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Alemanha, Portugal, Espanha, Gibraltar, Ilhas Canárias, Marrocos, Itália e Vaticano - 23 dias em Out e Nov/2014


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  • Colaboradores

Preparativos

 

Fim do ano chegando, lá fui eu usar meu monte de milhas acumuladas e escolher a Europa como destino, indo por Frankfurt via TAM e retornando por Roma via Aerolíneas Argentinas (Smiles). Os demais destinos foram definidos pelas combinações baratas possíveis entre os voos da Ryanair. O único lugar imprescindível seria as Ilhas Canárias.

Por sorte, logo após comprar os voos descobri que minha querida Tatiana iria para a Europa na mesma época. Com isso, planejamos o roteiro juntos (na verdade eu fiz quase tudo e ela concordou). Apesar de ter iniciado alguns meses antes, o mesmo ficou pronto apenas na semana do embarque. E o mochilão da vez foi preenchido pelos itens da seguinte foto (à exceção do fleece, retirado de última hora):

 

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Fui ao aeroporto de trem, saindo apressado do trabalho. Somente quando cheguei ao mesmo que percebi ter esquecido alguma coisa, a câmera! Tarde demais, tive que comprar uma lá na Europa mesmo. Ainda bem que até terminar esse relato consegui vender minha antiga quase pelo valor que paguei.

Depois de ter voado ao exterior pela Emirates e outras companhias bastante decentes, tinha certo preconceito em ir com a TAM. Bobagem, no geral achei praticamente tão boa quanto as demais.

 

1° dia

 

Filmes e roncos depois, cheguei ao aeroporto de Frankfurt no começo da tarde. Na outra vez em que estive na Europa, passei pela tranquila imigração de Paris. Achei que ali seria igual, tanto que não levei um euro sequer e deixei para sacar só do lado de fora. Só que na fila de espera vi uma dupla brasileira que não passava pela barreira de jeito nenhum, isso que eles pareciam ter a mascada. Comecei a me preocupar... Mas nada que uma boa explicação e cartões de crédito não resolvessem, ufa!

Depois de comprar o passe de transporte público ilimitado e pegar o trem para a cidade no sentido errado, corrigi o trajeto e cheguei à estação, quase em frente ao Frankfurt Hostel. Lá encontrei a Tati, que estava na Europa há alguns dias participando de um congresso.

 

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Ao sair para conhecer a cidade com a mistura de edificações antigas em meio a arranha-céus, passamos num mercado. Ali começou meu vício em cervejas alemãs, que só pioraria ao longo da viagem: Paulaner, Augustiner, Franziskaner... cada uma melhor que a outra.

Achamos alguns shopping-centers, sendo que em um deles havia uma loja enorme de eletrônicos, a Saturn, onde comprei a novíssima Nikon P600, bem parecida com a câmera que esqueci em casa.

Já era noite quando chegamos à beira do rio. Cruzamos uma das diversas pontes para chegar ao lugar conhecido como Old Sachsenhausen, onde ficava o agito noturno. Passamos um tempo tomando umas geladas entre as ruas onde ficava uma sequência de pubs, antes de voltarmos.

 

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2° dia

 

O dia iniciou-se com a ida à bela catedral gótica de Frankfurt (Dom), possuidora de um grande órgão. Seguindo, chegamos a praça Römer, com seu estilo inconfundível. Ali, além de admirar a arquitetura, havia um bocado de lojas de souvenires e restaurantes.

 

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Dentre os 20 museus situados ao longo das margens do rio Main, escolhemos o de história para visitar. Como estava em reforma, não foi possível ver tudo, mas isso não impediu de termos que subir um monte de andares para conhecê-lo.

É composto basicamente de ruínas da antiga construção, além de armas, livros, quadros e outros artefatos.

 

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Ao sair do museu, cruzamos com a maratona da cidade, que estava acontecendo justamente naquele dia. Como sempre, os africanos estavam na liderança. Havia uma grande torcida e aparentemente ninguém reclamava do trânsito, como infelizmente ocorre em nosso país. Aproveitamos para almoçar enquanto víamos a corrida. Como a região era demasiada cara, só nos restou o McDonald’s da praça. Ao menos consegui fazer o pedido em alemão.

 

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Continuando, partimos para o Palmengarten. O jardim botânico apresentava diversos tipos de ambiente e até algumas aberrações genéticas, como limões em forma de dedo, entre outros formatos, mas senti que faltou algo. Prefiro o do Rio de Janeiro.

 

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Na saída, fotos de animais silvestres, caminhada pelo campus da universidade Goethe e mais caminhadas até reconhecer um som distante familiar. Eis que na chegada da corrida, estava uma bateria de escola de samba brasileira, cantada por alemães!

 

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Depois do som maneira, para ver o pôr-do-sol escolhemos um dos edifícios mais altos, a torre Main. Do alto era possível ver toda a cidade, identificando os locais onde estivemos. Apesar de o sol sumir justamente no lado industrial, nem por isso deixou de ser muito bonito.

 

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À noite, ficamos na área comum do albergue. Provei a bebida local que era a sidra (fermentado de maçã), mas depois de tomar um pouco voltei ao vinho e depois à cerveja mesmo. Sentamos numa mesa com gringos e gringas de diversas nacionalidade para confraternizar... e adivinha se ali não tinha brasileiras também.

 

3° dia

 

De manhã, caminhadas aleatórias até a partida do trem para Munique. O trem de alta velocidade era bem confortável, tanto que nem sentimos as 4 horas de duração, graças também ao bom papo e às paisagens.

O Euro Youth Hostel, onde ficamos, está próximo à estação de trem, então foi tranquilo chegar nele. Em nosso quarto havia uma moça que parecia estar morando lá, pois decorava todo ele e havia utensílios de banheiro em maior quantidade do considerado normal para uma mulher, pelo menos eu acho.

