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Pequenas trilhas na Polinésia Francesa


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Pequenas caminhadas na Polinésia Francesa.

 

1. Tahiti Nui: de Punaauia rumo ao Mte. Marau.

 

Primeiro as fotos. Depois posto o relato.

 

Subida a partir de Punaauia, com a ilha de Moorea ao fundo.

 

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Trilha subindo em direção ao Mte Marau.

 

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Orquídea no caminho.

 

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Outra vista para Moorea, mais do alto.

 

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Gente:

 

Aproveitando uma viagem na Polinésia Francesa agora em outubro fiz pequenas trilhas. É um lugar muito bom para trekking, uma das maiores atrações das ilhas, junto com o scuba diving. Se tivesse mais tempo faria trilhas mais longas, porém em cada ilha o navio de cruzeiro parava normalmente um dia apenas. Pela manhã normalmente saia para mergulhar (sensacional, nunca vi tanto tubarão junto!). Pela tarde fazia uma pequena caminhada.

 

A vantagem das trilhas é que são lindas e não custam nada, num lugar em que uma Coca Cola custa 5-6 dólares num bar.

 

Tahiti Nui

 

O dia seguinte a minha chegada estava inteiramente livre pois a operadora de mergulho não tinha lugar no barco na saída daquele dia. Assim vi no mapa do guia Lonely Planet do Tahiti que havia uma trilha subindo a montanha perto do hotel onde estava em Punaauia. Após trocar dólares por francos polinésios parti, por volta de 10 hrs da manhã.

 

Seguindo pela estrada costeira passei pelo restaurante Captain Blight e depois, um pouco antes de chegar no restaurante Western Grill, dobrei a esquerda passando ao lado de um posto de gasolina, indo em direção a montanha. Por uma rua transversal chega-se numa auto-pista onde há uma rotatória, uma das pistas subindo a montanha. Uma série de condomínios de casas trepadas no morro, onde vivem os franceses ricos. Subi em zig-zag. Havia bifurcações e escolhia por instinto. O objetivo eram edificações de 4 ou 5 andares bem no alto da montanha. A partir dali não havia mais moradias e uma crista parecia seguir por trás deste condomínio ou hotel para o alto da montanha.

 

Depois de muito subir descobri que havia pego a bifurcação errada. Parava num beco sem saída, propriedade particular.

 

Voltei, desci e peguei outra bifurcação que desta vez me levou ao condomínio que avistei lá debaixo. O consolo era olhar para trás e para baixo e ver a linda vista para Moorea e a laguna cercada de arrecifes.

 

Atrás do condominio seguia a crista. No começo uma estrada 4X4 (dois sulcos) que logo desaparecia dando lugar a uma trilha. A vegetação era quase que totalmente composta por uma samambaia baixa, de folhas duras e ásperas, que também tem em morros no Brasil.

 

A direita da crista uma pequena ravina e outra crista paralela a esta, cheia de pinus (pinheiros).

 

Ao chegar numa pequena mata a trilha fica bem íngreme e é preciso usar as mãos. Toda de terra, deve ser difícil subir se estiver molhada pela chuva. Depois de 5 a 10 minutos ofegantes a inclinação fica mais tranquila novamente. Mais adiante parei para descansar na sombra de uns pinheiros. Estava cansado acima do normal, possivelmente o jet leg pela diferença de fuso horário (+7 hrs), já que cheguei ontem quase meia noite.

 

A medida que subia as samambaias ficavam maiores. No começo da trilha mal atingiam a metade do joelho. Agora estavam na cintura, depois na barriga e perto do topo na altura do peito.

 

Acredito que a mudança no tamanho das samambaias ocorre devido a maior umidade e abundância de água a medida que subimos na montanha. Chove mais no topo. Inclusive os velejadores muito de longe avistam estas ilhas antes mesmo de ver terra porque uma grande massa de nuvens (cumulus-nimbus) se ergue acima das montanhas.

 

Olhando em direção ao mar avistava a direita quase que totalmente a pista do aeroporto internacional de Faaa (isto mesmo, com 3 a!), em direção a Papeete.

