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  • Membros de Honra

Relato previamente publicado no meu blog Mochila & Capacete (http://www.mochilaecapacete.tumblr.com).

 

O Pico do Marins já estava na minha lista há muito tempo, um dos pontos clássicos do montanhismo paulista e que ainda não conhecia. Surgida a oportunidade no feriado estadual de 9 de julho, junto com amigos, decidimos encarar a travessia Marins x Itaguaré.

 

O trekking pela Serra da Mantiqueira dura 3 dias e percorre o trajeto de aproximadamente 19km, passando pelo Pico do Marins (2.420m) e Pico do Itaguaré (2.308m), com um grau acentuado de dificuldade, a travessia é um circuito clássico do montanhismo.

 

Saímos de São Paulo na sexta-feira 06.07.2012 no começo da noite, seguindo o caminho até a cidade de Piquete/SP, onde fica a base do Marins (o caminho é fácil pela Via Dutra e dista cerca de 250km de São Paulo). Chegamos à Base do Marins pouco depois da meia-noite e dormimos no abrigo ali existente (R$ 15,00/pessoa com direito a banho no final da trilha – Estacionamento R$ 20,00/carro), cabe lembrar que o acesso até o acampamento base é feito por estrada de terra um pouco precária, sendo que carros muito baixos devem evitar, eu mesmo tive uma certa dificuldade para chegar até lá.

 

Acordamos já no sábado após as 6 da manhã, arrumamos nossas mochilas e com o café da manhã devidamente tomado iniciamos a subida.

 

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(foto por Thiago Campacci)

 

O trekking se inicia na Base do Marins, seguindo por um trecho curto de mata fechada até uma estrada para carros (interditada pelo Ibama) que leva até o Morro Careca, onde de fato se inicia a trilha.

 

A partir desse ponto a trilha começa a ser definida por seus obstáculos naturais, com “pula-pedras” e trechos de escalaminhada, porém não é difícil segui-la devido as marcações (verdadeiras pichações) e totens de pedra.

 

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(foto por Thiago Campacci)

 

O visual da trilha é fantástico, donde se vê a Serra da Mantiqueira em sua extensão, e com o lindo dia de sol tínhamos a clara visão da Serra Fina (objetivo ainda a ser alcançado).

 

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(foto por Yuri Wetzel)

 

Não há ponto de água potável, somente no acampamento base do Marins (distante cerca de 5km da Base do Marins e ponto de acampamento recomendado para a Travessia), porém devido a degradação causada pelo “ecoturista” brasileiro a água ali existente não é recomendada ao consumo.

 

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Após superarmos o acampamento base, pois decidimos acampar no cume, paramos para um longo descanso debaixo do sol que nos assolava, antes de encararmos o trecho de subida final, bastante íngreme por rampas de pedra.

 

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Atingimos o cume por volta das 15 horas, após 6 horas e 20 minutos de caminhada.

 

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Montamos acampamento, escolhi o ponto mais ao norte para montar minha barraca, onde teria uma vista livre para o por do sol, e após tudo montado foi só curtir o pôr do sol e o frio que se intensificava.

 

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(Minha barraca laranja e cinza ao fundo da imagem)

 

Com o cair da noite, jantamos e fomos dormir, pois do dia seguinte seria longo, ou não...

 

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(foto por Thiago Campacci)

 

Durante a madrugada fomos assolados por um forte vento e por chuva, o vento chacoalhava a barraca que se manteve estável (aliás aqui cabe fazer um pequeno review para a minha barraca Manaslu Discovery Montain, que mesmo com todo o vento e frio que fez na madruga ela aguentou muito bem, sequer envergando e mantendo o isolamento térmico, mesmo eu estando acampado na parte mais exposta da montanha).

 

O vento trouxe o nevoeiro, acordei pouco depois das 6 da manhã já no domingo (08.07.2012) e não via nada, mal conseguia ver as outras barracas. Com o tempo fechado desse jeito a travessia até o Itaguaré ficaria comprometida, pois mesmo com GPS a navegação se tornaria difícil sem a referência do relevo. Também perderíamos o belíssimo visual, já que não se via nada.

 

Marcamos um deadline às 10h 30m, se o tempo abrisse continuaríamos a travessia, em caso negativo voltaríamos a Base para terminar um dia mais cedo a nossa “expedição”.

 

O tempo não mudou e irresignados iniciamos a descida pelo mesmo trecho. A descida foi tranquila, porém tivemos que ser cautelosos, pois com a chuva da madrugada os paredões de pedra estavam um pouco escorregadios.

 

Terminamos a trilha em pouco mais de 5 horas de descida e rumamos de volta para São Paulo, finalizando nossa viagem nos fartando em um merecido rodízio japonês.

