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Circuito Rio Mogi (uma volta árdua por Paranapiacaba-SP)


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  • Colaboradores

Nossa, como eu estava com saudades do Rio Mogi. Já fizera 1 ano que percorri aquele caminho pela primeira vez, e essa mesma primeira vez me deixou maravilhado com tamanha beleza que eu via naquele lugar.

 

“A rapaziada” organizou uma volta praquelas bandas, alguns de nossos amigos ainda não conheciam as trilhas que se entrelaçam entre a mata fecha que cobre as encostas daquele vale na serra do mar. E justo na data que foi marcado esse retorno, quando eu iria matar essa saudade fazendo a travessia (Paranapiacaba x Cubatão), via Rio Mogi, eis que me surge uma bela e forte complicação estomacal (diarreia) que me impediu de pôr os pés fora de casa, me colocando a adiar meus planos junto aos meus brothers. Antes de dormir eu já estava com toda a muamba pronta dentro da mochila. Mas na hora de acordar, uurrggghhhh fui obrigado a cancelar minha participação. Fiquei puto!!!

 

Meus amigos partiram, e eu fiquei em casa com dores e sentindo aquela “inveja branca” por não estar participando e me divertindo com eles num rolê de um dia tão bonito.

Mas acredito que ter ficado em casa não foi uma coisa tão ruim assim. Enquanto eu permaneci moribundo, largado no sofá da sala e sofrendo com a minha fraqueza, me veio em mente estudar o mapa da região e e tramitar um novo percurso explorado por poucos: Ligar a Trilha Peabiru com a Mortal e desafiadora Funicular através de um afluente que desce por baixo do 4° Patamar. Um caminho novo, fresquinho, ideal pra eu poder explorar melhor o lugar e esticar as canelas podendo, assim, conhece-lo. hehe.

 

Mas quem iria comigo? já que eu, estando desempregado no momento, gostaria de realizar essa façanha o quanto antes e durante o meio da semana evitando o excesso de companhias no lugar.

Valério, amigo de várias trilhas, me apresentou (virtualmente) à um camarada >> Ronaldo C. Santos, que por ventura estava de férias por aquelas datas e não tem frescura pra aceitar e encarar novos desafios. Esse em pauta foi realizado em plena 5° feira, 09/10/2014.

 

 

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RELATO

 

 

Como já é de se esperar, o local de encontro foi na antiquário estação Rio Grande da Serra, onde nos apresentamos e tomamos um cafézin da manhã antes de partir.

Depois de uns 10 minutos de carro chegamos na entrada tradicional da trilha, ajeitamos nossas coisas e partimos pro ataque, descendo a trilha em ritmo forte e consultando as coordenadas pra sanar as dúvidas que surgiram em frente as bifurcações. Seguimos descontraídos entre mata e prosa, e em uma hora e cinquenta minutos chegamos ao ponto G da bagaça, onde o rio faz uma pausa, de forma mansa e ornamentando o lugar, uma pequena bacia de cor esverdeada (A Prainha) nos convidando a nadar.

 

Essa parte da caminhada é um dos motivos que faz qualquer recém conhecedor do cenário sentir saudades quando parte, e querer voltar a se banhar naquelas águas tão cristalinas que descem a Serra do Mar.

O calor era de 30°C, e qualquer piscina natural que aparecesse a nossa frente nos convidando a dar uns tibuns, sempre teria um sinal aos invés de um não como resposta aos convites. Mera coincidência kkk.

A euforia do Ronaldo era tanta, que nos fez andar mais uns quatrocentos metros até chegarmos ao piscinão da Pedra do Pulo. Aí sim, com um obstáculo maior pra saltar e maior abundância em águas pra nadar (eu sô otra pessoa kk), mais alegres e felizes. Parecendo criança no playground rs.

A diversão nos prendia ali, não nos deixava ir embora (rs). E isso fez com que eu pensasse que não teríamos tempo pra concluir nossa jornada, sendo que subiríamos a serra sem trilha, e por dentre o rio em um trajeto que não conhecíamos até então. Não sabíamos os obstáculos que viriam pela frente, apenas uma vaga ideia do aclive acentuado que se tem próximo ao 4° patamar da antiga linha Funicular. Nosso alvo.

