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Mochilando do Alaska ao Brasil


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Fala Galera, vou colocar um relato para motivar alguém a mais viagens. Os tópicos nos mochileiros tem me ajudado bastante e espero poder ajudar outros também.

 

Esta foi uma viagem de um pouco mais de 5 meses entre os EUA e Brasil por via terrestre. O interesse era fazer todo por terra mas fui obrigado a utilizar um avião entre Panama City e Cartagena na Colômbia por não haver estrada neste meio.

O custo médio foi 600 dolares e costumo responder que mesmo em um mochilão que gaste 1000 dolares por mês de média acaba sendo mais barato do que o custo de viver em SP com a diferença que você fica sem renda sai pelo mundo. Como viajei por 3 continentes estou colocando nesta seção de RTW.

 

Trabalhando nos EUA

 

Meu irmão vivia em New Jersey a 20 minutos de Manhattan e resolvi passar um tempo fora do Brasil.

Logo na primeira semana meu irmão me ajudou a arrumar um trabalho como lavador de carros em um carwash. Depois arrumei outro trabalho como delivery boy em um restaurante em Manhattan na 94th st de noite. Depois arrumei outro trabalho em outro restaurante na 62th st no período do almoço, somando 12 horas e 7 dias por semana nos 2 restaurantes. Alternava entre entregar comida de bicicleta (mais prático e rápido) e busboy (ajudante de garçom).

 

Já sabia que não ficaria mais do que 6 meses em NY, havia comprado no Brasil um passe aéreo da Canadian Airlines bem barato que dava direito a fazer 5 trajetos incluindo Hawaii e finalizando na Califórnia onde tinha um amigo morando em San Diego e pretendia arrumar emprego por lá.

 

Após juntar um dinheiro suficiente para viajar fazia planos em ir até o Brasil de ônibus depois de San Diego. A passagem de volta que adquiri com 40 mil milhas da TAM já estava vencida.

Minha trajetória inicial seria atravessar o Canadá de costa a costa, subir para o Alaska, ir ao Hawaii e então chegar a San Diego.

 

Iniciando o Mochilão pela América do Norte

 

Me lembro do dia que sai de New York somente com uma mochila nas costas com 25 kilos, nem tinha idéia do que me esperava nos próximos meses. Meu irmão foi junto comigo na estação de ônibus e meu próximo destino foi a cidade de Quebec no Canadá. No primeiro dia já entrei no ritmo de mochileiro, conhecendo gente do mundo inteiro nos albergues, dormindo noites em ônibus e comprando somente comida barata no supermercado.

Depois de passar em Montreal, Toronto e Winnipeg cheguei em Churchill no norte do Canadá. Churchill é conhecido como o melhor local pra se ver ursos polares pois fica na rota que eles fazem pra voltar ao pólo norte.

 

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Em Churchill, eu não tinha reserva em nenhum hotel, tentei dormir no hospital da cidade mas acabei sendo expulso no meio da noite. A noite lá é linda, o horizonte fica colorido por um bom tempo. Fiquei vagando pela cidade de 1000 habitantes e acabei conhecendo algumas pessoas que nem falavam inglês, apenas a linguagem dos esquimós, inuit. Acabei achando um hotel com vaga, que acabou sendo o mais caro de toda minha viagem (32 dólares americanos). No dia seguinte fiz um passeio ao redor da cidade e vi alguns ursos polares, claro que estava protegido dentro do ônibus. Lá também foi a primeira vez que vi Aurora Boreal apesar de fraca.

