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Huaraz (Cordillera Blanca) - Peru - 12 dias de trekking e tours


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Oi pessoal!

 

Do dia 15 a 26 de julho estivemos num dos lugares mais famosos para trekking no mundo, a Cordillera Blanca no Peru, ao norte de Lima.

Depois de voltar dos trekkings em El Chalten (Argentina) e Torres Del Paine (Chile) que fizemos em janeiro de 2011, queríamos aproveitar nossa forma física e disposição e encarar mais alguns trekkings. Encontrei o blog Natureza Adentro na net e me apaixonei pela Cordillera Blanca e decidimos que seria nosso primeiro destino no Peru. Infelizmente, por causa da altitude, o cardiologista do meu pai achou melhor ele dessa vez não nos acompanhar na aventura... Ele ficou chateado, mas temos que respeitar o limite de nossos corpos, não é verdade? Eu mesmo antes de encarar os mais de 5.000m de altitude fui a um cardiologista ver se meu coração e pressão estavam em bom estado, só para garantir...

Aqui no mochileiros.com os tópicos Huaraz – Perguntas e Respostas e Huaraz – Verdades e Mentiras e os amigos Peter Tofte e Bruno Albuquerque me ajudaram muito. Obrigada!

 

 

Dia 1 – 15/07/2011

Chegamos no Aeroporto de Guarulhos as 6h da manhã, pois nosso vôo seria as 8:25h e a empresa TAM nos presenteou com uma Contigência Operacional... Tentamos argumentar de todas as formas, mas não teve jeito, embarcaríamos apenas no vôo do dia seguinte. Mesmo a TAM nos levando a um hotel com todas as refeições pagas até o dia seguinte, nos sentimos lesados, pois toda a programação com a agência de turismo em Huaraz já estava programada a dias e perderíamos um dia de trekking. A vantagem é que conseguimos mudar a data de retorno para 26 de julho...

 

 

Dia 2 – 16/07/2011 - Lima

Conseguimos embarcar, mas o vôo 8066 da TAM saiu com 1 hora de atraso. Infelizmente ao chegarmos em Lima não conseguimos pegar o ônibus para Huaraz das 13:30h e o jeito foi conhecer um pouquinho da cidade.

Trocamos alguns dólares por Soles no próprio aeroporto, antes mesmo de sair da sala de desembarque. Cotação de U$ 1,00 por S$ 2,65.

Atrasamos nossos relógios em duas horas e começamos a tomar o remédio Diamox, para diminuir os problemas com soroche (mal da altitude) para quem sobe acima dos 3.000 m de altitude.

Ao sair do aeroporto pegamos um 'Taxi Gren' até a Paseo de la República no Terminal da Movil Tours para comprarmos nossas passagens para Huaraz. A corrida deu S$ 55,00, dentro do esperado que tínhamos pesquisado na net (de S$ 45,00 a S$ 60,00). Gente, quase batemos umas 30 vezes... Como eles andam mal nas ruas... E sem contar que buzinam pra tudo!!!

No Terminal da Movil Tours compramos o acento semi-cama (equivale ao semi-leito nosso) por S$ 50,00 das 10:30 da noite.

Depois pegamos outro taxi na rua e pedimos para o motorista nos levar até o Shopping Larcomar em Miraflores, por S$ 15,00. Que lugar lindo! De frente ao Oceano Pacífico, com a praia de pedras escuras que ao quebrar as ondas fazem um barulho estranho e você fica olhando tudo por cima das 'falésias' de mais ou menos 100 m de altura. Ainda aparecem voando pelo céu alguns malucos de Parapente que quase batem nos paredões. E o céu, como já tinha lido em outros relatos, sempre nublado

Almoçamos no shopping bem na hora do jogo do Peru x Colômbia. Como eles vibram! Não vou mentir que comecei a torcer pelo Peru e me emocionei quando eles ganharam... Depois foi só festa...

Outra coisa que achei lindo foi o patriotismo deles. As ruas repletas de bandeiras do Peru. Perguntei a um peruano e ele disse que é por causa da semana pátria (sua independência foi em 28 de julho de 1821). Fiquei mais admirada ainda, até que ele me confessou que se as empresas e casas não fizerem isso, pagam multa!!!!!! Daí não dá, né?

Depois fomos andando até o Parque Central de Miraflores a 7 quadras do Shopping. Que região LINDA! Quem for ficar em Lima deve se hospedar mesmo em Miraflores, tem de tudo, ótimos restaurantes e a vida noturna também ferve.

Fizemos um passeio com o ônibus de dois andares da Mirabus por Miraflores e passamos pelo Sítio Arqueológico de Huanca Pucllana, igrejas, parte residencial do Bairro e avenida costaneira. Pagamos S$ 10,00 por pessoa.