À noite, caminhamos pelos bairros centrais. Prédios históricos, praças e igrejas eram o que predominava no local, como a Glockenspiel, riquíssima em detalhes. Para chegar lá, passamos por muitas lojas de marca, de souvenires e vendedores de avelãs.

 

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Em seguida, entramos em um shopping-center para ter um jantar decente. Depois, paramos na famosa cervejaria Hofbräuhaus. O clássico chope alemão, bandinha alemã, trajes alemães e carne de porco. Pedimos uma tábua de frios, mas não fomos muito felizes nessa escolha. Presunto cru, banha e outras coisas impalatáveis formavam o conteúdo do prato.

 

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4° dia

 

Pela manhã conhecemos o complexo da BMW. Em frente à fábrica e aos escritórios, fica um museu bastante interessante. Dentro, é contada de forma visual a história dos automóveis e motocicletas através da marca.

 

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Várias dezenas de veículos, desde o retrógado calhambeque BMW 3/15 PS de 1930, passando pelo minúsculo Classic, a radical moto F800 GS de enduro, o mais radical ainda Fórmula 1 Sauber de Piquet, até o futurista elétrico i8.

 

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Junto ao complexo fica o parque olímpico, onde foram sediados os Jogos de 1972. Há uma grande área verde aberta ao público, com instalações esportivas, além do ginásio de atletismo e futebol, que requer o pagamento de uma entrada. Passamos o lago e subimos um morro para ter a vista do parque e de toda a cidade.

 

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Estávamos famintos e não havia muito tempo para procurar restaurantes, o que nos levou a Pizza Hut às margens dali. Uma garçonete brasileira nos serviu. Mais uma que só volta para cá nas férias, no máximo.

De metrô, chegamos ao Deutsches Museum. O ingresso era um tanto salgado, principalmente para quem não teria muito tempo para vê-lo. Por sorte, a recepcionista nos informou que quando estivesse faltando uma hora para fechar nós poderíamos tentar entrar de graça, pois as bilheterias fechavam. E assim conseguimos entrar sem pagar nada, embora tendo que correr para conhece-lo por inteiro. De temática variada, fiquei mais interessado nos grandes meios de transporte trazidos em escala real pelo museu, e na parte que conta a história da conquista espacial. As luzes já estavam sendo desligadas quando chegamos quase ao final.

 

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Na volta compramos a janta, consumida no quarto do hotel. Foram saborosos salsichões com ótimas cervejas, geladas ao natural no lado de fora da janela.

Descemos ao bar do hotel, para deliciar a sobremesa: Creme de avelã com cacau e... mais cerveja! Não sei se foi a melhor que tomei na viajem por conta do acompanhamento, mas era muito boa mesmo a Augustiner Dunkel. A mistura aguçou a curiosidade dos outros frequentadores do lugar, que vieram falar conosco.

 

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5° dia

 

Depois de outro baita café-da-manhã do albergue, partimos para a estação de trem, onde rumamos para Dachau, uma cidadezinha próxima a Munique onde ficava um dos principais campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, e que serviu de modelo para os posteriores. Hoje há um memorial no lugar; boa parte das construções continua de pé.

 

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A entrada é gratuita. Basicamente é um enorme terreno cercado, com as prisões, alojamentos, prédios de administração e crematórios, além dos templos de diversas religiões erguidos no local após a desativação do campo. Toda história está muito bem descrita com riqueza de detalhes, com objetivo de mostrar o quanto absurdo foi tudo aquilo para que não ocorra novamente.

 

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Depois desse clima sombrio, paramos para comer uma salada e voltamos para Munique, para passear pelo Englischer Garten, parque urbano maior do que o Central Park de NY. Os agradáveis quilômetros de trilhas para cavalos, bicicletas e pedestres são preenchidos por florestas, gramados, lagos, rios e aves.

 

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Devido à extensão e falta de tempo, vimos apenas metade do parque. Mas quando estávamos saindo pelo outro lado, presenciamos uma das cenas mais inusitadas da viagem: surfistas há 300 km da praia mais próxima, surfando num dos canais que corta o parque! Devido a um mecanismo de bombeamento, há uma onda permanente no local, o que atrai um grupo de praticantes dessa modalidade, e consequentemente turistas, é claro.

 

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Como o aeroporto de onde saia o voo da Ryanair fica em outra cidade, Memmingen, tivemos que pegar um ônibus. De dentro dele vimos um bonito pôr-do-sol. À noite embarcamos para a terra do Joaquim e do Manoel.

No aeroporto de Faro, a atendente da locadora de carros InterRent nos aguardava. Recebemos nosso Volkswagen Up! e alguns quilômetros depois chegamos no centro da cidade onde ficava o Blablabla Hostel, que de albergue não tem nada, pois ficamos em uma casa isolada praticamente só para a gente, o que não foi nada ruim.

Jantamos em um restaurante local recomendado pelo inquilino. Demorou a ficar pronto, mas assim como as refeições seguintes as lulas oleosas estavam deliciosas.

 

6° dia

 

O dia estava lindo e agradável quando acordamos. Depois de um café da padaria, em duas quadras chegamos ao cais e ao centro histórico. Não perdemos muito tempo lá, pois queríamos nos aventurar no Parque Natural da Ría Formosa.

 

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Alugamos um caiaque e remamos (muito) ao longo dos rios e planícies lodosas que seguiam até a foz. Arrisquei caminhar sobre a lama, para me aproximar das aves, mas não deu muito certo.

 

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Continuamos no mar por horas, observando e fotografando diversas espécies de aves, como cegonhas, batuíras, maçaricos e até os belos colhereiros.