 

Embora a trilha seja transitável, as samambaias dificultam o avanço pois criam resistência. O pior é que vim de bermuda e tênis (trail running) e as samabaias curvadas na trilha feriam a perna acima do tornozelo. O ideal é calça comprida ou uma perneira ou ainda um meião de jogador de futebol. Apesar de não enxergar a trilha sabia que estava nela pois caso contrário não conseguiria avançar. Se sair da trilha o entrelaçado das samambaias não deixa seguir em frente.

 

Pelo meio da tarde o céu fica nublado e começam a cair algumas gotas de chuva. Lá embaixo na praia parecia fazer sol. Depois de quase 3 horas o topo parecia proximo. Numa montanha a direita se avistava num dos lados um paredão voltado para o interior da ilha. Ou seja, as montanhas nada mais eram que os restos da parede de uma ou mais crateras do vulcão(ões) que formou/formaram esta ilha. Estava na expectativa de avistar no topo um penhasco caindo para o interior da ilha. Pertinho do topo uma mata de árvores baixas cheia de barba-de-velho atestava a umidade do lugar.

 

Neste ponto, creio que não a mais do que 5 metros da crista-cume, a trilha desapareceu. As samambaias já na altura do rosto impediam prosseguir. Formavam um emaranhado tão denso que só a força de facão, que não possuia. Tentei descobrir a continuação da trilha, mas nada de encontrar. Entrei na mata e a vegetação era pior ainda. Frustado e cansado resolvi voltar.

 

Pelo menos agora tinha a vista de frente, embora Moorea estivesse agora encoberta pelas nuvens.

 

Este era um caminho oeste-leste que, saindo de Punaauia, subia em direção ao Monte Marau. Não estava subindo o monte, que ficava mais atrás, mas chegaria numa crista que iria em direção a ele.

 

Descobri depois que para o Monte Marau (1.493 m) tem uma estrada 4X4 de 10 km que sai de frente do aeroporto de Faaa e chega num ponto que fica a meia hora de caminhada do cume. Provavelmente teria optado por este outro caminho, se soubesse.

 

Voltei ao hotel com as pernas todas lanhadas e calos. O tênis comprado em Santiago era um nº maior (não resisto a uma oferta), pois uma meia mais grossa resolveria o problema. Mas não tinha meias grossas em minha mala. Resultado: belos calos num tenis não amaciado e molhado pela chuva. Quando fui pedir, no dia seguinte, já a bordo do navio, uns band aids na enfermaria o pessoal ficou espantado com o estado das minhas canelas. Nada que uma água salgada do mar não ajudasse a cicatrizar.

 

Acho que uma ideia melhor é fazer primeiro um passeio em volta da ilha (Tahiti Nui), pegando um le truck e percebendo onde tem estradas para o interior da ilha. Ou então fazer um passeio 4X4 de Papenoo para Papeari (USD 60) que minha esposa fez. Ela disse que o interior da ilha é lindo e que o passeio vale muito a pena. Se tivesse tido mais tempo seguiria a pé pelo caminho do passeio 4X4, mas possivelmente é algo para um dia todo, partindo bem cedo.

 

Várias trilhas em Tahiti Nui não precisam de guia: vale Fautaua é lindo e acessível mas parece que é necessário pagar entrada na prefeitura (mairie) de Papeete. O monte Aorai (2.066 m) é outro, mas precisa um dia inteiro, acordando bem cedo. Trilha bem mantida e fácil de seguir. Por falta de tempo deixo para para outra ocasião. Tem trilha também de 2 dias.

 

No dia da partida do cruzeiro fiz uma pequena trilha pela manhã começando em Papeete, indo em direção a um morro com uma cruz. Descobri quese tratava de uma via crucis muito frequentada na Semana Santa. De lá dá para seguir para o interior da ilha, para um mirante de onde se vê o Diadema (agulhas – gendarmes – em linha parecendo formar um diadema).