Saindo dalí fomos em uma rua que só tem restaurantes e depois de muito escolher fomos comer pizza. Mas não gostamos da pizza deles... Pouco recheio...

Voltamos ao Terminal da Movil Tours de taxi (por S$ 10,00) e embarcamos no ônibus das 10:30h, para encarar 8 horas de viagem e a subida do nível 0 a 3.200 m de altitude de Huaraz para dali sim começar uma aventura de verdade!

 

 

Dia 3 – 17/07/2011 – Chavin de Huantar

Chegamos em Huaraz as 6:45 da manhã. A viagem no ônibus foi boa, deu pra dormir bastante. Sofri um pouco com dor de cabeça, mas tomei um remedinho e logo passou.

Assim que desembarcamos na rodoviária de Huaraz, a Rut da agência de Trekking Artizon Adventure estava nos esperando com uma placa 'CARLA'. Nos apresentamos e fomos de taxi até o Albergue Churup, nossa pousada nesta cidade. Da rodoviária até o Albergue deu S$ 4,00. O Albergue Churup é lindo, uma decoração para gringo, mas a localização não é das melhores (Bairro La Soledad). Fizemos nosso check-in e fomos tomar café da manhã, super simples, com pães (muito gostoso), café com leite, chá, sucos, manteiga e geléia de morango. Ao esperarmos na recepção nosso transfer para Chavin, uma gringa entrou aos prantos, tinha acabado de ser assaltada... Bem que falei que a localização não era das melhores... Mas a vista do terraço é linda!

As 9:00h chegou o micro-ônibus que nos levaria a Chavin, nosso guia foi o Atilho, professor aposentado de história, então nem preciso dizer que ele nos deu uma bela aula sobre o Peru, as civilizações Pré-Incas e Incas. Foi ótimo! São 4 horas de estrada zigue-zagueando a Cordillera Blanca. No caminho paramos na maravilhosa Laguna Querococha, aos pés de um pico nevado muito belo que nos rendeu várias fotos...

O ponto de maior altitude que chegamos foi 4.500 m ao cruzar um túnel (Kaihuish) que passa para o outro lado da cordilheira. Depois é só descida, também em zigue-zague, com vista no fundo do vale a cidade de Chavin.

Paramos para almoçar em um restaurante super simples. Comemos uma truta frita com arroz e batatas maravilhosa, por S$ 15,00 por pessoa. O interessante foi tomar Coca-Cola quase sem gás, uma vez que estávamos a 0,6 atm e como o gás nos refrigerantes ficam em equilíbrio com a pressão atmosférica ao abrirmos a garrafa ela perde quase todo o gás em alguns segundos. Viu como foi bom prestar atenção nas aulas de física?

Depois de saciada a fome fomos ao Museu Arqueológico da Cultura Chavin. É interessante visitá-lo antes de ir ao sítio arqueológico para você entender melhor o que verá ao vivo, uma vez que uma avalanche em 1945 destruiu 80% do sítio e ainda não conseguiram restaurar tudo.

Depois fomos ao Sítio Arqueológico de Chavin de Huantar, uma civilização Pré-Inca de 1000 anos antes de Cristo. Visitamos suas praças de adoração ao deus Sol, Lua e onde os sacerdotes moravam. Impressiona a inteligência da arquitetura, execução das obras sem nenhum maquinário e o seu conhecimento da astronomia para definirem as épocas do ano. Eram apaixonados pelo número 7 e seus múltiplos e eram também muito ricos. Mas, assim como as demais civilizações antigas também faziam sacrifício humano, o lado triste da história.

Saímos de Chavin e regressamos a Huaraz, chegando às 8 horas da noite.

O nosso guia Atílio nos deixou na porta do Albergue Churup.

Mais tarde a Rut da Agência Artizon Adventure foi nos dar a programação de todos os trekkings e tours da semana e nos apresentou o Ivan, nosso guia que nos guiaria nos próximos 8 dias. Isso mesmo: um guia só pra gente! Incrível não? Por isso alguns amigos do mochileiros.com me escreveram e disseram que eu tinha negociado caro demais pelos passeios... É que eles foram com agências que levam de 15 a 20 pessoas e se você sente dificuldade pelo meio do caminho é largado pra trás... Com essa agência é guia particular...

