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Costa Branca (RN)... a pé!


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5 DIAS PELA COSTA DO SAL: ONDE O SERTÃO VIRA MAR

Longe da muvuca dos arredores de Natal (RN), bem + ao norte existem quase 250km de praias c/ caracteristicas bem diferentes de Genipabu, Pta Negra ou Pipa. É a chamada "Costa do Sal" (ou Costa Branca), em alusão às salinas de seu trecho final. Lá, dunas alvas e falésias coloridas se derramam sobre praias desertas banhadas pelo mar turquesa ou por eventuais mangues; sítios arqueológicos, bodes ou jegues aparecem subitamente pela areia, e vilas perdidas de pescadores seguem tranqüilamente sua rotina s/ fila alguma de ônibus de excursão, bugueiros, lixo na orla ou resort proximo. E emoldurado nesta exótica paisagem é possível uma pernada de 5 dias puxados, indo de Touros ate Areia Branca, quase divisa c/ Ceará. Só assim, caminhando sob sol forte este selvagem e menos conhecido do litoral potiguar, entende-se pq ali é o único pto do mapa no qual a caatinga retorce seus galhos à beira-mar c/ rara beleza.

 

DO SERTÃO ATÉ NATAL

Sai bem cedo de Currais Novos, pacata cidade localizada no interior do Sertão do Seridó, as 6hrs, rumo à capital potiguar, distante quase 200km dali. O dia estava nublado, algo raro em se tratando destes lados do nordeste, mas eu tava resoluto: mesmo gripado e indisposto, tinha q começar a pernada de litoral q me propusera por razoes de cronograma apertado. Assim, tentei me distrair apreciando a paisagem emoldurada na janela. Esta, por sua vez, mostrava-se não mto diferente do q vira nas ultimas semanas de trip: o ótimo estado da BR-111 contrastava c/ o cenário q a cercava, marcado pelo sertão cinza ressequido, arbustos e arvores q não passam de um emaranhado de galhos secos, pequenas casas c/ captadores de água, açudes secos, povoados ermos c/ "açougues" a ceu aberto, rústicas plantações de palmas, gado esquálido se misturando à bodes e jegues errantes, e uma ou outra serra destoando da horizontalidade da paisagem.

Após passar pelos povoados (e não cidades) de Sta Cruz, Tangará e Bom Jesus, a proximidade do litoral mostra uma mudança significativa na paisagem. O verde comeca a aparecer de forma discreta na vegetação à margem da estrada p/ depois se materializar c/ força total na forma de vistosas palmeiras, belos cajueiros, frondosos pés-de-manga e muitas cajazeiras. E assim, quase as 9hrs, chego finalmente em Natal, sob forte sol matinal. A pequena rodoviária fica fora dos limites do centrao da cidade, mas a a muvuca em seu interior é intensa. Garanto já minha passagem p/ Touros (Expresso Cabral), quase 65km dali, e vou comer algum salgado p/ complemetar meu mirrado ou quase-inexistente desjejum.

 

TOUROS, A ESQUINA DO BRASIL

Parto de Natal 45min após ter nela chegado. Passamos pelo trevo q leva à "Rota do Sol", q por sua vez leva ao litoral sul do RN, incluindo a farofada Pta Negra. C/ algum esforço, é possivel avistar as dunas douradas de Genipabu, ao longe, assim como a de algumas praias urbanas q o busao vai costeando. Após um vasto manguezal, cruzamos por uma ponte interminavel as águas escuras e calmas do Rio Potengui, p/ em seguida tomar rumo em definitivo p/ norte, costeando o litoral ao longe.

Após entrar na pacata Ceará-Mirim, o busao toma uma estrada q passa pelo "Roteiro dos Engenhos", onde ruínas dos mesmos são avistadas em meio ao pasto, palmeiras e arbustos q forram a paisagem. Sempre costeando o litoral, e após as bifurcações q nos levariam às praias de Muriú, Jacumã e Pitininga, nos afastarmos um pouco do mesmo em direção ao interior, p/ atravessar uma vasta planicie cercada de areia de tonalidade avermelhada e alguns arbustos. Dunas douradas são avistadas ao longe, assim como enormes "ventiladores" p/ captação de energia eólica.

A proximidade do litoral novamente é anunciada pelo aparecimento de bananeiras e palmeiras em profusão. Assim ao meio-dia, sob um sol brilhando c/ td sua forca la no alto, salto no centrao da vila de Touros. Por ruas de paralelepípedos vou costurando a vila ate finalmente pisar nas areias fofas e claras da Praia de Touros, q contrastam maravilhosamente c/ as águas calmas de um mar verde claro! Claro q esta é uma praia bonita, turística e, portanto, bem farofada. Banhistas se misturam a ambulantes às pencas, garantindo uma muvuca típica destes locais mais visados pelo turismo convencional. Mas aqui não é meu destino. Dou de costas às praias da direita (Carnaubinhas e Perobas) e, c/ pé na areia num chao duro e plano, começo a pernada sentido contrario, isto é, rumo as praias do oeste! No caminho à beira-mar, observo perplexo ruínas de casas q foram engolidas pela maré alta, mostrando q a natureza tem vezes de reivindicar seu espaço legitimo.

