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Chile_Torres Del Paine _mar-abr/2009


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Estive no Chile em março-abril de 2009, com intenção de fazer o Circuito Completo no Parque Nacional Torres Del Paine e passar pela Argentina para algumas trilhas em El Calafate e El Chaltén. Cheguei e sai do país via Santiago.

 

O fórum já está repleto de informações sobre a Patagônia, então neste relato me concentrei mais na narrativa da minha caminhada, quaisquer dados que alguém tiver interesse em saber, por favor, não deixe de perguntar.

 

SANTIAGO

Passei três dias, fiz alguns passeios básicos (para estes, 2 ou 3 dias são suficientes) e comprei equipamentos. Eu já tinha planejado comprar vários equipamentos técnicos em Santiago. Você encontra produtos top por preços similares aos dos USA. As melhores lojas são a La Cumbre e a Tatoo, a AndesGear um pouco abaixo. E tem o MallSport, um shopping de lojas de esportes diversos, vale a pena conhecer. Recomendo mais a La Cumbre, além de excelentes produtos, conforme o valor da compra, você consegue o desconto do IVA, que fica em torno de 16%.

 

O Marcosplf, colaborador do mochileiros.com, chegou a Santiago dois dias depois de mim e nos encontramos no Ecohostel, onde ambos ficamos hospedados. Foi legal, pois ainda deu para andarmos pelo centro e tomar umas no mercado.

 

PUNTA ARENAS

Cheguei no aeroporto - fora de Punta Arenas - e fui para a cidade, o ônibus para Puerto Natales saia em 3 horas. Poderia ter esperado no aeroporto, mas fiquei curioso em passar pela cidade, fiz um lanche caprichado, valeu a pena.

 

PUERTO NATALES

Fiquei lá por dois dias antes de ir para TDP, é a base de saída para o parque. Cidade pequena, bem menor que Punta Arenas, e extremamente agradável, gostei demais, mesmo passando por um perrengue após voltar do parque – conto mais na frente. Ótimas opções de restaurantes e bares/lanchonetes. Dá para fazer as compras de mantimentos e completar alguns equipamentos para o trekking.

 

TORRES DEL PAINE

Sai de ônibus às 8h de Puerto Natales, foram 2h até a portaria Laguna Amarga. Viagem com visual muito bacana, fazendas, bandos de guanacos, as primeiras visões do Maciço Paine, maior astral.

 

Parque Nacional Torres del Paine

Em 1978 foi declarado Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO. Localiza-se entre a Cordilheira dos Andes e o planalto Patagônico. Tem uma superfície de 242.000ha, em cuja parte central se encontra a Cordilheira Paine, formada por uma série de cumes de até 3.050m de altura. Este conjunto de cumes é rodeado por lagos e glaciares. Dentro do parque há inúmeras trilhas para trekking, incluindo uma para os mais experientes, que rodeia o Maciço Paine. Ao longo desta pode-se contemplar lagos, rios, cascatas e glaciares de uma beleza absoluta.

 

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1º dia – Laguna Amarga – Seron (10:30h - 15:30h)

 

Em todos os sentidos, “passeio no parque”. O clima estava legal, com sol e algumas nuvens, dia perfeito para começar. Esta perna do circuito é muito tranqüila para caminhar, a maior parte com um relevo plano. O visual também é bem “relaxante”, com o Maciço à esquerda e o Rio Paine à direita. Alguns guanacos, gado - o caminho passa por área particular -, gaviões e patos selvagens. Passei por um casal de franceses (Marco e Camille) e outro de holandeses (Lia e Iakob). Fiz em um ritmo muito tranquilo, parei para almoçar por longo tempo e várias vezes para ficar curtindo a paisagem. Se caminhar em ritmo mais “normal” dá para fazer bem mais rápido.

 

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Ao chegar ao acampamento Seron (fechado) o clima começou a mudar para chuva, que após começar foi constante até de madrugada. O acampamento tem um gramado com árvores ótimo para montar a barraca. No caminho para o córrego onde recolhemos água tinha uma pequena cabana de madeira cheia de lenha, e o melhor: seca e com uma mesa e bancos. Dei o toque para os dois casais que eu havia encontrado e que também acamparam lá, e transformamos o abrigo em sala de estar e cozinha, foi uma noite muito agradável, com ótimo papo – a moçada era 10. Dormi bem, acordando ocasionalmente com o vento e chuva.

