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Pesadelo em Uyuni


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Galera, tenho que deixar um relato pequeno (pelo menos pra agora) sobre minha experiência com o soroche...

Eu que perguntei muito à galera o que fazer, o que tomar, como aclimatar e etc.

 

Fiz meu primeiro mochilão agora em julho, tendo como destino a Bolívia. Fui por terra, por Corumbá, Santa Cruz, depois Cochabamba e La Paz.

Nos primeiros dois dias em La Paz, não senti absolutamente nada, apenas o cansaço depois de subir e descer as ladeiras da cidade. Tentei fazer tudo certinho. Alimentar bem, descansar bem e principalmente hidratar bem.

 

Depois desses dois dias em La Paz, fui a Uyuni pra fazer uma aclimatação, já que tentaria fazer alta montanha.

Chegando em Uyuni (4000m +- e -10°C), estava MORRENDO. Muito frio, uma dor de cabeça que nunca tinha tido, MUITO forte, enjôo. Enfim...

Tomei um chá de coca (já tinha mascado durante o trajeto La Paz-Uyuni, não fez efeito algum), alguns remédios e melhorei um pouco (um pouco mesmo, estava muito mal ainda). Fui pro tour de 3 dias.

No final do primeiro dia já me sentia melhor. Conseguia alimentar normal, continuava tomando os remédios e mascando a folha de coca. Dormimos no hotel de sal nesse dia e eu me sentia bem.

 

Quando acordei, estava MUITO mal de novo. Muito enjôo e a dor de cabeça infernal... Aí eu comecei a me desesperar, porque a dor era realmente muito grande, algo que nunca tinha sentido. Passou o dia e eu não melhorei.

Esse foi o mais frustrante porque, com todas as paisagens fantásticas, as lagunas coloridas, o deserto cercado pela linda cordilheira, eu não conseguia aproveitar nada. Ficava só vegetando dentro da caminhonete. Saia pra tirar uma foto ou outra, e já voltava a deitar no banco da frente...

No final desse segundo dia, chegamos ao Parque da Laguna Colorada (+- 4500m de altitude), fui direto pra cama, estava realmente mal. Não tinha ânimo e nem físico pra me alimentar, ficar sentado ou algo do tipo.

 

E essa noite foi a pior, disparado. Não conseguia dormir, a dor de cabeça que não passava, calafrios, mesmo depois de vários analgésicos, ibuprofeno... Nessa noite lembro que tomei o primeiro Diamox.

E o mais desesperador: começou a dificuldade de respirar. Aí que eu caí de vez. Comecei a ficar MUITO desesperado e já pensava em HACE, HAPE, e afins. Se é que me entendem. Não sei se foi o psicológico ou não, mas sentia uns catarros no meu peito, algo obstruindo meus pulmões :|:|

Tinha muita gente preocupada comigo, meu guia (que me deu um chá de uma planta nativa, não sei até hoje o que era), outros mochileiros, companheiros de tour. Ninguém sabia mais o que fazer, que remédio dar.

E também não tinha o que eu fazer, estava em um local muito isolado. Talvez eu devesse pedir pro guia me levar imediatamente pro Chile e baixar de altitude (já que estávamos "próximos" à fronteira do Chile).

No calor do momento nem consegui pensar nada, fiquei lá estirado na cama com uma pilha de cobertores.

O jeito era rezar pra acordar no outro dia, e se tivesse no mesmo estado, teria que mudar todo o roteiro e ir pro Chile, até o nível do mar.

 

Acordei como no primeiro dia, muito enjôo e dor de cabeça (mas melhor que na noite anterior, quando tava quase morrendo -e morrendo mesmo) e o guia informava que iríamos aos gêiseres, que ficam numa altitude maior ainda (5000m aprox.).

O medo era grande, se a 4500m eu passei MUITO mal, o que poderia acontecer a 5000m?

Confesso que foi uma total falta de responsabilidade me deixarem levar até lá, mas aí eu comprometeria todo o tour dos mochileiros que iam comigo. Enfim, nem pensei em pedir pra voltarmos e baixarmos imediatamente a Uyuni.

Graças a Deus (a Deus mesmo) não piorei, na região dos gêiseres. Não saí do carro pois ainda me sentia mal, mas não sentia piora do meu estado.

Mesmo mal, estava extremamente aliviado. Eu e principalmente os que me acompanhavam. Os companheiros do tour de 3 dias, no caminho de volta (o último dia do tour foi só a visita aos gêiseres e toda a estrada de volta a Uyuni, sempre baixando de altitude), disseram que tiveram medo de eu morrer (fico meio cabreiro ao dizer isso).