Após um tempão alcanço a ponta no final da praia. A brisa suave se mistura à maresia e refresca o calor daquele inicio de tarde. Olho pros lados e me vejo só, deixando a farofa la atrás. Um enorme farol listrado de 62m parece ser o sentinela desta praia deserta, c/ mtos recifes emergindo do mar esmeralda. É o Farol do Calcanhar, o maior das Américas, cercado por uma grade onde uma placa indica o local pertencer à União. Aqui cruzo c/ um casal norueguês q fazia o percurso inverso ao meu, de bike. Aproveito a deixa p/ baterem uma foto c/ minha maquina, já vacinado pela experiência noutras travessias de litoral pelo país de q apenas os gringos sabem bater fotos decentes, pois brazucas costuma não saber operar a maquina ou a batem td tremida.

A enseada sgte descortina lentamente a enorme Praia do Cajueiro. Costeada por algumas palmeiras perfiladas, suas areias douradas são banhadas por um mar de tonalidade esmeralda intensa. Mtos recifes despontam na maré baixa daquele horario, salpicando de tons escuros aquele belo cenário. São quase 14hrs e o sol esta rijo la no alto. C/ fome, estaciono num quiosquinho simples da única vila à beira-mar, onde mando ver uma breja, um pf e um descanso vespertino básico. Diferente de Touros, o Cajueiro tem bem menos gente. Praticamente são tds daqui, o q se constata na penca de pequenas embarcacoes pesqueiras "estacionadas" no mar, balançando ao sabor do vento. A paisagem por si já dá uma preguiça enorme, no entanto um radinho tocando ruidosamente "Aviões do Forró" me enxota na sequencia, lembrando q ainda tenho pernada pela frente.

Novamente descalço na areia, tomo rumo à enseada sgte q me leva à Lagoa do Sol, as 16hrs, uma bela praia deserta cercada de dunas. Aqui a faixa de praia parece se estreitar e me leva a costear pequenas falésias, recifes e alguns rochedos, ate finalmente dar na praia sgte, a Praia de São José. Esta seria + uma praia deserta não fossem algumas poucas casas surgindo em meio às palmeiras q se esparrama por td sua extensão. Aqui so vi uma meia dúzia de surfistas, confirmando a fama de deserto ao local. A praia deserta sgte, Cadeiro, é enorme em extensão, mas parece perfeita p/ pernoitar. Não demora e, as 17hrs, monto acampamento na larga faixa de restinga arbustiva q separa o vasto coqueiral da areia e do mar. Enqto coloco minha blusa p/ secar do suor num xique-xique, descanso na areia apreciando o mar se tingindo de varias tonalidades c/ a luminosidade se esvaindo a medida q o sol pousa à oeste, no horizonte. A noite trouxe junto zilhoes de estrelas q forraram o firmamento, belisquei um lanche e cai no sono logo na sequencia. Não devo ter andado nem 15km naquela tarde, mas devia descansar pq os próximos dias seriam bem mais exigentes. A partir dali o litoral sera voltado pro norte e não pro leste, motivo pelo qual a região é chamada de "Esquina do Brasil". De resto, o tempo estava bem agradável, tanto é q dispensei o saco-de-dormir e passei a noite mto bem apenas esparramado sobre o isolante!

 

S. MIGUEL DO GOSTOSO, BOSQUES PETRIFICADOS, MARCO E EXU-QUEIMADO

Levanto qdo a luminosidade matinal toca a barraca, as 5hrs. Arrumo minhas coisas, tomo um breve café e zarpo meia hora depois. Dou as costas ao sol, q nasce lentamente no horizonte, ate ganhar a areia e tomar rumo ate o final daquela enorme praia. Desta vez evito andar descalço, pq a areia dura e plana permite caminhar perfeitamente de bota. No caminho, contar os eletricos siris, baiacus mortos e águas-vivas na areia são minha diversão naquele inicio de dia. No ceu, um gavião plana buscando algum peixe deixado pela maré, enqto jangadas começam a surgir no mar p/ mais um dia de pesca.