 

 

Dia 4 – 18/07/2011 – Laguna Churup

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Saímos às 8 horas da manhã do hostel e seguimos para a Laguna Churup... Huaraz está a 3100m de altitude e fomos de carro até 3800m no povoado de Pitec. Dalí em diante é a pé mesmo... São só 4 km mas uma subidona que sai do 3800m e chega a 4540m. Desnível de 740m em 4 km é bem puxado... Nosso guia Ivan nos acompanhou devagar desde o início, mas quando cheguei a 4154m de altitude, comecei a passar muito mal: eu não conseguia respirar direito e o ar que entrava doía no peito, a cabeça doía bem perto da nuca, meu coração estava com uns 120 batimentos por minuto e estava começando a ficar enjoada...

Sentei em uma pedra e verbalizei minha desistência... Eu amo andar na natureza, mas preciso respeitar os limites do meu corpo. Pedi pro Elio e o guia continuarem que eu ia ficar por ali mesmo esperando eles... Eles prosseguiram!

Tomei meu remédio para dor de cabeça, bebi água, deitei na pedra e fechei os olhos... Fiquei uns 15 minutos me recuperando e quando abri os olhos eu já estava melhor! Resolvi ir andando devagarinho e tirar umas fotos pelo caminho (já que amo flores de altitude).

Então fui devagar, devagarinho, parando a cada 50 passos e sentando para descansar... Os outros trekkings foram me passando, passando... E eu só curtindo a natureza! Foi o trecho que mais tirei fotos e curti por estar alí, no meio daqueles nevados!

De repente dou de frente com o temido paredão que se tem que 'escalar' para chegar na Laguna Churup. Quando lí na internet que esse paredão era f... e que muitas pessoas desistiam alí eu tomei por mim que o meu final do trekking seria ali mesmo... E foi isso que fiz. Sentei e esperei os meninos descerem. Logo em seguida meu esposo e o guia chegaram e olhei no GPS que marcava 4380m de altitude. Faltava apenas 60m para a laguna. Mesmo assim não arrisquei!

Tomamos um lanche preparado pelo nosso guia, ví as fotos na máquina do Elio e comprovei que realmente essa laguna é linda!

Meu esposo disse que na subida do paredão tem 3 fases com cabo de aço. Na net vimos que a maioria das pessoas acham a terceira fase a mais difícil, mas o Elio disse que para subir ele achou a segunda fase mais complicada e para descer a primeira fase pior...

A descida foi light, fizemos em 1h30min.

O motorista do taxi estava nos esperando e voltamos a Huaraz em 1h.

Eles nos levaram a agência da Movil Tours para comprarmos nossas passagens de Huaraz para Lima no dia 25 de julho. Pagamos o super cama por S$ 65,00 por pessoa (equivalente ao leito nosso).

Voltamos a pousada, tomamos banho e saímos para jantar. Comemos um mignon maravilhoso no 'Encuentro' e pagamos S$ 28,00 por pessoa.

Depois a Rut e o Ivan da Artizon Adventure foram até a pousada para nos falar do passeio do dia seguinte. Nos mostraram o mapa do caminho que vamos fazer e disseram que sairíamos às 6 da manhã para ganharmos tempo (na verdade eu sei, eles querem ganhar tempo pois eu sou muito lenta para subir, mas eles são super educados e não vão me dizer isso....).

 

Continua...

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Continuando...

 

Dia 5 – 19/07/2011 – Laguna 69

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Acordamos super cedo, pois os meninos (Ivan – guia e Jerônimo – motorista) vieram nos buscar 6:00 da manhã. Foram super pontuais...

Saímos de Huaraz e andamos 55 km até chegar em Yungai, cidade devastada pela avalanche que aconteceu após um terremoto em 1970. Depois, andamos cerca de 2 horas em estrada de terra dentro do Parque Nacional Huascaran. Passamos pelas lagunas Llaguanuco (Chinancocha e Orcococha).

Depois seguimos até o Campamento Cebollapampa (3900m de altitude). A partir daí começa a caminhada de 3 a 3,5 horas até a Laguna 69. O começo é light com uma reta em leve inclinação e como muitas vacas e touros para enfeitar a paisagem (cuidados com os touros pela trilha, não dê as costas para eles...).

Depois vem os primeiros zigue-zagues, subida mais acentuada, mas também fácil de fazer.

A segunda fase do trekking retorna a mais uma parte praticamente plana e por último o segundo zigue-zague um pouco mais pesado que o primeiro, mas como já estamos numa altitude acima 4500m, fica bem puxado para quem ainda não está tão bem aclimatado (como eu...). Como sempre, fui bem devagar, pois ainda estou com dificuldade para respirar em altitude e meu coração ainda dispara por pouco...

