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Portugal 2012 - Da Batalha ao Marvão


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Após Lisboa e Sintra, fomos conhecer outros lugares. Também em junho.

 

Na companhia dos meus pais, saimos do Porto em direção à A1 a “auto-estrada” que vai em direção a Lisboa. Saímos no desvio “Fátima/Batalha” e chegando na rótula seguimos a placa Batalha, entrando na estrada N356. A estrada é sinuosa e pegamos um caminhão à nossa frente até á Batalha. Haja paciência!

O nosso objetivo era visitar o Mosteiro da Batalha (6 eur). Foi mandado construir por D. João I como agradecimento pela vitória na batalha da Aljubarrota, a 14 de agosto de 1385, contra os espanhóis, daí o nome Batalha. É património mundial e como tal só podia ser interessante.

É imponente, mas talvez devido à pedra escurecida pela sujeira e pela ação do tempo, não o achei majestoso como outros. Curiosamente gostei mais das chamadas Capelas Imperfeitas do que o mosteiro em si. Achei interessante a Capela do Fundador onde estão os túmulos de D. João I e sua esposa D. Filipa de Lencastre e entre outros, do seu filho D. Henrique, O Navegador, que deu origem à saga dos descobrimentos marítimos. Mas as Capelas Imperfeitas foram o que me chamou mais a atenção. O acesso é pelo lado de fora do mosteiro e exceto a falta de teto, não achei nenhuma imperfeição. A sua estrutura é muito trabalhada em direção ao topo, com muitos símbolos e entrelaçados.

Terminada a visita, decidimos então seguir para Tomar. Depois de muito correr atrás do meu filho que resolveu brincar na hora de ir embora, conseguimos finalmente continuar viagem.

Voltamos pelo mesmo caminho mas entretanto, numa rótula, encontramos um desvio à direita que dizia A1 Lisboa/Porto e seguimos por aí. É uma espécie de via rápida mas onde não se paga portagem (pedágio); não anotei o nome mas se não me engano é IC-9. O objetivo era entrar na A1 para pegar a saída para Tomar mas vimos que esta mesma estrada nos levava até lá então seguimos por ela.

Almoçamos em mais um Macdonalds (não chegou a 5 eur por pessoa) e depois fomos até ao Convento de Cristo (6 eur) Acho que foi dos monumentos onde mais me demorei. É enorme, muito antigo e, obviamente, património mundial. Tudo começou com a construção em 1160 do castelo pela Ordem do Templo, pertencente aos Templários. Depois a Ordem foi extinta, surgiu a Ordem de Cristo e o local foi-se expandindo até ser o que é hoje. Percorri todo o convento excepto o antigo castelo porque não achei o caminho até lá. Fiquei meio chateado porque vi pessoal percorrendo as muralhas e eu feito bobo só olhando de longe sem saber como chegar lá. Mas acabei esquecendo isso quando vi a Charola, a parte mais importante do convento. Também de 1160, é um polígono com várias pinturas e esculturas a toda a volta e no centro um polígono mais pequeno com a imagem de Cristo e várias estátuas além de uma estrutura dourada cheia de pormenores; o conjunto ganhou cores fortes novamente depois da restauração a que foi sujeito e impressionou-me pela qualidade que já existia há séculos atrás.

A janela do Capítulo é outra obra de arte. Numa simples janela criaram um ambiente incrível com temas marítimos, vegetais e nacionalistas; com tudo isto ganhou mais do dobro do tamanho normal.

De Tomar voltamos pelo IC-9 até entrarmos na A1 sentido sul e poucos quilómetros depois saímos para Fátima. A cidade não tem nada de especial. Vale pelo Santuário e todo o ambiente religioso que gira à sua volta. Gostava de ter visitado os Valinhos, local da 4ª aparição, e também a casa dos três pastorinhos; mas por falta de tempo teve que ficar para outra oportunidade.

Ficamos no hotel Santo Antonio (45 eur a diária; limpo, espaçoso e café da manhã normal). Acabamos por jantar no restaurante do hotel (8 eur o prato do dia; comida razoável) e na recepção ficamos a saber que entre maio e outubro ocorre uma procissão das velas todas as noites; a minha esposa e a minha mãe já não quiseram subir para os quartos e então resolvemos ir todos até ao Santuário.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120805185449.JPG 375 500 Legenda da Foto]Mosteiro da Batalha[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120805185556.JPG 375 500 Legenda da Foto]Mosteiro da Batalha - Capelas Imperfeitas[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120805185727.JPG 375 500 Legenda da Foto]Convento de Cristo[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120805185812.JPG 375 500 Legenda da Foto]Convento de Cristo - Charola[/picturethis]

 

Novo dia, novos destinos. O primeiro era mais um daqueles locais que ficou na minha imaginação desde criança quando li um livro onde parte do enredo se passava lá. O nome: Castelo de Almourol. Pelo nome pode parecer apenas mais um castelo entre tantos outros mas o que o distingue dos demais é a sua localização; numa ilha no meio do rio Tejo.