 

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Após Churchill fui conhecer as montanhas rochosas, uma região muito bonita. Em Banff realizei uma caminhada sozinho no meio das montanhas. Acabei passando muito frio na barraca em uma das noites. No fim da tarde no acampamento fui buscar água no rio e vejo 4 lobos do outro lado da margem, corriam muito rápido. Na volta da caminhada, estava completamente sozinho e vejo um urso marrom há uns 30 metros no meio da mata, tudo que queria era chegar o mais rápido na cidade e vejo um francês sentado em cima da mochila e digo que tinha acabado de ver um urso e ele responde que também, por isso que tinha parado pois queria ver novamente... como não tive este sangue frio continuei a volta em ritmo rápido. Após Banff fui a Lake Louise (foto a direita) e acabei descansando bem no albergue e apenas fazendo caminhadas de um dia pra visitar a região.

 

Resolvi seguir viagem para o Alaska passando por Edmonton e Whitehorse no Canadá. Em Edmonton quando estava dormindo na rodoviária esperando o ônibus que sairiaa as 6 da manhã, um funcionário me expulsa de lá dizendo que fecharia meia-noite. Estava muito frio e pra fugir do frio fui até um cassino, nesta brincadeira ganhei 60 dólares canadenses e fiz a melhor refeição da viagem.

 

Em Whitehorse tive uma grande surpresa quando descobri que não havia ônibus para o Alaska pois a temporada de turismo no Alaska encerra-se em 15 de Setembro, fim do verão. Na central telefônica da cidade, tentando solucionar meu problema tive a sorte de conhecer um cara que estava indo de carro e me daria uma carona. Ele deu a idéia de dormimos no "shelter" da cidade e então descobri que na maioria da cidade existiam abrigos para mendigos. Este abrigo era muito bom, tinha aquecimento, serviam comida e tinha até TV. Na manhã seguinte seguimos viagem para Fairbanks no carro dele, acabei descobrindo que ele andava armado mas depois me explicou que era militar no Tenesse e estava voltando pra casa no Alaska. Foi 15 horas de viagem até Fairbanks e a vista da região era muito bonita. Ele andava tranqüilamente a 140 Km/h e quando estava me falando sobre o perigo do "black ice", gelo no asfalto não muito visível, ele passa por cima de um e rodamos 3 vezes até sairmos fora da estrada, a sorte foi que não batemos em nenhum carro ou árvore.

Chegamos em Fairbanks 11 da noite e lá descubri que além de meio de transporte, os locais de hospedagem também fechavam depois de 15 de setembro. Após 3 tentativas o cara me deixou na delegacia de policia pois tinha que seguir viagem para a cidade dele. O policial me levou no "homeless shelter" da cidade e este era meio barra pesada. O cara que tomava conta já me mandou assoprar no bafômetro e disse que qualquer gota de álcool que tomasse eu seria expulso. No dia seguinte descubri que não poderia ficar durante o dia no abrigo, me deram endereços pra procurar emprego e poderia voltar somente de noite. Passei o dia todo vagando e tentando obter informações de como chegar no Denali National Park descobri que os únicos meios para chegar ao parque seria alugar um carro ou pedir carona, fiquei com a segunda. Enrolando num café que tinha internet da cidade, conheci uma menina, fomos dar uma volta e na praça da cidade dois mendigos deitados na praça em cima da neve me cumprimentaram, ela não entendeu nada, mas eles já eram meus conhecidos. No abrigo conheci várias pessoas, desde um veterano sem as duas pernas até ex-presidiários e todos eram revoltados com o sistema americano.

 

Fazendo 17 graus negativos, acabei pegando 3 caronas até chegar ao Denali National Park que estava fechado porque também fica aberto até 15 de setembro.

 

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Montei minha barraca que era a única do parque para a noite na qual imaginava ser mais fria do que foi. No meio da noite vi O espetáculo mais bonito de toda minha vida, uma aurora boreal bem forte. Fiquei duas noites no parque, fiz uma caminhada de leve e acabou nevando nesta tarde. Quando voltei ao acampamento vi várias pegadas de animais, inclusive de urso,na neve fresca perto da minha barraca. Dia seguinte, após 3 horas de espera na estrada, consigo uma carona até Anchorage e felizmente lá o albergue estava aberto. No mesmo albergue conheci uma alaskiana que acabou sendo o meu primeiro romance desde que sai de Nova York e resolvi prolongar minha estadia um pouco por mais uma semana em Anchorage.