Na parte final do segundo zigue-zague minhas mãos começaram a formigar incrivelmente (digo 'incrivelmente' pois estão formigando sempre, mas dessa vez foi de doer... Ainda meu nariz começou a sangrar... Fiz uma parada mais longa e assim que melhorei avistei os maravilhosos picos nevados de Chacraraju (6162m) e Pisco (5752m). Quando ví a água da laguna me arrepiei... É de um azul com tons esverdeados nos locais mais rasos lindo! Lá em cima fizemos nosso lanche preparado por nosso guia Ivan (comemos sem reclamar pão com recheio de abacate!!!)

Depois de meia hora começamos a descer. E como diz o provérbio: 'descer todo Santo ajuda!' descemos em 2 horas, média normal das pessoa que fazem esse trekking. No meio da descida, no segundo zigue-zague, começou a nevar pequenos flocos. Muito legal ver a neve caindo... Mas tal evento durou apenas uns 30 segundos...

Pegamos o taxi em Cebollapampa e voltamos até Huaraz (em tediosas 3 horas...).

Jantamos no Encuentro de novo (strogonof e Lomo Salteado - divinos) por S$23,00 por pessoa...

Voltamos ao Albergue Churup, tomamos um merecido banho e fomos dormir...

Amanhã o passeio será mais tipo tour que trekking (Laguna Llaca), para descansarmos, pois depois de amanhã será o trekking Quilcayhuanca de 3 dias e 2 noites!!!!

 

Dia 6 – 20/07/2011 – Laguna Llaca

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Os meninos da Artizon Adventure (Ivan – guia e Jerônimo – motorista) passaram no nosso hotel as 8h para começar mais um dia de aventura. Logo na saída da cidade um motorista de taxi bêbado bateu na lateral do carro de Jerônimo... Fiquei tão chateada... Mas eles são espertos, Jerônimo pegou a licença de dirigir do taxista e só vai devolver depois que ele pagar o estrago... A estrada que leva a Laguna Llaca é igual a todas por aqui: precipício de um lado e um paredão do outro. Nem fico mais olhando pela janela para ver o carro quase caindo morro abaixo... Depois de longas 3h de estrada chega-se a entrada do Parque. Lembro a todos que o pessoal da Artizon Adventure comprou o ingresso válido por 1 mês (S$65,00). Como na noite anterior havia chovido em Huaraz, aqui estava tudo coberto de neve... E haja paciência do guia em esperar a gente tira fotos...

A laguna é linda. Para evitar futuras avalanches, a maioria das lagunas por aqui possuem uma barragem na sua saída. Claro que se houver um terremoto muito forte elas não suportarão a descida de neve e pedras das encostas, mas mesmo assim, ajudarão a conter a fúria da avalanche. A região sofreu com dois terremotos fortes no último século: em 1945 e 1970.

Depois demos uma volta em torno da laguna e na parte mais próxima a geleira a laguna estava completamente congelada. Dava para jogar uma pedra e ela não afundava...Tomamos nosso lanche aos pés dos nevados e regressamos a Huaraz em longas 3 horas.

Em Huaraz fomos almoçar no El Horno, talharins com molhos superespeciais por S$25,00 por pessoa.

Passamos em um supermercado e compramos algumas coisinhas para levar ao trekking de 3 dias de Quilcayhuanca (lenços umedecidos, lenços de papel e bebidas. Demos uma volta pelo centro de Huaraz. Voltamos a pousada. As 19h o Ivan e a Rut da Artizon Adventure vieram para acertarmos os detalhes finais para o trekking de 3 dias. Acaram nosso saco de dormir muito fino e nos emprestarão mantas.

Fomos dormir cedo, pois sei que serão duas noites mal dormidas em barraca nos próximos dias...

 

Dia 7 - 21/07/2011 – Quebrada de Quilcayhuanca

PRIMEIRO DIA: trekking até o campamento Cayeshpampa

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Acordamos 7h e depois do café da manhã fomos de taxi até a entrada do Parque Huascaran para a Quebrada de Quilcayhuanca. Conhecemos nosso cozinheiro desses 3 dias de trekking, o sr. Marcos.

Fiquei com vergonha de ver a quantidade de coisas que o nosso guia Ivan e o Marcos estavam levando em suas mochilas cargueiras... Comida para os 3 dias, panelas, bules, barraca, plásticos... Nem pude reclamar de carregar minhas roupas e meu colchonete pelas 4 horas de trilha que teríamos pela frente, adentrando a Quebrada Quilcayhuanca. O nosso guia Ivan disse que desde 2008 não levava ninguém nessa trilha, pois é pouco procurada, não por falta de belezas naturais (que de passagem são deslumbrantes) e sim porque há tantas quebradas para se fazer em Huaraz que esta é uma das últimas a serem escolhidas. Confessei que a escolhi por ser rápida (apenas 3 dias) e que queria ver como me comportaria em um trekking desse nível para quem sabe o ano que vem encarar os 11 dias de trekking dos Cedros (Santa Cruz e arredores). O Elio disse que quer voltar aqui nos próximos anos e fazer todas as Quebradas possíveis de serem feitas... Eu se tiver fôlego e coração, com certeza acompanharei...

