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De Maceió até a Foz do São Francisco... a pé!


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Capítulo 1

 

Sou alagoano, de Maceió e sempre tive um grande vontade de conhecer primeiro meu lugar, antes de desbravar as terras vizinhas, um certo dia na praia, vi alguns turistas comentando sobre umas praias, que tinham visitado e achado maravilhosas, etc. Um deles me perguntou se eu conhecia tal praia, respondi que não, e ele ficou admirado....e eu envergonhado por um gringo conhecer mais minha casa do que eu, foi ai que surgiu a idéia do projeto.

 

Conversei com algumas pessoas sobre a possibilidade de percorrer a pé todo o litoral de Alagoas, muitos acharam q era loucura, sandice, normal, sempre haverá gente pra te desestimular, precisava mesmo era achar as pessoas certas.

 

Lá na faculdade, conversando com uns amigos, conheci o colega Ewerton, que impressionantemente compartilhava do mesmo ideal, dai até sairmos pela praia foi só uma questão de tempo. Quando começamos a nos organizar apareceram alguns "empolgadinhos" dizendo que iriam também, etc e tal, puro fogo de palha, sequer arrumaram a mochila.

 

Arrumamos tudo, aconteceram alguns contratempos, decidimos então começar pelo litoral sul de AL, de Maceió até o Rio São Francisco, na divisa com Sergipe......e no dia 15 de janeiro de 2005 partimos

 

Continua...........

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Capítulo 2

 

Organizamos todo material, Ewerton que é fanático por fotografia, juntou uma grana e comprou uma câmera profissa, nossos recursos eram extremamente limitados, faltavam apenas os filmes que conseguira com um amigo patrocinador da expedição, (o único por sinal) no início estávamos para sair em três pessoas, Eu (Mola)25a, Eweron (Leo)22a e Carlos (Borracha)24a, mas perto do dia combinado, Borracha desistiu, além disso uma forte chuva caiu na cidade, cancelamos a saída, que seria entre o natal e ano novo.

 

Passaram-se alguns dias, eu atolado no trabalho, não conseguia ver uma nova data, então Ewerton me liga dizendo que iria sair sozinho e que eu poderia encontrá-lo mais a frente em algum ponto do litoral, tentei convence-lo em aguardar mais um pouco, mas não consegui, Ewerton saiu sozinho, ficamos muito apreensivos pq sozinho é mais arriscado principalmente nesta primeira parte do trajeto, dentro da cidade existem mais perigos.

 

 

QUA 05/JAN/2005, Km 0. Sozinho o guerreiro deu os primeiros passos da expedição de mais de 120km a pé até o rio São Francisco, saiu de manhã da praia da Avenida no centro de Maceió em direção sul, com sua mochila pesada e o Atlântico como companhia, seguiu como pioneiro, me falou que na sexta me ligaria passando sua posição para que eu pudesse encontrá-lo. Cerca de 2km depois de começar foi abordado por um homem que lhe falou: Ei, você é daqui? -Sim por que? -Cuidado com essa câmera ai, ontem roubaram um cara que estava correndo aqui, levaram tudo. -Ok, obrigado. Naquele momento ele percebeu que estava realmente numa área de risco, ficou muito apreensivo e pensou em desistir, mais havia andado pouco, decidiu seguir, chegou até a praia do Francês, Cerca de 14km do ponto inicial ás 13:30, ligou pra mim e disse: - Cara, eu tentei, mas sozinho é difícil, é muito perigoso, minha mãe também não aprovou, vou parar aqui, depois a gente continua....eu tentei. Disse a ele que poderíamos continuar em outra data, pq essa primeira parte eu tb já havia feito a pé. Continuamos..

 

 

SAB 15/JAN/2005, 06:30hs. Peguei o ônibus coletivo lotado, com minha mochila de 35L, não poderia me atrasar e perder a carona, em fim sairíamos juntos para mais uma etapa da expedição, neste fim de semana venceríamos mais alguns Km do litoral de Alagoas, já estávamos conscientes que não poderíamos completá-la de uma só vez. Cheguei as 7:00hs onde Ewerton e a nossa carona esperavam, fomos com uns surfistas até a praia do Francês num Gol, economizamos a grana da passagem.

 

 

SAB 15/JAN/2005, km 13,2 Na beira da praia, a sensação de desafio era absoluta, os surfistas nos chamaram de loucos, mas não estávamos preocupados com opiniões contrárias estávamos apenas decididos a ir, Ewerton pegou uns materiais que havia deixado na barraca de um amigo e lanchou, eu tb me alimentei, enchemos as garrafas de água, passamos mais um pouco de Bloqueador solar, e após um leve alongamento, colocamos nossas mochilas nas costas e seguimos. Nos primeiros passos, a mochila parecia leve, Joel nos cedeu o GPS dele que foi fundamental ao longo da expedição, ele nos indicava o tempo médio de chegada em nosso primeiro destino: Barra de São Muguel-AL, cidade onde a maioria das casas é de veraneio.

 

 

SAB 15/JAN/2005 Km 18,7. Caminhamos, nos afastamos do Francês, em alguns minutos estávamos sozinhos, só o Oceano como companhia, e a marca de nossos pés que ficava na areia, a maré aos poucos baixava. No mini gravador Ewerton fazia alguns depoimentos sobre as condições da praia e tb tirava muitas fotos, a faixa de areia aumentava com a maré seca, assim ficava mais fácil de andar, ao longe a frente avistávamos casas grandes, do condomínio de luxo Barramar, tb havia alguns pescadores por lá, e alguns quadriciclos barulhentos, somente 4 pessoas na praia e muitos carrões estacionados mais a cima. Passamos por lá sem problemas. Alguns Km a frente "mauricinhos" brincavam de raly no meio das pessoas, subindo e descendo a faixa de areia da maré com 1m de altura, eram 2 jipes Troler novos e fumacentos, provavelmente presente do papai.