 

2º dia – Campamento Seron – Refugio Dickson (10:08h – 15:38h)

 

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O dia amanheceu ensolarado, com os picos ao longe cobertos de neve – estavam sem neve no dia anterior -, visual show. Foi um início de caminhada bem legal, com tempo muito bonito no primeiro terço desta etapa, até o momento em que atingi um pequeno “paso” bem íngreme. Assim que subi este “paso” já começaram a bater rajadas de vento muito fortes, de desequilibrar – mesmo com a mochila de 23/25 kg – e o céu ficou completamente nublado. Do alto já deu para ver o Lago Paine e todo o vale que é preciso atravessar para chegar ao Dickson, paisagem linda, com as montanhas ao fundo.

 

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Daí começou uma chuva constante. No princípio deste vale a trilha, sempre entre a cordilheira á esquerda e o lago - depois rio paine - á direita, vai pela encosta, depois segue por uma baixada. Esta parte da caminhada já foi bem mais chata, com a chuva ficou tudo um charco, cansativo de andar, coloquei anorak, calça impermeável e polainas - daí em diante minhas botas não secaram mais em TDP – e ainda baixou uma neblina, tornando difícil até de ver as montanhas em volta. Pouco antes do Dickson a chuva parou e, após uma pequena subida, de repente aparece o visual do refúgio. Fantástico! Para mim um dos lugares mais bonitos que já vi, parece uma pintura.

 

É uma área muito boa de ficar, com uma casa legal só para os acampados cozinharem ou o que quiserem - inclusive com fogão/aquecedor a lenha. O refúgio também é bem estruturado - para quem não sabe, funciona similar a um albergue, e os acampados não podem nem entrar. Só ficaria mais um dia aberto.

 

3º dia – Refugio Dickson – Campamento Los Perros (9:45h – 15h)

 

Como no primeiro dia: caminhada estilo “passeio no parque”. O dia amanheceu ensolarado com algumas nuvens, proporcionando um visual belíssimo no Dickson, e foi assim até o Los Perros. No início é uma subida, sem dificuldades, atravessando um bosque com algumas clareiras. Durante a subida dá para ver o Lago Dickson com uma geleira ao fundo e as montanhas em volta – show de bola.

 

Assim que termina esta subida há um mirante de onde se avista o vale que é preciso seguir até o Los Perros, com o Cerro Blanco Sur ao fundo. Paisagem sensacional! Este vale é todo ocupado por um bosque fechado, de maior porte, que parece saído de um filme do Walt Disney de tão bonito. Como no primeiro dia, fui a passo de tartaruga, parando a todo o momento. Dá para fazer em metade do tempo que levei.

 

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Bem no final desta etapa o bosque termina e o caminho fica coberto de pedras, dando de frente ao Glaciar Los Perros, seguindo para a direita se chega ao Campamento Los Perros, dentro de um pequeno bosque. O lugar é em um vale, com as montanhas ao redor bem próximas e o Rio Paso de frente.

 

Tive a noite mais atípica que poderia esperar no TDP. Eu tinha conhecido o gerente deste acampamento – Ítalo – no dia anterior no Dickson, e era o último dia de funcionamento na estação, então o Ítalo e dois colegas que trabalham com ele resolveram fazer um churrasco à noite para comemorar, e felizmente me chamaram para participar. Então, passei boas horas tomando “pisco cola” e traçando uma carne chilena, conversando bobagens e rindo muito com uns bons companheiros. A “sustância” da noite valeu muito, me deu boas forças para o dia seguinte, quando enfrentei uma pequena pauleira.

 

4º dia – Campamento Los Perros –- Refúgio Grey (8:45h – 17h)

 

No dia anterior, conversando com o Ítalo, ele me sugeriu seguir até o Refúgio Grey, passando direto pelo Campamento Paso e Campamento Los Guardas, pois seria muito mais agradável acampar no Grey. Resolvi seguir o conselho.

 

Para continuar até o Refugio Grey, logo depois do Los Perros temos que passar pelo Paso John Gardner, uma subida e descida forte que atravessa a cordilheira e finaliza de frente ao Glaciar Grey. A partir daí a trilha continua à esquerda contornando o Maçico Paine pela encosta, com o glaciar à direita, sempre bem próximo.

 

Inesperadamente o dia amanheceu miserável, chovendo bastante e com um frio do cão. Mas como eu já tinha feito minha cabeça, quis seguir com o plano, independente do clima. Tomando o café da manhã ainda conversei com os outros que estavam lá, um polonês (praticante de “sea kayaking”, tinha passada dois meses nos fiordes) me falou para esperar por causa da chuva, mas eu já estava afim de colocar o pé na trilha, então parti às 8:45h - fui o primeiro a sair.