 

 

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Já era meio dia quando passamos realmente a seguir o contra fluxo das águas, e demorou até que um bom tempo até chegar à confluência que se vê do alto da trilha antes de chegar a prainha. Eu não imaginava que seria tão longo, um trecho aparentemente tão curto. Mas todo esforço até ali empregado foi recompensado. Pós confluência começaram aparecer as grandes surpresas (as piscinas naturais), que nos seduziam com suas belas formas e cores, oferecendo uma delícia de banho a cada parada. E a cada uma delas, uma sequência de palavrão... "carvalho mano, PQP, que lugar lindo da "porra" rsrs.

O primeiro em vista foi o Lago Esmeralda, que tem seu fundo coberto por pedras arredondadas e águas de um verde bem forte, se permite ser chamada por tal nome. A contenção de água é suficiente pra acolher e refrescar “os calango doido” que desbravam e chegam até ali superando seus limites, principalmente sob o sol forte que batia na cachola.

O segundo poço (o da Pedra redonda) já se apresenta com um detalhe bem notável, mas o tamanho daquela pedra não tira nota, nem tão pouco ofusca a beleza da piscina, que também nos permitiu um breve banho, pois tínhamos que esticar as canelas, já que nossa permanência naquele vale tinha a breve validade de apenas um dia. E antes de acabar a parte plana do rio e ganharmos o forte aclive como obstáculo, ainda tivemos outro lago (Pedra chata) pra nos maravilhar, e uma grande cobra pra nos surpreender. A danada estava ali, imóvel, beeem sossegada, enrolada em cima de uma pedra tomando banho de sol e curtindo o vento que soprava suave. Daí, Ronaldo...

 

- ela está dormindo;

- será mano? eu acho que não;

- tá sim, poh. Quer ver eu ir lá pegar ela?

- sê tá lookkoooo???? olha só o tamanho dela fii.

- mais não é venenosa. Eu conheço.

- pois eu que não quero chegar perto pra conferir. Vai lá, mais toma cuidado, porra.

 

 

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E sorrateiro feito serpente, o camarada foi até ela, que se manteve estática, permitindo ,assim, tirar umas fotos.

A bendita da máquina acusa bateria fraca e desliga. Também, o burrão aqui não recarregou as pilhas no dia anterior, não trouxe pilhas reserva, e ainda com o pouco de carga que tinha, tirou trocentas fotos na prainha e na pedra do pulo (lugar de onde já temos muitas fotos rs). Cabaço ::putz:: . A partir dali, qualquer registro por foto estaria comprometido por ter que ser feitas pelo celular, que não é lá aquelas coisas, e não tem lá aqueeela qualidade. Mas quebrou um galho feito macaco gordo.

 

Voltando a cobra... ela estava dormindo, né? "Abraça". Quando o Ronaldo chegou perto, a danada virou a cabeça bem devagarinho, como quem dizia: vem, chega perto pra você ver se não meto minhas prezas nessa canela fina que tú tem kkkk.

E a qualquer passo, qualquer movimento por menor que fosse, ela estava só espiando. Dalí não saía, mas ficava espiando, e sem querer incomodar, o mínimo que se deve ter com a natureza, é respeito. Deixamos ela tomar seu banho de sol e seguimos nosso rumo pra ver no que dava. E o que dava, era um caminho tortuoso que trazia cachoeiras de encher os olhos, e a cada uma delas que ficava pra trás, era maior a força que tínhamos que empregar nas pernas e nas mãos. Escalaminhar era o exercício básico, o esforço era de fazer o suor escorrer no rosto, nas costas, na bunda, em tudo kkkkk eeeeeeita sol da porra.

 

Eu estava quase sendo vencido pelo cansaço, as pernas fraquejavam, tremiam, e se não fosse as poucas paradas nas cachoeiras eu avançaria mais devagar do que um bicho preguiça sonolento. Aff, era um sobe, sobe lazarento. As rochas impressionavam pelo tamanho e pela dificuldade de ser o único caminho que tínhamos pra seguir. Um terreno irregular composto pelo natural e os destroços das pontes que sustentavam os trilhos e trens que, um dia, rasgaram a serra do mar. E num terreno tão judiado assim, não poderia deixar de aparecer as fortes, malditas e inevitáveis cãibras. Doía demaaais!!!