As 4 horas se passaram rapidamente, e quanto mais adentrávamos no vale, mais frio ficava. No local de acampamento (Campamento Cayeshpampa a 4100m de altitude) o vento começou a soprar e a temperatura caiu. Tomamos um lanche e depois jantamos uma sopa de entrada, prato principal um frango ao molho e arroz que só por Deus... Que delícia! E tudo feito alí, no meio do nada... Marcos é um cozinheiro de mão cheia. E de sobremesa um creme de abacaxi muito bom...

As 6:30h da tarde começou a escurecer e esfriar, então entramos nas barracas e fomos dormir...

Nessa noite dormi muito mal, primeiro porque fiquei pensando se acontecesse uma avalanche pra onde eu iria fugir (só eu mesmo pra pensar nisso numa hora dessas) e o que eu iria salvar... E em segundo lugar meus pés por nada do planeta queriam se aquecer, mesmo com 2 meias de lã, uma blusa polar enrolada nos pés, o saco de dormir e mais ainda uma manta emprestada pelo pessoal da Artizon Adventure (pois eles acharam nossos sacos de dormir finos...). De madrugada o vento começou e se estendeu até o final da manhã do dia seguinte...

De madrugada também fui fazer xixi e ví o céu estrelado mais lindo que já ví nesta vida... Até esqueci do frio e fiquei encantada pelos astros por alguns segundos...

Mesmo passando frio e tendo pesadelos acordada sobre terremotos e avalanches iminentes a acontecer, essa foi a primeira noite de uma das melhores aventuras realizadas por mim...

 

Dia 8 – 22/07/2011 – Quebrada de Quilcayhuanca

SEGUNDO DIA: trekking as Lagunas Tullpacocha e Cuchillacocha

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Acordamos as 8h, depois de uma noite mal dormida por causa do congelamento dos meus pés, saímos da barraca e o nosso café da manhã estava lá, melhor que do Albergue Churup: ovos mexidos, café, achocolatado, leite e chá, pão, geléia de morango e manteiga. Nosso cozinheiro Marcos é ótimo... Depois do café começamos nossa jornada de hoje, as lagunas Tullpacocha (4.300m de altitude) e Cuchillacocha (4.625m de altitude).

O caminho é lindo, com os nevados ao redor. Fomos devagar e chegamos na Laguna Tullpacocha depois de 2 horas de caminhada. LINDA! Seguimos rumo a Laguna Cuchillacocha por uma trilha alternativa e que se misturava com o caminho de pasto das vacas.

Depois de mais 2 horas de subida avistamos a Laguna de cores verde amareladas por causa do cobre presente nas rochas do local. Fizemos o pick nick lá mesmo e depois começamos a descer até o Campamento em aproximadamente 3 horas.

Ao chegarmos no acampamento o nosso cozinheiro Marcos nos esperava com um tira gosto: chá com pipoca. É muito estranho ter tanta mordomia em pleno nada... E para nossa diversão (já que não havia entretenimento eletrônico as mãos) presenciamos um show de vaqueiros arrebanhando as vacas e bezerros espalhados pelo vale.

Lá pelas 6h da tarde jantamos uma maravilhosa sopa, seguida de uma macarronada e um creme de pêssego, muito bons...

Fomos nos deitar e desta vez passei um produto a base de cânfora nos pés para aquecê-los e resolveu. Meus pés se aqueceram e dormi a noite inteirinha com os pés quentinhos...

E essa noite descansei de verdade!!!

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Dia 9 – 23/07/2011 – Quebrada Quilcayhuanca

TERCEIRO DIA dia de trekking

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Acordamos as 8h da manhã, depois de uma noite bem dormida... Começamos a arrumar nossas coisas e como estava ventando muito os meninos levaram nosso café da manhã na barraca. Tinha iogurte com granola, chá, pão, geléia e manteiga.

Depois de tudo arrumado saímos caminhando retornando a entrada do parque. Os meninos iriam sair depois de desarmarem as barracas e arrumarem tudo.

A caminhada de retorno demorou 3h e ao chegarmos na entrada do parque o motorista de taxi já estava a nossa espera.

Retornamos a Huaraz e nos deixaram no Albergue Churup. Fizemos novo check in e saímos para almoçarno Encuentro de novo.

