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De ônibus pela América do Sul - São Paulo , Argentina, Chile, Peru, Bolívia e norte do Brasil - em 23 dias


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Obrigada ao mochileiros.com

 

Esse é meu primeiro tópico e essas são as primeiras palavras que eu quis escrever, um agradecimento, pois sem os relatos que li por aqui, essa viagem não teria sido possível.

 

Em julho de 2015, eu e meu marido saímos de Santos, litoral sul de São Paulo e seguimos rumo à capital do estado, de onde sairia o ônibus que nos lavaria à Santiago, primeira cidade do nosso roteiro.

 

Estávamos realmente assustados porque nunca havíamos saído do país e não falavámos bem o espanhol.

Embarcamos na rodoviária do Tiête ainda em Sampa às 14h do dia 5, em um ônibus onde ninguém falava português direito. ::essa::::mmm:::dãã2::ãã2::'>

O ônibus era convencional, tinha tv, ar condicionado e banheiro (que era apenas para fazer o n° 1", como enfatizava a placa na porta).

Como compramos a passagem com atecedência, pudemos escolher os lugares da frente, onde deu para esticar as pernas e ter um pouco mais de conforto.

Nosso ônibus dispunha de um "rodomoço", um atendente chamado Juan e a gente não entendia uma só palavra do que ele dizia. Quando ele chegou até nós e soltou: "Basura ?" Eu e meu marido ficamos nos olhando com cara de tontos, sem saber do que se tratava. ::lol4:: até que, na quarta vez que ele nos perguntou isso, entendemos que ele estava perguntando se tínhamos lixo pra jogar fora. afffff

 

Assim seguimos, vendo filmes em espanhol, sem entender uma só palavra. Detalhe: o Juan era meio sanguinário e só curtia filme de morte e violência.

 

E como o nosso país é grande.

Na primeira grande parada, às 5 da manhã do dia seguinte, o frio era tão grande que descemos para tomar um banho, mas não tivemos coragem. Estávamos em alguma cidade do Rio Grande do Sul.

 

Atravessamos a fronteira com a Argentina um tempo depois, por Uruguaiana naquela tarde. Antes, como a temperatura já estava mais agradável, tomamos um banho e depois almoçamos.

 

Eu nunca havia passado por uma imigração antes e não tinha ideia do que fazer, então apenas seguimos a multidão, tanto no lado brasileiro e depois no lado argentino. Foi bem tranquilo.

Passamos 24 atravessando a Argentina, por cidades que eu nunca tinha ouvido falar antes. As paisagens eram de tirar o fôlego.

 

 

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A visão do Aconcágua encheu meus olhos de lágrimas e a cordilheira dos Andes ao fundo emoldurava o percurso.

 

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Rodamos por toda aquela noite, cortando a Argentina.

Na tarde seguinte, antes do esperado, chegamos à Mendoza onde faríamos nossa última parada para o almoço e banho, antes de iniciarmos a subida pelos Andes.

Todos no ônibus concordaram em seguir viagem, sem essa parada, pois assim, chegaríamos à Santiago antes do anoitecer.

 

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Um acidente talvez, atrasou tudo. Ficamos parados por quase 4 horas nos Andes.

A previsão de chegada à Santiago voltou à ser por volta das 8 da noite. :cry:

 

Chegamos na Aduana Argentina/Chile e passamos por uma rigorosa revista de objetos pessoais e malas. Até cachorro cheirou nossas malas. Me senti a Sol da novela "América" tentando entrar nos EUA.

Um casal do nosso ônibus levava peças de roupas para revender , talvez sem declarar, ficou com os pertences retidos, sendo estes contados um à um, o que nos atrasou ainda mais.

Foi triste ver haitianos que viajavam conosco no ônibus serem recusados na aduana, por problemas de documentação e/ou dinheiro e obrigados à se virarem para voltar para sabe Deus, onde.

 

Saí da fila da imigração e tratei e voltar para o lado externo do edifício para ver a neve com mais calma. Era a primeira vez que víamos neve, que a tocávamos. Foi um momento inesquecível.

 

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Meu marido estava bem, mas eu, estava quase morrendo sem ar e um pouco tonta, com os olhos ardendo.

Perguntei à um "Carabinero" (policial chileno, muito simpático por sinal) à que altura estávamos.

