Parque Nacional de Sete Cidades – Piauí

O Piauí é o Estado litorâneo com a menor extensão de costa do Brasil, apenas 66Km, guarda belas surpresas em seu interior. Uma delas é o Parque Nacional de Sete Cidades, local que abriga formações rochosas de cerca de 190 milhões de anos e ricas inscrições rupestres.
O parque tem esse nome por causa dos diferentes grupos de rochas que, separados entre si parecem formar pequenas “cidades”. Cada uma delas tem suas cabeças de índio ou de Dom Pedro I, Tartaruga, Arco do Triunfo e o que mais sua imaginação possa “definir”.

Já as pinturas rupestres apresentadas na unidade têm cerca de 6000 anos e são conhecidas internacionalmente.  A viagem rumo ao Circuito das Sete Cidades começa em seu pequeno centro de visitantes, onde encontrará informações sobre o parque e um guia para acompanhá-lo (é possível fazer o trajeto à pé ou de carro). O calor é intenso parece brotar de todos os lados, portanto muita água, protetor solar, roupa leve, calçado confortável e chapéu ou boné são indispensáveis. Nós estivemos por lá num outubro, em pleno período de seca (que ocorre de julho a dezembro). Apesar das caminhadas serem relativamente curtas de uma cidade a outra, sol e calor resultaram em apreciação e vertigem! De janeiro a junho as cachoeiras estão mais cheias e o clima mais ameno.

Parque Nacional de Sete Cidades
Uma das vistas do mirante – Foto: Silnei L Andrade / Mochila Brasil

Teorias e imaginação

O cenário de pedras aguçou o imaginário popular, de escritores e de estudiosos estrangeiros que criaram certas teorias sobre o local.
Para Erich von Däniken, autor de “Eram os deuses astronautas?” forças não-naturais construíram as Sete Cidades. A erosão agiu diferentemente em cada grupo de rochas e em algumas divisões há linhas retas em tinta vermelha. Seria o trabalho de um arquiteto intergalático querendo “(…) saber se a raça humana sabe dar o passo para evoluir ou se é pré-programada pra se destruir (…)”? (parafraseando a letra da música “O retorno do maia intergalático”, de Lulu Santos.).
As pinturas rupestres poderiam ser dos Vikings, segundo o pesquisador francês Jacques de Mahieu. Ele esteve no Brasil em 1974 e viu nas inscrições, semelhança com a escrita rúnica (o mais antigo alfabeto germânico). Von Däniken viu em algumas pinturas semelhança com a estrutura helicoidal do DNA.
Já o historiador austríaco, Ludwig Schwennhagen considera os fenícios os primeiros habitantes das Sete Cidades. Em busca de novas rotas comerciais chegaram por aqui e fizeram do local cenário para cerimônias religiosas. Ele também acredita que a raça Tupi (que de acordo com Tupinambás e Tabajaras chegaram ao norte do Brasil, provenientes de um país que não existia mais) é remanescente do continente perdido de Atlântida.

A ideia é reforçada pelo italiano Gabriele D’Annunzio (soldado, poeta, aventureiro e principal mentor da liturgia fascista que nascia após a I Guerra Mundial) que em uma viagem à Ica (no Peru) viu o que dizia ser o desenho do continente americano onde estão rotas oceânicas ligando Atlântida ao Delta do Parnaíba (oeste piauiense). O Sete Cidades está na porção nordeste do Piauí.

Pintura rupestre lembra a estrutura helicoidal do DNA - Foto: Silnei L Andrade / Mochila Brasil
Pintura rupestre que segundo Erich von Däniken, lembraria a estrutura helicoidal do DNA – Foto: Silnei L Andrade / Mochila Brasil

E vamos às cidades imaginárias!

A visitação ao circuito das cidades não segue uma sequência ordinal. A área aberta à visitação pública corresponde a cerca de 490 hectares, num percurso de 12 km. Abaixo alguns dos atrativos:

Primeira Cidade

Piscina dos Milagres – tem uma das nascentes do parque, que nunca deixou de jorrar, mesmo durante os anos mais difíceis de seca. Talvez daí o nome!
Pedra dos Canhões – parecem troncos de árvores petrificados.
Pedra da Gia – atrativo que lembra uma rã, com a boca aberta.
Banco de Praça, Pedra da Ema, da Cobra, Máquina de costura, entre outros também fazem parte da primeira cidade.