Demos uma volta pelo centro de Huaraz e voltamos ao hostel. As 19h Rut e Ivan estavam lá no hostel para combinarmos o dia seguinte.

Cansados fomos dormir em nossa cama quentinha e confortável...

 

Dia 10 - 24/07/11 – Laguna Wilcacocha

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Após tomarmos café da manhã no Albergue Churup, o nosso guia Ivan e o motorista Jerônimo nos levaram até a parte sul de Huaraz e entraram em uma quebrada no lado da Cordillera Negra. Subimos de carro dos 3100m de altitude até 3700m. A Laguna Wilcacocha em si não é tão bela, mas a vista da Cordillera Blanca lá de cima é linda! Muitos tours levam você até lá, ficam uns 10 minutos e retornam a cidade, mas a gente retornou a cidade via 'trekking', muito mais radical!

A cada encosta que descíamos ou que andávamos em nível formavam as vistas mais lindas da Cordillera Blanca e do Nevado de Huascaran, imponente e majestoso!

Levamos cerca de 5 horas para descer até Huaraz e a trilha não é bem demarcada, passa por áreas de pastos e propriedades privadas, mas nosso guia sempre tomava o cuidado para não invadirmos qualquer uma delas. Descemos umas encostas bem íngremes, de dar medo, mas com paisagens ímpares!

A Cordillera Negra tem essa nomeação não só porque não possui neve e sim por causa de suas rochas de formação. São de origem vulcânica, basáltica com a coloração mais escura que a Cordillera Blanca que possui mais em sua formação granitos, feldspatos, quartzos de coloração mais clara. Outra coisa que dá para notar diferença é que as rochas da Cordillera Blanca possuem em sua maioria um brilho oriundo das partículas de mica, que tornam as rochas brilhantes ao toque do sol.

Nesse trecho vimos de tudo: animais pastando, flores ainda não conhecidas pelas nossas lentes, penhascos, lama, casas humildes, camponeses batendo o trigo, trigais amarelos de doer a vista e crianças nos pedindo caramelos...

Já bem no final da trilha, ao passar por um povoado, uma moça nos ofereceu sua filha para levarmos em troca de dinheiro... Pensei que fosse brincadeira, mas era verdade! Fiquei chocada!

Depois de 5 horas de caminhada chegamos a estrada de acesso a Huaraz, pegamos um taxi e voltamos ao Albergue Churup. Ao sair do taxi nos despedimos do nosso grande amigo (guia) Ivan, pois no passeio de amanhã será um tour e ele não nos acompanhará. Agradeci de coração pela paciência que ele teve conosco (mais comigo) e pelo ótimo profissional que ele é. Sua retribuição de elogios foi uma emocionante frase: "Obrigado por escolherem HUARAZ como a primeira cidade a visitarem no Peru e por terem deixado direta e indiretamente alguns Soles para o nosso povo..."

Achei lindo essa demonstração de carinho e orgulho por sua cidade, coisa que muitas vezes a gente não cultiva por aqui...

Saímos para fazer nossa refeição no Encuentro (viramos amigos dos garçons!) e de volta ao hostel fomos nos preparar para o nosso último dia dessa aventura...

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Dia 11 - 25/07/2011 – Nevado Pastoruri

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Depois do café fizemos o check-out do Albergue Churup, mas pedimos para nossas mochilas ficarem no guarda volumes deles para pegarmos a noite, pois nosso ônibus saía as 23h. O pessoal do albergue é 10, até liberaram uma ducha no retorno caso necessitássemos. O Elio passou mal a noite inteira, com problemas intestinais e não entendemos o que foi que aconteceu, pois nós dois comemos tudo igual e eu não estava mal. Mesmo assim, as 9h fomos para o último tour em Huaraz.

No ônibus conhecemos um casal de Curitiba (Francine e Luiz) super gente boa e trocamos muitas informações. O Elio estava mal mesmo e quase nem falava com niguém. Nem conseguia tirar fotos...

Não gostei do tour, também, depois de 7 dias de trekking fazer um passeiozinho de ônibus de 3 horas é estressante...

Já dentro do Parque passamos pela Laguna de 7 cores (que só tem uma cor), conhecemos a Puya Raymondi (planta que só tem naquele região e com um histórico muito interessante: ela cresce quanto mais tempo a semente ficar latente e cresce milimetros por ano...) e uma fonte de água gaseificada naturalmente (que me neguei a tomar, uma vez que já tínhamos um membro com alguma infecção intestinal...).