A enseada sgte me leva, as 6:30, à famosa São Miguel do Gostoso (na verdade, S. Miguel de Touros), cuja enorme praia é cercada de um vasto e belo coqueiral. Uma vez na praca principal da simpática vila de ruas de areia à beira-mar, na Praia da Xêpa, coleto infos pescadores locais a respeito das condições e distancias as praias sgtes, assim como bons ptos de água confiável. "A próxima praia ta uma légua e meia!", me diz um tiozinho, esquecendo de apertar a tecla SAP comigo. So depois saquei q uma légua equivale a 6km. Aproveito tb a parada p/ me presentear c/ uma chuveirada num dos poucos quiosques dali, fechados naquele horario.

Pé-na-areia novamente, a pernada me leva à enorme Praia de Maceió, totalmente deserta e me toma um tempão p/ percorrer seus 9km de extensão. A praia divide o mar de uma enorme e extensa faixa de restinga desertificada, tomada por vegetação rala arbustiva, cactos e muitas dunas, alem de curiosas placas de vendas de lotes "For Sale" em inglês são parte recorrente da paisagem. Mais adiante, o sumiço abrupto da praia e o surgimento de recifes me obrigam a subir a encosta de restinga e a andar por uma estrada de areia q acompanha a praia. Contudo, este trecho é de areia fofa e, portanto, demanda de mais esforço e fôlego p/ percorrer. O sol inclemente e a ausência total de sombra apenas tornam + penoso este trecho, q so não ó é 100% pela presença de curiosos paredoes rochosos escuros q destoam da areia clara, despertando interesse. Lapidados e polidos pela chuva e vento, estas formações rochosas nada mais são q dunas petrificadas a milhões de anos! Da mesma forma, quem não tocar não percebe q os troncos secos q eventualmente brotam dos areais são pedras, ou seja, aquilo é um bosque petrificado!

Após andar - quase me arrastando - por uma pequena praia inclinada de areia fofa avermelhada, as 9hrs, dou na enseada de bela e deserta Praia de Tourinhos, cujas areias brancas reluzem e destoam do mar esverdeado! No meio da restinga tem o único morador dali, c/ o qual abasteço meu cantil, p/ depois ficar de bobeira na areia descansando, na sombra fresca de um toldo improvisado c/ folhas de palmeiras. Um bugueiro surge de uma estrada próxima (q vem da vila de Reduto, 6km p/ continente) trazendo um casal jovem de Nápoles. Enqto o italiano vai surfar eu tenho uma breve prosa c/ sua companheira, q faz um descontraído topless na areia.

Uma hora depois, descansado e satisfeito da "paisagem", retomo a pernada percorrendo td aquela enorme enseada, p/ em seguida tomar a Praia do Varame, no final da ponta. Longa e quase reta, esta faixa de areia é totalmente deserta, e termina me levando à bonita, porem perrengueira Praia dos Morros. Como não dá pra ir pela praia por estar coberta de recifes e pedras irregulares, o jeito é acompanhar a estrada de areia fofa rente a orla, q segue sinuosa em meio a pequenas dunas, o q a pé torna-se extremamente desgastante. Por sorte, consigo carona c/ um improvável motoqueiro, q economiza 5 valiosos kms e me deixa na praia sgte, a Praia do Marco, as 11:30. Cercada de uma vasta área de restinga rala desertificada, esta praia tem mais infra e turistas. Aqui foi fixado o 1º marco do descobrimento portugues no Brasil, simbolizado por um totem a beira-mar, do lado da Capela de Nssa Sra dos Navegantes. O calor e o sol forte me obrigam a dar uma parada aqui, onde descanso tomando um refri (sim, isso mesmo!) num quiosque.

A pernada prossegue por 5km costeando um litoral mais deserto e árido da trip, onde cactos de caatinga surgem c/ mais freqüência em meio à ondulação de dunas douradas e a horizontalidade da escassa restinga. O sol frita os miolos e o cansaço não tarda em aparecer. O final daquela enorme enseada é marcado pela verdejante vegetação da proxima praia q já era visível e q, tal qual um bem-vindo oásis em meio ao deserto, atende pelo nome de Exu-Queimado. São 13:30 e termino caindo numa pequena vila c/ som de forró saindo de suas poucas casas. Lá, alem de um descanso e banho merecidos, me regozijo c/ um suculento pf e um caldo de cação!

Mas ainda tem luz de sobra e a caminhada deve render + alguns bons kms. Pelo menos ate a metade da próxima praia, Caiçara, distante 23km dali. E la vou eu palmilhando outra enseada deserta interminável, cuja faixa de areia se espreme cada vez mais contra pequenas falésias e dunas por conta da maré cheia. Busco me distrair cantando em voz alta, andando de costas ou ate conversando c/ a bicharada q encontro no caminho, mas logo minha preocupação de arrumar um bom local de pernoite toma meus pensamentos. Olhando ate onde a vista alcançava, a paisagem não sugeria nenhum espaço plano p/ acampar. Pelo menos não rente à praia, onde o mar em breve arrebentaria diretamente na encosta arenosa de restinga alta e íngreme. O jeito era passar p/ outro lado da pequena falésia. Após escalaminhar a mesma, termino caindo num vasto areial de restinga rala, bem mais dificil de andar q na praia. E agora? Se correr o bicho pega se ficar o bicho come. Optei por ficar onde estava, caminhando trôpega e exaustivamente pela areia fofa, com sol castigando diretamente meu rosto!