 

Já é subida desde o início, através de mata com solo pantanoso, em especial com uma chuva constante. Estava uma trilha bem pesada, minhas botas e polainas eram puro barro. Felizmente eu estava bem preparado de equipos.

 

De repente, ainda dentro da mata notei que a chuva estava diferente, era neve que estava caindo. A partir de um ponto a mata é atravessada por grandes clareiras, com o chão cobertos de pedras, e justo a partir desse ponto a neve que ia caindo foi aumentando de intensidade e cobrindo tudo. O visual ia ficando cada vez mais bonito, mas eu também ia me lembrando das maiores recomendações de todas:

 

Em caso de mal tiempo, no es recomendado seguir hacia el Paso John Gardner, mejor esperar uno o más dias en el campamento hasta que se mejoren las condiciones. Puede haber neblina y se perdera si no es um experto de alta montana. Ademas el camino desaparecerá em caso de nevadas, lo que puede pasar em cualquier momento del ano, inclusive en verano. Tambien hay que tener cuidado en caso de fuertes vientos, ya que es un lugar muy expuesto.

 

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Mas a soma da beleza - que só aumentava - com a adrenalina, apenas me estimulava a continuar. De repente a mata termina e fica só a encosta da montanha, pura pedra. Um visual espetacular, e à medida que o aclive aumentava as recomendações citadas faziam sentido.

 

A nevasca estava de leve, mas fora o suficiente para cobrir toda a trilha. Como eu era o primeiro do dia não havia rastro nenhum para seguir, apenas a marcação de pedras e piquetes espaçados – pintados em laranja e muito bem localizados – para achar o caminho. No entanto, obviamente em quase todo o “paso” as pedras estavam debaixo de neve, e como o vento vinha por trás de mim, a maioria dos piquetes estavam cobertos de gelo justamente do meu ponto de vista, dificultando muito encontrá-los de longe. Com tudo isso eu usava os bastões de caminhada para escolher onde pisar, de vez em quando errava e enfiava a perna até o joelho na neve ou dentro da água que corre em vários pontos por debaixo da neve. Quando chegava a uma marcação de trilha – pedra ou piquete – eu os limpava com o bastão para auxiliar quem pudesse vir depois de mim.

 

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Assim foi por todo o Paso John Gardner. Mas, sinceramente, está muito longe de ser uma pernada difícil como “vendem”, apenas deve-se ter um pouco mais de cuidado, em especial em condições de tempo ruim. Em clima realmente severo – que não foi o que passei – pode ser mais complicado. No meu caso foi no ponto exato para dar uma ótima adrenalina e um ambiente fantástico. No alto do Paso, antes de iniciar a descida, há uma área mais plana, nesse ponto o vento e neve pararam, e eu senti como se só existisse eu no mundo. Foi indescritível, a vontade era de sentar e ficar curtindo aquele vazio de pedras e neve. Um dos momentos de emoção mais prazerosos da minha vida.

 

Infelizmente perdi a vista do Glaciar Grey do alto do Paso – que dizem ser uma das mais belas do TDP. Por incrível que pareça só consegui sacar o glaciar quando acabou a descida, quase pisando no bicho, e no início ainda achei que fosse um lago qualquer, pois só via uma grande mancha através da neblina.

 

Deste ponto segui direto até o Refúgio Grey (trilha muito legal, mata e clareiras), parando uma meia hora no Campamento Paso para almoçar e em vários pontos para curtir o visual do Glaciar Grey, sempre à direta. Neste trecho já fui passando por vários caminhantes de fds que estavam só dando uns bate e volta. Isso já me desanimou um pouco.

 

5º dia - Refúgio Grey – Refúgio y Campamento Los Cuernos (9:20h – 17:13h)

 

O dia amanheceu nublado, mas felizmente sem chuva, senti-me aliviado, pois estava de saco cheio de pisar no chão encharcado. Fiz meu café da manhã num abrigo aberto dos acampados que é chamado de cozinha, uma parede de lona e duas de tapume caindo aos pedaços, com uns dois projetos de mesas com bancos em que é preciso ter cuidado para não derrubar com o peso do fogareiro. E os farofas gringos ainda dependuram suas roupas para secar nesta “cozinha”, farofeiro é a mesma m* em qualquer lugar. Saí meio mal humorado com a quantidade de gente no acampamento, alguns grupos grandes. Já deu para sacar um perfil diferente dos caminhantes, mais para uma “farofa chique”. Começou o famoso W! Que saudade do isolamento dos dias anteriores!