Para subir até o ponto mais alto do Nevado Pastoruri deve-se caminhar uns 2 km, mas na altitude de 4800m até os 5000m. Fiz sozinha esse trajeto, pois o Elio estava muito mal e ia no banheiro de hora em hora. Não passei mal com a altitude, apenas muito cansaço...

Infelizmente o Glaciar está regredindo e não se tem nada para ver lá em cima, a não ser um pouco de gelo... E imaginar que a 10 anos atrás havia uma estação de esqui ali...

Regressei ao ônibus e o Elio ainda estava mal. Comprei refrigerantes para ele se hidratar e muita água.

No retorno a Huaraz o ônibus para em um restaurante e não comemos lá. Comprei umas frutas e comemos elas mesmo.

Chegando a Huaraz fomos almoçar/jantar no Encuentro. O casal de Curitiba foi junto.

Passei em uma farmácia, comprei soro e alguns remédios para estômago e intestino e voltamos para o Albergue Churup as 19h.

O Elio ainda estava mal e as 20h a Rut da Artizon Adventure chegou lá para nos acompanhar até o terminal da Movil Tours. Ela viu que o Elio estava mal e saímos com ela para comprar um antibiótico para ele. Ela nos levou numa farmácia grande no centro de Huaraz e a farmacêutica receitou um antibiótico maravilhoso pro Elio, para ele não passar mal na viagem de volta a Lima.

Depois fomos ao Terminal e as 22h chegou o Scheler da Artizon Adventure com um grupo que estava com ele por 11 dias no trekking Cedros. Vimos algumas fotos e amei. Com certeza voltaremos para fazê-lo!

Às 23h nosso ônibus saiu e o Elio não passou mais mal, ainda bem...

 

Dia 12 - 26/07/11 - Lima

 

Amanheceu e já estávamos em Lima. A viagem de volta é muito mais rápida, pois descemos de 3.800m de altitude até o nível do mar, em 6 horas (na ida a viagem do mesmo trecho ficou em 8 horas). E de volta a altitude 'normal' pensei que não fosse mais ter problemas... O Elio melhorou do intestino e precisava só se hidratar bastante. Fizemos uma hora no Terminal da Movil Tours até as 9 da manhã, quando a área de guarda volumes abriu. Pedimos para guardarem nossas mochilas até as 14h e eles gentilmente fizeram isso, mesmo sabendo que não iríamos viajar com a Movil Tours depois. Fomos de taxi até o Shopping Larcomar em Miraflores (por S$10,00) e lá compramos um passeio de 3 horas pela Turibus até a Catedral+Centro Histórico que saía às 10h do Shopping Larcomar (por S$55,00).

O passeio é bem CVC, mas para quem tem pouco tempo em Lima é ideal, pois passa pelos pontos mais turísticos da cidade, inclusive ao meio-dia pode-se ver a troca de guarda no Palácio do Governo.

Lá pelas 13h o passeio terminou e fomos de taxi ao terminal da Movil Tour pegar nossa mochilas e com o mesmo taxi fomos até o aeroporto. A corrida toda deu S$65,00.

No aeroporto fomos direto na fila da LAN (eu com meu coração na mão, com medo de outro overbooking ou de algum outro erro por termos trocado o dia de retorno ao Brasil), mas deu tudo certinho...

Almoçamos no Aeroporto e as 18h já estávamos embarcados no avião de retorno ao Brasil.

Chegamos em São Paulo a meia-noite e depois de pegarmos nosso carro no estacionamento (Airport Park) chegamos em casa (Iguape) as 4h da manhã...

Ao acordar no dia seguinte me deparei com uma estranha no espelho! O mal da altitude me pegou no retorno ao Brasil!

Deixa eu explicar melhor!

Eu não sabia, mas descer da altitude 5.039m até o nível do mar em menos de 15 horas também pode causar edemas de altitude nas pessoas... E como eu não estava preparada para isso (tinha já parado de tomar o Diamox) sofri por três dias... Os sintomas que apareceram em mim foram:

- inchaço matinal no rosto (principalmente nas pálpebras e lábios)

- inchaço nas pernas e pés pelo dia inteiro

- hematomas vermelhos e arroxeados nas pernas e peito

- fadiga excessiva

- pouca urina

No segundo dia a altitude ao nível do mar, já aqui em Iguape, fui ao médico e ele acreditava que era alergia a alguma coisa. É difícil confessar, mas infelizmente nossos médicos não sabem lidar com o mal de altitude ou edema de altitude, pois são raros os casos por aqui.

