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TRAVESSIA EXPEDICIONÁRIA VALE DO CUBATÃO DE CIMA: de S. Bernardo à S. Vicente-SP


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TRAVESSIA DO CUBATÃO DE CIMA: de S. Bernardo à S. Vicente-SP

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“ Que diabos estaria fazendo um pai de família as bordas de completar 45 anos, correndo atrás de um trem de carga carregado de açúcar, a noite, com uma mochila nas costas, que desce a serra do mar em direção ao litoral Paulista ? É isso que eu me pergunto, enquanto tento manter a concentração para não tropeçar nos dormentes e acabar tendo o mesmo fim do Bruno, que horas antes foi salvo pelo Beto, ao cair embaixo da composição. Inundado pela adrenalina, que parece que vai transbordar, fixo os olhos na escadinha lateral e dou o bote certeiro. Me puxo para cima da besta ferroviária, tentando me segurar em qualquer coisa e quando me sinto seguro, ajudo o Kamal e o Bruno a subir. Me sento no apoio inferior do último vagão e enquanto vou me acalmando, começo a perceber a loucura que acabamos de fazer. Foi uma das maiores aventuras na SERRA DO MAR, uma travessia para entrar para história. O trem atravessa um túnel e logo vemos as luzes do litoral e então temos a certeza de que a civilização está perto, estamos voltando para casa”........................

 

Neste ano de 2014 nos dedicamos quase que integralmente a explorar grandes travessias selvagens na Serra do Mar Paulista. Muitas das vezes, lugares que há décadas não recebia nenhuma pegada humana. Cachoeiras incríveis, canyons gigantescos, despenhadeiros fantásticos, poços esverdeados, florestas quase que impenetráveis, gargantas perigosas, rios caudalosos e paisagens que não devem nada a nenhum outro lugar do Brasil. Todas estas explorações foram feitas sem o uso de equipamentos de escalada, equipamentos de rapel ou qualquer coisa que lembre alta tecnologia. Foram caminhadas quase que suicidas, onde barrancos eram vencidos apenas usando a força das pernas, braços e o que mais fosse possível. Nadamos, subimos pedras enormes, escorregamos por valetas e desmoronamentos monstros, nos penduramos em grandes árvores à beira de abismo. E pra fechar o ano, nos organizamos durante meses para ajudar a realizar um grande sonho de um amigo.

Quase uma dezena, essas foram às vezes que Daniel Trovo se postara à beira do abismo da terceira grande queda do Rio Cubatão de Cima e da beira do abismo, sonhava um dia poder descer aquela grande garganta, mas nunca achara alguém com um grande ímpeto para se enfiar naquele inferno de desfiladeiros perigosos . Na verdade não havia qualquer informação de que alguém um dia descera lá. Aquilo era um mundo selvagem, terra desconhecida, um mundo entregue aos animais selvagens e se algum dia alguém se metera a besta a visitar aquelas paragens, já havia morrido ou simplesmente levaria as informações para o túmulo. Um dia numa noite sem sono, numa madrugada vazia, conversávamos sobre um grande projeto de explorações selvagens na serra do Mar e me veio à cabeça de formarmos um grupo que se dedicaria a esmiuçar aquelas florestas, que pra mim, é uma das mais impressionantes do país. Como as explorações se dariam em lugares nunca ou poucos “dantes navegados”, resolvi chamar esse grupo de “EXPLORADORES DO LADO ESCURO DA SERRA DO MAR”, igualzinho a lua, todo mundo sabe que existe um lado escuro mais ninguém vai, ninguém vê.

Tudo acertado, integrantes escolhidos para a GRANDE TRAVESSIA DO CUBATÃO DE CIMA, deixamos bem claro da incerteza dessa expedição, dos perigos envolvidos e que cada um que aceitasse o desafio, faria a travessia por conta e risco, ainda que todos cuidassem da segurança de todos, alem de exigirmos o atestado de insanidade mental, documento fundamental pra fazer parte do grupo (rsrsrsrsrssr).

 

Marcamos o encontro do grupo às 20 horas no terminal rodoviário do Jabaquara. Eu( o divagador) e o Vinícius ( a lagarta) vindos de Sumaré e Campinas, chegamos bem antes e na hora marcado juntaram-se á nós Daniel Trovo( o sonhador), Eduardo loures (o cara do facão), Beto Thander ( o minimalista ), Bruno conde (o camaleão) e pra finalizar, mais atrasado que o trem bala Rio -Sampa, Kamal ( o filósofo). O primeiro passo era encontrar uma Vam que nos levasse até o Km 44 da Rodovia imigrantes, nas bordas da Serra. Quando o Trovo tentou negociar o preço com o perueiro e ele se recusou a dar o desconto desejado, o Trovo mandou ele a merda e então fomos tentar pegar o ônibus mesmo. Ao chegarmos ao guichê, descobrimos que não havia mais nenhum transporte para o litoral, então enfiamos o rabo entre as pernas e fomos implorar para o cara levar a gente e em meia hora ou pouco mais já estávamos abandonados em plena escuridão, as margens da rodovia.

