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De Visconde de Mauá (RJ) até Itamonte (MG)... a pé!


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MAUÁ-ITAMONTE: TRAVESSIA INVERNAL NA MANTIQUEIRA

Pra um pais celebrado por suas paisagens tropicais, maio/julho sempre foi sinônimo de montanha. Proximo de sampa há a extensa Serra da Mantiqueira, q alem de refugio invernal oferece um sem-numero de opções de caminhadas de todo tipo. Uma delas é a Mauá/Itamonte, q atravessa em 3 dias moderados parte desta enorme serra, contorna o + antigo pq nacional do pais (Itaitaia) e proporciona visuais belíssimos de montanhas, vales e é agraciada c/ muitas nascentes de agua cristalina.

 

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Nos reunimos quinta na rodô de Resende nos + diversos horários, cada um prevendo o q melhor lhe conviesse. Particularmente, preferia estar aqui + cedo tendo em vista as recentes fortes chuvas q por pouco não põem o feriado “água abaixo”. Por conta do transito e de trampo alguns confirmados não puderam tomar o busao de ultima hora. Assim, eu, Silvana e Edu chegamos aqui as 1:30 da madru e nos acomodamos de alguma maneira nos bancos da enorme rodoviária. Sono q é bom nada, pois ficamos papeando um tempão, enquanto víamos o entra-e-sai de passageiros dos busoes fazendo escala, entre eles a Thayza, q ia c/ uma galera fazer a Peterê.

Tratamos de ficar visíveis p/ galera q logo chegaria; tinha receio deles esquecerem de desembarcar e fossem dar em Volta Redonda. Temores infundados, 4 da madru chegam Bob, Paula e Emilia Takahashi, todos de cara amassada. Não demorou e logo apareceram os santistas Nelson e Sandra, a mulher-sorriso. Agora não havia opcao senão aguardar amanhecer p/ esperar o bus local p/ Maromba, as 7:30hrs. Fomos tomar café no restaurante p/ afastar o sono, q caiu com td sobre a Paula e a Emilia: a primeira estendeu o isolante no chão e apagou; a segunda aninhou-se espertamente no “quarto de bolinhas” do playground infantil dali.

Já amanhecia e o nevoeiro lentamente se dispersava c/ promessas de céu azul, embora ainda fizesse frio. 8hrs e nada de busao. Informações desencontradas do próprio povo dali davam conta q naquele dia so partiria 10:30, pois a Tupi reduzira em 50% seus horarios!! Plano B, lógico. Havia um tiozinho c/ Kombi e foi ela mesma q lotamos a precinho camarada, e la fomos nós c/ o Itamar, um jovem q conhecemos na rodoviária.

 

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O cansaço e noite mal-dormida fez c/ q a galera “pescasse” todo trajeto. Eu dei conta por mim ao bater fortemente a cachola na janela direita, apenas p/ contatar q já estávamos no topo da serra, bem longe da Dutra. O tiozinho pisou fundo, e p/ nossa alegria a estrada de terra tava ate muito boa. Ao chegar nos 1400m e começar a descer p/ outro lado da serra é q se constata a beleza da Mantiqueira e parte do Vale do Paraiba: sol matinal deslizando pelas encostas montanhosas, um tapete verde repleto de araucarias e vales encaixotados ao sopé de morros de perder a vista!

Passamos p/ Visconde de Mauá e, sinuosamente, por Maringá, apenas p/ constatar q lentamente a modernidade vai se apossando destes refúgios invernais, bem + rústicos a uns 10 anos atrás. Qdo se fala em Mauá se fala dos 3 vilarejos q a compõem, Maringá e Maromba. Finalmente, 9km após Mauá serpenteando o vale ao lado do onipresente Rio Preto, chegamos em Maromba antes das 10hr, onde encontramos o Ronald, q nos aguardava na frente da igrejinha. Arrumamos um quartinho simples por 15 pilas e o resto foi só alegria.

