamos de algo surreal, se sentir parte de um povo totalmente diferente do nosso, é o que faz essas viagens exóticas valerem a pena.

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Bodh Gaya:

 

A cidade em si é muito pobre e em condições bem precárias, assim como a maior parte do interior da Índia. Porém ,ela possuía alguns hotéis e escolas de meditação, principalmente em volta do Mahabodhi Temple Complex, que é onde tudo acontece.

Das grades do Mahabodhi Temple para fora, realmente não há nada que chame muito a atenção, mas das grades para dentro... é como se você se transportasse para outra dimensão.

La dentro, além do templo e a da árvore em que o Budha alcançou a iluminação, existe um jardim em volta, repleto de budistas de todas as partes da Ásia, é uma verdadeira Jerusalém dos budistas.

É impagável passar uma tarde nesse lugar, principalmente no crepúsculo, quando os mantras dos monges se misturam com o canto dos pássaros se recolhendo, formando uma ensurdecedora sinfonia, foi com certeza um dos pontos mais altos da viagem. (vídeo)

Evento Inusitado:

No altar do templo Mahabodhi, existia uma fila em que as pessoas iam até o altar, faziam doações, rezavam e saíam. Porém, de tempos em tempos, um grupo de monges ficava em frente ao altar e rezava. Nesse momento, uma porta de ferro que dava acesso ao altar se fechava e a fila tinha que esperar eles terminarem a reza pra continuar a visitação. Quando entrei para dar uma espiada no altar, eles fecharam a porta atrás de mim. Eu fiquei lá preso com os monges rezando. Aproveitei a "entrada VIP" e filmei.

(vídeo:

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Dharamsala:

 

Esta cidade fica ao norte da Índia, colada ao Himalaia. Suas construções ficam no alto da montanha, em um terreno quase vertical, com muitas trilhas que levam a vilarejos escondidos. É um lugar muito apreciado por hippies e o local cidade escolhido pelos tibetanos para se refugiarem.

Gostei muito de passar o dia nesse lugar, a temperatura é bem mais fria e as trilhas estão repletas de velhos tibetanos recitando mantras sem parar e girando Rodas de Oração.

Estas rodas são uma espécie de pião contendo um mantra dentro, que quando é girado, equivale à sua recitação. Dharamsala tem centenas de Rodas da Oração espalhadas, e eu girei todas que vi pela frente. (vídeo:

)

Em Dharamsala também se encontra o mosteiro onde vive o Dalai Lama, e por sorte, ele estava presente nesse dia, eu o vi saindo do teatro tibetano, e me pareceu algo raro, pois muitas pessoas ficaram em volta dele para tentar driblar a escolta e tirar uma foto.

Evento Inusitado:

Percebi que os tibetanos de lá tinham um grande sentimento de revolta em relação à tomada de suas terras por parte da China. Nesse dia, um tibetano havia tocado fogo no próprio corpo em Nova Deli, em protesto à vinda do presidente chinês à Índia. E por essa razão, ao anoitecer, os tibetanos acenderam velas e se reuniram para homenagear esse protestante. Nesse sentido eu me considero sortudo, pois sempre que visito uma cidade nova, muitos eventos acabam acontecendo no mesmo dia.

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Chandigarh:

 

Tive que parar nessa cidade apenas para descansar no caminho. Ela não possui muitos atrativos, é uma cidade planejada, feita por ingleses. Nela não se vê tanto do caos típico no restante da Índia. A parte legal é que fica no estado de Punjab, onde a maioria da população é Hindu Sik, nesse tipo de hinduísmo os homem não podem cortar o cabelo e devem usar turbante. As crianças utilizam um turbante muito feio, com um pompom na testa, mas quando o homem se casa, passa a usar um turbante bem mais elaborado, provavelmente o mais estiloso do mundo!

 

Evento Inusitado:

Aproveitei para ir numa espécie de parque municipal de Chandigard, famílias inteiras entravam para passar a tarde. Nele havia um labirinto de pedra e você não conseguia chegar ao parque sem antes passar por esse labirinto antes. Parecia ter sido feito para as crianças se divertirem mesmo.

Eu ia andando e tentando achar a saída do lugar, quando vejo varias crianças paradas e assustadas. Elas estavam olhando para uma cobra que apareceu detrás de uma das pedras, em posição de ataque. Logo depois veio um indiano com seu turbante colorido e jogou uma pedra e a cobra se recolheu para um próximo ataque mais tarde.

 

Evento Inusitado 2:

 

Eu estava jantando calmamente um Ginger Chicken (frango com gengibre extra picante) num restaurante, quando um indiano Sikh senta ao meu lado para puxar assunto. Era um senhor gordo, barbudo, com uma pose imponente e um turbante vinho enorme sobre a cabeça. Ele começou com a mesma conversa de todos os indianos quando veem um gringo, mas logo depois ele me jogou essa pérola:

Tio do Turbante: “Do you enjoy an active asshole?”