Quem olha o mapa já percebe que o caminho a seguir é a direita da rodovia, mas por incrível que pareça, atravessamos para o outro lado, para a faixa que sobe a serra. Isso tem uma explicação: como do lado direito necessitaríamos descer um grande barranco, optamos por usar um túnel que atravessa por baixo das duas pistas, justamente por onde passa o RIBEIRÃO DAS ANTAS, o afluente que iremos seguir até que ele deságüe no Cubatão de Cima, onde seguiremos nosso caminho sem mais se afastar do rio. Atravessamos a Imigrantes no km 44 e uns 100 metros antes da placa que avisa ser ali o Núcleo do Parque estadual da Serra do Mar Itutinga-Pilôes, adentramos na rampa de concreto que vai nos levar até o grande túnel. O grande problema é que a caminhada nem começou e já é preciso enfiar os pés na água. O Ribeirão das Antas, no túnel não passa que um pequeno córrego sem expressão, que só serve pra empapar nossas botas de água. Na saída do túnel, um saruê vem nos dar as boas vindas. Deixamos o túnel às 22h30min e interceptamos uma trilha do lado esquerdo, paralela ao riacho. A chuva aperta e vamos seguindo a passos largos nos guiando com o facho de nossas lanternas, vez ou outra cruzamos algum filete de água. Logo nos enfiamos mata adentro e quando a trilha escapa aos nossos olhos, vamos seguindo por dentro do Ribeirão das Antas mesmo. Uns 40 minutos depois, trombamos em uma impressionante samambaia Açu, toda curvada feito um L , que lembra muito o coqueiro da praia de Aventureiros, na Ilha Grande-RJ. Vamos alternando entre andar pela trilha e pelo próprio riacho, que agora já ganhou uma profundidade considerável, nos obrigando às vezes a passá-lo com água pela cintura e a meia noite e quarenta e cinco, após passar batido e nem ver o encontro do ribeirão das Antas se juntar ao Cubatão de Cima, jogamos nossas mochilas ao chão, em uma linda praia de areia, onde as antas fazem seu descanso e demos por encerrado nossa caminhada noturna.

 

É realmente uma prainha espetacular e como não carregamos barraca e sim rede, optamos por estender uma grande lona no chão e bivacar. Enquanto uns vão logo tratar de fazer a janta, tiro minha roupa molhada e me visto com outras secas. O Eduardo acende umas tochas para iluminar o acampamento, enquanto o Trovo trata logo de começar a instalar uma cobertura, pois a chuva ameaça desabar sobre nossas cabeças. Alguns optaram por vir o mais leve possível e com certeza vão pagar caro por tanta ousadia. Eu não dei bobeira, anos de aventuras me ensinaram que um saco de dormir faz toda a diferença em qualquer tipo de caminhada. O Vinicius prepara logo um banquete para alimentar a sucuri que habita suas entranhas. Eu por hora me contento apenas com um macarrão instantâneo, estava sem fome. Alimentados, nos jogamos pra dentro da nossa tenda improvisada e cada um foi tentar se ajeitar como pode. Quando o dia nasceu, os minimalistas só fizeram ficar reclamando da noite desgraçada que haviam passado, eu dormi muito bem e se não fosse o entrevero de não encontrar mais minhas meias onde deixei , teria tido uma manha linda. Não adiantou procurar, as meias sumiram misteriosamente, desapareceu, escafedeu-se. Notícias davam conta de que o Eduardo havia me sacaneado e tinha usado minhas meias para fazer a tocha. Eu estava mesmo lascado, só havia mais um par de meias secas para usar durante toda a travessia e para voltar para casa. Mas até o fim desta expedição, eu havia de descobrir que fim levou.

 