Qdo pensava em retornar à praia, eis q encontro um vão entre a falésia espaçoso o suficiente p/ acomodar uma barraca, as 17:15. Mas o melhor era q ali bem perto havia uma palhoça abandonada, provavelmetne de pescadores, q veio de encontro as minhas necessidades. Montei meu acampamento ao lado dela, já q ali, naquela planície ondulada de dunas e restingas, ventava consideravelmente. Jantei um pouco antes do céu se encher de estrelas e, exausto, desfaleci sobre o isolante p/ levantar apenas p/ dormir uma noite inteira de otemo sono. De madrugada ventou bastante, mas nem a trepidação da armação ou do sobreteto da barraca me furtaram do meu descanso merecido.

 

PTA DOS 3 IRMÃOS, CAIÇARA, GALOS E GALINHOS

Desperto todo moído no mesmo instante em q o sol se eleva sobre a costa potiguar, as 5hrs. Meia hr depois já estou de saída, obedecendo c/ rigorosa disciplina meu cronograma diário. A maré vazante facilita andar num chão plano, largo e duro, entretanto aqui isso não ajuda mto pq a praia é levemente inclinada, e assim o é ate o final de sua extensa enseada. Mas após uma hora de árdua caminhada, as falésias e dunas q nos acompanhavam bem próximos à esquerda reduzem seu tamanho ate se tornar uma vasta planície de restinga rala. Melhor assim, pq a praia tb dá lugar a recifes e rochas entremeados de areia fofa.

Dessa forma passo acompanho os rastros de pneus na areia q costeiam a orla pela restinga plana, e após um tempão alcanço a chamada Pta dos 3 Irmaos, q é uma pta recortada em pequenas praias internas. Prosseguir pela areia é de fato impossível pois o mar avança diretamente sobre as falesias. Me mantenho, entao, pela estrada de areia q sobe lenta e imperceptivelmente ao alto da falésia p/ chegar ao outro lado, e dali o processo se repetir em vários sobe-desce desgastantes, q me obrigam a varias paradas p/ retomada de fôlego! Subir e descer estradas de areia fofa não é nada fácil! Assim, percorremos o alto da falésias passando por 3 ou 4 belas praias desertas, enfiadas em pequenas enseadas cercadas de altos muros coloridos de areia ou rocha. Do alto, a visao de td extensão do mar esmeralda leva a reflexão, ainda mais qdo vigiado por enormes mandacarus e facheiros do alto das dunas.

Depois de prosseguir duramente nesse arduo sobe-desce, agora em meio a belas dunas e rochedos escuros erodidos, a estrada parece nivelar numa extensa restinga c/ chão forrado de conchinhas. O solo, por sua vez, esconde varias pedras lascadas, resultando noutro enorme e improvavel sitio arqueológico! Mas eu to nem ai c/ esses achados. To bem cansado e não vejo a hora de chgar numa vila qq. Costeio duas outras gdes praias desertas em linha reta, ate já conseguir avistar um farol ao longe, q é o sinal de q estou proximo da Praia de Caiçara.

Deixo a praia em favor de uma estrada de chão e, num piscar de olhos alcanço a base do Farol Sto Humberto, as 9hrs. Localizado no alto de um morro, q tb serve de mirante p/ enseada sgte, aprecio a Praia de Caiçara esparramando sua faixa areia fina e dourada, enqto barcos pesqueiros balançam ao mar. Aos pés do farol, me dou um tempo de descanso (e remover a areia de dentro da bota) a pto de apreciar as ruínas próximas do q pareceu ser um vilarejo engolido pelas dunas e pelo mar. Por isso q a vila de Caiçara migrou + p/ continente.

Desço à praia e procuro busco vendinha/quiosque p/ descansar e tomar algo, mas a enorme praia se encontra incrivelmente c/ meia dúzia de turistas. Pergunta aqui e ali, vou de encontro num barzinho, as 9:30, onde o cara resolve abrir justamente p/ me atender. Ainda bem. Tomando 2 brejas ao som do forró "Sacaniar" e "Desejo de Menina", pergunto do pq daquela bela praia estar vazia em pleno verão, e a resposta q tenho é q a vila anda reivindicando faz tempo a vinda de asfalto e eletricidade ate ali, pois as condições precárias e rústicas desestimulam qq forma de turismo convencional no local. E por conta disso tds vivem da pesca. O sol la fora tava de rachar cuca, razão pela qual ali foi o maior pit-stop q tive de td trip.