 

Dá para gastar uma semana inteira em Tahiti Nui eTahiti Iti só fazendo trekkings.

 

Tahiti Iti, menor e mais selvagem, tem trekking de 2 ou mais dias. A costa sul só é alcançada a pé ou de barco. Do meio da mata avista-se lá embaixo, entre a vegetação luxuriante, Te Moana (mar de azul profundo). Parece cartão postal do paraíso.

 

Abraços, peter

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Continuando o relato.

 

Na ilha de Raiateia, depois de uma manhã de mergulhos (tubarões e naufrágio) voltei ao navio no porto de Uturoa, almocei e saí para uma caminhada. O objetivo era um morro perto, bem pronunciado, o Tapioi, que provavelmente tinha uma vista ampla da ilha.

 

Saí do centro em direção ao aeroporto sempre tentando umas subidas a esquerda para ver se alguma delas subia o morro. Depois de duas tentativas frustradas, achei uma ladeira que subia passando por casas e um portão aberto para um caminho de terra e mata. Dizia em francês “entrada proibida – reservatório de água”. Não levei fé na proibição de portas abertas, e o local parecia bem abandonado.

 

A estradinha dava acesso a um dos reservatórios de água da cidade e atrás dele uma trilha seguia pela mata. Fui numa direção e vi que a trilha esvanecia e não ia para o Tapioi. Tentei na outra direção subindo e aí segui no sentido correto dentro de uma mata bonita de pinus. Como uma guia disse, nada da vegetação é nativo da polinésia. Todas as espécies são originárias de outros lugares. A primeira que chegou para povoar a recém formada ilha vulcânica provavelmente foi o coqueiro, com um coco carregado pelo mar. Esta teoria só não explica porque há algumas espécies endêmicas. Talvez uma posterior evolução de uma espécie alienígena criando uma espécie nova.

 

Após meia hora na mata a trilha tinha varias bifurcações e escolhi uma descendo em direção ao Tapioi. Embora soubesse que possivelmente não fosse a correta para o topo do morro decidi por ela porque me pareceu a mais adequada para voltar ao centro de Uturoa, já que estava faltando um pouco mais de 1 hora para o horário limite de embarque no navio. Não tenho medo de me perder porque sempre acabamos achando o caminho. Mas outra coisa é quando vc pode não ter tempo suficiente para achá-lo!! O navio não espera ninguém!

 

A mata, na descida por uma estrada 4X4, era densa e bonita. A fertilidade do solo vulcânico é incrível. Basta ter chuva.

 

A subida do Tapioi ficará para outra vez. No Google Earth vi que as fotos tomadas de cima do morro são lindas, com vista para a ilha vizinha de Tahaa ao Norte e mais atrás, ao longe, NE, para Bora Bora.

 

Também descobri que o caminho provável para subir o Tapioi era do lado Leste, pertinho do centro de Uturoa e não do lado Norte, como segui. Na ocasião embora estivesse com o netbook a bordo do navio não quis pesquisar no Google Earth através da internet wireless do navio a 0,55 US$ por minuto. Internet por satélite é caríssima e lenta. Fica a dica de pesquisar antes de sair do Brasil!

 

A sugestão do Lonely Planet são 3 cachoeiras em sequencia cerca de 7 km ao sul de Uturoa, em frente a baia de Vairahi. Mas necessita de tempo e uma escalaminhada para atingir a 2.a cachoeira.

 

Posto as fotos em seguida.

 

Abs, peter

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Fotos:

 

Caminhando pela costa, a procura de uma subida para o Tapioi. Ao fundo a ilha de Tahaa.

 

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Logo acima do reservatório d'água. Na linha de arrecifes é possivel ver um pequeno motu (ilhota).

 

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Mata fértil e bonita. Fotos meio desfocadas de um fotógrafo deslocado.

 

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Monte Tapioi, onde não consegui chegar. Mais um bom motivo para um dia voltar. Fica para a próxima!

 

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Abs, peter

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Bora Bora

 

A mais famosa das ilhas da Polinésia Francesa, e talvez por isso mesmo a mais cara. É linda, considerada por muitos como a mais bela ilha do mundo.