Maromba tava ate bem vazia p/ ser feriado. Certamente as chuvas inibiram os cariocas, q batem cartão lá. Diferente dos outros vilarejos, Maromba ainda preserva o ar bicho-grilo-rustico q lhe fez fama. Foram os hippies (nos anos 70) q estacionaram aqui, convivendo lado a lado com tradicionais famílias mineiras e alemãs, primeiros colonos da regiao. Estabelecimentos como “Bazar Esotérico”,”Pousada Terra da Luz”, “Pizzaria do Buda” , “Brechó Zen” são comuns..Mas o q pega mesmo aqu é a fartura de água por td lado e, conseqüentemente, de cachoeiras e poços q faz a alegria dos turistas. Santa Clara, Alcantilado, Véu da Noiva, etc.. E é pra uma dessa q vamos, lógico.

 

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Do largo do Maromba vamos pela estradinha q sobe suavemente a serra, acompanhados pelo Rio Preto à direita, q desce a montanha formando uma sucessão de poços e cachoeiras. Deixando o entorno de pousadas, campings, lojinhas de souvenires, artesanias e bijus (q são a alegria das meninas) chega-se num trecho, digamos, “mais rural”. 3km depois estamos no Poção de Maromba, onde uma enorme pedra serve de trampolim p/ poucos doidos q pulam na fria água. Não tivesse nublado quem sabe me animasse como outrora, mas sem chance meeesmo! Pausa p/ clicks, claro!

Continuando ate o final da estrada chega-se na atração principal da vila, a Cachoeira do Escorrega, um tobogazao lapidado na pedra q desemboca num poção. Alguns malucos se aventuravam a escorregar ali, p/ alegria dos turistas. Loucos como o Edu, p/ variar. Tô fora.. Mas como toda caminhada merece uma pausa p/ repôr as energias, estacionamos nas mesinhas do Bar do Escorrega onde mandamos ver muita breja gelada, pinga c/ mel e algum caldinho de feijão. Ficamos encucados com vários petiscos q o cardápio oferecia, principalmente uma tal lingüiça de truta (!?) Q dureza..

Depois de td esse “esforço”, retornamos p/ Maromba c/ fome, quase 16hrs. Estacionamos num restaurante p/ degustar um pf de truta tradicional da região. Eu, particularmnte, tava + é com sono e dor-de-cabeça (misturar pinga e breja dá nisso, esperteza!) e fui descansar no quartinho. Uma hora depois, quase td mundo tava mimindo no quarto tb..

 

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Levantamos as 20hrs p/ dar um rolê na night marombense. Tava frio e garoava um pouco. Não havia o tradicional movimento nas ruas, com a penca de barraquinhas de artesanatos uma do lado da outra, parecia q o povo tava mesmo é concentrado nos bares e botecos. Mais uma voltinha pelas lojinhas, agora coloridamente iluminadas c/ lustres artesanais de td tipo. Mais uma pausa no restaurante p/ encher c/ pinga c/ mel ou beliscar algo. Na sequencia estacionamos no barzinho + animado dali, com direito a pebolim, + cerveja e pinga c/ mel no bambu, ao som que misturava curiosamente forró, mpb e poperô.. Poxa, dessa maneira a gente quase manda a travessia pro espaço e fica por ali mesmo!! Porem, cientes de nosso dever trilheiro deixamos o barzinho as 3 da madru (!?) p/ descansar e levantar bem-dispostos p/ travessia..ou ao menos tentar.

FINALMENTE, TRAVESSIA!!!

Levantamos preguiçosamente por volta das 7hrs com o sol forte la fora prometendo um dia daqueles. Teve ainda aqueles q foram tomar seu ultimo banho decente, tipo a Emilia e seu enorme shampoozao! O café da matina foi no quarto mesmo, onde apenas percebi q o refil do fogareiro recém-acabara. Felizmente Sandra e Paula gentilmente me cederam o delas p/ preparar meus rangos. Últimos preparativos, arrumações e pronto. Inicio da pernada pontualmente 8:30hrs.

Lentamente (e relutantemente tb) deixamos Maromba atrás, seguindo estradinha acima (oeste), sentido a Cachoeira do Escorrega. Primeira bifurcação, à direita. Adiante, nova bifurcação. Toma-se à direita, pois a da esquerda leva ao Escorrega. Cruzamos uma rústica ponte sobre o córrego do Maromba em meio a densa mata, composta de quaresmeiras. Nova bifurcação, onde ignoramos a rampa à esquerda e entramos à direita, num portão (Cabanas da Fazenda), onde a estradinha de terra vai lentamente se estreitando em meio à agradável sombra de pinheiros e eucaliptos.