Descansado e bem mais disposto, parti p/ dar continuidade à pernada 12:00, baixo de sol escaldante. Por sorte estava ventando, o q abrandou o calor do horario. Percorro s/ pressa a enseada de Caiçara, apreciando boa parte de suas cosntrucoes a beira-mar engolidas pela água, em ruínas. Por isso q na praia esta repleto de blocos enormes de pedras p/ conter a forca das arrebentações, sem sucesso.

Após a enseada, surge outra ainda mto maior, totalmente deserta e ladeada de dunas ate onde a vista alcança. O visual é tao bonito qto desolador, mas é p/ la q vou por quase 20kms. Estou agora num trecho mto + proximo do Equador, onde o sol é + forte, a água + salgada e o vento + seco. Estou agora, sim, efetivametne na Costa do Sal! A pernada solitaria deste trecho parece surreal: uma bela, reta e extensa faixa de areia dourada e limpa q parece não ter fim, acompanhado de um lado o oceano verde-claro e do outro dunas brilhantes q se esparram continente adentro! No caminho, procuro me distrair do jeito q posso, como cantando, falando em voz alta ou andando de costas. Outra forma de passar o tempo é apreciar detalhes q podem passar desapercebidos: atentar p/ garças e macaricos de pernas ligeiras beliscando o chão; caranguejos correndo em direção ao mar, escondendo-se na água rasa e la permanecendo c/ seus periscópios a tona ate minha passada; ou ate atrapalhar deliberadamente a refeição de um bando de urubus nalguma tartaruga morta diante a minha passagem. Faço varias paradas devido ao cansaço, mas principalmente a uma pontada atrás do pescoço, quiçá devido a mochila mal regulada. O sol brilha forte, incessante, favorecido por um céu quase sempre azul. Por isso a sede tb pega forte, mas felizmente tenho quase 3L na mochila q me garantem a hidratação devida.

Mas nem td são dunas e deserto. Algusn trechos são alternados por pedras e lajedos rente ao mar, pedaços de troncos q são mais florestas petrificadas. Um trecho q outrora já deve ter sido um exuberante mangue, alem de mta rocha calcificada. Mas as dunas são onipresentes. Curioso em saber o q há do outro lado, largo a mochila e escalo duas seqüências de dunas. No alto, o vento é mto mais intenso e carregado de areia, logo estou td "a milanesa". No entanto, o visual la de cima vale a pena: em contraste c/ as dunas, um verdejante e vasto manguezal cortado por vários rios e, lá no fundo, montanhas enormes de sal perfiladas, reluzindo daquele cenário escuro! De repente, o 1º sinal de vida surge na forma de uma charrete puxada por um jumento sentido contrario. É um "jumentaxi", meio de transporte típico de Galinhos, do qual devo estar proximo.

As 16hrs chego em Galos, pequena vila q precede Galinhos, por sua vez localizada no final da ponta. A vila de fato de limita a um punhado de casas e umas duas ou 3 ruas q se entrecruzam. Lá consigo uma ducha c/ um local q remove td meu suor, maresia e areia depositada no corpo, alem de obter infos de um atalho a me levaria + rápido à Galinhos, afim de evitar q o forte vento me entupisse de areia. Assim, ao invés de seguir pela praia, fui pelo outro lado das dunas, acompanhando um enorme braço de mar adentrando o continente. Mas logo me vi espremido entre uma duna e um fétido mangue, caminhando tropegamente afundando o pé na areia e atacado s/ dó por enormes mutucas. Contornado o mangue e outra vez em terra firme, bastou acompanhar a direção das dunas ate seu final, por quase 5km.

As 17:30 já consigo avistar o trapiche de Galinhos, ao longe, mas resolvo ficar por ali mesmo devido ao cansaço, sob o olhar curioso de uns bodes errantes. Assim, num trecho plano de restinga, entre o mangue seco e as dunas, monto acampamento enqto o sol debruça seus últimos raios por trás das montanhas de areia. Exausto, preparo minha janta à base de arroz, macarrão vencido e carne de soja, cozinhado e temperado pela água salobra do rio, q nunca esteve tao delicioso. E apago totalmente sobre o isolante, s/ tempo de me incomodar do "tuc-tuc-tuc" das embarcacoes no rio, de apreciar o frescor de uma noite estrelada derramando o brilho do luar sobre as dunas ou de apenas ver a luz resplandescente das vilas próximas.