 

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Ao chegar à praia, uma parada rápida para descansar os braços e seguir de volta, agora contra a maré. Pegamos um atalho por um canal estreito que poderia estar sem calado, mas tivemos sucesso. O céu começava a mudar de cor enquanto nos esforçávamos para retornar. O pôr-do-sol foi indescritível.

 

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Para encerrar o dia com chave de ouro, o melhor jantar da viagem. À beira do cais, nos fartamos do prato chamado cataplana de mariscos. Uma quantidade enorme de saborosos frutos-do-mar, incluindo um camarão quase do tamanho de uma lagosta, transbordou em nossa mesa. Estava bom demais para deixar sobras, mas o volume era tanto que não demos conta.

 

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7° dia

 

Dia de rodar com o Up! Percorremos o litoral em direção à fronteira com a Espanha, parando em algum outro ponto do parque. Mas não havia nada de novo por lá. Já na fronteira, abastecemos o carro de suprimentos num supermercado bem barato e subimos até Mértola, passando em meio ao chaparral e demais formações vegetais protegidas pelo Parque Natural do Vale do Guadiana.

 

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A vila fundada com o nome de Myrtilis pelos romanos durante a Idade Antiga, ainda possui um castelo medieval e parte de suas muralhas. Ao subir a viela até o topo, me deparei com oliveiras pela primeira vez na vida. Tasquei uma azeitona na boca... para descobrir na prática que elas são horríveis antes de serem processadas.

Do alto do castelo aberto ao público se via o vale e as construções todas em branco, incluindo a igreja da Idade Média.

 

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Pouco depois seguimos por estradas de chão, para chegar ao lugar recomendado pela atendente da locadora de carros. Naquele que era possivelmente o trecho mais turbulento do Rio Guadiana, outrora calmo em Mértola, a Cascata do Pulo do Lobo mostrava toda sua força. No entorno, um bando de bodes alimentando-se.

 

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Depois de algumas horas nos aproximamos novamente de Faro, com a intenção de visitar as ruínas romanas de Milreu e o palácio de Estói, na cidade de mesmo nome, mas para nosso azar chegamos apenas quando já estava fechando. Assim, corremos novamente para observar o pôr-do-sol em uma praia do município de Quarteira. Chegamos na hora certa.

 

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Caminhamos pela agradável orla até pararmos para jantar pizza... de frutos-do-mar, claro! Depois da digestão, deixei a Tati em Faro, troquei de roupa e devolvi o carro no aeroporto. Como estava doido por uma corridinha, voltei dessa forma até a casa, que ficava há pouco mais de 5 km de lá.

 

8° dia

 

Por volta das 8 da manhã entramos no ônibus com destino à Sevilha. Mesmo sem ter que parar na fronteira, a viagem durou 3 horas e meia. Chegamos ao calorzão, almoçamos e, assim que saímos da rodoviária, conseguimos pegar um ônibus para o aeroporto, onde tinha reservado um carro. Com a antecipação, conseguimos pagar incríveis 12 euros por dia, tem como acreditar nisso? Ainda mais considerando que ganhamos um upgrade gratuito para um Fiat 500 Grande.

Antes de parar em Sevilha, fomos a Santiponce, para visitar o Conjunto Arqueológico de Itálica, também romano. Para variar chegamos faltando uma hora. Pagamos a modesta taxa e corremos. A principal e mais bela estrutura é a do enorme anfiteatro. Ao caminhar por dentro, dá para sentir o clima dos duelos com gladiadores.

 

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Há ruínas de outras edificações ao redor da colina, como pisos e pilares, e a casa de água, mas nada tão bem conservado. Fora do sítio há outros 2 pontos na cidade com resquícios, mas durante nossa visita estavam fechados.

Voltando para Sevilha, veio o drama do estacionamento. Rodamos cerca de uma hora até desistir e deixar o carro há mais de um quilômetro de nossa hospedagem. As vielas do centro são impossíveis de ser percorridas e ainda pior estacionadas.

À noite, foi a vez de conhecer o centro histórico da cidade. Apinhado de gente ao redor de construções iluminadas de amarelo. O maior destaque arquitetônico é a Catedral de Sevilla e seu campanário Giralda, mas há dezenas de outros prédios no mesmo estilo ao redor.

 

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Caminhamos bastante enquanto procurávamos um lugar para jantar, pois os tapas, clássico aperitivo local que pode ter tudo quanto é ingrediente em sua composição, estavam salgados, não só no gosto como também no preço. Quase desistindo da missão, tivemos a sorte de esbarrar com o 100Montaditos, franquia espanhola que possui uma centena de opções de mini-sanduíches com sabores diferentes a cerca de 1 euro. Foi um baita de um achado esse lugar. Apesar do chope não ser dos melhores, comparado ao alemão, os tapas (sanduíches) eram bons e baratos.

 

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9° dia

 

Dia de pegar a estrada. Seguimos em direção sudeste, passando por plantações, parques eólicos e depois por belas paisagens no Parque Natural Los Alcornocales.

 

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Horas depois, avistamos um grande rochedo de longe. E continuou por um bom tempo longe, pois a fila da imigração automobilística para Gibraltar estava maior que a fila do SUS. O calor já estava ficando insuportável dentro do carro quando finalmente passamos pela fronteira e pela pista de pouso do aeroporto. Não é necessário pagar nenhuma taxa e graças às facilidades com cartão nem tivemos que fazer câmbio, embora a moeda seja a libra esterlina, já que é um território britânico.

 

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Nosso intuito (o meu, ao menos) era de dar a volta no “país” inteiro. Sendo assim, seguimos costeando a península. Estacionamento é um problema lá, tanto que os moradores têm vagas reservadas para eles nas ruas. Paramos em uma praça, para observar as moradias (somente apartamentos), a marina e o porto.

 

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O almoço foi um prato de salmão com batatas, em referência ao típico fish ‘n’ chips bretão.