Não andamos muito e já vemos 2 casinhas à esquerda. Seguimos adiante, erroneamente. Voltamos novamente ate antes das duas casinhas, saimos da estrada e adentramos num curral após um pomar e belo gramado, a esquerda. No final do curral lamacento é q de fato comeca a trilha, uma picada q vai subindo em ziguezague toda aquela encosta morro acima. À esta altura já temos a companhia de 3 cachorros da região (2 vira-latas e um belo lavrador), q com muito esforço temos q afastar. Um deles, porem, continua a nos acompanhar discretamente de longe, ate q finalmente acaba se integrando à trupe. Recebe, convenientemente, o nome de Maromba.

 

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A trilha sobe íngreme entre araucárias e algum pasto, mas logo em seguida a vegetação baixa p/ arbustos e samabaias, sempre ziguezagueando. A trilha é bem nítida, não tem erro pq é mto usada pelo pessoal da região. Num trecho há ate uma bica, q abastece os cantis incompletos. Mais acima, um pouco de vegetação maior nos provê de sombra fresca p/ aquela manha azul e ensolarada.

Alcançado o topo, 1hrs depois, é so seguir pela crista acima, à esquerda (oeste), acompanhando a cerca rumo ao paredão rochoso maior da Serra Negra. Estamos a quase 300m acima de Maromba,q não observamos devido a morros obstruindo sua visão, mas podemos ver Mauá e Maringá, a sudeste ao sopé das verdes montanhas. O trilho aqui segue pela crista em aclive suave, alternando terrenos erodido c/ areia fina, enfim, uma passarela de samambaias onde um cavalo branco quase nos atropela em sentido oposto. Segue-se nesse ritmo um bom tempo ate alcancar quase 1400m de altitude, de acordo c/ o super relogio-altimetro-bussola-canivete-etc do Ronald!! São 10:30.

Após alguns trechos de florestas c/ boa sombra, bordejando enormes cupinzeiros e muita mata ciliar, o trilho pela crista torna-se novamente íngreme, vários sulcos e carreiros erodidos se embaralham em meio a arbustos e mata rala, mas todos acabam se encontrando la em cima. Finalmente, quase meio-dia, alcançamos o q julgamos ser o topo, um amplo e vasto gramadao num local aberto, onde a mata rala se mistura com algumas bromélias. A vista se abre consideravelmente nos permitindo vislumbrar o paredão rochoso da Serra Negra, a esquerda, e montanhas forradas de verde ao fundo do Vale do Paraíba. Pausa p/ descanso, lanche e clicks! O sol tava pegando e o Maromba não perdia tempo em se aninhar na sombrinha dos arbustos, disputada a tapa por todos. O relógio do Ronald contabilizava 800m de desnível ate ali.

 

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Pé na trilha e em pouco tempo estamos de fato no topo, um amplo platozao descampado q se estende p/ oeste forrado de capim e alguns focos de florestas dispersos, com altas vistas da Serra do Papagaio, ao norte. Este trecho é bem tranqüilo, sem maior esforço pois o aclive é quase imperceptível e o trilho é bem nítido. Bom p/ Sandra q me cobrava a toda hora qdo é q trilha suavizaria.

Lentamente vamos contornando a encosta da montanha a nossa esquerda, deixando as cristas da Mantiqueira p/ trás. E um novo vale se abre diante nos. É o Vale do Aiuruoca, com o rio homônimo serpenteando o fundo do vale, ao pé de imponentes montanhas q o acompanham de sul a norte, q identificamos como o planalto de Itatiaia (c/ o Alsene, minúsculo pto branco ao sul), a Serra da Vargem Grande, Serra da Cachoeira e Serra das Costas..Uma paisagem q realmente impressiona. Agora o caminho desce suavemente pelo ombro da montanha onde estamos p/ noroeste. Dizem q aqui há uma bica, porem não achamos a dita cuja, ou tomamos o sulco errado, sei la.. Mas a medida q fomos perdendo altitude, passamos do lado de uma cerca (e um pequeno casebre fechado), no qual nos abastecemos da cx dagua local, q despejava do alto seu precioso liquido q alem de encher nossos cantis, molhou nossas cabeças suadas diante do calor daquela tarde ensolarada.