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Seguindo viagem, resolvi ir de barco até o Canadá até Prince Rupert. A viagem é tranqüila e a vista maravilhosa. Consegui ver algumas baleias. Parávamos em diversas cidades do Alaska onde somente é possível chegar por avião ou barco.

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Após 2 dias de barco, visito Prince Rupert e Vancouver, onde peguei o avião para ir ao Hawaii e já sabia que meu irmão ia me encontrar lá. Ficamos hospedado em North Shore. Visitamos as principais praias e as festas eram em Honolulu. Foi uma semana muito boa, depois de um bom tempo no frio conseguia andar de bermuda, descalço e sem camisa. Parece que voltei a civilização e toda noite tomávamos uma no albergue. Um dia resolvi surfar, as ondas estavam baixas não passando de um metro mas não tinha nem idéia que apesar de não haver ondas o mar no pacífico é muito forte. Uma série mais forte fez vários tomarem caldo, eu também não escapei e acabei sendo resgatado por salva-vidas( até eles tinham dificuldade de voltar pra praia com o mar forte).

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Após o susto visitei outra ilha, Big Island, e acampei no Vulcano National Park (foto a esquerda na cratera de Kilahuea). As pessoas no Hawaii e Alaska eram super gente boas e sempre alegres, nem se comparava com os americanos da parte continental. De volta a Honolulu e esperando meu avião para a Califórnia na manhã seguinte durmo a terceira noite no aeroporto de Honolulu (a primeira no dia que cheguei e a segunda quando viajei pela manhã para a Big Island). Acabei encontrando o Australiano e o Inglês que chegaram no mesmo dia que eu e diziam querer ficar lá por 3 meses mas estavam voltando porque disseram que o mar era muito forte.

 

Quando cheguei pra visitar meu amigo em San Diego, já sabia que seguiria viagem até o Brasil de ônibus e não iria ficar mais na cidade, queria viajar mais e mais. Em San Diego sai com ele em Tijuana que era a maior festa. Segui viagem e conheci Los Angeles, San Francisco e Las Vegas. Em Las Vegas perdi 40 dolares, mas devo ter bebido o dobro, quando senta-se na mesa de Black Jack as garçonetes oferecem bebida a vontade para os clientes. A última parada antes de ir para o México foi Flagstaff no Arizona, onde visitei o Grand Canyon.

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Atravessando o México de Norte a Sul

 

No México senti a diferença logo quando cheguei. Passei por Guadalajara depois de 28 h de viagem da fronteira, onde visitei a cidade de Tequila e acabei enchendo a cara quando visitei uma fábrica onde se produz a bebida e podia tomar a vontade depois da visita. Segui para a Cidade do México. Na capital a noitada era muito boa na Zona Rosa e visitei a cidade de Teotihuacan que é impressionante.

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Segui viagem para Yucatan e parei em Mérida onde visitei diversas cidades maias como Uxmal. Depois visitei Chichen Itza que é fantástico, cheguei lá bem cedo e estava super calmo e silencioso.

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Segui viagem a Cancun, saia todas as noites em baladas open-bar, tequilas a vontade,... Cancun foi minha ultima parada antes de ir para a América Central. Muitas pessoas diziam para não ir para lá porque no mesmo mês tinha aparecido por lá um dos furacões mais fortes de todos os tempos naquela região. Diziam que estava impraticável viajar por lá, todas as pontes quebradas, vários desabrigados e famintos que estavam saqueando tudo, entre outras coisas. Mas resolvi ir mesmo assim, estava pagando pra ver e não queria deixar o plano de ir até o Brasil de ônibus.