 

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Seguindo o caminho, encostamo-nos à base do morro de calcário. No alto, milhares de gaivotas em busca de sobras de peixe. A paisagem dali seria incrível, se não fosse pela quantia vergonhosa de lixo despejada na orla.

No lado sul, um mosteiro contrastava com um farol e um bunker voltados para o Estreito de Gibraltar, que contavam a história da resistência inglesa frente aos demais países para assegurar o controle desse território. A olho nu é possível ver a África, tanto o Marrocos quanto o território de Ceuta.

 

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Subimos então para o alto do rochedo, o local mais famoso onde fica uma reserva ambiental. No caminho fomos recepcionados pelos macacos, mas enquanto nos distraímos com eles, o tempo para visitar o parque ia acabando. A falta dele somado a taxa um tanto cara nos fez desistir do passeio. Então fomos ao jardim botânico. Pequeno e grátis, com algumas espécies da região, incluindo do norte da África, e alguns passarinhos.

 

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O sol se pôs quando fomos para o que parecia ser uma praça de convivência. Estava meio vazia. Jantamos e seguimos o longo caminho de volta no escuro. Ironicamente a única coisa que não fizemos em Gibraltar foi conhecer a principal atração.

Ao chegar, uma breve passagem pelo Festival Intercultural de las Naciones, onde barracas de dezenas de países, incluindo o Brasil, vendiam alimentos e artesanatos.

 

10° dia

 

Acordei ansioso, pois dentro de algumas horas estaríamos nas Ilhas Canárias!

Com o voo chegando à Lanzarote, já vislumbrava o deserto vulcânico que nos aguardava. Depois de retirar o carro fomos para Costa Teguise, onde ficava nossa melhor hospedagem da viagem. Ficamos com um apartamento só para nós.

 

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Mal botamos o pé nele e já seguimos a pé até a praia, para o primeiro mergulho da viagem, e também o primeiro da vida da Tati. Por meio do guia de mergulho de Lanzarote (http://www.turismolanzarote.com/buceo/guia_lanzaroteideal_af.pdf), escolhi um local abrigado, a Playa del Jablillo, protegida por quebra-mares. Foi aceitável para um começo e para a Tati pegar o jeito da coisa, mas achei bem razoável a diversidade de paisagem (pedras e areia) e de vida: anêmonas, algas, esponjas, ouriços, pepinos, cardumes de uma dúzia de espécies de peixes e, o mais interessante para mim, uma lebre-do-mar, da espécie Aplysia dactylomela. Esse molusco aparentemente inofensivo possui toxinas na pele e é capaz de ejetar tinta nos predadores.

 

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Achei que o neoprene curto e fino que comprei para a viagem ia segurar o frio, mas não teve jeito. Saí da água tremendo quando começou a escurecer.

Parti para uma corridinha ao longo da costa para conhecer. A cidade ou bairro, não sei em que categoria se encaixa, é basicamente um conjunto de resorts frequentados por obesos e idosos, e às vezes as duas coisas junto. Mas a vista do mar é bem bonita.

Para jantar, uma saborosa pizza no centrinho.

 

11° dia

 

Fomos ao interior da ilha para conhecer os recantos mais desérticos de Lanzarote. Começamos pelo Monumento Natural La Cueva de Los Naturalistas, uma subsidência no solo que formou um refúgio subterrâneo.

 

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Perto dali jazia a Caldera de Los Cuervos, o primeiro vulcão formado durante a grande erupção de 1730. No caminho até a cratera uma cena um tanto inusitada: um grupo de pessoas vestidas de palhaços, duendes e outras criaturas reunidas. Ignorando-os, chegamos ao interior da estrutura geológica multicolorida.

 

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Na volta, vimos que o grupo de criaturas iria se apresentar para uma turma de crianças que estava chegando.

Pouco mais adiante ficava a belíssima Montaña Colorada, tingida em um de seus lados por minerais com ferro.

 

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Chegamos em seguida à entrada do parque, mas como cartões não eram aceitos, tivemos que voltar outra hora para podermos comprar junto o vale com desconto para os 4 grandes parques. Assim, fomos para o sudeste da ilha parando em La Hoya. Lá estão a Laguna e as Salinas de Janubio. Ali desde o final do século 19 concentra-se a produção de sal de Lanzarote, além de gaivotas, pernilongos e outras aves.

 

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A fome já estava batendo. Como o único restaurante do lugar possuía o preço tão salgado quanto o que era retirado de lá, fomos até Playa Branca, onde almoçamos um projeto de paella.

De volta às Montañas del Fuego, ingressamos no parque. Um tour de ônibus nos levou por uma rota subindo vulcões, onde foi possível ter belas vistas, enquanto era contada a história de formação da ilha e do parque.

 

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No retorno, um empregado mostrou o bolsão térmico que havia em um ponto, colocando fogo em palha somente com a aproximação, e depois colocando água e assim gerando um gêiser.

 

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No fim do dia chegamos à capital Arrecife, com seus barcos de pesca, prédios históricos, orla e centro de comércio.

 

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Nesse último, não tão movimentado, caminhamos e tomamos um baita sorvete.

À noite ficamos no hotel mesmo, jantando sanduíches com cogumelos e queijos mofados e coloridos, e tomando cervejas germânico-belgas.

 

12° dia

 

Depois do café reforçado do hotel, nosso destino foi Puerto del Carmen. Lá, apesar do céu nublado no momento, estacionamos na Playa Chica e caímos na água. Ali, já havia mais o que se observar. Fomos um dos primeiros a entrar na água. Enquanto contávamos espécies de peixes, além da fauna e da flora aderida às rochas, mais gente foi chegando, a maioria pelas escolas de mergulho locais.