 

MACAU, ESTRADA DO PETRÓLEO, PTO DO MANGUE E AS DUNAS DO ROSADO

O dia amanhece tal qual os demais, isto é, repleto de promessas, enqto minha mochila engole minhas tralhas p/ zarpar as 5:30. Jogo-a nos ombros e me lanço rumo Galinhos, q alcanço 15min depois, após bordejar uma estreita faixa de areia molhada entre as dunas e o braço de mar, à minha esquerda. O simpático vilarejo é um oásis de tranqüilidade e conforto, c/ ruas de terra e areia se alternando c/ poucas de paralelepipedos, casas coloridas, meninos brincando de pescaria, velhos sentados no trapiche, mulheres retirando água de bombas no quintal e barzinhos resguardados do sol pela sombra enorme do arvoredo exuberante. Entretanto, naquele inicio de manha boa parte dos moradores varria das ruas as "sujeirinhas" dos "jumentaxis". Um detalhe q me despertou atenção foi q as varias pousadas daqui tem como diferencial o "banho de água mineral". Como os poços contem água levemente salobra, o jeito p/ atender clientela (femenina) exigente foi conectarr garrafões de água mineral aos chuveiros. Bem, como Galinhos esta ilhado do continente, p/ continuar a pernada tive q tomar um barco publico q me levaria ate a outra margem, isto é, Guamaré.

As 6hrs tomo a embarcacao, bem simples, junto de meia dúzia de moradores p/ depois atravessar as águas calmas daquele enorme braço de mar. A medida q deixamos Galinhos - cuja ultima imagem é a Pta do Farol - percebemos q o vilarejo é de fato um oásis verdejante em meio ao deserto e caatinga q o rodeia. Adentramos cada vez mais nos meandros do continente em meio a um enorme manguezal, acompanhandos por vários golfinhos q parecem disputar as águas c/ as poucas jangadas no mar. Após uma curva na mata, podemos avistar nosso destino, pequenino.

Chegamos em Guamaré as 6:45 e, c/ as infos coletadas, teria de tomar condução diretamente p/ Macau e dali p/ Pto do Mangue, p/ prosseguir a pernada. Isto pq se prosseguisse pelo litoral (rumo Lopes Mendes e a Pta do Tubarão), provavelmente teria dificuldades p/ transpor vários braços de mar s/ possibilidade de achar barqueiro algum. Dali o litoral outra vez se recortava em varias ramificacoes ate Pto do Mangue, onde ele novamente surgia definido rumo oeste. P/ evitar qq imprevisto resolvi ouvir os conselhos e seguir p/ Macau e dali p/ Pto do Mangue.

Pois bem, em Guamaré andei algo de uns 10min ate chegar na rodoviária,mas tds as conduções já haviam partido cedo. O jeito foi aguardar alguma lotação. Nesse meio termo tomei um farto café-da-manha, ate q as 8:15 peguei uma lotação em cia de outras 3 pessoas. Deixamos a pequena Guamaré p/ atravessar a retidao agreste do sertão, mas qdo nos aproximamos de Macau, montanhas brancas, enormes e formadas por cristais salinizados se destacam na paisagem, em meio a vastas extensões de água represada. Assim, a lotação me deixa na entrada de Macau, as 8:50, onde tenho q aguardar a próxima condução ate Pto do Mangue.

Sob sol forte e um ceu isento de nuvens, tomo outra lotação literalmente lotada, as 11hrs. Em pé, desta vez atravessamos a RN 404, a "Estrada do Petróleo", q liga a horizontalidade agreste do sertão à costa. Nos dois lados da pista, alem da desoladora paisagem desertificada, os populares "burricos"ou "cavalos mecânicos" da Petrobrás escavam o solo atrás do ouro negro, posicionados em clareiras abertas na caatinga. Dutos enormes atravessam a vegetação ressequida p/ levar o prodiuto ate as usinas. O asfalto segue uma malha q acompanha o sertão ate o mar, passando por povoados ermos, açudes secos, mais salineiras e ate improváveis casas de pau-a-pique c/ parabólicas!

Após passar a vila de Assu e seu rio homônimo, salto finalmente na colônia de pescadores q atende pelo nome de Pto do Mangue, as 12:40. A vila é pequena e me abasteço de mantimentos e quase 3L de água, afinal nunca se sabe onde vai se pernoitar. Retomo, as 13hrs, assim a pernada andando pela areia rente as aguas calmas e escuras do Rio Assu. Acompanho o curso sinuoso do rio, limitado na outra margem por um extenso e verde manguezal durante um bom tempo, ate q finalmente alcanço sua foz, quase as 13:10, onde observo por um tempo o vaivém de alguns barcos.

A partir daqui corto caminho por quase 2km numa vasta planície de restinga clara e lama seca em direção à praia sgte, q por sua vez apresenta-se enorme faixa de areia interminavel! Olhando p/ continente, podia avistar os tons dourados das dunas, onde eventualmente algum bugue levantava poeira; o final da enseada, porem, destoavam tons avermelhados q devereiam ser as famosas dunas rubras de Rosado. A praia, por sua vez, é totalmente plana, larga e deserta, e nos 15kms sgtes minhas únicas cias foram urubus, bodes e gaivotas, enqto contava as bolachas-de-mar na areia p/ passar o tempo.