 

O cruzeiro ficou 2 dias nesta ilha. No 1.o dia mergulhei com tubarões limão no passe Teavanui. Nunca vi tubarões tão graúdos na minha vida, passando 3 – 4 metros de distancia de nós mergulhadores. A bocarra com os dentes da última fileira projetados para fora (os tubarões tem várias fileiras de dentes). Não sabia se observava eles ou controlava meu esfincter.

 

Ainda fiz um mergulho noturno naquela noite, em Toopua. Mas o passeio de lancha debaixo da lua cheia, passando rente aos bangalos de dois andares sobre a água do Bora Bora Nui Resort & Spa (US$ 2.000 a diária, sem café da manhã) com as luzes da ilha e o relevo iluminado das montanhas foi melhor que o mergulho em si.

 

O segundo dia tirei para caminhar. Pensei em subir o monte Hue (619 mts) mas a mulher na oficina de informações turísticas disse que só com guia, pois não havia trilha. Meu Deus, a mesma conversa que já estou cansado de ouvir na Chapada Diamantina, na Bahia! Desisti mais porque o bicho era escarpado e poderia ter um trecho mais técnico. Não queria quebrar o pé no paraíso.

 

Decidi dar a volta na ilha mas sai tarde por ter dormido tarde na noite anterior e não foi possível. Fui a pé até a praia de Matira, uma das mais belas que já vi no mundo. Areia brancas e um mar azul turquesa protegido por uma linha de arrecifes.

 

Antes de chegar lá subi para um mirante (Mte. Pahonu, 139 mts) por onde subiam e desciam 4X4 com turistas do mesmo cruzeiro onde eu estava. A vista lá de cima é espetacular tanto para a praia de Matira, como para os motus, as montanhas e a laguna.

 

Segui ainda até a baia de Faaopore e voltei. Todos os motus de Bora Bora parecem ter bangalos sobre as águas (palafitas de luxo).

 

Uma dica que não segui porque era domingo e a loja de aluguel de bicicletas estava fechada: vale muito a pena aluga-las para dar a volta na ilha. Tem até velos (como os francesas chamam as bikes) com motor elétrico, o que torna menos cansativo o passeio. Ainda vou comprar um modelo de bicicleta leve, dobrável, para levar nestas viagens. Acho que elas se pagam só aqui na Polinésia.

 

Posto as fotos em seguida.

 

Peter

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Fotos de Bora Bora.

 

Montes Hue e Pahia

 

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Mirante no Monte Pahonu: vista para a Ponta Raititi.

 

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A praia de Matira, vista do mesmo morro.

 

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O Royal Princess ancorado na laguna de Bora Bora. Atrás a esquerda o Motu Toopua

 

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A belíssima praia de Matira

 

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Vista para o Motu Piti Uu Uta, com suas palafitas

 

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Partindo de Bora Bora. Palafitas na ponta norte do motu toopua

 

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Partindo de Bora Bora: o pequeno e bonito Motu de Ahuna, guardião do único passe de entrada da ilha, o passe Teavanui

 

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Simbora pra Bora Bora!

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Moorea!

 

Esta foi a ilha que achei mais linda. Montanhas escarpadas e vegetação luxuriante. Talvez porque nela fiz uma verdadeira trilha, ao contrário das demais. Não mergulhei em Moorea, pois as operadoras contatadas partiam para o mergulho antes da chegada do navio. Não dava tempo.

 

Foi melhor assim. Os corais da ilha foram severamente atacados pela estrela do mar coroa de espinhos. O fundo marinho não seria tão belo.

 

Em compensação percorri a trilha até o passe dos 3 coqueiros, um dos melhores hikings da Polinésia segundo o Lonely Planet.

