Algumas coisas que nunca vão te falar sobre viagens de mochilão

Você sabe quanto custa ver a super lua ao anoitecer no deserto do Atacama? Consegue estimar preço para ver um céu com tantas estrelas e tão próximo a ponto de achar que pode tocá-las com seus próprios dedos? Ou ainda, sabe quanto custa brincar com llamas pelas ruelas de Machupicchu enquanto elas tentam roubar sua bolacha waffer?

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Talvez te custe aquela bota de couro que você tanto tá querendo, ou aquela noitada regada a bebida e ostentação…ou ainda aquele carro com cheirinho de novo, aquele mármore lindo na sua pia do banheiro, ou aquele perfume importado que todos a sua volta elogiam.

Talvez você esteja disposto a largar tudo isso para colocar o pé no mundo. Ou talvez você corte apenas alguns gastos supérfluos em troca de uma viagem uma vez ao ano para algum canto que goste. Esse canto pode ser aqui do lado ou do outro lado do mundo. Ou ainda prefira nunca viajar e ter um carro zero super confortável…afinal, o dinheiro é seu e você usa ele da forma que mais te faz feliz.

O que acontece é que a maioria das pessoas que não tem o costume de viajar, se questiona muitas vezes: porque eles gastam tanto com viagem? Isso é dinheiro jogado fora!

Bom…primeiramente, você não precisa ser rico para viajar…se você estiver disposto, pode ficar em hospedagens baratas (hostel, albergue, couchsurfing), comer comidas baratas, ou ainda cozinhar sua própria comida. Não, isso não é um sacrifício e muito menos sofrimento…andar de transporte urbano nas cidades aí afora também não vai te cair um braço!

Mochilão é muito mais que um hobby, muito mais que uma viagem de “modinha”….é um estilo de vida, um estado de espírito, uma conexão fantástica com a natureza e o mundo.

Certamente algumas vezes você terá fome, ou vontade de comer aquela comida maravilhosa do melhor restaurante da cidade…e vá terminar o dia com um prato de miojo. Talvez seus pés reclamem de cansaço, e algumas bolhas te acompanhem pela viagem. Talvez você se meta em furadas, e talvez você não imaginava que aquele hostel era tão ruim a ponto de preferir ficar na rua. Talvez o peso da mochila canse suas costas. Mas seu coração, seus olhos e sua mente nunca se cansarão.

Nada no mundo vai pagar a emoção que senti sendo pega de surpresa pela super lua ao anoitecer no deserto do Atacama. Nada paga o preço de ver as estrelas do céu do Salar de Uyuni de madrugada, tão próximas aos meus olhos, e sem dúvida o céu mais estrelado que já vi na vida! Foi lindo, mesmo suportando 18 graus negativos no meio do deserto. Ver a borda de um vulcão em erupção à noite, toda vermelha, em uma cidade tomada pelo gelo paga todos os pratos de miojo que já precisei comer. As várias cores do mar do caribe…ahh o mar do caribe…minhas costas até esquecem o peso da mochila. Aquela pessoa que mora do outro lado do mundo, e virou seu melhor amigo ao dividirem uma mesa de hostel para jantar, essa você nunca vai esquecer. Aquele nativo que te ajudou enquanto você estava perdido pelas ruas de uma cidade qualquer e ainda te deu muitas dicas do local, você vai lembrar dos olhos dele até seu último dia. Conhecer tudo sobre a ásia, através do seu colega da cama ao lado naquele quarto com 18 pessoas no hostel, vai fazer você esquecer por hora do conforto da sua cama.

Passei meu último aniversário fora do país, viajando sozinha, longe de meus amigos e família e sem grandes comemorações. Nesse dia apenas fui a um barzinho com mais algumas pessoas que eu havia conhecido a pouco mais de uma hora na sala de estar do hostel. A noite foi tão divertida, as pessoas me trataram tão bem, que parecíamos amigos de uns 10 anos! Teve parabéns em português e espanhol, teve bolo e teve bebida local. Foi um dia feliz e inesquecível.

Viajar te traz sensações, sentimentos e um auto conhecimento que curso nenhum, bem material nenhum vai te trazer. Ninguém veio ao mundo apenas para acumular bens…

Viaje! Veja o mundo com seus próprios olhos, não pelo o que as revistas mostram! Permita-se!

Devaneios de uma quinta-feira a noite…

Foto e texto: Luisa Helena Pires

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A foto que traz até este post (da Home) está sob licença Creative Commons.

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Luisa

Me chamo Luisa Helena, viajante independente, mochileira, que ama viagens, natureza e uma boa cerveja!

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