Continuando a descida, chegamos num foco de floresta onde a trilha trifurcava, onde a opção da direita, + batida, descia p/ norte. As demais, aparentemente + fechadas, sera q dariam p/ sudoeste ou oeste? Não sei, tomamos a mais obvia e batida, sem muito pestanejar, e la fomos nos, perdendo um tantao de altura em acentuados ziguezagues, já ouvindo barulho la de baixo e avistando uma casinha do lado de uma estradinha.

 

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Após descida acentuada, e um desnível de quase 300m, chegamos no q devia ser o quintal da casinha avistada, num gramado bem simpático e um pequeno córrego abastecendo os cochos ao redor. É a casa do seu Anísio e a casa/pousada dos filhos dele. Bob já conehcia o dito cujo de outra ocasião, motivo pelo qual o simpático senhor fez o possível p/ nos segurar. Dna Rosa, sua mulher, conseguiu um pouco isso c/ seu delicioso cafezinho e alguns quitutes saídos do seu forno a lenha. Eram 15hrs e demos um tempinho de descanso diante de tanta hospitalidade. O convite de pernoite p/ ouvir os causos de Seu Anísio era muito tentador, porem ainda havia luz suficiente p/ adiantarmos pernada ate atingirmos o rio propriamente dito. O Maromba, por sua vez aprontou das dele: quase levou um pau de uma galinha pq havia pego (e morto) um de seus pintinhos, q logo em seguida outro cachorro pegou da boca dele. Q feio..

A pernada segue pela estradinha de terra, q desce suavemente pelas encostas montanhosas p/ noroeste. Há muitos pequenos platozinhos ideais p/ pernoite, mas a idéia é ficar do lado do rio, no fundo do vale, cujas águas são audíveis do alto . Algumas pequenas casinhas e fazendinhas são transpostas atraves de porteiras, onde o Maromba se divertia atazanando as vaquinhas. O sol vai lentamente esparramando seus últimos raios pelas montanhas qdo chegamos ao Rio Aiuruoca, deixando o vale razoavelmente escuro antes mesmo de anoitecer. Antes da rústica ponte, o convidativo gramado de um campinho de futebol sera nosso camping improvisado daquele dia cansativo.

Armadas as barracas 16:15, alguns arriscam um banho nas águas geladas (gelada mesmo!) do Aiuruoca. Vendo a Paula, Emilia e Edu e Silvana entrarem nas águas ate me animou, mas a idéia foi pro espaço assim q meu pezinho tocou o gelo q o rio tava. Nelson e Sandra tb desistiram. Sem chance, desta vez baixo meu chapéu as meninas, q saíram de lá c/ o queixo batendo.. A claridade enfim se foi e a temperatura caiu rapidamente ao cair da noite. Aquele vale era um gelo só! Preparamos nossa janta no quiosque do campinho, q veio a calhar como cozinha. La fizemos nosso miojao básico, sopa de legumes, lingüiça c/ arroz, etc.. O Maromba, educado q ele só, fazia aquela cara de coitado e sempre ganhava alguma coisa p/ petiscar. Bob foi o barman da noite e trouxe um bom vinho tinto q a galera detonou rapidinho.

 

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Terminado o rango, papeamos + um pouco, ouvindo a Sandra contar as peripécias de sua filha, outra figura onipresente na trip. Mas o frio daquele vale umido nos intimou a recolher antes das 20:30hrs. Fui deitar apenas p/ constatar q tava com dor de garganta e engolir tava um martírio só.. A noite, salpicada de estrelas, foi agraciada c/ uma bela meia-lua q prateou tanto o campo como as montanhas ao redor. De madruga acordei varias vezes; a temperatura despencara + e tive q ensacar meus pés p/ suportar a friaca.