 

Desembarquei apenas 9 horas, meio furioso com o atraso (normalmente o desembarque começava pontualmente as 8 hrs). O navio estava ancorado no meio da baia de Cook. Ao desembarcar tomei a estrada para a esquerda em direção a Paopao, no fundo da baia. De lá, a esquerda, depois de uma ponte, começa uma estradinha que percorre o vale de Paopao. Começa com asfalto, que vai piorando, cada vez mais buracos, até se tornar uma estrada de terra. Agradabilíssima, era margeada por sítios e pequenas fazendas com vegetação farta. As plantações que mais se destacam eram as de abacaxi.

 

Deveria seguir nesta estrada até que ela encontrasse a estrada do vale Opunohu. Naquele ponto dobraria a esquerda e subiria pela outra estrada até o belvedere e de lá pegaria a trilha para o passe dos 3 coqueiros.

 

Para vcs verem a simpatia dos polinésios, estava caminhando pela estrada de terra com meus bastões de trekking e uma senhora polinésia, dirigindo uma caminhonete Land Rover cheio de turistas (do meu navio), o que eles chamam de safari 4X4, parou a meu lado sem eu pedir e me explicou que, se eu queria ir para o belvedere, deveria pegar uma estradinha de terra logo adiante que seria um atalho para o belvedere, e me explicou um pouco mais o caminho. Agradeci e segui.

 

Conheço muito guia que não teria esta boa vontade com alguém “não pagante”. Dobrei a esquerda como indicado e segui por uma estrada de terra num bosque de eucaliptus grandes, passando por um estábulo de cavalos para aluguel (passeio). Subindo o pequeno morro parei numa plantação de abacaxi onde peguei uma entrada a direita até parar na mata. Havia ali uma trilha. Como ela iniciava numa direção contraria ao passe achei que estava no caminho errado e voltei procurando outras trilhas. Como não descobri nada voltei ao mesmo local e segui pela trilha. Logo depois ela tomava a direção certa!

 

Dava para ver a distância o local onde provavelmente era o passe dos 3 coqueiros, daí ter uma idéia da orientação geral.

 

Segui por uma trilha razoavelmente batida embora a quantidade de folhas secas de árvores no chão escondessem volta e meia o caminho. A partir do instante que entrei na mata em poucos momentos o sol voltou a bater em mim. Mata densa, bonita.

 

Passei por um córrego e numa clareira me deparei com ruínas, um quadrilátero perfeito, parecendo a fundação de uma casa. Estava num Marae! Um santuário sagrado da antiga religião polinésia. Fiquei feliz, o 1.o que via em toda a viagem. Segui meu caminho e me deparei mais adiante com outro Marae no meio da mata. Continuei e pouco depois encontrei turistas vindo em sentido inverso. Eram de grupos que estavam nos safari 4X4, dentre eles a guia que me deu a dica, feliz por ver que havia encontrado o caminho.

 

Tinha visto o atalho no mapa rudimentar do guia do Lonely Planet, mas daí achar a entrada é outra história. Não fosse a dica da guia como poderia adivinhar, sem indicações!

 

Continuei feliz, agora subindo a encosta, afinal ia para um passe nas montanhas. Uma série de trilhas se entrecruzando me confundiu. Peguei um caminho com uma placa escrita “trois pinus” 3 pinus, mas desde quando coqueiro é pinus, pensei... Talvez os franceses chamem assim os coqueiros. Quando achei que a trilha estava indo para a direção errada peguei outra bifurcação a direita, subindo. Mais tarde olhando no mapa descobri que há outro passe, este chamado de 3 pinus, mais a Nordeste. Na hora não sabia.

 

Passei por outro corrego que descia da montanha. E uma subida mais acentuada me levou ao belvedere onde havia um monte de turistas tirando fotos das baias de Cook e de Opunohu.

 

Perguntei a um guia por onde seguia a trilha para o passe dos 3 coqueiros. Ensinou-me o caminho que prontamente segui.

 

Não podia ir num ritmo lento admirando a bela vegetação e a linda paisagem, como merecia. O último tender para o navio saia as 16:30. Estipulei para mim mesmo um dead line: se não chegasse até o topo, no passe, até meio dia, deveria dar meia volta.