De Fátima pegamos então a A1 sentido sul e saímos para a A23 sentido Torres Novas e Castelo Branco. Da A23 saímos no desvio para Vila Nova da Barquinha, pegamos a N3, passando também pelo quartel de Tancos, até encontrar um desvio á direita dizendo “Almourol”. Depois um novo desvio à direita e a estrada termina perto do rio onde dá para estacionar o carro.

O castelo lá está, no meio do rio, imponente, com muralhas e torres bem conservadas. O fato de estar numa ilha, estarmos tão perto mas sem acesso direto, já dá um certo ar de mistério ao castelo. E depois tem bastante vegetação em volta o que ajuda a criar ambiente. Sem falar no fato que pertenceu aos Templários, ordem que até hoje continua envolta em muitos mistérios e enigmas. Para entrar no castelo só numa viagem de 3-4 minutos de barco (2 eur). Depois subimos umas escadas e seguimos um caminho pelo meio de árvores e catos e muita areia em volta. Achei estranho no cimo da ilha ter tanta areia. Entrei na Torre de Menagem e subi por umas escadas de madeira, bem íngremes, até ao topo de onde se tem uma vista de encher os olhos; o rio segue bem tranquilo, sem grande correnteza e com pequenas praias fluviais ao longo do percurso. Os morros em volta sem vestígios de civilização só reforçam a sensação de isolamento. Mas antigamente era necessário manter vigia contra possíveis incursões espanholas.

A hora do almoço aproximava-se mas antes queria visitar o Castelo de Belver (2 eur) mais por estar na vila onde nasceu a minha avó materna do que por interesse histórico.

Voltamos até á N3 e seguimos pela direita em direção a Constancia e depois de atravessar a vila, entramos novamente na A23 no sentido Abrantes/Castelo Branco. Saímos para Gavião e, acho que pela N244, chegamos em Belver.

Fiquei surpreso pela positiva ao ver que o castelo está bem conservado e tem inclusivé uma capela de aparência bem antiga no interior. A vila tem um casario colorido, bem arranjado e até uma bonita praia fluvial por perto, do outro lado do rio. Vale uma visita se estiver na região.

Como não havia restaurante por ali, fomos até ao município de Gavião que é a sede de concelho e fica a pouco mais de 5 kms.

Procuramos um restaurante e o primeiro que achamos estava lotado. Não quisemos esperar e procuramos outro. Antes não o tivessemos feito. Primeiro porque não há muito por onde escolher e apesar de uns senhores teimarem que havia um restaurante em frente a uma agência bancária, nós tinhamos passado por lá e não havia nada e então andamos às voltas à procura de um. Segundo porque no único restaurante que encontramos aconteceu-nos uma situação bizarra. Após mais de uma hora sentados na mesa à espera da comida, o arroz chegou frio e depois de ser devolvido à procedência, trazem-nos o leitão que, adivinhem, também vinha frio. Como não conseguiamos falar com a atendente, aproveitamos que a cozinheira surgira à porta da cozinha e fizemos-lhe sinal. O que se passou a seguir foi muito engraçado; claro que no momento não achamos graça nenhuma.

- Por favor, o leitão está frio! - disse a minha mãe.

- O QUÊ?? - gritou a cozinheira.

Neste momento tive um pressentimento de que as coisas não iam correr duma forma normal.

A minha mãe, pensando que a senhora ouvia mal, falou mais alto.

- ESTÁ FRIO O LEITÃO. PRECISA DE SER AQUECIDO.

- Mas nós servimos o leitão assim!

- Como??? - fiquei na dúvida se tinha entendido bem.

- Nós recebemos o leitão ás 7 da manhã e é assim que o servimos!

Para que conste, naquele momento eram cerca de 13h45!

- Olhe, nunca vi semelhante coisa - disse a minha mãe.

- É, sempre foi assim. Se quiser que aqueça vai ter que esperar.

Já o tinha dito acima e repito, estávamos há mais de uma hora à espera. Ouvindo isto, todo mundo falou “Não! Esperar mais, não!”.

- Pode deixar então. Obrigado. - minha mãe recolocou o leitão na mesa.

- Ora veja lá se o consegue comer assim.

- Tá bem, obrigada.

A cozinheira saiu dali e nós, cheios de fome e sem outro lugar para onde ir, resolvemos comer mesmo assim. Eu não, porque para meu azar (ou talvez não), o prato que veio para mim só tinha a mandíbula com uma fileira enorme de dentes, e a pata do porco, e então não consegui comer aquilo :-). Comi um pouco do prato da minha esposa que tinha pedido frango e os meus pais misturaram o leitão com a batata frita e o arroz finalmente aquecido e deu para engolir. No final deu 7 eur por pessoa.

Saimos dali e acabamos por rir de tudo aquilo. Curiosamente, quando já estavamos dentro do carro prontos para seguir viagem, passou por nós a cozinheira, já sem uniforme, o que nos levou a concluir que toda aquela má vontade no restaurante estava relacionada com o seu horário de saída!