 

Foi uma excelente trilha, mais uma para o meu cartel e mais uma que fico com o gostinho de voltar para finalizá-la, o mau tempo tem me vencido constantemente (foi assim no Pico Paraná esse ano, em Torres del Paine em 2009, no Pico da Bandeira, etc,), porém esses percalços são partes constantes da vida de um montanhista, não me fazem desistir dos objetivos, apenas os posterga e me faz rumar em direção ao próximo destino, sempre com uma história boa para contar.

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  • Membros de Honra

Olá Marcão.

Relato bacana, infelizmente as condições do clima não ajudaram para que realizassem a travessia e vocês tomaram a decisão mais sensata para a segurança do grupo, pois quando o tempo lá em cima fecha fica feio mesmo!

Essas mudanças repentinas é uma das características do Marins, o tempo muda de uma hora pra outra devido aos fortes ventos que sopram sobre aquela parte da Mantiqueira. Já peguei vento no topo do Marins ao meio dia de não conseguir ficar em pé. Na última travessia realizada em Abril também pensei que teríamos que abortar, o dia até estava bom, más lá pelas quatro da tarde a coisa começou a ficar preta literalmente:

 

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Montamos acampamento junto ao “córrego contaminado” esperando cair aquela tempestade, mas para nossa felicidade não caiu uma gota.

 

Aproveitando... Vou compartilhar algumas informações que serão úteis não só para o seu retorno, mas para outros trilheiros que forem pra lá.

Não é preciso sair do Acampamento Base Marins carregando água, tem muita água lá no Morro do Careca.

Do lado esquerdo da placa indicando o início da Trilha para o Pico dos Marins com as marcações de altitudes e tal tem o final daquela estrada fechada pelo IBAMA, basta seguir alguns metros e do lado direito tem uma trilha bem aberta que segue por uns 100 metros terminando em um córrego de água cristalina.

Agora com relação a água contaminada por coliformes na base do Marins é importante que façamos alguns esclarecimentos, pois muitos comentam, mas ninguém sabe exatamente o que se passa ou o que se passou.

 

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Por volta de 2004 com a grande exploração do chamado “eco-turismo” e o fácil acesso as informações propiciadas pela Internet o número de pessoas subindo ao Marins explodiu, na temporada de inverno era tanta gente que começaram cortar a vegetação para abrirem mais espaços para as barracas, em 2005 isto aumentou e aquela área junto ao córrego foi devastada; em 2006 fizeram a análise da água porque a situação em volta estava visivelmente crítica, estava fedendo já. Além de lixo no local as pessoas também faziam suas necessidades fisiológicas no entorno dessa área e quando chovia a sujeira era carregada para dentro do córrego.

 

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Foto realizada por mim em Abril de 2012.

 

Desde então, com a notificação e a boa vontade de grupos montanhistas que realizaram limpezas nas trilhas o local começou se recuperar.

Já em 2010 eu passei por lá e o local parecia completamente recuperado e nenhuma outra análise da água havia sido feita desde a de 2006, então eu bebi da água adicionando Clorin e não apresentei nenhum sintoma adverso nos dias seguintes.

Na travessia pro Itaguaré deste ano toda a área em volta do córrego e a água estavam tão limpos que levei de lá pelo menos 2 litros sem adicionar Clorin desta vez e outros 5 amigos fizeram o mesmo, também não sentimos nada de mal nos dias seguintes (mas não recomendo que façam isso).

Conversei sobre isso com o Milton na volta e ele me disse que vez ou outra também bebe água lá com o Bud tranqüilo.

 

Apesar da água não ter sido mais analisada desde 2006 a plaquinha acaba tendo um papel psicológico importante, acaba induzindo o sujeito a não emporcalhar mais o local, tomando um maior cuidado onde fazer suas necessidades.

 

Abraços.

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  • Membros

Ótimo relato, marcosplf.

Pena que não deu pra seguir.

Fiquei imaginando que com o tempo ruim seria muito complicado continuar.

 

Cheguei de lá hj, felizmente pequei o tempo bom.

Em "breve" escrevo o relato.

 

Quanto à água, peguei tudo que eu precisava no morro do Careca.

Mas acho que aquela água do careca é menos confiável do que a da base do Marins. Lá tava cheio de lixo, muito tenso.

 

até mais

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  • Membros de Honra
Olá Marcão.

Relato bacana, infelizmente as condições do clima não ajudaram para que realizassem a travessia e vocês tomaram a decisão mais sensata para a segurança do grupo, pois quando o tempo lá em cima fecha fica feio mesmo!

 

Sandro lá é tenso mesmo, nao tinha como navegar, mas devo voltar para fazer a travessia.

 

Em relação a agua, assino embaixo das suas info, o Thiago pegou agua por lá e usou para cozinhar sem problemas adversos. O corrego estava um pouco sujo, tem gente porca que lava panelas e deixa resto de macarrão.

 

Antonio Junior, a região é demais, não conhecia! Esperamos o relato.

 

Mochileiro Peregrino!!! Belas fotos!!

 

Francisco Cardoso, vale a pena ir para lá novamente!

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