 

Trilha linda, bem conservada, serpenteava pela encosta da montanha. Começou a baixar numa vereda e uma bifurcação a esquerda, descendo para o córrego, me chamou a atenção. O caminho passava entre uma grande rocha e o riacho. Ali deve ter algo interessante, pensei. Desci e, de fato, oculto atras da curva da rocha estava uma pequena cachoeira. Uma excelente ducha para quem quisesse se refrescar.

 

Não tinha tempo para um banho e segui. O sol alto era filtrado pela vegetação assim não fazia muito calor e dava uma luminosidade esplendida à mata. Passei por um bambuzal e por um bosque de arvores com troncos bem característicos, parecendo aquelas arvores sagradas que indicavam o lugar dos sacrifícios humanos em alguns locais da polinésia. Havia pedras compridas posicionadas pelo homem numa posição vertical.

 

Mais adiante uma ponte de madeira com corrimão e depois um riacho. Levava meu Camelback na mochila, mas ali agua não faltava.

 

Começou depois uma subida mais pronunciada até que cheguei noutro belvedere, bem simples, com vista para a baia de Opunohu. Ali o caminho seguia em frente, paralelo a encosta ou dobrava a esquerda, subindo a encosta. Deveria ser o último, achei, e virei à esquerda. A subida deveria ser por ali porque a encosta rochosa vertical e intransponível da serra (melhor dizendo, da cratera) um paredão, dava lugar a uma encosta mais suave onde deveria ser o passe.

 

O caminho escolhido subia, porém só seguia para a esquerda rumo ao paredão. Pensei que estava errado e voltei para o belvedere donde fui pelo outro caminho, Rapidamente percebi que o outro seguia apenas costeando a encosta e estava sujo, meio que fechado, sinal de pouco transito.

 

Voltei ao anterior e subi tudo de novo. Continuei e mais adiante vi que o caminho virava finalmente para a direita. Na verdade era um longo zig para a esquerda no zig-zag da subida bem projetada para o passe. Não havia trechos muitos íngremes e cansativos graças a trilha bem feita em zig-zag.

 

Já quase meio dia o vento cada vez mais forte e a mata cada vez mais baixa indicava que o topo estava proximo. Cheguei e vi logo o único coqueiro que restava dos 3. Os outros dois foram arrancados num furacão em 1980.

 

Linda vista para todos os lados. O paredão de montanhas a SE, indo em direção ao Momte Tohiea (1.207 m), a NE a serra subia para o Monte Mouaroa (880 m). Do outro lado, SO, o mar brilhante, dentro dos arrecifes na cor azul turquesa e fora dos arrecifes, um mar azul cobalto profundo, Te Moana. Casas do vilarejo de Haapiti estavam visíveis. A trilha seguia até lá porém eu deveria regressar. Subi um pouco mais percorrendo a trilha, de onde tive vistas mais amplas ainda. Descansei um pouco e comi minhas barras de cereal. Tomei fotos (posto em seguida) e desci. Passava pouco do meio dia.

 

Aproveitei a descida e soltei o freio de mão correndo em alguns trechos, imaginando estar numa corrida de aventura.

 

Segui quase o mesmo trajeto da volta. Desta vez aproveitei para tirar fotos dos Marae, coisa que não fiz na ida.

 

Ao chegar em Poapoa entrei no supermercado e comprei uma geladíssia e deliciosa pia (cerveja) Hinano, cujo rótulo é um dos mais bonitos que vi numa cerveja. Não é a toa que as camisas com este rótulo da Hinano são um dos souvenirs mais cobiçados da Polinésia.

 

Voltei bebendo e andando pelo asfalto, alegre pela mais espetacular caminhada que fiz na Polinésia. Perto do pier dos tenders encontrei o simpático casal de mexicanos, que moram em Alexandria, Estados Unidos, que conheci no cruzeiro e visitavam a Polinésia pela 22.a vez!! Que inveja... Razões não faltam para voltar...

 

Amanhã Papeete e dois dias depois, Isla de Pascoa, Chile e Brasil.

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