O “mundo perdido” das cavernas gigantes da Venezuela

Os Tepuis estendem-se pela região de fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana e boa parte das formações estão no lado venezuelano. Eles compõem o Parque Nacional Canaima, uma das mais belas e menos exploradas regiões da América do Sul.  Estas formações rochosas conhecidas como “mesetas” ou “mesas”,  foram esculpidas pela natureza durante um longuíssimo processo, formando um habitat único nos seus topos, e muitas possuem cadeias de cavernas que jamais foram visitadas por seres humanos.  Formam praticamente um “mundo perdido” que agora começa a ter seus segredos revelados,  graças as expedições lideradas pelo espeleólogo Francesco Sauro da Universidade de Bolonha, Itália.

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Canõn del Diablo e o Ayuantepui Foto: Alessio Romeo / La Venta – Theraphosa
No início deste ano, sua equipe terminou uma árdua expedição de 40 dias através dos últimas cavernas inexploradas do mundo. Sua equipe explorou a caverna de Imawarì Yeuta na Venezuela, que tem pelo menos 22 quilômetros de túneis.
A única forma de chegar nas cavernas é a partir dos topos dos Tepuis - Foto: Riccardo de Luca / La Venta - Theraphosa
A única forma de chegar nas cavernas é a partir dos topos dos Tepuis – Foto: Riccardo de Luca / La Venta – Theraphosa
Entrada de uma das cavernas Foto: Alessio Romeo - La Venta/Theraphosa
Entrada de uma das cavernas e no lado esquerdo abaixo é possível ver o helicóptero da equipe.  Foto: Alessio Romeo – La Venta/Theraphosa

Estas cavernas formam “um mundo completamente diferente”, diz Sauro para a revista New Scientist. As paredes de quartzo têm muitas vezes um tom rosado assustador, e os ácidos orgânicos deixam a água dos córregos com um tom avermelhado.

Os espeleotemas – estalactites e estalagmites – assumem formas fantásticas. Algumas lembram nuvens de fumaça; outros parecem um spray de cogumelos minerais.  Como ele se formam, ainda é um mistério.

Sauro agora está focado em compreender melhor como a vida evolui nesses labirintos sem sol, isolados do resto do mundo.  A única maneira de fazer é através de suas entradas no alto de suas paredes ou no topo das montanhas. Algumas chegam a ter 3000 metros de altura.

Esse isolamento formado pelos paredões, se transformou em lar de espécies únicas de animais.  O Monte Roraima por exemplo,  é o único habitat conhecido do  “Oreophrynella nigra”,  um minúsculo sapo de cor preta.

 

Há muito o que descobrir, diz Sauro.  Não são apenas as cavernas de quartzito e o que está escondido dentro, mas os demais tepuis podem ser muito diferentes. Cada um, das centenas de montanhas que pontilham a paisagem, se desenvolveu e evoluiu independentemente dos outros. “Eles são como ilhas no tempo”, diz ele.

Mas não é fácil explorá-los. Você precisa de um helicóptero para chegar ao topo, e o helicóptero depende das condições do tempo, com dia claro e vento mínimo – em uma área que é tipicamente muito nublada e com muito vento. Essas expedições requerem uma grande quantidade de dinheiro,além da espera de condições quase perfeitas.

Mesmo depois de desembarcar, os exploradores encontram frequentemente desafios adicionais. “Eles precisam navegar por rachaduras e canyons, em terreno muito duro”, diz Sauro.  Eles se guiam por imagens de satélite procurando entradas de cavernas nos topos dos tepuis – mas  muitas vezes acabam sendo bloqueado por rochas. “Na maioria dos tepuis, não há acesso para escalar”, diz Sauro.   Mas ele não se abala e já está planejando a próxima expedição para o final deste ano.

Fonte: New Scientist

Fotos dos Tepuis do Parque Nacional Canaima – Venezuela

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Foto do autor

Silnei L Andrade

Webmaster desde 1997 e blogueiro acidental. As vezes inventa coisas úteis como o Mochileiros.com.

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