 

Segunda Cidade

Arco do Triunfo – apresenta forma que lembra o arco francês. É um dos pontos mais fotografados do parque.
Mirante – é o ponto mais alto do Sete Cidades, com 82m de altura. De lá é possível ter uma bela visão do parque.
Biblioteca – lembra um local com livros e papéis empilhados.
Pé do Gigante, Pedra do Falo, Soldado velho, Teatro de Arena, Morro das Oliveiras etc fazem parte deste circuito.

Terceira Cidade

Cabeça de Dom Pedro I – bastante fotografada lembra o perfil do rosto do imperador.
Três Reis Magos, Pedra do Beijo, do Segredo, do Pombo, Dedo de Deus, Cara do Diabo, Pedra de Nossa Senhora, Cavalo marinho etc estão na Terceira cidade; além do interessante Mapa do Brasil que “tem” até a divisão dos Estados.
Lá está também a Gruta do Estrangeiro, a maior do parque nacional.

Quarta Cidade

Também tem um Mapa do Brasil, porém sem a divisão dos Estados (como na Terceira cidade). De um lado mostra o mapa do país e do outro o do Estado do Ceará.
Gruta do Catirina – onde morou José Catirina, o curandeiro das sete cidades, pinturas pré-históricas no Archete, Pedra Leão deitado, Cabeça de Águia , Dois Irmãos, Dois Lagartos etc estão neste circuito.

Quinta Cidade

Lá está a Pedra das Inscrições com belas pinturas pré-históricas, além da Furna do Índio, com inscrições que lembram rituais de caça. A Pedra do camelo, do Rei (de costas com seu manto e coroa) e da Casa do Guarda estão na quinta cidade imaginária.

Sexta Cidade

As pedras da Tartaruga (lembrando seu casco), do Elefante e do Cachorro são os destaques desta cidade.

Na Sexta Cidade, está a Pedra do Elefante - Foto: Silnei L Andrade / Mochila Brasil
Na Sexta Cidade, está a Pedra do Elefante – Foto: Silnei L Andrade / Mochila Brasil

Sétima Cidade

Acesso permitido somente com autorização do ICMBio. Lá está uma reserva ecológica para preservação da fauna, flora e dos monumentos ricos em inscrições rupestres.
A gruta do Pajé tem muitas inscrições rupestres. Em cima dela há o Dragão Chinês.

E… no meio da paisagem rochosa do sertão semi-árido, surgem cachoeiras, como a do Riachão, piscinas naturais e olhos-d`água, como o dos Milagres! Pode não ser a Atlântida, mas é um pedacinho interessante escondido no interior do Brasil!

 

Onde comer e ficar

Piripiri e Piracuruca possuem hotéis e pousadas simples.
Dentro do parque nacional há Abrigo-hotel com 12 apartamentos com ar condicionado e TV.
Mais informações pelos telefones (86) 3343-1342 / 3276-1863 / 9422-6502.
Ao lado do parque há o Hotel Fazenda Sete Cidades que também tem restaurante e área de camping. Site: https://www.facebook.com/pages/Hotel-Fazenda-Sete-Cidades/478579458840759

Como chegar

De carro, moto ou bike – O parque nacional está a cerca de 200 km de distância de Teresina, capital do Estado. A partir dela siga pela BR-343 até Piripiri, onde encontrará 26Km de asfalto até a portaria do Sete Cidades.
Quem está viajando pela região do Delta do Parnaíba (PI), Lençóis Maranhenses (MA) e ou Jericoacoara (CE) também conta com expedições criadas pelas agências de receptivo local que têm o parque como um dos passeios.
De ônibus– Da rodoviária de Teresina partem ônibus para Piripiri (viações Barroso e Guanabara).
De Piripiri parte o ônibus com os funcionários do ICMBio direto para o parque e você pode pegar uma carona. O ônibus sai às 7h diariamente, em frente à Praça da Bandeira.
Caso não pegue o ônibus há motos-táxi na cidade.

Mais informações sobre o Parque Nacional das Sete Cidades aqui
Relatos, dicas e informações de outros viajantes aqui

Foto do autor

Claudia Severo de Almeida

Jornalista, há 20 anos escreve sobre Turismo Backpacker/Mochileiro e viagens independentes. Participou do corpo de júri especializado do Prêmio 'O Melhor de Viagem e Turismo' (categoria Hospedagem - Hostel). Cocriadora do site Mochileiros.com.

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