O guia contava uma história de um alemão que estava no mesmo estado que eu, mas simplesmente não acordou mais :shock::shock:

 

Chegando a Uyuni, já bem mais baixo, já me sentia melhor. Não lembro dos nomes dos mochileiros que me ajudaram na noite da Laguna Colorada mas sou grato demais a eles.

Enfim, o tour de 3 dias de Uyuni terei que fazer outra vez, não consegui aproveitar absolutamente nada...

 

PS: Não sei se vocês vão acreditar em mim, mas depois de Uyuni, voltei a La Paz e fiz cume de 3 montanhas, no Condoriri, com mais de 5000m de altitude. Uma delas o Huayna Potosí, cume a 6088m.

PS2: Acho que esse episódio foi completamente isolado, eu não fiquei sabendo de mais ninguém naqueles dias que tenha passado mal. E tinha muita gente ali, era alta temporada. Em torno de 30-40 turistas além de mim. E só eu passei mal ::hahaha:: Então não adianta eu ficar dando conselho sendo que é "raro" alguém ficar do jeito que eu fiquei. O que posso aconselhar é: se passar muito mal, baixe imediatamente :wink: não faça como o burro aqui (eu ::hahaha:: )

PS3: Talvez não tenha sido tudo isso, meu psicológico pode ter "exagerado" um pouco. A questão é que pessoas com experiência (no caso o guia, os montanhistas colombianos, e os europeus) tavam desesperados também ::hein:

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  • Membros de Honra

Nossa que perrengue vc passou! Ainda bem q tudo deu certo no final!

Vc não é o primeiro que ouço que teve este mesmo problema no salar, cada pessoa tem uma reação mesmo. Estou indo pra lá em outubro e a altitude me deixa apreensiva, estou levando td q é remedio, inclusive o diamox ::hãã2::

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  • 2 semanas depois...
  • Membros de Honra

mrcsmkt,

 

De fato, me parece incomum que o mal de altitude tenha perdurado por dias. Mas entendo que isso é coisa do organismo de cada um, e possivelmente o seu psicológico acelerou a coisa.

 

Eu estive em La Paz nos anos 90 e só fui sofrer com problemas de altitude lá pelo 7º dia, já a caminho do Titicaca (Copacabana). Ainda assim, o problema que eu tinha era na minha gengiva (!!). Vai entender.

 

Em 2010 eu fiz esse tour do Uyuni, saindo do Atacama, e, mesmo já tendo me aclimatado antes (fiz vários passeios no Atacama), o mal de altitude me pegou justamente no último dia. Tive de lutar muito contra meu corpo para curtir um pouco do esplendor do salar. Eu não senti dor, como vc, mas muita moleza e muito sono. Tinha Diamox na mão, mas não usei. Felizmente durou apenas uma madrugada e uma manhã/tarde (ainda que tenha sido do melhor dia do tour!).

 

Volte a Uyuni para fazer o tour novamente. Na minha opinião, é um dos lugares mais espetaculares do planeta, em termos de belezas naturais.

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  • Membros de Honra

olha, cada pessoa reage da sua maneira. eu nao acho que o diamox seja o mais indicado, pq como todo diurédico ele faz a pessoa perder agua e, na altitude isso pode ser extremamente prejudicial, já que a desidratação tem efeitos terriveis no cerebro. Eu aconselho ao invés de diurédico o corticóide, Dexametasona (Decadron), mas com uso moderado e sob orientação prévia de um médico (consulte antes no brasil).

 

No mais, eu fui duas vezes pra lá, na primeira experimentei uma injeção de rubra nova 15.000 uns 10 dias antes, essa injeção é vitamina b12 que ajuda na produção de glóbulos vermelhos então facilita a troca gazosa. nesse vez eu nao senti nadinha de mau de autitude, na segunda vez não tomei a injeção, me senti um pouco pior.

o LeoRJ indica Citoneurin 5000 o principal, que nada mais é que uma dose gigante de vitamina B1+ B6 + B12. mas esse é comprimido. acho que a idéia é a mesma então tá valendo.

 

quanto a coca, use mascar folhas com um negócio que eles vendem junto, que eu nao lembro o nome, que se masca junto. quando vc mistura esse negócio (é uma pasta preta que parece doce de banana) ele potencializa os efeitos e, putz, parece que sobra oxigenio. é mil vezes melhor que o chá.

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  • Membros de Honra

Putz, lendo esse relato eu me lembrei do que passei no salar!