Netuno: “Only pussy!”

Tio do Turbante: “Sorry, its better if I go!”

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Haridwar:

 

Haridwar é uma cidade que fica às margens do Rio Ganges, numa região mais próxima da nascente. Lá existem Ghats que realmente apetecem para se dar um mergulho.

 

Evento Inusitado:

 

Eu fui até eles, só para dar uma olhada e ver se tomava coragem de mergulhar. De repente um segurança começou a correr atrás de mim, falando “SHOES! 30 Ruppies!”, ou seja, eu entrei numa área em que não podia andar com calçado (eu nem tinha percebido que era uma área sagrada). Aí saí correndo até a área não sagrada e mesmo assim o segurança pançudo tentando tentou me alcançar, quando sumi no meio da multidão e economizei 30 rúpias.

 

 

Rishkesh:

 

A capital da ioga é um vilarejo próximo a Haridwar. Nele existem inúmeros hotéis, vendas para turistas, vacas, moscas, hippies espirituais por toda a parte e centros de ioga, onde os gringos poderiam ter um aprendizado com os mestres indianos.

Nesse lugar eu posso dizer que o Rio Ganges é muito lindo, com aquela água verde clara cortada pelas pedras. Existiam grupos para fazer rafting no rio, se eu tivesse mais tempo o faria, eu recomendo pela paisagem.

Uma ponte corta o rio e leva para um templo de uns sete andares. Dentro deste templo encontrei lojas com artigos religiosos e lembranças para turistas e umas vinte câmaras com imagens dos deuses hindus, com três sinos cada. e sinos, uns três em cada uma. Quando cheguei no último andar havia muito mais sinos.

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Evento Inusitado:

 

Ao entrar no templo, o porteiro disse para eu tocar todos os sinos, eu desisti no décimo sino. Quando estava descendo para ir embora, veio uma tropa com quase cem indianos, trajando roupas iguais, mulheres com sári e homens com turbante vermelho e roupa branca. E eles vinham em fila tocando todos os sinos... aquilo virou uma barulheira ensurdecedora que se ouvia de longe. Podem chamar de sujo, bizarro, espiritual, mágico, lindo, fantástico, emocionante, mas, na minha opinião, a Índia é o lugar mais engraçado do Mundo!

(vídeo:

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NEPAL

 

O Nepal possui algumas semelhanças com a Índia pelo fato de a população ser predominantemente hindu, porém este país tem muitas características do extremo oriente. É um lugar rico em beleza natural e cultural e um povo muito mais animado. Nesse país me senti muito a vontade. Este pequeno lugar do mundo possui uma série de atrações concentradas, é diversão garantida. Como diria um amigo, é a Disneylandia dos adultos.

 

Kathmandu:

 

A cidade é tomada por uma névoa de poeira e poluição, o que obriga os habitantes a usarem máscaras. Mas isso não é problema, as máscaras viraram moda em Kathmandu, existem máscaras de diferentes estilos, do Pokémon, da Hellokitty, de bandas de rock...

A energia elétrica é racionada, sendo suspensa aleatoriamente por cerca de dez horas todos os dias.

Apesar de tudo isso, esta cidade é destino obrigatório para qualquer mochileiro, pois possui muitas atrações, que levam pelo menos dois dias inteiros de exploração. Algumas dessas atrações são:

Pashupatinath é um lugar sagrado, repleto de templos, habitado) populado por muitos macacos e sadhus, além de possuir um riacho onde ocorrem cremações durante todo o dia.

Bouddhanath é uma estupa (altar em que os budistas costumam rezar) muito grande, cercada por lojas e templos budistas.

Dakshinkali Temple é dedicado à Deusa hindu Kali. Dois dias por semana vários devotos levam galinhas e cabras para serem sacrificados no local, por essa razão o chão está coberto de sangue em abundância. Após o abate, os devotos levam a carne para a casa para fazerem o almoço. Muitos ocidentais não gostariam de ir nesse lugar, mas as crianças do Nepal adoram. Apesar das cenas fortes, fui ver e conhecer a realidade nua e crua.

Eu reservei um dia inteiro para conhecer o bairro chamado Thamel, destino clássico de mochileiros, hippies e apreciadores de haxixe. É um verdadeiro centro de atrações, com lojas lotadas de bibelôs e equipamentos para trekking, uma vez que é ponto de partida dos que tentam se aventurar no Himalaia. Há ainda templos, estupas, feiras ambulantes, comidas típicas, macacos, caos, inúmeras procissões, pubs irlandeses e intercâmbio cultural. Enfim, é uma cidade onde os cidadãos se dão ao luxo de ir para a praça descansar e paquerar sobre monumentos reconhecidos pela UNESCO como patrimônio da humanidade.

(vídeo:

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Chitwan Park:

 

O último passeio da trip estava por vir.

Para chegar a Chitwan tive que pegar um ônibus reservado pela agência, foi o pior ônibus que já peguei na vida, muito pior do que os da Bolívia.