 

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O melhor, no entanto, foi aparecendo enquanto me afastava da margem. Apesar de não aparentar, o fundo foi ficando subitamente mais distante. A linha que dividia o raso do profundo era bem perceptível. Já havia cerca de 10m de profundidade quando, na tentativa de achar algum peixe grande vi jatos brancos saindo de um lugar. Ao me aproximar percebi que eram mergulhadores. Sua respiração formava belos turbilhões de bolhas de ar rumo à superfície. Havia uma porção deles em meio a raros mas grandes cardumes.

 

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Antes de sair da água fui à praia ao lado do cais, onde vi uma estrela-do-mar desproporcional, uma anêmona cerianto e peixes investigando a areia com suas pseudo-antenas.

Continuamos até o Jardín de Cactus, em Guatiza. Consiste em uma área murada contendo cactáceas e outras plantas xerófitas de diversas partes do mundo. A variedade de formas e cores é impressionante, desde cactos obscenos até cerebrais.

 

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Depois da visita rápida, continuamos para o norte, onde ficavam mais duas estruturas abaixo da terra. A primeira, próxima ao litoral, era o Jameos del Agua. O centro dela era um lago azul onde existia milhares de caranguejos minúsculos de uma espécie que habita apenas lá. Cada ponto branco da foto é um deles.

 

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Uma bela simulação de ilha tropical completava a paisagem, na saída para o outro parque.

 

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O seguinte, cuja entrada ficava a poucas centenas de metros dali era a Cueva de los Verdes, ali sim havia uma caverna de respeito. Embora não estivesse totalmente acessível, pois ainda estava sendo estudada, o tour trilíngue (inglês, espanhol e alemão) passava por boa parte, mostrando espeleotemas diversos. O ápice é atingido no final, onde há uma surpresa de ilusão de óptica deixa todos deslumbrados.

 

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Uma breve passagem pelas dunas e praia deserta da Caleta del Mojón Blanco antes de chegar a municipalidade de Órzola, no extremo norte da ilha. A praia desse último local só pode ser admirada da areia, devido ao mar revolto. Mas nosso (digo, o meu) objetivo nesse lugar era outro: achar fósseis. Deixamos o carro em baixo e subimos o morro do Valle Grande, onde havia registros de ovos fósseis de aves. Até chegar ao cume, coletei apenas poucas rochas diferentes.

 

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Como o sol já se punha não pudemos ficar à toa. Descemos pelo vale entre os morros. Já era noite quando, sem lanterna, vi uns pontos brancos encravados em uma rocha sedimentar fraturada. Eram fósseis! Mais precisamente conchas de gastrópodes marinhos, de pelo menos duas famílias diferentes. Pena já estar escuro, por isso não pude me prolongar na análise. Mas a descoberta inesperada já valeu.

 

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Retornando ao carro, fiz uma coisa que sempre faço, que é provar todos os tipos de fruta que encontro pela frente. Mas dessa vez me arrependi, pois não contava que o fruto do cacto teria espinhos dentro dele. Ao dar aquela mordida, uns micro espinhos ficaram na minha gengiva. A muito custo consegui tirá-los.

Para terminar o dia provamos umas bebidas, incluindo a docíssima sangria espanhola.

 

13° dia

 

Dia de mais um voo e de despedida. Embarquei no turbohélice da Binter Canarias para Gran Canária, o voo mais curto porém mais caro da viagem (saudades da Ryanair), enquanto a Tati pegou o voo seguinte para Tenerife. Minha ideia era de alugar um carro e dar a volta na ilha redonda, ficando um dia em cada lugar, e deu certo.

É impressionante a quantidade de aerogeradores existentes pela ilha. Enquanto seguia para o ponto de mergulho, passei por algumas dezenas. Assim como a Espanha continental, há um grande investimento no aproveitamento do potencial eólico. Ponto positivo para eles.

Entrei na Playa del Cabrón na Reserva Marina Arinaga, apontada como um dos melhores locais da ilha para a prática. Cruzei a praia de cabo a rabo mas além de fortes ondulações não vi praticamente nada novo.

 

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Para não perder o pique, peguei o carro e desembarquei em outra praia protegida e mais movimentada. No geral mais um ambiente perturbado e pouco propício ao desenvolvimento de corais. Os destaques aqui foram um peixe-lagarto, um sorridente papagaio e um pepino alaranjado molenga.

 

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Caí na estrada novamente, chegando um tempo depois no que era para ser o “hostel” em Maspalomas, no sul da ilha. Acontece que eu fiz uma confusão com o termo que, na verdade, era “hostal”, e que significa um tipo de pensão espanhola. Apesar de ser limpo, o lugar era meio deprimente. Lembra aquelas espeluncas de beira de estrada dos filmes. Paciência, seria apenas uma noite ali.

Parti logo para o parque das dunas, onde presenciei um belo pôr-do-sol. O interessante no parque é que não havia apenas areia e vegetação rasteira, até algumas árvores sobreviviam por lá. Quando terminei de cruzar já era noite e circulavam pessoas estranhas, então não recomendo que façam a travessia nesse horário.

 

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Saí junto a um farol e um pequeno sítio arqueológico, que se misturavam a um centrinho comercial e de restaurantes ao redor de vários resorts. Segui na caminhada pelas ruas que atravessavam campos de golfe e condomínios de luxo, ao som de Blink 182. Já tinha ouvido todo o repertório quando retornei ao ponto de origem, uns 6 km depois.

 

14° dia

 

Acordei cedo e fui para Puerto de Mogán, outro balneário turístico, mas com sérios problemas de estacionamento.

 

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Apesar do belo litoral, a única diferença subaquática em relação aos demais sítios foi a presença de um peixe-trombeta pintado em meio às rochas, além de um projeto de caverna sob as falésias.