Acordei la pelas 6:30 – e melhor da garganta – ao som das estridentes maritacas nas arvores próximas. Tava frio e aguardei o sol estender seus aconchegantes raios sobre o vale. O Maromba mal me viu q veio todo contente querendo brincar; ele dormira aninhado no capimzao ao lado do quiosque. A bermuda q o Edu deixara fora da barraca comprovou q geara à noite; tava congelada e + parecia uma placa de alumínio de tão dura e branca q ficou! Aos poucos a galera foi acordando e, preguiçosamente, deixando seu aconchegante saco dde dormir.

Qdo o sol alcançou o campinho começou a disputa por seus raios, inclusive o Maromba, enquanto o orvalho evaporava do sobreteto das barracas. Tomamos um farto café no quiosque e cada um contou sua expereincia noturna; parece q não fui o único q passara frio. De repente, vimos um cara se aproximar do campo. “Puts, vao nos expulsar ou cobrar algo”, pensei. Q nada, o cara apenas vinha nos dar um toque q ali não podia acampar, pensando q permaneceríamos ali + tempo. Expliquei q já estávamos de partida e td ficou bem. Aproveitei e peguei dicas p/ percurso daquele dia.

 

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Iniciamos a pernada por volta das 9:30 c/ promessa de + um dia lindo, atravessamos a ponte de madeira e tomamos a estradinha de terra q acompanha o Aiuruoca, p/ direita. Não andamos nem 200m e deixamos da estrada, tomando uma picadinha galgava as ingremes montanhas à esquerda.

Bravamente, fomos ganhando altitude atraves de sulcos erodidos, ziguezagueando as encostas da Serra da Vargem Grande. Poderíamos ter simplesmente seguido pela estradinha de terra, mas ai seria enfadonho demais. Na verdade era + interessante ir por cima da serra e depois, do outro lado, ir de encontro com a estradinha, q contornava a serra. Enfim, um atalho. Na subida, algumas casinhas dispersas na mata ciliar, onde cruzamos c/ Seu Francisco, q descia transportando leite fresco. Ainda bem q o Maromba não cismou c/ o cavalo dele. Após atravessar um túnel-canavial e + uma casinha, onde colhemos infos – parece q éramos o assunto da região, pq td mundo sabia q havíamos pernoitado no campinho! – iniciava agora a subida derradeira q so de olhar desanimava: inúmeros ziguezagues numa piramba íngreme na encosta desnuda da montanha! Um pequeno córrego encheu os cantis e nos refrescou antes do martírio e la fomos nos, subindo lentamente c/ varias paradas p/ repor o fôlego durante td trajeto. Claro q aqui já tava td mundo disperso, cada um seguindo seu ritmo, mas de cima eram todos visiveis.

Alcançamos o alto da serra 11hrs, onde descansamos merecidamente alem de apreciar a paisagem maravilhosa do Vale do Aiuruoca, Serra Negra e Itatiaia visto de outro lado, assim como as montanhas q descêramos o dia anterior! Um local em si bem cênico merecedor de vários clicks! O destaque ficou por conta de Bob, q discursou sobre as msgs subliminares do Malboro. Agora a trilha toca pela crista da serra pro oeste, passa pro outro lado na encosta, em meio a muita samambaia, focos de mata, araucárias e muito gramado forrado de pinhao. Deixamos o Vale do Aiuruoca atrás p/ adentrarmos agora no Vale de Vargem Grande, cuja descida não consome nem 40min, em declive suave pela encosta.

 

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Após uma porteira, chega-se na estradinha (a mesma do inicio do dia, so q beeem adiante) e vamos p/ esquerd, já com sinais de casas, algumas pousadinhas c/ jardins decorados c/ vistosas hortensias e gente passeando de cavalo. Meio-dia já nos encontramos no arraial de Vargem Grande, um punhado de casas c/ alguma infra ao largo da estradinha. Por sorte, uma das casas era a Pousada dos Lírios, q dispunha bebidas e petiscos. Claro q aqui foi nosso pit-stop! Descansamos, tomamos cerveja, lanchamos e mandamos ver uma deliciosa porção de lingüiça c/ cebola, q o Maromba não tirou os zóio. É ou não é uma trilha de conforto?? Tanto é q muito ficaram tentados a ficar ai... Mas td q é bom dura pouco e ainda tínhamos serra p/ subir, a Serra da Colina, a nossa frente, do outro lado do vale. Claro, enchemos todos os cantis pq boa água so no dia sgte.