Retomamos a caminhada, agora estávamos caminhando no leito do Rio Cubatão de Cima. São águas calmas e tranqüilas e o único inconveniente é ter logo cedo de nos jogarmos na água gelada. Ás vezes encontrávamos alguns vestígios de caminhos de antas nas margens e tentávamos seguir por eles, mas logo lá estávamos nós atravessando o rio com a água pela cintura. Oito horas da manha as praias de areia do rio acaba e começam a surgir as partes rochosas, sinal de que as cachoeiras estão próximas. Dito e feito, meia hora depois surge o primeiro desnível e menos de meia hora depois estamos clicando a Primeira Grande Queda do Cubatão de Cima. Uma parte da galera resolveu atravessar o rio e segui-lo pela sua esquerda, Eu , o Eduardo e o Kamal, optamos pela direita, onde o Kamal bobeou e quase foi para nas águas profundas da piscina natural. Foi um grande susto, já que ele é o único do grupo que não sabe nadar. Não demora muito, passamos por uma minúscula barragem, construída ali a dezenas de anos atrás, sabe-se lá pra que. A caminhada segue ainda tranqüila, até que tropeçamos alguns minutos depois com a SEGUNDA QUEDA do Rio Cubatão de Cima. Não é uma cachoeira muito alta, mas é um salto livre, onde um gigantesco poção desafia os mais astutos a saltar de quase 20 metros de altura. O Trovo já havia saltado uma vez, mas agora, sabedor que um pequeno acidente ali, poderia por em risco toda nossa expedição, optou apenas por olhar e maravilhar-se com o espetáculo.

 

A descida da Segunda Queda é pela direita, mas antes da descida é preciso dar um pequeno salto para atravessar o rio à beira do abismo, que se joga no poço. Um pequeno pulo, mas não poderá haver erros, caso contrário o sujeito vai se lembrar do desenho do pica-pau, mas sem um barril pra se proteger. Atravessando o rio, entra-se num pequeno vara- mato, em uma descida tranqüila, mas um tanto escorregadia. No pé da cachoeira paramos para uma foto de todo o grupo, foto essa que se tornaria a foto oficial da expedição. A cachoeira vista de sua base é muito bonita e foi merecedora de vários clics, mas como a tensão vinha aumentando a cada passo dado, não nos demoramos muito lá , o momento crucial estava a nossa espera.

 

Mais alguns minutos de caminhada nos levou ao começo da TERCEIRA QUEDA. De onde estávamos ainda não era possível ver o tamanho da encrenca que logo após a curva se descortinaria a nossa frente. O Trovo foi à frente, descendo pela rocha nua e escorregadia até que parou de vez, parou como um camundongo para à beira de um prédio, olhando a comida lá embaixo, sem saber como fazer para descer.

 

“Quem quer passar além do Bojador, tem que passar alem da dor”( F. Pessoa). Se estivéssemos no século XV, poderíamos dizer que a TERCEIRA QUEDA do Cubatão de Cima seria um dos “cabos bojadores” da serra do Mar Paulista. Conhecido como o cabo do medo, o Bojador era o ponto máximo que as expedições marítimas conseguiam chegar. De lá ninguém passava e os que passavam, nunca mais voltavam. O medo do desconhecido e o fracasso de quem tentava passar, gerava lendas das mais absurdas possíveis. Pois bem, deixando pra lá as navegações, o que eu quero dizer é que a partir desta grande queda, se abriria a nossa frente um mundo totalmente novo, um lugar que nenhum de nós poderia afirmar se teríamos êxito na nossa tentativa de descer naquele vale. Estávamos prestes a nos lançar também no desconhecido, agora não haveria mais como voltar atrás, meses de programação e havia chegado a hora de botar em pratica todo o nosso conhecimento adquirido nestes últimos anos de travessias selvagens pela serra do Mar. Usar as técnicas que havíamos apurado, ou seja, havia chegado a hora da onça beber água. Para o Trovo, era um momento especial, anos de contemplação de cima desta queda e agora iria por em pratica aquilo que tanto sonhara por muito tempo e nós iríamos fazer parte deste sonho.

 

Pois bem, até a Terceira Queda, alguns chegam, mas agora era com a gente, nunca poderemos afirmar que nunca ninguém havia descido naquele inferno de canyons e gargantas profundas, mas podemos dizer que sobrou pra gente a honra de revelar esta grande travessia para o mundo das caminhadas da Serra do Mar. Reunimos-nos à beira do grande abismo para uma conferência : De cara notamos que o melhor lugar para descer seria pela esquerda, onde o terreno parecia muito menos íngreme, mas tinha um detalhe, seria preciso atravessarmos o rio para o outro lado. Analisando friamente, até daria para atravessar, mas alguém teria que dar um pulo certeiro na água e sem se deixar levar pela correnteza, nadar até a outra margem e amarrar uma corda em qualquer lugar para que os outros pudessem passar em segurança. Era uma manobra ariscada e desnecessária, por isso votei logo por encontrarmos outra solução e para deixar essa alternativa só quando mais nenhuma outra manobra fosse possível. À beira daquele desfiladeiro gigante, qualquer tentativa desastrada causaria um acidente fatal, haveríamos de achar outra solução, de preferência nos afastando daquela garganta pelo menos por um breve momento. As conversas e as ponderações nos levaram a única alternativa, não menos perigosa, mas ainda assim a mais sensata de todas : Varar-mato pela encosta da direita, tentando nos segurar na vegetação e em tudo mais que o medo de escorregar barranco abaixo nos providenciaria. Estávamos muito excitados para partir, mas como o Vinicius protestou dizendo que queria fazer uma boquinha, nos sentamos à beira da grande cachoeira e fomos beliscar algo antes da investida final.