 

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A trilha segue contornando o Maciço (Cerro Paine Grande) à esquerda com o Lago Grey à direita – o lago começa antes do Refugio Grey, em seguimento ao glaciar de mesmo nome. É uma caminhada bem fácil, em 2,1/2 horas cheguei ao Refugio Paine Grande (ex Pehoe), de frente ao Lago Pehoé. Neste ponto o caminho continua á esquerda seguindo ao Campamento Italiano. O Paine Grande é um refugio muito bem estruturado, nem fui à área de acampar, sentei em frente ao lago e passei uns 40 minutos curtindo um sanduba de almoço e relaxando.

 

Infelizmente, com o céu nublado perde-se imensamente do visual dos lagos, não tem nada daquelas cores esmeralda, azul-tuquesa etc. Fazer o que? Pelo menos estava tudo seco... até aquele momento.

 

Quase às 14h comecei a pernada novamente. Depois de uns 20 minutos a chuva começou de novo, fraca, mas constante o suficiente para ir encharcando a terra e incomodando. E assim foi, piorando até o Campamento Italiano. O trecho é tranquilo para caminhar, não muito diferente do anterior.

 

No Campamento Italiano o tempo já estava miserável, tudo encharcado. Daí para o Valle Del Frances e Campamento Britanico a neblina estava pegando, não dava para ver nada. Fiquei umas 2 horas no Italiano esperando e torcendo para o clima melhorar com intenção de subir e dormir no Britânico, mas nada. E uma guia do parque ainda ficou enchendo, falando que seria responsabilidade minha (novidade...) se eu continuasse, etc, etc. O legal é que conheci um casal de brasileiros, Flávio e Patrícia (que é participante deste fórum), ao quais eu voltaria a encontrar no Los Cuernos e em Puerto Natales.

 

Cansei de esperar e segui para o Los Cuernos, onde felizmente consegui um ótimo local para armar a barraca assim que cheguei. Para variar o lugar estava lotado. É um refúgio muito legal, os acampados e “alberguistas” ficam juntos numa grande sala junto à cozinha dentro do refúgio. Tomei um banho fantástico (quente!), nem acreditei. E para completar ainda tracei umas Austral que desceram soberbamente. A Austral é uma cerveja Lager originária de Punta Arenas, muito boa. Apesar de eu não gostar de aglomeração no mato, até que curti os papos que tive com vários gringos lá.

 

6º dia - Refúgio y Campamento Los Cuernos – Hosteria Las Torres (9:15h – 18h)

 

Dormi muito bem, apesar de acordar algumas vezes com o som do vento forte. Amanheceu com tempo seco, ensolarado com muitas nuvens, e foi assim o restante do dia.

 

Meu plano era seguir e acampar no Campamento Chileno ou Torres. No dia seguinte cedo subiria o restante para ver as Torres, e depois desceria até a Hosteria Las Torres, de onde pegaria uma van para a Laguna Amarga. O ônibus de volta para Puerto Natales saia da portaria às 14:30h e às 20h. Antes cheguei a pensar em ir direto à El Calafate, pegando alguma condução em Cerro Castillo – a meio caminho TDP-PN -, mas desisti dessa idéia durante a trilha.

 

A trilha segue fácil, com o Lago Nordenskjold sempre à direita e o Monte Almirante Nieto à esquerda, desde o Ref. Los Cuernos. É um visual mais “panorâmico”, bacana, com a visão de muitas montanhas ao longe.

 

Assim que se chega próximo à Host. Las Torres a trilha vira para esquerda e começa a subida constante pelo Valle Ascensio, inicialmente pelo alto à esquerda. Uma vista bonita, com os picos cobertos de neve ao longe e o Rio Ascensio no fundo do vale. Como eu estava “inteiro” e ainda era bem cedo (12h), comecei a pensar na possibilidade de finalizar o Circuito Completo neste dia, pegando o ônibus das 20h de volta a Puerto Natales. Mas para isso resolvi abusar e ficar nas castanhas e frutas secas, sem um lanche de verdade.

 

Chegando próximo ao Camp. Chileno (fechado) o caminho desce para o fundo do vale, cruzando o rio via ponte está o acampamento, um pouco depois cruzamos de volta para a esquerda e começa uma subida constante através de um bosque. Desse ponto começou a nevar, bem de leve, mas suficiente para tornar a paisagem lindíssima, o branco com verde e vermelho dourado das folhas – era início do outono. E assim foi, mas eu comecei, pela primeira vez em todo o circuito, a me sentir cansado.