3.000 m foi sua resposta. Nossa, eu estava sentindo os primeiros efeitos da altitude no meu corpo. Fiquei peocupada, pois, eu iria enfrentar altitudes bem maiores ainda.

 

Voltamos para o ônibus e seguimos viagem. O hino Chileno começou à tocar e foi emocianate ver o patriotismo dos presentes. Todos cantavam e faziam festa, orgulhosos e felizes por retornarem ao seu país.

 

Descemos a temida estrada Los Caracoles, com neve acumulada no acostamento e sem nenhum "guard rail" que nos separasse do abismo lá embaixo. Curvas fechadíssimas de 45° ou menos. Foi um dos momentos mais assustadores da minha vida.

 

Chegamos à Santiago bem tarde da noite, quase 22h do dia 7.

 

Não tínhamos idéia de como chegar ao apartamento que tínhamos alugado pela internet e acabamos conhecendo na rodoviária, um senhor e sua esposa que nos ajudaram. Fomos todos de metrô, sem conseguir nos comunicar direito e eles fizeram a gentileza de desviar do caminho deles e nos deixar quase na porta do nosso apartamento. Fomos ouvindo histórias sobre Santiago, sobre a ditadura chilena e descobrimos que aquele senhor era um ex- prisioneiro da ditadura, preso por defender o fim desse regime político.

 

Chegamos ao nosso apartamento e como vimos o movimento das ruas do centro, comércios abertos, nos sentimos seguros e fomos bater perna. Fizemos compras em um mercadinho com nosso espanhol ridículo e comemos a melhor pizza de nossas vidas no Papa Jonh's.

 

Dormimos em seguida, pois nosso dia seguinte seria de muita bateção de perna.

 

::otemo::::otemo::::otemo::::otemo::::otemo::

 

Espero que esse relato inspire outros à fazerem o mesmo, assim como outros relatos escritos aqui no site me inspiraram. Obrigada por lerem.

Outros relatos meus ainda virão.

 

http://www.2demochila.blogspot.com

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  • 2 semanas depois...
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Show! No final de julho vou até o Rio Branco - Acre, atravessar a fronteira pro Peru e fazer o caminho de volta de ônibus. Gostei do relato e também da sua escrita, com certeza vou acompanhar!

 

Obrigado por compartilhar a experiência! :D

 

Obrigada por acompanhar, Pedro. ::otemo:::D

É um trajeto incrível, cheio de surpresas incríveis. Valeu muito à pena. Vá com certeza.

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Rumo ao Atacama

 

Passamos 4 dias incríveis em Santiago. Visitamos museus, batemos perna no centro e fomos às estações de esqui.

De ônibus, fomos por conta própria à vinícula Undurraga e também à Viña del Mar e Valparaíso (onde fizemos um free walking tour incrível por lá).

 

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Nós na Vinícola Undurraga.

 

 

 

 

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Free walking tour em Valparaíso. Você dá gorjetas à guia _vestida igual ao personagem de "Onde está Wally"_ se você achar que o tour valeu à pena. E vale.

 

 

 

 

 

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Infelizmente acho que ficamos pouco tempo na Capital chilena. Precisávamos de no mínimo mais um dia lá (no mínimo). Deixamos de ver muitas coisas legais, como os cerros, o museu dos direitos humanos, os parques e etc... RESUMINDO: VAMOS TER QUE VOLTAR.

 

 

Bem, como o hostel no Atacama já estava reservado, não deu para prolongarmos nossa estadia.

Com muita dor no coração, na manhã do dia 12 de Julho, deixamos Santiago.

 

Fizemos o check out e nos dirigimos ao terminal rodoviário. Nosso ônibus sairia às 13h45 daquela tarde.

 

Encontrar esse ônibus, alguns dias antes, foi uma comédia. A TurBus _empresa mais que conhecida no Chile_ era a única que chegava efetivamente até a cidade de San Pedro, porém, era também a mais cara.

Saímos então, de guichê em guichê, nos informando sobre as demais empresas, o trajeto que elas faziam, os serviços do ônibus, etc.. Naquele portunhol que só Jesus entende.

 

Acabou que escolhemos uma empresa boa e barata, porém que só nos levaria até a cidade de Calama, distante 1h30 de San Pedro. De lá, teríamos que nos virar. Massss, lendo na internet afora, disseram que haviam vários ônibus, de várias empresas que realizavam o pequeno trajeto entre as duas cidades. Ia ser fácil.