 

O Eduardo pulou à frente, ele é o nosso batedor munido de facão, não para estraçalhar bromélias, mas para ir limpando os cipós “pegadores de homens”. O Eduardo é uma espécie de Jason, personagem do “sexta-feira 13”, você nunca o verá sem o seu facão. Entramos no mato por volta das 10h30min da manhã, estávamos mesmo adiantados e teríamos todo tempo de sobra para vencermos aquele primeiro desafio. Já no começo o caldo começa a entornar, é uma parede com vegetação, mas uma vegetação superficial, mal temos onde nos agarrarmos. A inclinação do terreno à beira da grande garganta nos dá a dica de como será essa primeira investida. Estamos nos segurando no que parece que irá desmoronar a qualquer momento. Pedras de centenas de kg estão na flor do barranco e um só toque por menor força que se ponha, o fará escorregar e esmagar algum integrante do grupo mais abaixo. Você procura um lugar para apoiar o pé e não encontra, você segura em uma raiz e ela se solta como se não estivesse ligado ao solo. É um sofrimento coletivo, uma angustia que vai aumentando a cada passo dado, a cada escorregão que ameaça jogar alguém no vazio. Nesse momento começamos a descobrir porque ninguém desceu naquela “piramba”. Parece mesmo uma jornada suicida e é preciso um nível alto de retardamento mental para continuar com aquela loucura. Mas vamos enfrente, mesmo porque já estávamos na metade e subir de volta , seria quase que impossível. A descida, como não poderia deixar de ser, é vertiginosa. Alguém esbarrara numa rocha, que desce desgovernada e quase faz um strik mais abaixo, fazendo com que alguém do grupo solte um berro irado; “Caralho, cuidado aí meu”. Mas ninguém tem culpa, não há como segurar, são movimentos involuntários, um ultimo recurso de se salvar da queda iminente.

 

Onze horas vinte dois minutos do dia 29 de novembro de 2014. O mito de “entransponibilidade” da TERCEIRA QUEDA do Cubatão de cima acaba de cair. A valente jornada que empregamos nas encostas vertiginosas nos levou de volta ao rio, mas não ao pé da grande cachoeira e sim uns 100 metros mais abaixo dela. Neste momento deu pra sentir o brilho nos olhos de cada um, principalmente no do Daniel Trovo. Jogamos as mochilas ao chão e nos pusemos a subir o leito do rio escalando gigantescos matacões. O Bruno e o Kamal acharam que ver a grande cachoeira de longe já era o suficiente para eles. Eu e o Eduardo fomos os primeiros a chegar. Ficamos embaixo da monstruosa queda, eufóricos, encantados, estupefatos. O sentimento de estar em um lugar onde praticamente ninguém (salve algum maluco do passado),havia pisado, é realmente indescritível. Logo chega o Trovo, o Thander e o Vinicius para dividir conosco as glorias da conquista.

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Estávamos agora no fundo do vale e dali pra frente a cada passo dado, a cada metro percorrido, mais longe da civilização estaríamos. Não haveria espaço para erros em um lugar onde a chance de se salvar em caso de algum acidente, seria nenhuma. Não há comunicação e nem rotas de fuga. Quase todos estão munidos de perneiras-anti-cobras, mas o fato de o Kamal não saber nadar me preocupa. Depois de mais um lanchinho a pedidos do Vinicius, partimos. Alguns minutos pulando de pedra em pedra e eis que surge mais uma garganta, então lá vamos nós para o mato de novo, para mais uma seção de escorrega aqui, cai ali, foge da pedra que rola, se rasteja por baixo do mato. Quando vimos mais uma grande queda, soltei uns cinco metros de corda e deslizei pelo barranco molhado. Foi uma descida inútil, pois na seqüência já aparecia mais uma garganta profunda. Bati uma foto e voltei a subir pela corda e avisei o Eduardo e o Trovo para que encontrassem outro caminho, por ali é que não ia dar mesmo para descer. Passamos por baixo de uma gigantesca árvore caída à beira do abismo e todo mundo tratou logo de sair vazado rapidinho, antes que a arvore morta despencasse no vazio. Logo depois quando o relógio já marcava quase 13h00min horas, conseguimos descer e demos de cara com uma cachoeira em forma de tobogã.