 

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Quando cheguei ao ponto final para o “ataque” a Las Torres (mais 45 minutos de subida bem forte) eram umas 13:30h, e eu percebi que meu corpo estava pedindo trégua, tinha abusado demais no ritmo e na falta de uma boa alimentação. Sentei por uma meia hora para comer direito e descansar. Ai caiu a ficha de uma grande besteira que tinha feito. Se tivesse pensado corretamente teria deixado minha mochila pesada no chileno, e feito todo o restante numa boa, mas era tarde para lamentar.

 

Enfim, após a parada escondi minha mochila e segui até o Mirador Las Torres. O tempo estava nublado e nevando levemente, as Torres apareciam e desapareciam entre as nuvens, uma visão muito abaixo do que eu esperava. Sem dúvida que esta paisagem em um céu azul com sol faz uma diferença enorme. Sinceramente, curti muito mais o visual da trilha pelo vale. Um pouco desapontado – não demais -, após uma meia hora coloquei o pé na trilha e voltei curtindo minha última pernada no TDP.

 

Cheguei na Hosteria Las Torres às 18h. Dei uma “errada”, indo à área de camping fui parar entre as casas dos funcionários. De uma casa saiu uma chilena simpática indagando se eu estava precisando de algo. Contei minha história e ela já foi me convidando para um café, lógico que aceitei. Entrei, imundo, dentro do chalé onde ela morava com uma colega gordinha toda soltinha, me serviram café quente e torradas com geléia. Seria difícil dizer o que foi melhor, o ambiente aquecido, uma casa de verdade, o lanche, mas a simpatia e generosidade espontâneas das duas me comoveram muito naquele momento. Para fechar TDP com chave de ouro.

 

Fim do circuito, feliz, cansado, realizado.

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PARABENS!!!!!!

 

Estou adorando o seu relato. Na verdade, estou ficando animada, com quase e quem sabe a possibilidade de um dia eu me aventurar em uma dessas.. ::mmm:

A minha proxima viagem será em outubro para Peru e Bolivia..., mas a cada dia que passo me encanto com este tipo de viagem, sei que atualmente nao tenho estrutura e nem condiçoes físicas para fazer isso.. rsrsrsr

O marcos me conhece.. Tenho???? kkkkkkkkkkkkkkkkk

Tenho que mudar todos os meus habitos de vida.. rsrsrsr

Mas é assim, quem sabe como relatos que nem o seu, eu nao me anime, preciso estudar essa ideia....e com certeza tirar milhoes de duvidas..

De santiago pega um voo para punta arenas e o resto é de bus???

Beijao

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Excelente relato!!!

 

Muito legal mesmo.

 

Penso em fazer o circuito completo ainda esse ano se tudo der certo (e se nao fecharem a Argentina por causa da gripe do porco ::lol3:: )

 

Mas queria saber o que tu recomendaria no meu caso que penso em fazer esse circuito completo em uns 8 dias? Onde eu deveria aproveitar pra ficar mais tempo?

 

Tu ja tinha feito algo parecido sozinho? Como foi a experiencia?

 

E gostaria muito de saber mais detalhes a respeito dos suprimentos que tu levou para essa aventura. O maximo que fiz em trekking de longa duracao foram 4 dias na trilha Salkantay e ainda assim com porteadores e cozinheiros entao fico meio na duvida sobre o que e quanto levar. Nao quero passar fome nem carregar peso desnecessario.

 

Valeu

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erika o trekking lá não é um bicho de 7 cabeças é mais psicológicop para aguentar todo esse tempo longe de "conforto" e ter hábitos saudáveis. Um bom equipamento ajuda tbm.

 

Me antecipando ao paulo de punta arenas pra TDP é td via bus. NA temporada tem avião direto de santiago para puerto natales.

 

Abraços

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  • Colaboradores

Marcos,

 

Claro que os montros de Puerto Varas vão ser citados, não tem como escapar... :lol:

 

Erika,

 

Uma das coisas boas do trekking é que qualquer um pode fazer, o fundamental é seguir no seu ritmo. O unico cuidado maior é estar preparado para o ambiente que for encontrar para evitar desconforto. O TDP mesmo é uma baba de fazer, é apenas caminhar.

 

Isso mesmo, de Santiago vai de avião para Punta Arenas e o resto vai de ônibus.

 

Abs

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  • Colaboradores

Maaassa hein Paulo! ::otemo::

 

Algumas das histórias eu ja conhecia... hehehhe

 

Isso daqui me chamou atencao: "Se caminhar em ritmo mais “normal” dá para fazer bem mais rápido". Muita gente ia ter que fazer esse negocio correndo, até onde sei! ::lol4::::lol4::

 

(A farofa vai dominar todos os parques do mundo!)

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