Numa parada na Cachoeira do Escorrega o Ronaldo se divertiu bastante, enquanto eu descansava bastante as pernas pra poder seguir sem maiores problemas, mas não adiantou muito, os problemas vieram em forma de cãibras de novo, só que dessa vez veio de uma forma que eu nunca tinha sentido antes... dor, dor, muita dor. Eu me deitava no chão e gritava, xingava quando os nervos da parte posterior da coxa atrofiavam me impedindo de esticar as pernas, e quando aliviava eu tentava levantar, aí era a vez da parte frontal da coxa atrofiar e me obrigar a deitar de novo repetindo os mantras com palavras de baixo escalão. Foi tenso, mas depois dessa crise conseguimos prosseguir, Ronaldo muito bem preparado, nem sofreu.

Acreditando que ainda teríamos muito pra andar, fomos subindo, subindo. Ora depois de um tempo sem grandes atrativos pra nos prender a tenção, alcançamos uma linda cachoeira, que carinhosamente apelidei de Cach das Geleiras. Já imagina o por quê, né!?

 

 

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Depois de fotos e fotos, fomos nos banhar e conhecer uma temperatura de água que até então não tínhamos experimentado naquele rio. A diversão estava boa, mas era preciso partir, escalando o lado esquerdo da cachoeira chegamos fácil à sua cabeceira, e algumas dezenas de metros a frente avistamos a ponte da linha férrea ativa (o sistema cremalheira). Eu nunca comemorei tanto por avistar uma ponte na minha vida, a ideia de chegar aos túneis sem lanternas já era um pouco preocupante, chegar sem lanternas, sem saber onde está pisando ( buracos ou bichos de peçonha) e ainda no escuro da noite já era oooutra coisa.

Mais uma pausa, e seguimos pelo mesmo terreno acidentado de antes, só que a partir dalí parecia ter mais vegetação ao redor. Acredito que foi isso que nos fez perder a entrada do afluente da Grota Funda.

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  • 3 semanas depois...
  • Membros

Muito bom seu relato e esta trilha!!!

 

Estou com muita vontade de fazê-la!! ::otemo:: Ha alguns anos fiz uma trilha em paranapiacaba x cubatão, mas só passamos por um rio!!

 

Perguntas:

Para quem não conhece é fácil fazer esta trilha? Quanto tempo levaram para fazer o roteiro? Conhece guias locais?

 

Valeu e parabéns pelo relato....

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  • Colaboradores

Dhiancs...

Agradeço a atenção ao relato, e realmente, o Rio Mogi é um encanto a parte na nossa serra do mar.

 

Pra quem não conhece o lugar não aconselho se arriscar a ir, pois há algumas bifurcações facinhas pra se perder. E a maior parte dessa trilha é em "mata fechada." Fizemos essa ligação inédita (pra nós) entre as trilhas pq conhecemos bem o lugar.

 

Em relação ao tempo de percurso, nós entramos na trilha às 08:00h e saímos às 17:30h (total 9h). Isso com paradas pra lanche, descanso e curtição dos atrativos. Se for contar direto dá umas 6h mais ou menos.

Obs.: terreno acidentado (muito declive e aclive a serem vencidos, mas nada impossível).

 

Em relação a guias locais, tô te mandando um e-mail.

Abraço

Editado por Visitante
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  • Colaboradores

rsrsrs que bom Jesiane.

Por aqui td OK!!

 

Qdo se trata de trilhar sozinha o assunto requer uma certa atenção, ainda mais qdo "o andarilho solitário" é uma mulher.

Ali mesmo, na região das trilhas da Vila de Paranapiacaba, já ocorreram algumas (poucas) tentativas de abuso... por parte de uns fdp mesmo. CUIDADO.

 

Olha, me mande um e-mail, assim que eu formar um grupo (grupo pequeno) pra repetir esse ou outro passeio eu te aviso.

 

Abraço

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