Era uma bela cachoeira, era sim, mas novamente nos vimos presos pelas gargantas escorregadias. Estava difícil pra gente, o terreno não arrefecia de jeito nenhum, não dava um descanso para nossas almas. Era vara mato filho da puta e quando pensávamos que iríamos andar por um rio mais plano, pelo menos por algum momento, só encontrávamos penhascos e mais penhascos. Fazer o que, toca a gente voltar para o mato de novo, oooooo inferno, ( rsrsrsrsrssr )

 

Mais uma subida de barranco, mais um vara –mato e tantas outras escapadas de tomar uma rocha na cabeça até chegarmos ao pé de uma cachoeira fina, uma cachoeira de menos de um metro de largura, mas que engoliu todo o rio. A galera tava doida pra nadar e o Vinicius queria comer, como sempre. Mas não era naquele lugar que iria rolar o mergulho. Continuamos pelo rio pulando pedra, passando com a água pela cintura, até..........., isso mesmo, voltarmos a entrar no mato , a subir barranco, escorregar à beira de penhascos e parar só quando a “divina providencia quisesse”( numa árvore , por exemplo, rsrsrsr). Mas tem hora que é preciso mesmo dar um basta, fincar o pé numa pedra e dar um stop no sofrimento. Quando a próxima grande cachoeira chegou, a galera largou tudo e foi se jogar da queda d’água.

 

E´uma cachoeira de uns 10 metros de altura, com um poço grande e profundo. Parte da galera se jogou com roupa e tudo naquele lugar incrível. Eu mesmo, já estava tão molhado, que preferi ficar apenas batendo as fotos do grupo saltando de cima do paredão. São homens barbados que viram crianças, se transformam, não estão nem aí com coisa alguma. Cultivam a arte de viver a vida ao extremo, sem se importar com coisa nenhuma. É bonito ver isso, ver como a vida pode ser extremamente simples, ver estes camaradas, amigos se divertindo, me lembra os tempos de criança. Parece estarmos mesmo em um conto de fadas, onde a sociedade não nos manda, não nos oprime, não obedecemos a nenhuma regra, somos donos de nós mesmos, acho que isso se chama AVENTURA . Mas chega uma hora que temos mesmo que partir, mas não sem antes nos entupirmos de guloseimas, para alegria e satisfação do Vinicius, que já ameaçava dar um pau em quem se atrevesse a puxar a fila sem que ele antes comesse algo.

 

O caminho segue agora por dentro do rio, ultrapassando pequenas quedas, nos fazendo trepar em Lages escorregadias, vencer pedras monstruosas e pra alegria da galera, que logo fica com saudade, entrarmos de novo num vara mato morro acima e descermos por toda desgraça de barranco liso. Eu já estava junto ao rio, estudando com o rabo de olho qual seria o melhor caminho a seguir, quando de repente um grito horripilante ecoou por todo o vale do Cubatão de cima : “As aves voaram, as antas se entocaram, os porcos do mato de dispersaram, uma onça, que dormia em uma árvore se esborrachou no chão”. Uma cobra, alguém foi mordido por uma cobra , pensei logo, ou então despencou do barranco e quebrou uma perna. Nada disso o grito de horror havia sido dado pelo Bruno. UM “CAMALEÃO SELVAGEM” havia pulado encima dele e o menino lutava bravamente, implorava pela vida. Pedia ajuda, mas não se entregava facilmente. Foi uma luta violenta, uma batalha nunca antes vista naquele vale selvagem. Rolaram sobre as pedras, foram parar no fundo do rio, às vezes o Bruno estava por cima, outras vezes se encontrava em desvantagem, mas ele não havia de se entregar, chegará até ali com muito custo e haveria de sair vivo desta peleja. Finalmente o camaleão desistiu e foi desfilar sua violência em outras paragens, o Bruno havia vencido. (vai te lascar rapaz, tá com medo de uma merda de camaleão de meio palmo, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk).

 

Depois de enfiarmos a porrada no cara que nos assustou por causa de um bichinho inofensivo, voltamos rapidamente para o rio. O tempo voa e já passava das duas da tarde quando interceptamos a grande garganta desta travessia. Era a melhor garganta para se nadar de todo o caminho, dois paredões verticais e um lago espremido entre eles. Depois da garganta as águas inundavam um grande lago. Para chegar até o lago, eu e o Vinícius discutimos a possibilidade de nos jogarmos na garganta e passar a nado, mas como o Trovo e o Eduardo encontrou um caminho rápido pela mata, desistimos da idéia e quem acabou se jogando depois no poço, veja só, foi o Bruno camaleão, contando com a supervisão do Daniel Trovo.