De Gavião pegamos a N118 durante uns bons quilómetros e depois entramos no IP2. Saímos para Alpalhão, atravessamos a aldeia e entramos na N246 que passa ao lado de Castelo de Vide, proporcionando uma bela vista da vila morro acima. Esta estrada acaba por chegar num cruzamento com a N359 onde virámos à esquerda. A partir daqui é seguir as indicações, o Marvão está bem perto; inclusivé, enquanto subimos ao seu encontro, dá para ver a vila encavalitada lá no cimo da montanha, protegida por pedra natural e pedra trabalhada da muralha que a envolve.

E o que dizer do Marvão? A vila parece um museu, com casas branquinhas, ruas de pedra e estreitas, um castelo bem conservado e tudo isto envolto por muralhas, no topo da montanha, com uma vista incrível.

As mulheres e o meu filho ficaram no hotel enquanto eu e o meu pai percorriamos as ruas da vila e visitavamos o castelo. Os nossos passos ressoam no piso de pedra e junto com o chilrear dos pássaros, são os únicos sons que ouço. Vez ou outra cruzamos com um turista mas a maior parte do tempo estamos sozinhos. O vento sopra com força ali em cima mas não atrapalha porque o ar é quente neste início de verão. O castelo ainda guarda exemplos de canhões, mostrando que apesar de isolada, Marvão ficava próximo demais da Espanha para ficar sem defesa. As muralhas, antigas, mantêm-se firmes; coloco as mãos nas pedras e imagino quantas conversas e risos não terão presenciado, quanta fúria e tristeza não terão aguentado. Olho com mais atenção e fico com a ideia de que não é apenas uma cintura de muralhas que envolve a vila, mas duas. Afinal as quesílias com Espanha não deveriam ser coisa pouca. Mas agora os vigias são os turistas que espreitam o horizonte através das guaritas e caminham pelas muralhas procurando o melhor angulo para uma foto.

No final do dia fomos numa esplanada e aconteceu mais uma situação inusitada. Não havia serviço de esplanada (que era o espaço maior, lá dentro tinha meia dúzia de mesas) e tivemos que entrar, fazer o pedido, pagar e trazer as bebidas numa bandeja! E depois brinquei com a minha esposa de que ela e a minha mãe no final do primeiro copo estariam dançando em cima da mesa e afinal quem fez fiasco não foram elas. Eu, ainda hoje não consigo explicar porquê, queria porque queria sair dali ligeirinho, sem ninguém me ver, mesmo a conta já estando paga (!?). O meu pai falava e falava como se o dia seguinte fosse domingo quando estavamos a meio da semana(!?).

Depois de mais um momento hilário, voltamos ao hotel. Ficamos no Hotel El Rei Dom Manuel, 45 eur por quarto, uma aparência de novo, limpo e boa decoração, o melhor de todas as viagens que fizemos em Portugal. A viagem finalizou com um jantar, também no hotel; saiu um pouco caro, mas valeu a pena porque a comida era muito boa. Foram 4 adultos e uma criança, com entradas, bebidas e sobremesas e pagamos cerca de 90 euros, não me recordo do valor exato.

O dia seguinte era dia de voltar.

Percorremos o país do oeste para o leste, no trilho da História mas com as paisagens naturais sempre presentes. Numa viagem procuro, além de conhecer com os meus próprios olhos, confirmar ou criar uma nova opinião sobre um lugar ou uma cultura. Aqui obtive confirmações, boas surpresas, pude sentir o ritmo diferente da vida no interior e confirmei que viajar é aprender.

 

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  • 11 meses depois...
  • Membros

:lol::lol::lol:

 

Dica cultural: ::otemo::

 

 

Em Portugal, o leitão só se come quente se tiver acabado de sair do forno.

 

 

De resto, deve ser sempre comido frio, para não estragar o sabor.

 

 

Reaquecer o leitão é ::vapapu::::toma::

 

Portanto a senhora estava certa. Aliás, há muita gente que até prefere comer o leitão frio, porque é menos enjoativo.

 

Devia ter pedido parte da costela, que assim já comia alguma coisa... ::cool:::'>

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  • Membros de Honra

Capitão, respeito a tua opinião até porque já comi leitão frio algumas vezes, principalmente em sandes de leitão.

Gosto muito de leitão e é uma das minhas carnes prediletas mas não entendo muito sobre as suas características e modo de preparo.

No entanto, enquanto aí morei (e ainda hoje os meus pais), sempre que se foi a um restaurante o leitão foi servido quente. Mesmo em localidades supostamente especializados em leitão como a Mealhada.

Lembro-me de ás vezes comentarmos que o leitão não era "fresco" porque não tinha acabado de sair do forno e dava para sentir a diferença de sabor,

mas ainda assim ele foi servido quente; o que eu particularmente aprecio pela crocância da pele (apesar de aquecido ela ser bem menor) e por uma questão de gosto mesmo .

Sei que tem muita gente que gosta da pata e até da mandíbula do leitão mas nunca precisamos de pedir uma parte específica para colocarem na mesa pedaços diferentes do leitão.

Daí a nossa estranheza e espanto com toda aquela situação já que não conhecíamos essa ideia sobre o leitão. Se soubessemos, continuaríamos a não gostar mas não ficaríamos escandalizados. ::lol3::

Enfim, vivendo e aprendendo. ::otemo::

Um abraço.

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