Teve momentos que também pensei que ia morrer, mas pelo que tenho lido são poucos os casos em que há crises fortes de soroche. E nunca li algo sobre alguém que tenha morrido nesse passeio (ainda bem... hehe)

Mas eu penso que no salar a tendência de passar mal é maior pq a gente vai sempre subindo e a indicação é de que a pessoa suba ao longo do dia, mas desça para dormir e lá isso não acontece.

Mas a questão do preparo psicológico é fundamental. Tanto eu como minha esposa não ficamos pior porque fomos conscientes de que poderíamos passar mal e acabamos nos conformando com a situação. Duas amigas que estavam conosco não sentiram praticamente nada!! Incrível!

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  • Membros de Honra

revendo os relatos sobre o salar, eu pensei que Deus foi bom comigo, eu fiz Campo Grande - Santa Cruz - Sucre de avião, de sucre fui direto pra uyuni, e já sai no dia seguinte pro tour de 3 dias, então nao tive adaptação nenhuma e, ainda assim, graças a Deus, nao passei mau. Nem minha esposa, que da outra vez teve que tomar oxigenio em la paz. foi tranquilo pra nós dois.

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  • Membros

Olha galera, realmente são raros os casos em que a pessoa passa muito mal, geralmente o mochileiro toma um "soroche pill" e tudo fica certo. Mas não deixa de ser uma coisa a se temer, né?

Eu tentei fazer tudo o que a cartilha manda: hidratar bem (o principal, penso eu), alimentar bem, levar remédios para emergências, etc... E lógico que, quando saí pro mochilão, pensei que seria tranquilo, que meu corpo reagiria bem, mas que se precisasse eu teria como tratar do mal de altitude. Aliás eu fui pra esse mochilão com o intuito de fazer alta montanha, então o tour do salar era nada mais que uma aclimatação de luxo rs.

Porém como eu disse, até a noite no hotel de sal eu estava tranquilo, sentia mal-estar/enjôo/dor de cabeça, mas nada muito fora do normal. O problema foi no Parque Nacional da Laguna Colorada, quando veio a dificuldade de respirar e a minha indisposição... Não conseguia nem ficar de pé hehe. Aquilo pra mim foi o fim do mundo... Fiquei meses planejando tudo em função das montanhas que eu tentaria cume e do nada eu percebia que meu corpo era simplesmente incapaz. Minha "baixo-estima" estava altíssima ::lol4::

 

MAS! Depois de toda a minha teimosia e analisando agora que já passou, deu um gosto a mais no mochilão... Uma semana depois de pensar que ia morrer, eu estava no campo-base do Condoriri sem sentir absolutamente nada!!!

E o melhor, consegui os dois cumes que planejei... Foi uma viagem perfeita em termos de objetivo cumprido hehe. Com certeza retornarei a Uyuni e principalmente às lagunas... Quem sabe agora em um mochilão na versão turismo, sem perrengues de subir montanha nenhuma :D:D ... Quero demais conhecer Peru e Chile!

 

Uma coisa que não mencionei, minha idade... Tinha 19 anos, cara de 15, então a galera devia estar pensando: este piá de bosta vem viajar sozinho, todo despreparado, que merd* ele acha que é? Hahuahua abraços pessoal!

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  • Membros

Bom sobre o diamox, talvez o certo fosse tomar antes de ir pro altiplano, mas como em La Paz eu me sentia bem, achei desnecessário.

Não sei dizer se foi o diamox que me fez melhorar, porque tomei tanta coisa naquela noite... Utilizei até uma bombinha de oxigênio de um brasileiro hehe.

Sobre o decadron, era uma das minhas dúvidas antes da viagem, levar diamox ou decadron. Mas como ele exige saber aplicar e tudo mais (podendo ser extremamente perigoso se mal aplicado), optei pelo diamox.

 

A real é que não tem muita coisa comprovada acerca do soroche, pelo que li... Apesar de ser objeto de pesquisa há décadas na Medicina, né?

 

 

heka, vai na fé que tudo vai dar certo :D:D:D com boa preparação, tem que ser muito azarado pra passar mal lá ::lol3::::lol3::

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  • Membros de Honra

então, eu levo sempre corticóide em comprimido, pra ser mais exato eu levo "corticorten" ou "decadron", mas sempre em comprimido. cara, antes de subir no chacaltaya, umas 3 ou 4 horas antes eu tomei um comprimido, nossa, super ajudou. mas é medicamento, tem que ser usado conscientemente.

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