 

Já passa das cinco horas da tarde e ainda nos encontramos na nossa labuta de varar mato, atravessar rio com correnteza, escorregar de cima de enormes pedras, nos enfiar em pequenos vales e submergir por dentro de grutas molhadas. Por incrível que pareça, o caminho não fica praticamente plano em nenhum minuto, O desnível não cessa, o terreno não nos dá nenhum descanso, você tem que estar com a faca nos dentes o tempo todo, com os olhos grudados no caminho e depois de mais um vara mato monstro, nos vimos presos à beira de mais uma grande cachoeira e nessa hora eu já estava tão esgotado que até pensar ficava difícil. Não quis nem saber de procurar mais um caminho á beira do penhasco, peguei logo a corda que estava com o Vinícius e joguei barranco á baixo. Dei uma volta em uma árvore com a ajuda do Beto e deslizei com mochila e tudo até a base da cachoeira. Pronto, eu acabara de evitar mais um vara mato. Mesmo assim o cara do facão (Eduardo) insistia em tentar achar caminho pela floresta, até que desistiu, se pendurou num raio de um cipó e desceu até onde estávamos Eu , o Beto e o Vinícius. Atrás dele se jogaram no mesmo mau feito o Trovo, o Kamal e o Bruno. Pronto, todos reunidos e presos por mais uma queda quase que impassável, até que outro maluco escalou a queda e encontrou um caminho pelo rio, passando para a margem esquerda.

 

A correnteza estava forte e um passo em falso, o sujeito seria jogado no vazio. Vamos passando um a um, fazendo uma corrente humana, um dando segurança ao outro e mesmo assim, os caras magrelos e leves são os que sofrem mais, eu e o Kamal, por exemplo. Alguns metros mais a baixo, voltamos para o lado direito do rio. Já estávamos a horas tentando encontrar um lugar para acampar, mas nunca encontrávamos algo que pudesse nos dar um conforto merecido para passarmos a noite. A noite já se avizinhava e a cada passo dado, aumentava o nosso sofrimento. Eu já estava vendo a hora em que teríamos que parar e tentar passar a noite encostado em qualquer barranco, quando veio mais uma paulada certeira na cabeça de todos. Um vara mato em uma parede de quase noventa graus, em um terreno escorregadio, com pouca vegetação para subirmos. Meto as unhas na terra e vou tentando me agarrar em qualquer coisa, já tenho poucas forças para me puxar e puxar minha mochila. Com muito custo uso uma pedra como agarra, que depois que me serviu, despencou barranco á baixo. Tento agarrar um cipó ser vergonha, mas quando penso que estou firme, escorrego uns dois metros e só paro porque uma árvore espinhuda me segura. “Lasquei-me todo” ! Ainda bem que os outros não estavam por perto para presenciar esta sena dantesca. Solto um palavrão cabeludo, xingo a mãe do cara que inventou de varar mato por aquela desgraça de barranco e depois dou risada sozinho da minha posição inglória, pendurado feito “siri no pau”. Volto para posição de ataque, finco os pés no barranco, dou um impulso e me agarro à pequena árvore mais acima. Isso ! Ganhei mais essa, continuo bom nisso, não serão 44 anos nas costas que vai me derrubar. Apresso o passo para alcançar os outros que já estão muito à minha frente, mas sempre de olho no Kamal, que ainda luta bravamente lá atrás para vencer o barranco destruidor de reputações. No topo do morro, já estamos todos juntos, poderíamos acampar por ali, mas sem água, resolvemos voltar mesmo ao rio. Os batedores vão à frente se enfiando por gretas e canaletas repletas de pedras soltas. La encima ainda, esbarro numa rocha de uns 100 kg e ela desliza levando tudo que tem pela frente, sorte não haver ninguém na linha de descida. Depois disso resolvemos nos dispersar e descer um por um, esperando até que o companheiro desaparecesse para iniciarmos nossa descida também.

 

Sete horas da noite, esse é o horário que sete esfarrapados aventureiros atingem de novo as margens do Rio Cubatão de Cima. São sete trapos humanos, que acabaram de encontrar uma área plana, com algumas árvores onde pudessem descansar seus esqueletos. É mesmo um alivio chegar a um lugar onde você poderá tirar suas botas molhadas, pendurar suas redes, vestir roupas secas, fazer uma boa de uma janta e depois recolher-se a sua cama de mato e deixar que a morte momentânea te absorva até o dia seguinte. Mas antes foi preciso limpar todo o local, distribuir o espaço para todos, socializar o terreno. Depois cada um foi cuidar da sua comida. O Vinicius e o Bruno se juntaram na missão de dividir o rango, o Bruno foi dormir com fome. O Eduardo cuidou de cozinhar para ele e para o Trovo, o Beto Thander e o Kamal se viraram sozinho, ainda que um deles desse uma beliscada na comida do Eduardo. Eu, pois é, eu mesmo tentei cozinhar sozinho também. Havia feito uma mochila legal com toda a comida dividida por dois, mas como um amigo resolveu cair fora da aventura enquanto pode, acabei tendo que refazer minha mochila meia hora antes de partir. Tirei todo o rango e só de raiva, levei somente um pacote de arroz com duas porções e um pedaço de carne seca. O arroz era esquisito para cozinhar, necessitava de ser fervido antes, depois escorrido e só aí deveria ser levado ao fogo e ser mexido até ficar pronto. Mais que raio de arroz melindroso era aquele! Estava num bagaço de dar dó, tentando não ser comido pelos borrachudos, eu é que não ia ficar mimando aquela droga de arroz. Joguei tudo na panela, piquei um pouco de cebola e alho, joguei água e acendi o fogareiro. Só de raiva aquele arroz foi empapando, queimando embaixo e ainda ficava com alguns grãos sem cozinhar. Como nada é tão ruim que não possa piorar, o diabo do arroz tombou de cima do fogareiro e se espalhou pela areia. DESGRAÇADOOOOOOOO ! Mandei aquele arroz à merda e fritei somente a carne seca com cebola e fui para cama, lamentar o ocorrido.