 

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Depois de muita andança comecei a guiar o veículo pelas elevações e, assim, o clima foi mudando, do calor quase exagerado para um frescor agradável. Muitas curvas sinuosas em baixa velocidade e algumas barragens depois, cheguei a quase 1800 metros de altitude. A paisagem era dominada por rochas e Pinus canariensis, além de contar com algumas aves de rapina como o Falco tinnunculus.

 

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Check-in feito no acampamento El Garañon, eu e mais um bando de turistas caminhamos até o topo do Monumento Natural Roque Nublo, o ponto mais alto da ilha.

 

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Aproveitei que ainda era dia para fazer outras trilhas ao redor do morro, completamente sozinho em meio à natureza, ótimo lugar para relaxar e refletir. Retornei a tempo de ver mais um deslumbrante pôr-do-sol.

 

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Voltei para o acampamento tropeçando no caminho escuro. Lá comi um baita jantar caseiro e fui para minha cabana de madeira na completa escuridão, já que a luz era bem restrita lá. O que eu não esperava era que o lugar fosse rústico a ponto de não ter nem roupa de cama. E estava fazendo um frio danado por lá, que eu não estava preparado (me arrependi de ter ejetado o fleece da mochila). Dormi encolhido e usando todas as roupas restantes, mas não foi o suficiente para não passar frio.

 

15° dia

 

E começou o longo, porém belo caminho ladeira abaixo. Depois de algumas horas cheguei à planície no litoral, na cidade de Agaete, onde se vê várias estruturas cobertas com uma tela branca, que são as plantações. Ali reabasteci de suprimentos e segui para a necrópole que ficava próxima.

 

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Conhecida como Parque Arqueológico del Maipés, cuja origem do nome deriva do termo “malpaís” que significa terra ruim, pois é um campo de lava onde quase nada cresce. Caracteriza-se por um cemitério com cerca de 700 tumbas de diferentes formatos e tamanhos, algumas feitas há mais de 1300 anos. A taxa de entrada é módica, perto da informação fornecida.

 

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Almocei um peixinho em Puerto de las Nieves e fui ao próximo sítio arqueológico, o Cenobio de Valerón, que era nada mais que um celeiro encrustado em meio às rochas no município de Guía. Uns vinte minutos são mais que suficientes para se ver tudo.

 

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Chegando o final da tarde, fui à capital da ilha, Las Palmas de Gran Canaria, uma península portuária também com problemas de estacionamento. Fiquei em um albergue bacana, o Utopia Las Palmas. Dei graças quando soube que tinham máquina de lavar e não cobravam nada! Foi uma bênção, pois já estava reciclando minhas roupas há alguns dias.

Antes de interagir, fiz minha tradicional corrida de reconhecimento do lugar, pela bonita e movimentada orla turística. Na volta quase me perdi.

 

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Minha única noite foi bem proveitosa. Conheci um brazuca, um argentino e mais uns gringos e gringas. Ficamos conversando, bebendo e ouvindo música ao vivo nas praças ao longo da Playa de las Canteras, a principal da cidade.

 

16° dia

 

No outro dia certamente acordei tarde e só caminhei para tirar umas fotos e me enterrei no shopping-center enquanto não era hora de pegar o voo de volta, embora não tenha comprado nada.

Quando cheguei à terra catalã de Valência, já era noite. De metrô, cheguei ao Red Nest Hostel, bem no centro. Conversei um pouco com uma mineira que conheci por lá e fui dormir. O único problema foi que meu quarto fedia a chulé de queijo mofado.

 

17° dia

 

Outro dia de muita caminhada. Começando pelo centro histórico e suas várias edificações das Idades Média e Moderna, como a Catedral, Lonja de la Seda, Torres de Serrans e de Quart, todas em bom estado de conservação.

 

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Entre as atrações dos séculos seguintes, há a Plaza de Toros, lugar das touradas e o Mercat Central, onde se vende comida em geral.

 

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Na busca por um restaurante, tive a sorte de achar o 100Montaditos e, melhor ainda, com uma promoção onde cada tapa saía por 50 centavos naquele dia!

De barriga cheia, percorri os campos verdes do Jardín del Turia, um parque linear feito no local do antigo leito do rio de mesmo nome que foi desviado. Ao fim dele, encontra-se o complexo com um ar futurista chamado de Cidade das Artes e das Ciências. Compõe-se de sala de cinema, museu de ciências, aquário, museu de artes, jardim e praça, todas construídas com uma arquitetura incrível.

 

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Como a entrada era cara, apenas admirei por fora, seguindo o caminho para a parte costeira. E foi uma caminhada sofrida! Tive que carregar o casco nas costas, já que de lá ia direto à estação de trem. Ainda por cima fazia um calorzão e o sol estava queimando. Passei por cima do circuito de rua de Fórmula 1, algo que tinha feito anteriormente apenas em Singapura. Por fim, cheguei à extensa faixa de areia de Malvarrosa.

 

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Aguardei até o meio da tarde, peguei um bonde de volta e, por fim, um trem longo à Barcelona.

 

18° dia

 

Essa escala em Barça para economizar alguns euros no voo seguinte não foi das mais inteligentes, pois tive tempo apenas de dormir lá, acordar e embarcar em um trem urbano até ao aeroporto.

No final da manhã voei sobre Marrocos e desci onde havia sido gravada a novela O Clone, Fez. Estava um tanto preocupado em visitar esse país sozinho, pois iria deixar a segurança europeia para um destino desconhecido. Embora estivesse longe da zona do Ebola e dos atentados muçulmanos contra cristãos, isso aumentava a aflição. Apesar de ter ouvido que o país era lindo e não sei mais o que de bom, minha primeira impressão que foi se concretizando ao longo dos 2 dias que fiquei lá, foi quase idêntica ao Egito: lixo por todos os lados, vendedores e golpistas insuportáveis, e monumentos históricos abandonados à própria sorte. Pelo menos o segundo idioma do país (francês) aliviava um pouco o sofrimento. Claro que não vi apenas coisas ruins, mas essas se destacaram.