As 15hrs me deparo no rústico vilarejo de Rosado, onde me dirijo imediatamente a um dos únicos quiosques abertos, q tb era "pousada" a R$10 a diária.. A sombra de uma palhoça e de uma rede a tiracolo, a receptividade do lugar me manteve ali por um tempinho considerável. Alem da tradicional breja p/ molhar a goela, mandei ver um suculento pf de carne-de-sol de lamber os beiços! Conversando c/ a simpática dona, Dna Rosa, me conta q ali é uma vila de pescadores s/ eletricidade nem tv,e q por isso a única diversão dali é beber! Chamou-me a atenção as pencas de gatos e cães esquálidos; a cor do chão, um misto de areia clara e vermelha; e o fato de tds as casas permanecerem com a porta aberta, escancarando uma rede a tiracolo. "De vez em qdo a gente precisa varrer a areia q entra na casa, nas tempestades", diz ela. Qdo peço uma chuveirada, a sra me passa a chave da peixaria proxima e diz pra tomar banho numa caixa dágua no interior. Ao retornar, refeito, me diz q era ali onde ela costuma lavar os peixes trazidos pelos pescadores. Aff!

O papo tava bom, mas ainda tinha q andar metade dos 10km q me separavam da Pta do Mel. Me despeço da Dna Rosa e coloco pé-na-areia novamente, mas quem disse q chegaria ate a metade? Amolecido pelas 3 cervejas e de bucho cheio, não consigo andar nem 1km, isso sim! A preguiça fez apenas com q andasse o suficiente na praia ate sair do perímetro "urbano" de Rosado e, as 17:30, subisse por entre o areial e montasse acampamento no meio de algumas casas abandonadas e um punhado de coqueiros. A visao de onde me encontro tb é mto bonita e, a sua maneira, se assemelha ao Saara, c/ caravanas de cabras cruzando os morros em direção ao sertão. O entardecer tb não deixa por menos, c/ o astro-rei caindo atras das dunas q se tingem dos mais variados tons escarlates.

A noite não tardou a cair coalhada de estrelas, mas ate lá eu já havia desfalecido completamente não atentando, principalmente, pro forte vendaval q teve td madrugada. E tal como Dna Rosa havia dito, minha barraca tb se encheu de areia. A diferença é q eu não tinha vassoura p/ varrer a areia. Dane-se. E tornei a dormir, sob o faiscar intermitente do farol, ao longe, da Pta do Mel.

 

PTA DO MEL, CRISTOVÃO, PTA REDONDA E AREIA BRANCA

Acordo bem disposto, tomo um breve desjejum e arrumo minhas coisas p/ zarpar logo na sequencia, as 5:30. Me dirijo à praia, onde dou as costas ao disco rubro q emerge lentamente no oceano, a leste, e tomo rumo contrario, pisando no chão duro e plano da enorme e extensa praia a minha frente. Não demora e alcanço a pta ao final da enseada, q nada mais é q uma enorme falésia avermelhada, q me acompanha durante um bom tempo, à minha esquerda. E as 6:40 termino chegando na Pta do Mel, q recém desperta c/ seus jangadeiros lançando-se ao mar p/ mais um dia de labuta. Visivelmente c/ + infra q a pacata Rosado, o vilarejo tem, alem de ruas de paralelepípedo, mto mais comercio entre seus quiosques e palhoças.

Após descansar 15min à sombra de um toldo improvisado c/ palhas de carnaúba trancada, retomo minha pernada indo de encontro à extensa e interminavel q faixa de areia q domina a próxima enseada, deserta por sinal. Diferente dos dias anteriores, alem de dunas douradas e avermelhadas, uma sequencia de falésias de cor rubra, amarela e alaranjada bordejam boa parte do caminho, ao longe. E lavou eu, andando novamente sozinho, enqto o vento fustiga minhas pernas c/ grãos de areia. Mas subitamente me deparo c/ jovens, senhoras e criancas, espalhados em grupos pela praia, enfiando a mão na areia, como q buscando alguma coisa alguma. Penso q tao coletando conchas, mas não. Estão atrás de um molusco chamado "caioba" q juntam em enormes sacolas p/ ganhar seu sustento. Os olhares não disfarçam quem ta mais curioso e surpreso c/ quem; se sou eu por vê-los aqui sob aquele sol matinal ou eles por me verem c/ um enorme trambolho nas costas.