 

Mochilando na América Central

 

Saindo de Cancun em direção a fronteira de Belize já senti a diferença de estrutura e sabia seria uma etapa difícil de minha viagem. Já na fronteira tive que dar propina para poder entrar em Belize e o ônibus era aquele ônibus escolar americano amarelo, quando viram sucatas os americanos enviam para os países da América Central. O ônibus que já é apertado para duas crianças, aqui sentavam 3 adultos por banco. Cheguei em Belize City bem de noite e a cidade me pareceu bem perigosa, no dia seguinte embarquei para as ilhas de Belize, tinha ambiente jamaicano, a língua deles é o inglês, tocava só reggae e tinha a vontade a produto mais famoso da Jamaica. A ilha foi animal, tomava muito rum a beira da praia, lá perto nadávamos vendo raias e filhotes de tubarão no meio do coral. Foi um bom e impressionante descanso até seguir viagem a fronteira da Guatemala.

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Na Guatemala visitei primeiro Flores que é bem bonita e Tikal, a cidade maia mais famosa da Guatemala. Lá a fauna de animais é bem ampla, fica no meio da mata, e encontrei um pizote em cima de uma pirâmide.

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De Flores segui viagem a Guatemala City, foram 12 horas na estrada mais esburacada que já vi, o ônibus não andava mais de 30 Km/h. No mercado de Guatemala City, de onde os ônibus saem , fui direto para Antigua onde fiz uma caminhada até a cratera de um vulcão.

Depois fui visitar o lago Atitlan em Panajachel. Me hospedei no hotel mais barato da viagem. Nesta cidade havia bastante mochileiros que estudavam espanhol para seguirem viagem pela região. Lá descobri que os países mais afetados pelo furacão El Salvador, Honduras e Nicarágua.

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Resolvi seguir viagem, fui a Guatemala City para obter os vistos necessários para os paises da América Central. O único que não precisava era Costa Rica. Minha próxima parada seria El Salvador, mas o visto demorava 3 dias para sair, resolvi não esperar e fui direto para Honduras.

 

Depois de 3 trocas de ônibus em diferentes cidades, cheguei na fronteira de Honduras (foto a esquerda). Copán , uma cidade maia, fica bem perto da fronteira e resolvo passar a noite na cidade de mesmo nome. Sempre que chegava em um novo país arrumava pessoas para conhecer as cervejas locais. Após visitar a cidade maia, sigo viagem com um dinamarquês para a ilha Utilla para realizar um curso de mergulho. Neste caminho vejo alguns desastres que o furacão deixou.

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Chegamos em Utilla e nos matriculamos em um curso de mergulho por 150 dolares incluindo a carteira PADI Open Water. O mar do Caribe é realmente bonito. O furacão não havia destruído muito esta ilha mas os habitantes ficaram com medo e tiveram que se trancar por 3 dias no local mais sólido da ilha com as janelas e portas com madeiras pregadas. Quando anunciaram o furacão suspenderam o serviço de barco para a ilha e não havia como os habitantes irem embora. Sempre depois do curso íamos ver o pôr do sol tomando umas no bar do lado da escola.

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Após um belo descanso nesta ilha sigo viagem para a Nicarágua. Primeiro passo pela capital de Honduras, Tegucigalpa, que não tem nada para fazer. Passo pela fronteira da Nicarágua em direção a capital.

De Manágua fui visitar Granada, uma cidade antiga muito linda. Depois resolvi pegar um barco até a Isla de Ometepe. Na ilha passo uns dias bem agradáveis e a ilha é bem deserta.

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Depois da ilha fui direto para a Costa Rica junto com um belga, argentino e uma italiana. Na fronteira pegamos carona até a entrada da praia de Roca Bruja. Da entrada caminhamos 17 Km para chegarmos nesta praia paradisíaca e armamos acampamento. Nesta praia vi diversos animais no acampamento, cobras, papagaios (que não paravam de falar) e outros. Tinha que caminhar olhando no chão para não pisar em nenhuma iguana. Era possível ver diversas tartarugas de noite e até de dia desovando na praia. Acabei deixando a comida fora da barraca por um tempo e quando voltei vi 2 racoons (aquele animal do desenho pocahontas) levando minha comida, deixando apenas os enlatados. Sorte que estava com amigos que dividiram a comida nos outros dias.