As 5 horas dentro daquele ônibus poderiam durar uma eternidade, porém, em contraste ao desconforto, eu apreciei uma paisagem diferente de tudo o que já vi, como um rio cortando as colinas, que ali estavam, tão altas que eu mal conseguia ver o céu, após esticar muito o pescoço.

No caminho existiam muitas equipes de rafting e pontes muito longas. De longe, as pontes pareciam que iam cair a qualquer pé de vento, porém, na viagem de volta do parque, eu fui averiguar e elas possuem estrutura metálica e cabos de aço, não eram tão rústicas como em regiões mais remotas daquele país.

Ao redor do parque existiam inúmeros hotéis e, curiosamente, eu era o único hóspede do hotel que eu estava, e dessa forma, todos os funcionários estavam de prontidão para o que eu precisasse.

Confesso que fiquei um pouco decepcionado com a programação do parque. Os passeios mais interessantes foram o safári sobre o elefante, o passeio de caiaque para ver os crocodilos e o trekking no meio da selva para encontrar alguns rinocerontes perdidos, sendo que esse último foi realmente bom.

No entanto, foi muito bom passar alguns dias no meio da selva, sentir o cheiro de mato, ouvir o som dos grilos e insetos de todos os tipos por toda a parte, o que considerei um verdadeiro refresco antes de voltar para a “selva de pedra”.

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Quem quiser mais dicas é só postar no fórum ou me enviar uma mensagem no facebook.

  • Gostei! 1
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  • 3 semanas depois...
  • Membros

Oi Denis

 

Obrigado por compartilhar...Essa viajem deve ser fantástica...

Acabei de voltar de peru e bolívia e quero muito ir pra India como próxima viajem...

Gostaria de saber se possível, quanto foi de gasto total nesses 28 dias?Eu não tenho idéia ainda...de quanto seria o necessário juntar pra um mês lá...dizem que é muito barato, mas não sei, quanto você recomenda pra um mês de viajem lá?

 

abs e obrigado!

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  • 1 mês depois...
  • Membros

Oi Denis,

 

Parabéns pelo relato. Me deliciei lendo ele! de fato, a Índia me parece um "outro planeta" que pode nos ensinar coisas fabulosas.

A agência que vc comentou, fechou por aqui via e-mail? ou encontrou e fechou tudo lá?

Outra coisa... como é com relação à temperatura nesta época? Li relatos de pessoal que pegou 46 graus em Maio... inimaginável! rs

 

Abraço

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  • Membros

Não apenas gostei, como me emocionei lendo o relato de sua viagem.

 

Absolutamente fantástico. A cultura local e sua sensação em visitar cada ponto programado foram descritos de uma maneira ímpar. Muito bom, amigo!

 

Uma viagem dessas tem custo total girando em torno de que casa?

Quero ter uma idéia para ver se é possível sonhar ir em um lugar encantador como esse

 

Grande abraço,

Erick.

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  • Membros

horoiwa

 

Realmente é um país muito barato, porém, quando eles percebem que se trata se turista, metem a mão, ai fica um preço mais caro que o Peru, mas mais barato que o Brasil.

Eu diria que gastei bastante, pois optei por ficar em hotel, e contratar um motorista que me levava nas cidades, para eu economizar tempo.

 

A passagem de avião custa em torno de: 1200 USD

O motorista com hoteis durantes os 28 dias: 2500 USD (aqui voce pode encontrar opcoes mais baratas)

No restante, se gastei 2000 R$ foi muito.

 

Tem gente que faz tudo na raça, ai sai muitíssimo barato, mas é preciso bastante tempo pra visitar todos esses lugares. Pois os trens não passam todos os dias, dentre outros problemas de infra-estrutura do India.

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gisa.mar

 

A melhor época é entre Novembro e Abril.

A partir de Maio é um calor insuportável, e pra piorar, começam as monsões.

Eu fui em Marçoe a temperatura era bem suportável, só no finalzinho, começando Abril, estava um Sol de rachar a cuca!!!

 

A agência é a Abyss Tours, www.theindiatrips.com

Eu tratei tudo por e-mail com o Abid Zargar.

Paguei um adiantamente por transferência internacional.

O cara é honesto, e cumpriu o que prometeu, dentro das limitações da India. A única coisa que enche o saco é que todo santo dia eles te levam numas lojas de turistas. Mas nas cidade só saiu eu e o motorista, mais ninguem, entao o motorista me levava onde eu pedia.

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matheusokano

 

Eu procurei no decolar.com mesmo. Fui pela Britsh Airways. Faz escala no Heathrow.

 

Creio que 25 dolares seja o suficiente, caso voce va bem pe-na-estrada.

O problema é que na India, a higiene é beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem precaria, as ruas nao tem nome nem numero marcado, é um caos total. Pra ir na raça com 25 dolares por dia, voce precisa ir sem pressa, o que nao foi o meu caso huaahua.

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