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Quase 12 horas de sono me fizeram acordar renovado, o acontecido na noite anterior já fazia parte do passado. No vale da Preguiça, expedição anterior, acordei com a cara do monstro do pântano de tanta picada de borrachudo. Desta vez instalei um mosquiteiro, que eu mesmo construí em casa. Foi um serviço perfeito. Os minimalistas, mais uma vez acordaram reclamando da vida. Acampamos em um lugar mesmo lindo e para homenagear o local, resolvi que seria ali que deixaríamos nossa CAPSULA DE REGISTRO. Em uma árvore à beira do rio, bem enfrente ao nosso acampamento, amarrei o tubo de PVC com um caderno dentro, caderno esse assinado por todos, que deixaram ali seus recados, suas impressões, seus murmúrios, a data e o local de onde vieram. E assim, essa cápsula se torna a segunda que instalamos nesse projeto de explorações selvagens na serra do mar, a outra se encontra repousada nos confins distantes do Vale da Preguiça.

 

Apesar de o Vinicius portar um GPS, pouco adiantou porque não havia nenhum mapa salvo nele. Na verdade não tínhamos a menor certeza de onde estávamos. Jogamos as mochilas nas costas e partimos para mais um dia de aventuras. Logo pela manha, somos obrigados a enfiar o pé na água gelada. O rio agora está mais plano e o caminhar acaba sendo muito prazeroso. Logo à frente passamos pela única ilha que encontramos no rio, e em seguida nos aparece a primeira cachoeira do dia. Enquanto o Trovo tenta passar por um pequeno vara mato, eu e o Eduardo vamos investigar a queda por cima. Pra nossa surpresa, tratava-se de uma pequena barragem, que nem de longe suspeitamos para que servia, já que está a quilômetros e quilômetros de qualquer coisa. Voltamos para o mato e logo nos juntamos a galera ao pé da cachoeira.

 

Tínhamos andado menos de meia hora e como já era bem tarde, o sol desfilava todo sua formosura pelo céu. Aí não deu outra, todo mundo pra dentro da água. A brincadeira estava boa, mas qual não foi nossa surpresa ao olhar para a continuação do Rio Cubatão de Cima e vê-lo se encontrar com o Grande Cubatão. A primeira parte da missão estava cumprida, na verdade a mais importante de todas. Havíamos estabelecido a conexão do desconhecido Cubatão de Cima com o Cubatão. Meses de estudos, divagações encima de mapas de satélite, discussão calorosas sobre desníveis em cartas topográficas e finalmente havia chegado ao fim nossa perturbadora perambulação mental. Acabávamos de jogarmos luz a uma das mais fascinantes Travessias selvagem na Serra do Mar Paulista: O CUBATÃO DE CIMA FOI CONQUISTADO.

 

Todos reunidos ali na confluência dos dois rios, felizes da vida pelo sucesso da empreitada e tecendo os maiores elogios para rio Cubatão, com suas águas muito cristalinas. Poderíamos descer pelo Cubatão por mais dois dias até o litoral, se tempo tivéssemos, mas nosso objetivo era outro. Iríamos subir o rio Cubatão por uns 200 metros até interceptarmos um pequeno afluente do seu lado esquerdo, onde pretendíamos subi-lo até sairmos na Linha Férrea da Sorocabana.