 

De lá segui viagem até Fortuna, onde tento ver o vulcão Arenal mas o tempo estava bastante nublado. Faço uma caminhada até a base do vulcãoe viajo com uma amiga até Monte Verde, uma cidade no meio da mata tropical. De Monte Verde sigo sozinho até Tamarindo, foi animal lá. Passei o Natal e meu aniversário, 26 de dezembro, e foi a maior festa. Tamarindo é a cidade de temporada da Costa Rica, acampei a beira da praia e relaxei bem antes de seguir viagem para a capital San José.

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Da capital peguei ônibus até Panama City e visitei o canal do Panamá e a cidade que é bastante moderna.

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Lá tive a confirmação de que não existia meio de transporte terrestre até a Colômbia por não haver estrada na Selva que divide a América Central e Sul. Já havia pesquisado o percurso que é possível fazer a pé e durava 2 semanas, mas várias pessoas desapareceram ou por traficantes colombianos que possuem fazendas na redondeza ou por outros motivos, o que me fez esquecer esta idéia rapidamente. Outro meio seria de barco que acabaria custando mais caro que o avião e demoraria alguns dias, o que me fez desistir porque não queria passar o ano novo em um barco. Quebrando a vontade de ir dos Estados Unidos ao Brasil de ônibus, tomei um avião em Panama City com destino a Cartagena na Colômbia por US$ 120.

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Mochilando na Ámerica do Sul

 

Em 31 de dezembro desembarquei no aeroporto de Cartagena na Colômbia. Fui em direção a Media Luna, região de hotéis baratos e depois descobri que também tráfico e prostituição. O banco já estava fechado, não achava uma casa de cambio aberta. Sem opção tentei trocar dinheiro no cambio negro com um colombiano no bar. De repente apareceram dois policiais e nos colocaram na viatura, fui direto pra delegacia. Lá descubri que eles queriam colocar o cara na cadeia de qualquer jeito, diziam ser um traficante mas nunca tinham prova e queriam que eu assinasse um termo dizendo que ele tinha me assaltado, seria morte certa pra mim. Tremia de medo, se os policiais quisessem aprontar comigo até provar que eu era inocente já teria passado um bom tempo na cadeia. Acabei me livrando de lá com 40 dólares a menos no bolso. Resolvi agora sacar dinheiro no cartão, havia 3 horas que estava na Colômbia e já tinha tomado um susto grande. Cheguei no hotel 7 da noite e comecei a beber com a galera, afinal era ano novo e tinha que comemorar. A passagem do ano foi muito legal, rodeado de gente e a noitada foi até de manhã.

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Cartagena é uma cidade muito linda, fiquei uns dias por lá até seguir viagem a Medellín. Achei um pouco perigoso e segui viagem até Cali, que é bem mais sossegado. Fiquei uns dias em Cali e depois visitei Popayan. Segui viagem até o Equador, na fronteira (foto a direita) os guardas revistaram até o solado da minha bota pra tentar achar algo suspeito.

 

No Equador fiz a primeira parada em Otavalo, que tem uma feira famosa de artesanatos e roupas andinas. Acabei ficando bastante tempo por lá, foi muito bom, conheci muita gente, saia todos os dias tentando aprender a dançar salsa e jogava futebol com alguns caras que acabavam xingando uns aos outros em Quíchua, não entendia nada.