Dividi um táxi do aeroporto até a Medina com um canadense que me faria companhia ao longo do dia. A partir de um dos portões principais (Bab) que davam acesso à cidade murada, tentamos chegar ao hostel que ficava em seu interior. Fui descobrindo que meu GPS seria inútil no meio daquele labirinto. O pior é que não podíamos pedir informação a ninguém, pois senão iriam querer nos levar até o lugar e cobrar por isso, não importava se eram crianças, adolescentes ou adultos.

 

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Depois de um tempo penando, chegamos ao agradável Funky Fes Hostel. Voltamos às confusas ruelas. Lá, se produzia e vendia de tudo relacionado à alimentação e artesanato e decoração da casa.

 

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Havia verdadeiras manufaturas em meio aos prédios colados uns aos outros. Ainda, prédios públicos e locais de oração brigavam pelo pouco espaço disponível.

 

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Nos separamos e eu fui às colinas exteriores às muralhas para ver todo o conjunto por cima. Nessa hora a chuva começou a incomodar. Quem diria que praticamente a única chuva que peguei na viagem seria quase no deserto?

Ao retornar, poças atrapalhavam as já estreitas vielas. Passei um bom tempo tentando localizar as malditas tinturarias. Não tive sucesso, assim tive que pagar para qualquer um me mostrar o lugar e explicar o processo de tingimento. Como não fazia calor, até que não estava fedendo como imaginava que seria.

 

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O pior foi ao retornar. Sozinho, perdido e à noite, fui coagido a comprar alguma coisa da loja que deu acesso ao local. Apesar de ter negociado bastante para reduzir os preços exorbitantes, saí de lá insatisfeito com a compra de uns artigos de pele de camelo.

De volta ao albergue, jantei um prato típico da Palestina. Não lembro o nome, mas era bom. Depois, sem álcool, já que era proibido, fiquei confraternizando com outras nacionalidades por lá, sobretudo europeus. Tentei arrumar companhia para fazer um dos tours organizados, mas como a maioria iria fazer o que passava pelo deserto, me contentei em acompanhar um belga por outra cidade no dia seguinte.

 

19° dia

 

Depois dum café-da-manhã típico, fomos com um táxi até a estação de trem, onde o trem para Meknes saíria. A viagem curta e barata passou por cultivares.

Chegando, entramos em outra Medina. Dessa vez menor e mais ajeitada. Em um restaurante tivemos uma refeição marroquina, o tajine (não confundam com tahine, aquela pasta de grão-de-bico, como eu fiz). Achei meio sem graça o caldo feito com vegetais e uma carne na panela de mesmo nome.

 

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Depois nos levaram a uma loja de tapetes. Apesar do estresse na negociação, saí de lá satisfeito em ter adquirido um kilrim de seda de cacto por uns 70 e poucos reais.

De lá, fomos para a Cidade Imperial, erguida por Moulay Ismail, o ditador responsável pela unificação de Marrocos. Visitamos sua tumba, além das ruínas dos celeiros. Não foi possível entrar no palácio.

 

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Agora sozinho, voltei caminhando para a estação de trem e esperei algumas horas até o trem de volta a Fez.

 

20° dia

 

Mais um dia meio inutilizado para escala. De Fez novamente à Barcelona.

Queria visitar o Parc Güell, mas até conseguir chegar lá o parque recheado de obras de Gaudí já estava fechando. Só me restou rever e caminhar pela Ronda Litoral, a beira-mar.

 

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Fiquei hospedado no mesmo lugar em que havia estado no ano anterior, o Kabul Hostel, onde tinha passado uma das noites mais loucas da minha vida. Só que dessa vez foi diferente, pois estava sem nenhum conhecido, com saudades de casa e ainda tive o azar de ficar sozinho em um quarto com 8 camas!

 

21° dia

 

Pé + metrô + trem + avião = Fiumicino. O que não estava nos planos era que o maldito transfer pela empresa Terravision até Roma levaria horas para partir, enquanto as outras empresas saiam o tempo todo.

O Yellow Hostel, onde me hospedei, era grande demais, e isso o tornava impessoal e difícil de fazer amizades. Assim, saí sozinho caminhando por aí, à noite mesmo, já que meu roteiro estava atrasado.

A cidade é um verdadeiro museu a céu aberto. A cada quadra atravessada, um monumento novo, a maior parte deles aberto ao público. Começando por igrejas e similiares de todos os santos possíveis, visto que é o centro do catolicismo no mundo.

 

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Belas e famosas praças com estátuas e fontes de mármore onde o povo e principalmente turistas se reúnem, além daqueles chatos que ficam atirando pirocópteros brilhantes para estragar suas fotos. E agora há também os que alugam hastes para fazer sua selfie. Pena que algumas das fontes, como a Fontana di Trevi, estavam em reforma. Na foto, a escadaria da Piazza di Spagna. Também recomendo a del Popolo e a Navona, além da Venezia, mencionada adiante.

 

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Impressiona a magnitude das colunas que sustentam o Panteão, dedicado aos deuses greco-romanos na Idade Antiga. É o único edifício da época que se encontra em perfeito estado de conservação, segundo a Wikipédia.

 

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Mais ao sul, no Largo di Torre Argentina, há ruínas parcialmente reveladas de templos e do local onde se acredita ter ocorrido o assassinato do imperador Júlio César. A área está atualmente interditada.

 

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Na Piazza Venezia fica o pomposo palácio contemporâneo chamado Monumento Nazionale a Vittorio Emanuele II, construído em 1925 em homenagem ao primeiro rei da Itália unificada. No entanto, sua construção é controversa, visto que destruiu uma parte bem antiga da cidade.

