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Travessia Petrópolis - Teresópolis (05/08/2011 a 07/08/2011)


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Olá, sou novo no forum (esse é meu primeiro post) e gostaria primeiramente de parabenizar essa comunidade pelas informações e pelas belíssimas fotos, que me incentivaram a fazer essa travessia pela serra dos órgãos.

Tudo começou com um comentário de um amigo meu, fã de treking, dizendo que essa travessia era a mais bonita do Brasil e que se andava sobre as nuvens. Fui logo pesquisar relatos e fotos na internet e acabei caindo nesse site. Fiquei surpreso com a quantidade de informações e relatos sobre trilhas, viajens e lugares e passei a me interessar mais por esse tema. Acabei comprando uma mochila, barraca e apetrechos de camping e resolvi começar fazendo a travessia Petro X Tere como minha primeira aventura.

Fui atrás de informações sobre a trilha, uns dizem: "não tem como fazer sem guia" e outros diziam: "é tranquílo, a trilha está bem batida e tem totens indicando o caminho, com o GPS fica fácil", ai liguei para alguns guias e não gostei nada do preço e optei por usar o GPS de um amigo. Acabou que no dia anterior a travessia eu fui pegar o GPS com ele e não estava funcionando.... Ai fiquei desesperado, já havia comprado as passagens de onibus e pagado a entrada do parque, minha e de um amigo que me acompanhou, não tinha como voltar atrás. Acabei ligando para todos os guias do site do parque e apenas um estava disponível, acabei acertando com ele.

Pegamos o onibus noturno de Belo Horizonte até Petrópolis e encontramos com o guia no centro da cidade às 07:30.

 

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De lá pegamos um onibus para o terminal Correias e em seguida um para o Pinheiral. Nesse ponto o guia alertou que essa linha para o Pinheral pode demorar muito tempo e que geralmente ele pega um taxi que fica em torno de 25 reais. Por sorte só esperamos 20 min.

Chegando no ponto final a entrada do parque fica a apenas alguns metros.

 

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De lá pega-se a trilha para os castelos de açu, que inicialmente passa por um trecho de mata muito bonito. Eu tive a sorte de ver um macaco preto passando logo na entrada da trilha, e encontrar um bastão de madeira da altura perfeita para apoio. O uso desse bastão fundamental para completar a travessia.

Essa parte da trilha não tem erro, é só pegar a trilha para o Açu e ir subindo.

 

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Em pouco tempo subindo a trilha passa por um pequeno riacho, onde é possível encher os cantis.

 

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Chegando mais no alto é possível avistar o Véu da Noiva de Petrópolis em meio a montanha ao lado. Não vi muita graça nessa cachoeira, quase não tem água nessa época. Mais um tempo de caminhada e chega-se na pedra do queijo, onde se tem uma bela vista do vale do bonfim.

 

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Ficamos uns 15 min lá comendo castanhas e barrinhas e em seguida continuamos a subida. Paramos mais uma ou duas vezes para apreciar a vista antes de chagar no Ajax. Lá estreamos o fogareiro a gás preparando uma pasta pronta da maggi, meio cara mas muito gostosa e prática. Abastecemos o cantil e fomos subindo a Isabeloca. Ao final da subida já estavamos nos campos de altitude na mesma altura das nuvens, uma bela visão de nevoeiros, neblina e nuvens em meio as montanhas, vegetação e o azul do céu.

 

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Nesse ponto a trilha já se complia, a neblina que passava constantemente dificultava a visão da trilha, que alternava entre rochas e capim, quase sempre subindo. O guia fez um pequeno teste e me deixou guiar a partir desse ponto, nós tinhamos andado bem e ainda faltavam 3 horas para o anoitecer e menos de 1 hora de trilha. Foi relativamente tranquilo, considerando que haviam totens de pedra e setas indicando o caminho correto. Só houve um ponto em que a trilha parecia se dividir entre uma subida meio forte a direita e um caminho plano a esquerda, de qualquer forma tinha uma seta indicando pela subida, portanto optei por esse caminho e uns poucos minutos depois avistamos o Açu.

 

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Eperamos uns 2 minutos para conseguir uma foto do Açu, pois a neblina estava tampando as pedras.

Passamos rapidamente pelas pedras e chegamos no local de acampamento, atrás do abrigo recentemente construido. Montamos a barraca e fomos tentar ver o por do sol, mas estava com muita neblina e não deu para ver nada.