 

O calor está de lascar e nem nos importamos em atravessar o Rio Cubatão com a água quase pela altura do peito. Na verdade, é mesmo um grande prazer chapinhar neste maravilhoso rio. Vamos subindo e realmente 200 metros depois , encontramos um grande afluente do lado esquerda, com uma cachoeirinha de uns três metros de altura. Na mosca, eu e o Trovo estávamos certos quando ao olharmos os mapas de satélite, vislumbramos a possibilidade de por ele, subirmos até a linha férrea. Escalamos a cachoeirinha e fomos subindo por dentro do riacho, até termos que escalar outra queda d’água, onde várias pedras ameaçavam se soltar. A escalada continua, até termos que parar junto a maior cachoeira de todas. Um paredão de uns 10 metros nos barra a passagem e quando pensávamos que os malditos vara matos havia terminado, lá estávamos nós de novo, discutindo e conferenciando uma maneira de avançarmos. Uns queriam tentar subir pela direita, se segurando na vegetação, outros já tomaram logo a decisão de escalar o paredão ao lado esquerdo da queda. Foi literalmente uma escalada, aonde todos iam se agarrando nas pedras e se elevando junto com suas cargueiras. Como o Kamal queria que eu tirasse uma foto sua na estripulia, cachoeira acima, fiquei por último. Mas antes mesmo de se agarrar à parede o Kamal se esborrachou no chão ao pisar numa pedra lisa e até que ele se elevasse, o resto do grupo já havia escalado e caído na capoeira. Eu e o Kamal fomos subindo quase juntos, um ajudando o outro e quando cheguei bem acima de onde estávamos , percebi que um pequeno rastejo nos levaria para a parte superior da queda, sem a necessidade de nos enfiarmos na quiçaça. E assim fizemos, sem esforço nenhum vencemos mais essa queda, enquanto o resto do grupo se enfiava cada vez mais morro acima, tendo que enfrentar um “mar” de florestas espinhudas e pedras escorregadias. Enquanto o resto do grupo não encontrava um caminho para descer ao rio, continuamos a subir enquanto gritávamos para que voltassem para a água. Mais à frente todos se juntaram em um laguinho, bem abaixo do grande paredão de concreto que servia de muro de arrimo para segurar o barranco onde se encontrava a grande ferrovia.

 

À beira do laguinho, que no começo era cristalino, mas depois que a galera resolveu se refrescare virou poço de anta, fizemos mais uma pausa para comer e eu nem vou falar quem foi que implorou para fazermos uma boquinha, porque aí já vai parecer perseguição. Alimentados, subimos mais alguns metros até que o grande paredão de concreto nos fechou de vez o caminho. Por baixo do paredão, em um túnel de pouco mais de meio metro de altura e uns 100 metros de comprimento, com um desnível que deixaria alguns tobogãs de parque de diversão no chinelo, corria o rio que acabávamos de subir. Vendo a possibilidade de uma diversão diferente, os ‘meninos” inventaram de atravessar o túnel para o outro lado e voltar escorregando, já que ele era calçado com um piso liso. O Kamal fez logo um discurso filosófico para não encarar a aventura e o Bruno até tentou encarar, mas resolveu voltar e fazer companhia ao Kamal, os dois iriam cuidar das mochilas para ninguém “roubar” ( rsrsrsrsr). Cinco moleques se enfiam túnel à dentro, tentando iluminá-lo com suas lanternas de cabeça. O rastejo segue até chegarmos ao outro lado e descobrir que é impossível subir à ferrovia por ele. Então diante deste impedimento, a “garotada” se joga numa descida alucinante, no escuro e vão escorregando do jeito que dá, numa farra nunca antes vista naqueles rincões perdidos da Serra do Mar. Foi mesmo uma brincadeira daquelas e ainda bem que nem nossos parentes , nem nossos chefes e amigos sérios, não estavam lá para presenciarem tal criancice. (rsrsrsrsr)

 

De volta ao pé do paredão, já estava mais que na hora de subirmos à ferrovia. Aproveitando uma rampa do seu lado direito, subimos até que a parede acabasse e surgisse novamente a mata, aí pegamos para a esquerda, passamos um bananal selvagem e às 12h30min colocamos nossos pés na ferrovia. A parte molhada da Travessia havia ficado para trás. Agora temos duas opções distintas para seguir: a primeira e mais sensata, seria seguir para a direita, subindo para Marcilac ou Bairro Barragem, numa caminhada de uns 25 km pela estrada de ferro. A segunda opção é uma opção totalmente fora de propósito, coisa de “maconheiro”, vagabundo, bandoleiro sem eira nem beira, gente que não leva a vida a sério, pessoas sem um rumo, sem um norte. É a opção de pegar carona clandestina e ilegal no teto do trem de carga que desce a serra em baixa velocidade, rumo ao porto de Santos. ESCOLHEMOS ESTA OPÇÃO, É CLARO ! ( rsrsrsrsr)

canastra.zip

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Deia - a gente também se divertiu muito com a história do camaleão. O menino é calouro ainda e eu não poderia deixar passar a zueira, mas na verdade tudo isso não passa de uma homenagem a esses camaradas tão especiais.

Rodrigo - valeu meu velho !

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