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Depois sigo a Quito e depois vou direto a Baños, uma cidade muito legal a beira das montanhas. Sempre fazendo esportes, descansando nos banhos termais ou tomando com amigos. A cidade tem várias opções de esportes como rafting, mountain biking que fizemos 70 Km até uma cidade vizinha. Fui a Baños porque queria escalar o Chimborazo, a maior montanha do Equador com 6310 metros de altitude. Arrumei um guia, aluguei equipamentos e fui junto com o guia e mais dois argentinos. No meio da caminhada vimos várias tumbas de pessoas que morreram tentando escalar aquela montanha. Chegamos no acampamento a 5000m onde descansamos para continuar a tentativa ao pico as 10 da noite do mesmo dia.

 

Onze da noite iniciamos a caminhada em direção ao pico e vi que qualquer erro nesta montanha poderia ser fatal, pedras caindo a todo momento e atenção total no meio da madrugada. Quando começou a amanhecer a vista estava linda mas nem tinha forças para apreciá-la. Já de manhã as forças estavam esgotadas, quando parávamos para descansar, dormíamos sentados. Chegamos no cume, a 6310 metros, as 10 da manhã. A descida foi feita em 3 horas, mas foi um dos momentos mais perigosos, acabei escorregando duas vezes, sorte que consegui me segurar com a piqueta na neve e pela corda amarrada em todos os companheiros. O sol ficou forte e o guia ficou preocupado com o perigo na descida, com toda a cautela descíamos sempre com alguém deitado no chão preso na neve com a piqueta. Descobri depois que uma semana antes morreram 11 alpinistas em uma avalanche no mesmo trecho que estava fazendo, ainda bem que não fiquei sabendo disto antes. Realmente é muito fácil morrer em alta montanha, o frio é terrível (menos 25 graus) e o ar rarefeito não deixa a pessoa raciocinar direito.

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Chegando de volta em Baños, apesar do cansaço fui para o bar pois encontrei novamente o Belga que conheci em Honduras, encontrei na Nicarágua e acampamos juntos na Costa Rica. Depois dividi um albergue com ele, em Quito encontrei novamente e agora em Baños. Sempre encontrávamos os viajantes durante a viagem, porque quase todos visitavam as mesmas cidades e se hospedavam nos lugares indicados pelo guia livro guia "Lonely Planet".

Seguindo viagem para o Peru, passei por Cuenca antes da fronteira.

 

No Peru segui viagem até Trujillo para visitar a cidade de barro dos Chimus chamada Chan Chan.

Então segui viagem a Huaraz onde passei dias legais conhecendo muitas pessoas. A região é montanhosa e avistei a montanha Huascaran, a maior montanha do Peru. Lá visitei o sitio arqueológico de Chavin e fiz uma caminhada ao lago Churup a mais de 5000 metros.

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Depois de alguns dias em Huaraz peguei um ônibus até Lima e de lá fui pelo litoral peruano até Nazca. Na cidade fiz um passeio de avião para sobrevoar as famosas linhas de Nazca e visitei um cemitério Inca no meio do deserto.

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Depois fui a Arequipa que é bem legal, tinha muito que se fazer ao redor da cidade mas estava com pressa de chegar ao Brasil, ali bateu o cansaço da viagem. De Arequipa fui para as montanhas do sul do Peru iniciando por Puno.

 

Em Cuzco e fiz o caminho Inca de 4 dias para chegar a cidade perdida dos Incas, Machu Pichu. Foram 52 km de caminhada acampando em barracas acima da nuvem e passando por altitudes de 4200 metros.

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Seguindo viagem a Bolívia, paramos em Copacabana onde estava tendo festa popular na rua com umas bebidas bem fortes. Visitamos a Isla del Sol no lago Titicaca. Depois seguimos viagem a La Paz onde visitei o sítio arqueológico Tihuanaco.

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Depois da capital, fui descansar em Coruco, uma cidade no meio das montanhas bem calma. Alí já estava ansioso em voltar para o Brasil, depois passei por Santa Cruz de La Sierra onde comi feijoada e assisti o jogo do Santos, já me sentia no Brasil. Peguei o trem conhecido como trem da morte até a fronteira com o Brasil.