13:30 e pé na estrada novamente. Passamos uma Igreja (Congregação Crista) e um laticínio (SerraNegra) Na ultima casa, sai da estrada pela direita e toma um trilho q acompanha a cerca, p/ norte. Trilho bem batido e largo. Logo acompanhamos outra cerca (a nossa esquerda). No fim desta, saimos da trilha principal (q dá num belo descampado de araucárias) e tocamos p/ esquerda, acompanhando a cerca de arame, q desce um pequeno vale. Atraves de mata baixa e arbustiva, chegamos no fundo, onde o Ribeirao Vargem Grande é transposto c/ muito equilíbrio por cima de um tronco tremulo. Agora não tem + erro, é so seguir trilha acima, ora alternando pirambas íngremes ora suaves, mas sempre sob a sombra refrescante de arbustos, samambaias e arvores baixas. Logo a mata torna-se mais fechada e úmida, mas a trilha é nítida. O Maromba, todo alegre, é quem sempre faz o reconhecimento do terreno, sai disparado na frente e se enfia nas encostas de mata fechada, emergindo do nada, as vezes. Pelo jeito ele tb tava curtindo a trip.

Pontualmente 15:20 alcancamos a crista aberta da Serra da Colina. Estamos a 1890m de atitude e Vargem Gde agora é um amontoado de casinhas, 400m abaixo, a sudeste. Agora é so andar pela crista novamente, pro norte, ainda em aclive imperceptível. Do lado esquerdo temos uma ampla vista do verdejante Vale do Rio Jiroca e à direita ainda o Vale do Aiuruoca, ao longe. Logo a crista torna-se mais ampla, quase um platozao de capim e, mais ao norte, divide-se em duas: p/ nordeste seguiríamos pela crista da Serra da Cachoeira; mas é p/ noroeste q nossa trilha vai, ainda na crista da Serra da Colina. A subida continua suave e agradavel, desta vez c/ o sol na nossa cara, ate chegarmos – ora pela crista ora pela encosta de pasto ralo - na altura máxima da trip, quase 2050m.

 

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O sol cai rapidamente e meu olho clinico já perscruta algum local decente p/ pernoite. Enquanto a galera descansa num gramado da encosta, saio em busca de um local mais interesante p/ acampar. Achei. Continuando pela trilha, contornamos um foco de mata pela esquerda, atravessamos uma rústica porteira e tamo novamente na crista, quase no final da Serra da Colina, as 17hrs. O visu é panorâmico; a sudoeste a Pedra do Picu lembra uma barbatana de tubarão num mar verde; mais ao longe, a silhueta da Serra Fina; ao norte a cadeia da Serra do Manguara e Serra dos Costas não deixa tb por menos.

Cansados, montamos as barracas ao largo da crista em lugares planos, enquanto o crepúsculo cênico é acompanhado por uma brusca queda de temperatura, onde algumas nuvens ameaçam encobrir td de vez. No inicio da noite nos reunimos p/ jantar, menos Edu e Silvana, q não arredam pé da barraca. Após uma janta suculenta – racionando nossa água - p/ suportar o frio q fazia q era intensificado pelo vento, nosso barman coletou barras de chocolate da galera, derreteu e - num processo alquímico-etilico - transformou num delicioso “Choconhaque” q todo mundo mandou ver, sem dó! Ate o Maromba teve fartura aquela noite: a Emilia preparou um miojao caprichado especialmente p/ ele; depois soubemos q o Edu tb fez o mesmo.

O papão tava muito bom mas o frio não permitiu maiores delongas. Hora de mimir as 20hrs! O céu tava estreladissimo e o faiscar tremulo das luzes de Itamonte, a noroeste, era sinal q nossa trip tava próxima do fim. Começou a ventar forte, afinal aquele cume era totalmente aberto. Ate cogitei colocar o Maromba na barraca, mas ao vê-lo se coçando varias vezes desisti da idéia. Depois ele se aninhou confortavelmente encostado na barraca do Edu. De madruga fez menos frio q a noite anterior, mas ventou muito; eu já via minha barraca voando e tinha horas em q a parede lateral encostava no meu rosto! Em compensação,a mesma lua iluminou maravilhosamente as montanhas ao redor.