A chegada à Pta Redonda (ou São Cristóvão) é precedida por uma enorme muralha rubra à minha esquerda. Após me espremer por alguns rochedos e recifes, deixo a praia e tomo um atalho por cima da falésia q me leva direto à vila. O alto do morro é o melhor mirante do dia. Do lado do pitoresco cemitério local cheio de cruzes coloridas, o visual impressiona: num giro de 360 graus temos o deserto, a caatinga e o litoral tupiniquim juntinhos, onde a retidao do mar se funde c/ o ceu azul. As 9hrs alcanço a simplória e rustica vila às margens de uma linda praia, cujos quiosques estão tds fechados, mas exibem varais de secagem de peixe aos montes. Por sorte, consigo q um faca exceção p/ mim em troca de uma boa prosa. Tomando uma boa breja gelada, o dono reclama do movimento zero, do governo q não leva água encanada nem eletricidade, enfim, de uma estrada decente q facilite o acesso ate ali. Me pergunto se é justamente esse o encanto do local.

Continuando a pernada 2hrs depois, prossigo atraves de uma bela enseada de água azul turquesa, ladeada por dunas e coqueiros q lhe conferem um belo contraste de tons. O sol rijo desta vez foi substituído por uma rara nebulosidade clara e um forte mormaço. A enorme praia so não é totalmente deserta pq tem algumas casas e palhoças esparsas, porem sem sinal algum de vida. O final da enseada é marcado uma ponta c/ lajedos e algumas pedras.

Tomando uma estradinha de areia, logo caio na enorme enseada sgte, q por sua vez se caracteriza por uma praia estreita e levemente ingreme, tomada por muitos arbustos. A maré alta inviabiliza caminhar o tempo td pela areia e nos obriga a adentrar muitas vezes nos arbustos e seguir trôpega e cansativamente por estradas de areia paralelas à mesma. Mas qdo o terreno parece nivelar numa praiona plana e larga, retomamos nosso ritmo normal de pernada pela orla.

O calor das 13hrs parece emanar do chão e é quase palpável, mas por sorte chego em Morro Pintado, q nada + é outra enorme praia ao sopé de uma enorme falésia vermelha tomada pelo mato, onde despontam algumas casas escondidas. Felizmente tenho água suficiente e, sentado num tronco na areia à sombra de uma pequena arvore, me dou um descanso e faço um rápido lanche.

Voltando à pernada, continuo decidido costeando aquela interminável enseada durante + 2 longas hrs, em ritmo inalterado. Mas logo as falésias e dunas somem, dando lugar a uma vasta planície de restinga rala q se estende continente adentro. Aos poucos, começam a surgir casas e algum comercio. Estou em Baixa Grande e são apenas 16hrs. Ali, tomando + uma cerveja num dos poucos quiosques abertos, sou informado q p/ chegar ate meu proximo destino, Areia Branca (distante uns 5km), teria de atravessar dois rios fundos e q a probabilidade de não haver barqueiro era enorme.Bem, ai tive q tomar a decisão de encerrar ai minha pernada, pois não desejava surpresas q atrasassem meu cronograma já estourando. Alem do mais, apesar de bonita, me disseram q Areia Branca tava bem muvucada, repleta de turistas, e tive receio de encontrar lugar decente la p/ acampar, caso houvesse necessidade disso.

Sendo assim, após uma boa chuveirada p/ remover o suor e a maresia q deixa a pele grudenta, atravessei Baixa Gde e me lancei ao asfalto q me levaria à BR-110. Antes, porem, me abasteci de água já prevendo ter de acampar a beira da estrada. Contudo, consegui negociar uma lotação q me levou à pacata Areia Branca, maior cidade da Costa do Sal. Incrível como aqui td gira em torno das salineiras, onipresentes durante td o trajeto do "alternativo", justificando o fato das águas mornas everdes daqui terem a 2ª salinidade maior do planeta, perdendo apenas pro Mar Morto. Na sequencia rumamos p/ Mossoró, onde acampei do lado da rodoviária, e esperar ate o dia sgte p/ tomar busao ao meu proximo destino. Mas ai já é outra historia.

 

E essa foi minha jornada pela Costa do Sal, um lugar sob mtos aspectos igual a tantos outros do litoral nordestino. Dunas douradas e falésias avermelhadas se derramam sobre praias de areia branca desertas banhadas pelo mar turquesa, formando um lindo contraste. Onde pescadores em vilas perdidas estendem sua rede na colheita diária do almoço, acompanhados de perto pelas gaivotas. Mas la existe tb a caatinga, cujos galhos ressequidos não se deixam verdejar pela aproximação do oceano, e cuja rudeza agreste parece coroar aquele cenário peculiar já formado. E o melhor é q td isso esta longe de qq muvuca do turismo convencional. Mandacarus, bodes e jegues parecem apenas querer criar uma moldura p/ dar proteção a este pedacinho quase intocado de Brasil. Um pedacinho onde o mar vira sertão e sertão vira mar, neste Brasil de sal e sol.

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