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Atravessei a pé a ponte da fronteira que ligava a Corumbá, lembro que a primeira coisa que eu fiz foi abrir uma Skol e comer um pão de queijo, estava super feliz de voltar ao Brasil. Cheguei no Brasil faltando 3 dias para começar o carnaval, aí aproveitei e matei mais saudades ainda das maravilhas daqui.

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  • 1 mês depois...
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[linkbox]Já sabia que não ficaria mais do que 6 meses em NY, havia comprado no Brasil um passe aéreo da Canadian Airlines bem barato que dava direito a fazer 5 trajetos incluindo Hawaii e finalizando na Califórnia onde tinha um amigo morando em San Diego e pretendia arrumar emprego por lá.[/linkbox]

 

Demais sua viagem, cara! Tô indo pra America do Norte em agosto. Minha idéia tb é viajar por lá, só q de bike. Começo pela costa oeste, onde tenho uns conhecidos, vou indo pro norte, Canadá, Vancouver, ... até Fairbanks. Depois, só Deus sabe...

 

Queria te perguntar 2 coisas:

 

- que esquema é esse do "passe aéreo" de q vc falou? Como funciona?

 

- tem conhecidos lá nos EUA, Canadá que possam dar uma mão pra esse viajante de bicicleta que agora vai ser nômade na América do Norte?! (vc falou de um amigo em San Diego, enfim...)

 

Abração !

 

'tamos ae !

 

I s a h

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Nao tenho mais contatos em San Diego nao, mas conheco alguem em NJ perto de NY.

O passe era da Canadian Airlines, tem que ver no site se ainda existe mas existem outros passes da Star Alliance que se voce voar com a companhia dai compra um pacote de viagens pagando por trecho.

Mas lembre que agora (eu fiz a viagem em 1998) existem as BUDGET airlines, acho que realmente passe nao compensa, ate mesmo onibus nao compensa mais.

 

Abracos e depois vai contando sua viagem de Bike.

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  • 11 meses depois...
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Caraaaa!! gostei muito da sua viagem meu velho. Tenho muita vontade de fazer uma tão emocionante quanto a tua. Estou levantando uma grana para poder viajar com meus amigos, sozinho eu nao tenho muita motivação. Minha vontade mesmo é atravessar diversos lugares de bike.

 

Vai postando mais news sobre tua viagem, estou acompanhando daqui. boa sorte!

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  • 2 meses depois...
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E ai RafaelVL,

 

Estou planejando uma viagem parecida com essa que voce fez. Queria mais informacoes sobre a parte do Alaska, se fosse possivel, por favor.

 

Gostaria tambem de saber como foi que voce arranjou esse barco de Anchorage para Prince Rupert? Foi na sorte ou algo ja planejado? Se quiser me passar essas informacoes por email, leoxavieer@hotmail.com

 

Valeu, forte abraco!!

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  • 6 meses depois...
  • Membros

Rafael, seu post foi muito interessante. Com ctz vc conheceu muitos lugares.

Por favor, quem puder me informar como é para fazer este mesmo roteiro todo, porém ao contrário, partindo do Paraná até o Alaska a pé. Exceto os lugares onde não se torna viável arriscar demasiadamente, tais como a situação atual de atravessar a Colômbia, devido aos problemas de narcotráfico, se ainda houver.

Estou obtendo as precauçoes necessárias, quem quiser se juntar a idéia, vamos nos comuinicar, aviso de antemão, TODO O CAMINHO SERÁ PERCORRIDO A PÉ, apenas será feito o necessário onde houver rios, pegar barca ou barco, e onde for muito perigoso pegar avião.

Vamos atravessar o continente americano a pé?

Abço, Luciano da Costa Leal.

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  • 3 meses depois...

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