 

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Levantamos ao raiar da alvorada, depois das 6hrs. A paisagem ao redor ganhava novos tons c/ a luz matinal, e um tapete de nuvens lentamente se dissipava sobre Itamonte. Tomamos nosso café, arrumamos nossas coisas e pé na trilha, ou final quase 8:30. Erroneamente, voltamos ate antes da ultima porteira adentrando numa trilha em meio a mata, q julguei q descesse a serra. Q nada, ela subia pros outros morros. De onde acampáramos é só seguir ate o final da crista (oeste) e depois ir descendo gradativamente pela encosta. Logo a trilha é novamente identificada, descendo por um ombro de serra com pasto ralo e arbustos, pro norte. Daqui Itamonte é bem visível, assim como Manguara, um arraial antes dela.

Agora descemos em acentuados ziguezagues enquanto a vegetação aumenta de porte consideravelmente, e o trilho, inicialmente pedregoso, torna-se um sabão só de tão erodido e escorregadio q tava. Aos poucos, sons familiares de latidos, água e ate vozes indicam q estamos no final mesmo da trilha. Assim, antes das 10hrs, chegamos no final da picada, vale abaixo, num pequeno curral aparentemente abandonado, onde descansamos, beliscamos alguma coisa e enchemos os cantis.

Acabou a trilha mas não a trip. Agora era so tocar pela estrada de terra q partia dali, sabe-se la p/ onde. E la fomos nos, bordejando interminavelmente morros com o forte sol nos miolos, enfim, um trecho cansativo e sem-graca, mesmo q em suave declive. Sítios e pequenas fazendas se sucedem, enfim, civilização. Perguntando, descobrimos q ainda tínhamos quase 13km ate Itamonte, um trecho q decididamente nao faríamos a pé. Q o digam Nelson e Sandra. Ao chegar numa bifurcação (onde havia uma Igreja, devia ser o bairro rural da Conquista ou Bento José) perguntamos por seu Ico, um cara q teria uma Kombi e c/ quem negociamos nosso retorno por um precinho de mãe. Beleza. Eram12:30. As cenas q se seguiram são dignas de qq matinê melosa de Sessão da Tarde: a despedida do Maromba, q não parava de latir e chorar ao nos ver entrar no veiculo. Comoção e choradeira total foi ver o bicho correr atrás da Kombi boa parte do caminho, ate q finalmente ficou atrás, exausto. Seu Ico garantiu q logo o bichim adota outra família ou simplesmente volta p/ Maromba.

 

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Ao invés de Itamonte saltamos em Itanhandu, onde teríamos + chances de busao p/ sampa. Eram 13:30 e não haviam vagas. O jeito foi aguardar busao p/ Cruzeiro enquanto víamos alguns Itanhundenses se preparando p/ algum rodeio, trajados curiosamente a caráter. Silvana e Edu, fazendo jus a fama de anti-sociais (rs), se separam da gente dizendo q vão visitar “um amigo” e logo voltam. Não os vimos mais. As 15hrs fomos p/ Cruzeiro, onde felizmente havia vaga p/ sampa. Comemoramos c/ varias brejas na espelunca-lanchonete da rodoviária ate o embarque, exatas 17hrs. O resto da viagem foi feita no estado onírico avançado, apenas dando conta da gente ao chegar no Tietê, as 20hrs. Despedida aqui.. despedida acolá, qual minha surpresa ao constatar q a Emilia mora perto de casa, razão q não me fiz de rogado e aceitei sua gentil carona. Cheguei no lar uma hora e pouco depois.

 

Para um pais celebrado por generosas paisagens tropicais, o Brasil é brindado igualmente c/ fartas regiões serranas q acabam tornando-se refúgios ideais p/ viver os prazeres do frio. E nesse meio-termo q a Mauá-Itamonte cumpre todos os requisitos p/ uma pernada agradável, moderada, brindada c/ altas paisagens, alem de oferecer varias opções e variantes em quase todo seu trajeto. Todas c/ muita água. Não é a toa q o próprio nome,em tupi, Amantiquira, significa “serra q chora” devido a suas numerosas vertentes q descem serra abaixo.

 

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