Preparamos o jantar, arroz com carne de sol e batata palha, e fomos explorar a região. Por sorte o tempo começou a abrir durante a noite, com uma forte ventania que varria as nuvens para longe, e foi possível ver o rio todo iluminado do alto de uma pedra ao lado do açu. Foi nessa hora que o meu amigo sofreu com um infeliz cisco no olho, que perdurou arranhando o olho dele até a manhã seguinte. De qualquer forma eu não podia perder o nascer do sol, o meu amigo infelizmente não pode aproveitar essa vista maravilhosa.

 

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Com o cisco retirado o problema não foi resolvido, e ele se queixava de muita dor ao movimentar o olho. De qualquer forma o dia estava muito bonito e decidimos proceguir com a travessia.

Continuando a trilha dava em uma decida em rocha bastante íngreme, impossível de ser feita com chuva. De lá tem-se uma fantástica vista do vale do bonfim

 

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Em seguida tem a subida do morro do Marco, a primeira de muitas subidas nesse dia. Lá do alto já é possível avistar alguns dos marcos da travessia.

Me chamou a atenção um totem de pedra indicando o caminho errado logo a frente no alto desse morro, o guia removeu o totem por segurança, pois ele indicava o caminho para um pressipício. O caminho correto é mais a esquerda.

Descendo o vale o meu amigo se queixou muito do olho, paramos logo abaixo em um ponto de água e fizemos uma prece a Santa Maria e colocamos um tampão no olho dele. A melhora foi imediada, e dali para frente ficamos tranquilos e confiantes de que iriamos conseguir completar a travessia.

 

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Continuamos a subida e fomos parar no alto do morro da Luva, onde se tem a vista "cartão postal" da travessia

 

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Paramos por alguns miutos para recuperar o folego e apreciar o visual da pedra do sino, garrafão, dedo de deus e os dedos de nossa senhora, e o escalavrado!

Tivemos sorte, o guia comentou que a maioria das pessoas que faz a travessia não vê esse visual, normalmente fica tudo encoberto pela neblina.

Continuamos descendo o vale até um outro ponto com água, de lá é bom dar uma boa descansada pois em seguida tem a subida do elevador, uma escada quase vertical de vigas de aço que não parecia acabar.

Chegando ao topo ficamos alguns minutos recuperando o folego e proceguimos a descida. Esse trecho é complicado pois é difícil visualizar a trilha na rocha, muita gente vai para esquerda e se perde em meio ao vale. O caminho correto é descendo pela esquerda e depois virando a direita em um trecho com vegetação. De lá a trilha continua em meio a um charco lamacento e sobe até a pedra do Dinossauro, descendo em seguida para o vale das Antas.

Nessa foto a decida vista do vale lamacento, antes de chegar no alto do dinossauro.

 

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No dinossauro se tem uma bela vista do garrafão e da pedra do sino

 

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Descansamos e comemos no vale das antas, abastecemos o cantil em baixo da ponte e continuamos a jornada. De lá sobe-se em meio a uma mata densa, onde meu isolante se soltou e eu só fui perceber chegando na pedra da baleia, tive que voltar quase tudo.

De lá descemos até o vale dos sete ecos, onde se tem uma vista impressionante do paredão da pedra do sino, um big wall de mais de 600m. Em seguida tem uma decida meio complicada, chamada de mergulho, que entra para dentro do ultimo vale do dia, com um pequeno trecho de mata fechada.

Subimos um pouco e chegamos na parte que para muitos é a mais complicada da travessia: o lance do cavalinho. Chegamos lá e tinha uma dupla que também fazia a travessia com dificuldades nesse trecho.

Nosso guia foi e deu assistencia a eles. Logo depois eu fui, me recusei a usar a corda ou retirar a minha mochila. Confesso que foi um pouco tenso passar dessa pedra com uma cargueira de 60l nas costas, mas acho que o pior foi fato de eu estar muito cansado, já no final do segundo dia. Depois ainda havia outras subidas complicadas e uma escada de metal. Já estava quase anoitecendo e paramos para ver o por do sol.

 

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De lá encontramos um monte de gente subindo e descendo a pedra do sino, eles vinham do abrigo 4, que estava lotado.

Chegamos ao abrigo já no inicinho da noite, armamos a barraca, fizemos um macarrão com molho de tomate e linguiça e fomos dormir cedo, exaustos do longo dia.

Acordamos 5 da manhã com o barulho do povo saindo para ver o nascer do sol. Subimos para a pedra do sino pegando todos os atalhos, levou uns 10min de caminhada só. Lá no alto estava lotado de gente. Muitos deles foram embora assim que o sol nasceu, perdendo a melhor parte, quando o sol ficou um pouco mais alto, encoberto por algumas nuvens, criando vários raios amarelos que refletiam nas nuvens abaixo, realmente um espetáculo único.