Em um site na net encontrei que:

A doença da altitude elevada aguda manifesta-se em muitas pessoas que vivem ao nível do mar quando elas ascendem a uma altitude moderada (2.400 metros) em 1 ou 2 dias. Elas apresentam falta de ar, aumento da freqüência cardíaca e cansaço fácil. Aproximadamente 20% delas também apresentam cefaléia (dor de cabeça), náusea ou vômito e distúrbios do sono. A maioria melhora em poucos dias. Este distúrbio benigno, que raramente não passa de uma sensação desagradável, é mais comum em pessoas jovens que entre as mais velhas.

O edema da altitude (inchaço das mãos e pés e, ao despertar, da face) freqüentemente ocorre em excursionistas, alpinistas e esquiadores. Em parte, o edema da altitude é causado pela alteração da distribuição dos sais que ocorre no organismo em altitudes elevadas, mas o esforço extenuante produz alterações na distribuição dos sais e água mesmo ao nível do mar.

No fórum SOROCHE, MAL DE ALTURA OU MAL DE ALTITUDE no mochileiros.com algumas pessoas acostumadas com viagens de montanha me deram algumas dicas do que poderia ser, mas mesmo assim nada definidamente conclusivo.

Então, conclui que errei! Deveria permanecer mais um dia depois que retornei da altitude de 5.039m em Huaraz (3.100m) e no dia seguinte retornar a Lima (nível do mar). Mas planejei errado o passeio do último dia e retornei em menos de 15 horas a altitude zero.

Mas gradativamente fui melhorando no passar dos dias e depois de três dias já estava bem melhor...

A gente precisa aprender a respeitar nosso corpo e a respeitar os efeitos da natureza nele! Sempre procurar médicos antes de viajar para altitude para ver como anda nosso coração e se prevenir. Ninguém será privado a ir a lugar algum se tomar os devidos cuidados e precauções!

Eu vacilei no meu retorno, espero que depois de você ler isso respeite seus limites ao subir nessas altitudes! Cada um é cada um, mas todos somos reféns da boa saúde!

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  • Membros de Honra

Parabéns Carla!

 

Ótimo relato, lindos postais produzidos por vc e que viagem!

 

Menina esperta: escolheu uma boa agência e adotou um bom planejamento / boa estratégia para minimizar os efeitos do mal de altitude!

 

Bonita a pequena quebrada que escolheram. Praticamente só de vcs.

 

Da próxima vez vc já terá mais experiência e lidará ainda mais facilmente com a altitude.

 

Seu relato me deu saudades da Cordilheira Branca. Quem sabe volte lá dentro dos próximos 2 anos para fazer Huayuash.

 

Seu pé gelado me fez lembrar do meu, quando resolvi andar rapidinho de havaianas na neve, acampado em Nahuel Huapi (Bariloche). Também levei um tempão para esquentar o pé!!! Da próxima vez levo canfora!

 

Abraços, peter

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  • Colaboradores

Carla,

 

legal o seu relato, mas eu fiquei cansado só em ler sobre as suas caminhadas, imagina se eu for lá... rsss... acho que não tenho disposição para encarar não... hehehe.... minha esposa então, nem pensar, se eu falo pra ela que quero ir a Huaraz e mostro o seu relato ela larga de mim... rsss... tadinha, já passou mal em Cusco... rsss

Mas muito legal mesmo, Peru é show de bola....

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  • Membros de Honra

Oi Gustavo!

 

Verdade! Andei muito, mas vale a pena, viu? As paisagens que a gente vê por lá, dentro dos vales, são lindas e ficar entre as montanhas nevadas faz você se sentir tão pequeno, tão frágil... Mas para quem não gosta de caminhar é mesmo dureza... Se quiser ver mais fotos, acesse:

https://picasaweb.google.com/114426632506026793441

Ainda estou postando as fotos, mas em breve terei todas as melhores por lá...

Obrigada pelo carinho!

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  • Membros de Honra

Carol,

 

Fantástico seu relato!!! ufa... cansativo!! vc representa a força das mulheres aventureiras!!

 

As paisagens são incríveis, as fotos estão muito lindas!!!

 

E que susto hein??? com este mal de altitude...affff

 

Parabéns!!!

Abraços!!!

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  • Membros de Honra

Obrigada Frida!!!!

Cansativo mesmo... Eu tenho 1,75m de altura e 95kg, então sou considerada gordinha, principalmente se me colocarem do lado de uma gringa européia (normalmente esqueléticas) e mesmo assim fui até o fim... No meio do caminho muitos trekkings que me 'ultrapassavam' sempre me incentivavam 'vamos lá', 'falta pouco', 'você consegue' e isso dá uma força danada! Foi assim também em El Chalten e TDP em janeiro/11... Mas sempre respeitando o limite de meu corpo! Saúde em primeiro lugar!

Bjs e Obrigada pelo carinho!

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