 

 

SAB 15/JAN/2005 km 21,6. Chegamos a parte urbanizada da praia da barra de São Miguel, naquele dia de sol muito forte a praia estava particularmente lotada, muitos banhistas e mesas pela areia, que olhavam desconfiadamente para nós com mochilões enormes nas costas, não entendiam o que estavam vendo. Por lá, havia muito lixo, principalmente plástico espalhado pela faixa de areia, paramos em uma barraca, pois nossa água já havia acabado, pedimos a um barraqueiro para completar, e perguntamos a ele sobre a travessia da laguna do Roteiro, um dos principais acidentes geográficos do litoral sul de Alagoas, que estava a 2km a nossa frente. Nos disse que só de barco seria possível atravessa-lá.

 

SAB 15/JAN/2005 . km 23,4. Passamos pela foz do Rio Niquim, ainda na cidade Barra de São Miguel, na maré seca a água chega um pouco abaixo dos joelhos, o sol escaldante não dava trégua, mais a frente uma área de manguezal, o GPS perdeu o sinal sob a vegetação, saímos rapidamente. Encontramos duas mulheres que catavam peixinhos por lá, perguntaram pra onde íamos, respondemos e ficaram surpresas, pedi para que ela tirasse uma foto nossa.

 

SAB 15/JAN/2005 km 24,1 . As margens da lagoa do Roteiro, estudamos a melhor maneira de passar, para a praia do Gunga do outro lado, tentamos uma carona com um Sr. Que estava de lancha parado mais a frente, falamos com ele sem sucesso. Seguimos até o porto e lá ficamos sabendo que o passeio até o Gunga custava 20 reais ida e volta, barganhamos com a dona da escuna, explicamos que não iríamos voltar com o grupo. Depois de muito papo a travessia ficou por 10 reais nós dois.

 

Continua....

 

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Puxa isso aí foi muito legal heim.....

 

Pedi porque achei que você seria capaz mesmo de nos dar essa alegria de forma visual.

 

Quem sabe começa uma nova era.... a era dos mapas!

 

Seu relato está demais!!! Valeu Anderson...

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  • 3 anos depois...
  • Membros

Maus Parabens cara!

eu sou um doido q adora viagens a pé! Como essa q vc fez!

É bom saber que outras pessoas têm o mesmo gosto ...e a mesma vontade de conhecer o "próprio quintal" antes de se propor a desbravar ao mundo! rs

 

Parabens pelo belo relato ... e que venham as proximas caminhadas!

(q, dependendo de onde for, eu até m convido p/ ir tb! rs)

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  • 2 semanas depois...
  • 2 anos depois...
  • 1 mês depois...
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Poxa Ewerton, tbm sou de maceio cara, e esse seu relato me instigou muito a fazer essa caminhada tbm, vou ficar esperando o fim do relato pra colher mais informacoes, esses primeiros km foram muito bons hein, mas se vc aceitar uma dica, inclui datas e horarios durante o percurso, onde acampou, onde conseguiu agua e etc...

abs e parabens...

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  • 1 mês depois...
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CONTINUANDO CAP 3

 

SAB 15/JAN/2005 km 24,1 . As margens da lagoa do Roteiro, estudamos a melhor maneira de passar, para a praia do Gunga do outro lado, tentamos uma carona com um Sr. Que estava de lancha parado mais a frente, falamos com ele sem sucesso. Seguimos até o porto e lá ficamos sabendo que o passeio até o Gunga custava 20 reais ida e volta, barganhamos com a dona da escuna, explicamos que não iríamos voltar com o grupo. Depois de muito papo a travessia ficou por 10 reais nós dois.

 

SAB 15/JAN/2005 km 26. Naquela manhã de sábado a praia do Gunga uma das mais famosas de Alagoas estava razoavelmente cheia, nós no meios dos paulistas branquelos destoávamos de cor de pele, já queimada pela caminhada e nosso sotaque não nos deixava negar nossas origens, afinal, nós estávamos em casa, passeando pelo quintal. Nossa caminhada por entre as barracas e tendas a beira mar foi tranquila e rápida, algumas pessoas olhavam desconfiadamente para aqueles dois malucos com mochilas enormes nas costas e um caminhar constante, em poucos minuto nós saimos de perto da multidão em direção ao horizonte dos coqueirais. Ja passava da hora do almoço e paramos no farol de são Miguel, uma construção metálica a beira-mar mas que não é visível de longe por seu pequeno porte, em sua base fizemos um rápido lanche as 13:45hs o que era para ser nosso almoço, acabou sendo apenas aquele pequeno lanche. Ewerton comentou comigo sobre os carros que víamos as vezes passar na areia da praia, eram pescadores com BUggys que estavam por ali.

 

 

SAB 15/JAN/2005 km 29,5 . Já se aproximava das 15 horas quando avistamos a nossa frente grandes paredões de argila avermelhada, eram as falésias que agora davam lugar a costa coberta por coqueiros, ja não havia mais ninguém e o mar era nossa única companhia a nossa esquerda, e a nossa direita paredões de 15m de altura tocavam as águas do mar e se desmanchavam suavemente com a maré lambendo sua base, tornando o colorido ainda mais bonito, era a praia de Jacarecica do Sul, pouquíssimo conhecida até pelos nativos de Alagoas

 

Foto original da expedição: Praia de Jacarecica do Sul:

Praia de Jacarecica do Sul

 

Continua...

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