 

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Depois ainda demos uma volta no alto da pedra do sino e ficamos apreciando a vista do açu e tentando identificar o caminho que fizemos.

Decemos para o acampamento meio tarde, tomamos o café da manha, desmontamos a barraca e saimos o mais rapido possível para poder pegar o onibus das 15h até petrópolis.

A decida é bem tranquila e agradavel, é basicamente um zig zag interminavel em meio a uma belíssima floresta, com alguns trechos de abertura, onde é possível ter uma vista de teresópolis com montanhas ao fundo. O mais interessante foi a rica flora da região, com muitas orquídeas e outras plantas bonitas

 

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O problema é que alguns trechos, principalmente no final, possuem muitas pedras escorregadias, e é preciso ficar olhando para o chão o tempo todo, perdendo o visual da floresta.

Chegando na sede em teresópolis pegamos um taxi até um restaurante perto da rodoviária e seguimos para petrópolis finalizando a travessia.

 

Enfim, foi muito bom, uma das melhores viajens que já fiz. A energia e o visual do local valeram muito o esforço e eu espero fazer essa travessia de novo ano que vem. Agora a próxima será a Paraty X Trindade no final do ano, que o guia disse ser ainda mais bonita. Para quem quiser saber, o guia que nos acompanhou foi o Luciano, tem o tel dele no site do parque. Eu achei o cara muito tranquilo e foi muito agradável fazer a travessia com ele, altamente recomendável!

Para quem não fez a travessia e está pensando em fazer eu só tenho algumas coisas a dizer:

- Esteja ciente que a trilha do segundo dia é difícil e complicada. Para quem tem pouco preparo físico e faz com molchila pesada a travessia pode ser uma tortura, e para quem não conhece o caminho é muito fácil se perder, mesmo com o tempo bom.

- Olhe a previsão do tempo, não vá com chuva, e por precaução embale todos os pertences em sacos plásticos.

- Tá indo sem guia? Procure acompanhar alguém que sabe o caminho entre o açu e a pedra do sino, pois a trilha fica complicada.

- O tempo está bom? Não perca o nascer do sol!!!

 

bom é isso, desculpe-me se o relato ficou muito grande.

Abraços

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  • Membros
Nossa!!! 1º trilha ??? e de cargueira e travessia petere???

Muito bom cara.. ::cool:::'>

 

Foram vocês que eu encontrei na bifurcação sino/travessia ?

Eu disse "a headlamp está ligada na sua mochila"...

Abraço

 

Ah eh, foi isso mesmo, a headlamp era do meu amigo!!

Foi a minha primeira trilha com cargueira, e apesar de ter sido muito exaustivo eu curti muito, vou fazer muitas outras com certeza!

Abraços

 

Peterê, inverno, tempo aberto.. que estréia de luxo! ::otemo::

Ano passado fui pra lá e subestimei a trip ::putz::

Tive que voltar da Isabeloca :oops:

Depois desta aí acho que vc vai viciar no troço! Parabéns!

 

Eh eu também subestimei um pouco... eu não tinha ideia de que era tão pesado assim. Quando eu cheguei no açu eu não conseguia levantar os braços acima da cabeça, e no final do segundo dia, chegando no abrigo 4, parecia que mais 15min andando e minha perna ia parar de funcionar.... Mas valeu muito o esforço, aquele lugar é fantástico.

É eu acho que agora não tem volta mais, eu mal cheguei em casa e já estou pensando nas próximas viajens, viciei no troço huahuahu

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  • Membros

Blz Facdo?

 

Também fiz essa travessia recentemente [24 a 26/06/11] e realmente é demais. Espetacular! Também dei sorte e peguei todos os dias ensolados.

 

A travessia, apesar de curta, é puxada, principalmente o primeiro dia na minha opinião.

 

Seu relato está massa e fotos belas. Também deixei o meu com fotos O link está abaixo.

 

Boas futuras viagens.

 

Marcos.

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  • Membros de Honra
Nossa!!! 1º trilha ??? e de cargueira e travessia petere???

Muito bom cara.. ::cool:::'>

 

Foram vocês que eu encontrei na bifurcação sino/travessia ?

Eu disse "a headlamp está ligada na sua mochila"...

Abraço

 

Ah eh, foi isso mesmo, a headlamp era do meu amigo!!

Foi a minha primeira trilha com cargueira, e apesar de ter sido muito exaustivo eu curti muito, vou fazer muitas outras com certeza!

Abraços

 

Nossa cara...que coincidência ::cool:::'>

Mandou bem para 1ª trilha de cargueira

Abraço

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