 

O ônibus que saiu de Santiago era muito confortável, servia jantar (uma delícia por sinal) e café da manhã, e às 13h45 embarcamos.

A vigem demorou 24 horas.

 

 

 

As paisagens eram lindas e foi assustador ver tudo mudar de repente. Das folhas alaranjadas, passamos para o nada do deserto.

E essa paisagem nos acompanharia até muito depois da fronteira com o Perú.

 

 

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Fizemos algumas paradas noturnas.

Passamos por cidades que eu nunca ouvira falar antes e algumas conhecidas de não sei onde, como Copiapó, La Serena... (os nomes não me eram estranhos de jeito nenhum)

O frio era intenso.

 

O oceano Pacífico nos acompanhava sempre à esquerda, e vez ou outra surgia, deslumbrante, apesar da paisagem desértica.

 

 

No geral, a viagem foi muito tranquila. Apenas um incidente de madrugada: o pneu do ônibus furou e ficamos um tempo parados na estrada.

 

Na manhã seguinte chegamos à Antofagasta. A cidade me surpreendeu. Não esperava ver prédios residenciais, comerciais, um porto enorme, bem no meio do deserto.

Um grupo de adolescentes brasileiros subiu no nosso ônibus. O destino deles era o mesmo que o nosso: San Pedro.

 

Antofagasta-660x350.jpg Imagem tirada do Google

 

 

Na mesma tarde chegamos em Calama.

Uma cidade movimentada, com fama de violenta. Apesar de que eu não vi nada que eu não veja todo dia em uma cidade brasileira.

 

A empresa que nos levou tinha um tipo de loja/guichê. Um prédio só dela. Em Calama, não tinha um terminal rodoviário como conhecemos aqui, com todas as empresas de ônibus concentradas em um só lugar, aliás, cada empresa de ônibus ficava espalhada em um local difirente da cidade. Terrível.

 

A gente experimentou isso quando, ao desembarcar, descobrimos que a mesma empresa de ônibus que nos trouxe até Calama, até tinha uma linha que ia de Calama à San Pedro, porém, dalí à 5 horas e 30 minutos.

 

Espertos, decidimos não esperar e saímos rodando feito baratas tontas à procura de outras empresas que fizessem o trajeto. Todas estavam com horários lotados.

E a gente lá, de um lado para o outro com nossas mochilas cargueiras nas costas procurando um jeito de sair da cidade, sob o sol do deserto. Affffffff

 

 

Pior: depois de mais de uma hora rodando sem resultados, acabamos voltando de onde viemos e compramos a tal passagem no horário super tarde.

 

Quando chegamos à San Pedro já ia escurecer. Estávamos famintos e cansados.

 

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Passamos uma noite deliciosa, com a amena temperatura de -3° em um quarto sem aquecimento. Foi osso

 

::ahhhh::::Cold::::ahhhh::::Cold::::ahhhh::::Cold::::ahhhh::

 

http://2demochila.blogspot.com/

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Muito bom relato Michelle! Poderia me informar quanto ce pagou nas passagens SP a Santiago e de Santiago a calama? Em setembro vou rodar a América do Sul de ônibus em três meses! Haha

 

 

Olá Jardel. Obrigada por ler ::otemo:::D e ótima viagem para você em Setembro. Que ótimo tempo que você vai ter. Vai conseguir conhecer tudo com calma.

 

Fui com a Chilebus, e em julho do ano passado, a passagem custou R$ 400,00 por pessoa, em ônibus convencional (único tipo de ônibus que a empresa dispunha na época).

 

Infelizmente não tenho certeza do valor que paguei para sair de Santiago à Calama. Vou procurar certinho nas minhas bagunças hoje à noite (guardei muitos papéis da viagem) e coloco aqui assim que achar, ok?

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  • Colaboradores

Olá!!

 

Em maio to pretendendo sair de Santiago para San Pedro.

Inicialmente, pensei em ir por Mendoza-Salta-San Pedro, mas com esse real super desvalorizado, ainda estou pensando direitinho...

 

Se conseguir achar o valor da passagem de Santiago pra Calama, bota o valor aqui, por favor.

 

 

Obrigada!!

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