Depois de 14 anos viajando, irlandês aponta os hábitos mais estranhos que encontrou mundo afora

Benny Lewis, um irlandês amante de diversão, viajante inveterado e autor do ‘Fluent in 3 months’ está na estrada desde 2003. Neste período viveu em 23 países (tendo passado pelo menos um mês em cada um deles) e neles tentou fazer amigos e conhecer um pouco da cultura local. Através da experiência claro, ele se deparou com situações e hábitos que considerou estranhos/curiosos. De 23 hábitos observados por ele e que lhe pareceram estranhos*, abaixo listamos 10 (que nos pareceram curiosos incluindo observações sobre nós, brasileiros):

1) Perguntar frequentemente às pessoas se elas querem tomar banho

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Foto sob licença Creative Commons.

Depois de viver um ano inteiro no Brasil e ter sua própria casa no país, Benny achava estranho chegar à casa de um amigo e ouvir a pergunta: “Você quer tomar um banho?”.
“O Brasil pode ser um país quente, dependendo da cidade e época do ano e os brasileiros estão entre as pessoas mais higiênicas que já conheci. Geralmente tomam duas ou três vezes banho por dia, especialmente se são fisicamente ativos (praticam esportes, academia etc).”
Vale considerar que a pergunta não indica necessariamente que o brasileiro está achando o indivíduo sujo, mas que refrescar-se ou relaxar um pouco cairia bem, sobretudo no dias quentes de verão de algumas de nossas cidades.

2) Entregar algo ao outro como se fosse sagrado

Desta vez o fato para ele curioso vem de Taiwan. Imagine a cena: você está numa conferência e alguém lhe entrega um cartão de visitas. Em vez de você olhar para o cartão e guardá-lo no bolso, você o aceita delicadamente usando as duas mãos, como se estivesse segurando algo frágil, de cristal e examina-o de perto com toda atenção como se estivesse olhando através de uma janela para um maravilhoso universo paralelo.
Com o dinheiro a mesma regra se aplica.

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Foto: fluentin3months.com

3) Apontar com a boca

Benny notou o hábito nas Filipinas e na Colômbia. Apontar para algo com o dedo indicador nem sempre é bem visto, pode até ser considerado bastante rude em algumas culturas. A solução? Apontar com os lábios!

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“Tá ali ó” | Foto sob licença Creative Commons.

4) Travessia “suicida” entre os carros

Na sua tentativa de entrar na cultura local, Benny tentou imitar os egípcios como pode. O problema é que nas principais cidades do Egito praticamente não existem semáforos, especialmente para fins de cruzamento de pedestres e os locais lançam-se em meio aos carros atravessando cinco ou mais pistas de tráfego intenso. “No começo você fica assustado, como se estivesse no inferno, mas depois você se acostuma”, conta.

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Área da cidade do Cairo | Foto: John Cook/Flickr-Creative Commons.

5) Saudações e despedidas sentimentais/calorosas

Dizer simplesmente “oi” para aqueles que você encontra socialmente em países latinos é algo inconcebível, avaliou o irlandês comentando que meninas são cumprimentadas com um ou dois beijos na bochecha em alguns lugares. “No Brasil você vai adiante: você abraça a pessoa que encontra, mesmo se a viu ontem. Você a abraça como se não a visse há anos, como se a tivesse tirado de uma década de confinamento solitário”.
Benny acha este calor entre as pessoas “contagiante”. Ainda no Brasil, se estiver falando com alguém mantenha o contato visual e até mesmo toque-o – isso nada tem a ver com flertar!
E o adeus? “Em muitos países latinos eu aprendi a dizer o primeiro adeus cerca de meia hora antes de eu realmente ter que sair” – você tem que despedir-se de cada pessoa do grupo.

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Foto sob licença Creative Commons.

6) Contato amistoso, mas não com ‘autoridades’

Benny conta que mantém a filosofia irlandesa de que “um estranho é apenas um amigo que você ainda não conheceu” (que bonito isso!) e que está sempre aberto a considerar alguém amigo e tratar o outro com sinceridade. “Na Irlanda temos a tradição de falar com todos com o mesmo nível de informalidade, independente da riqueza ou nível de status. Isso inclui policiais na rua ou seus professores”. Esta “falta de respeito” lhe causou problemas em algumas ocasiões com oficiais de imigração e policiais, por exemplo. “Sempre achei essa separação formal/informal difícil de me acostumar”.

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Foto sob licença Creative Commons.

7) Pizza com Ketchup

Depois de 4 meses vivendo no Rio de Janeiro, Benny conheceu o estranho hábito (para alguns brasileiros também) dos cariocas de colocarem Ketchup na pizza.

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Foto: Dezidor/Creative Commons.

8) Ser direto X ser grosseiro

Benny comenta que os alemães têm a reputação de grosseiros, afirmação com a qual ele não concorda. “Na Alemanha e em alguns países do norte da Europa é mais normal ser direto com as pessoas”. Ser direto é uma maneira de mostrar que você respeita a pessoa.

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Foto sob licença Creative Commons.

9) Aplausos pela aterrissagem do avião

Este costume muito estranho é encontrado em muitos países. “Em geral eu não iniciaria isso [o aplauso], mas se uma outra pessoa começa a aplaudir eu me juntarei a ela e darei ao avião uma enorme salva de palmas quando ele tocar o solo”.

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Foto sob licença Creative Commons.

10) Novas exclamações

Quando damos aquela “topada” no dedão do pé ou vivemos uma situação feliz é comum nos exprimirmos através de expressões e palavras da nossa língua materna sim? Não necessariamente.
Para quem viajou por tanto tempo essas expressões podem variar. ¡Ay! (aprendido na América Latina) é uma das que começaram a fazer parte do cotidiano do viajante.

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Benny em Machu Picchu | Foto: fluentin3months.com

Benny Lewis já viveu na Argentina , Brasil , Peru , Bélgica , Colômbia , EUA , Canadá , Irlanda , Reino Unido , Espanha , França , Países Baixos , Egito , Itália , República Tcheca , Alemanha , Hungria , Turquia , Índia , Filipinas , Tailândia , China , Taiwan, Austrália e também visitou a Polônia, Uruguai, Cingapura, Áustria, Eslováquia, Noruega e México por alguns dias ou semanas, lugares que ele definitivamente não considera ter vivido – nestes “era mais um turista”.
*Os outros 13 hábitos que ele conheceu durante suas viagem e considerou estranhos/curiosos podem ser conferidos aqui.

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Benny viveu no Brasil e por 4 meses na cidade do Rio de Janeiro | Foto: fluentin3months.com
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