 

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Ao lado ficam os fóruns de Trajano e de Augusto e, seguindo pela Via dei Fori Imperiali, chega-se no esplêndido Coliseu. Dá até um arrepio ao se aproximar da enorme estrutura e contemplar uma das 7 maravilhas do mundo, pensando em tudo que já ocorreu ali dentro. Há uma grande obra de restauração, visto que o estado do edifício é bem delicado.

 

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22° dia

 

De trem, fui até Tivoli, na região metropolitana de Roma. Às margens da zona rural, é uma bela cidadezinha que também guarda muita história. Comecei pela Villa Gregoriana, uma mistura de parque natural de cachoeiras com ruínas romanas. Cansa subir e descer as trilhas para ver tudo, embora não seja tão grande.

 

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Estava indo tudo bem até eu chegar aos degraus da última cachoeira. Adivinhem só, torci o tornozelo! Com minhas várias experiências anteriores de torção, senti que o negócio foi feio. Ainda assim, só dei uma paradinha e aproveitei que ainda estava quente para continuar, jogando o peso em outra perna enquanto não inchava. Mas foi um sofrimento subir tudo de novo desse jeito.

Saí de lá e passei pelas típicas ruelas, enquanto procurava um lugar para comer.

 

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Acabei na Villa D’Este, Patrimônio Mundial da Humanidade que consiste em um palácio com muitos afrescos, e cujos fundos são a principal atração: um sistema de fontes e corredeiras d’água em meio a jardins verticais.

 

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Apesar do incidente com o cacto, não resisti e acabei provando uma fruta deliciosa que tinha no jardim. Comi todas que alcancei. Pena que ainda não descobri o que era.

 

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Faltou tempo para ver a Villa Adriana, pois precisaria de um ônibus para chegar lá.

De volta a Roma, fui atrás de um supermercado, saltando em estações de metrô aleatórias e procurando pelo GPS. Consegui achar um e fiz a farra. Entre outras coisas menos importantes, comprei 1 kg de queijos caríssimos no Brasil, e que lá paguei como se fosse um muçarela. Para trazer a nosso país, também comprei 3 litros de cervejas alemãs (1,4 euros por 500 ml) e 3 potes gigantescos de 1 kg de creme de cacau com avelã, vulgo Nutella, que para minha sorte é italiana (6 euros o kg).

O problema foi o retorno. Estava caindo o maior temporal quando saí do mercado. Cheguei à hospedagem ensopado. Depois do banho, compartilhei um de meus sanduíches de finas camadas de queijo com um legítimo havaiano que estava em meu quarto, enquanto conversávamos.

 

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23° dia

 

Ficou para o último e manco dia a missão de enfrentar a fila do Vaticano. Uma verdadeira procissão seguia da estação de metrô para a Piazza San Pietro. Lá enfrentaria uma fila maior que a do INSS. Pouco depois de eu ingressar nela, já atingia quase 400 m! Fiquei conversando com um grupo de brasileiros enquanto aguardava com a multidão. Achei que passando todo esse empenho poderia ver toda a Cidade do Vaticano, mas a fila era apenas para a Basílica de São Pedro... ao menos esta era grátis.

Não sou muito ligado em religião, mas a construção é impressionante. Fico pensando a que custo foi extraído todo o ouro que está ali.

 

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Por volta do meio-dia a praça estava apinhada de gente. Ir no domingo teve uma desvantagem e uma vantagem: a primeira é que não havia acesso à Capela Sistina, e a segunda é que o Papa iria aparecer por lá. Eis o motivo de tanta muvuca.

 

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De uma janelinha no alto apareceu Vossa Santidade e transmitiu uma mensagem e orou por alguns minutos. Como estava na lateral, vi apenas seu braço.

Por último, fui até o Monte Palatino, onde ficavam importantes ruínas da Roma antiga. Do Circo Máximo não restou nada além do formato do terreno onde ocorriam as corridas de biga, mas as ruínas do Fórum Romano e as demais que ficavam no lugar onde nasceu o Império Romano estavam mais conservadas.

 

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Voltei pro albergue, comi o resto dos sanduíches, peguei o transfer de volta pro aeroporto e enfrentei o longo voo de volta pela desagradável Aerolíneas Argentinas. Em um terço do voo o sistema de entretenimento não funcionou, e quando funcionou só tinha uns 4 filmes pra ver. E o pior de tudo é que não deixavam usar o celular em modo de voo em momento nenhum! Claro que essa regra eu não respeitei, senão ia ficar louco...

Mas enfim retornei a Porto Alegre depois de uma escala em Buenos Aires, e fui direto pro trabalho, recordando os ótimos momentos vividos durante essa jornada. Se você curtiu faça como eu, deixe de desculpas e vá conhecer esse mundão!

 

Ps: Se você curtiu as dicas, quer economizar ainda mais, conhecer outros destinos e apoiar novas relatos, não deixe de conferir meu blog! http://www.rediscoveringtheworld.com ::otemo::

Editado por Visitante
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  • 2 semanas depois...
  • Colaboradores

Fala brother!

 

Sensacional o relato, muito bom mesmo. Já li todos os seus relatos e sempre me impressiono com duas coisas: sua capacidade de relatar tão bem a viagem e a velocidade insana com que as faz ::lol4::. Cada um no seu ritmo, mas eu jamais conseguiria fazer algo assim.

 

Às vezes eu esqueço de parabenizar as pessoas pelos relatos, pois leio tantos todos os dias, mas quando me toco de que eu próprio escrevo muitos e é gratificante receber elogios, sempre deixo uma mensagem quando lembro. Então fica aqui: muito top mesmo, tanto a leitura quanto as fotos.

 

Grande abraço!

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  • Colaboradores

Cara, brigadão pelo retorno. Realmente é muito gratificante isso! ;)

 

E olha que eu não escrevo nada durante a viagem, mesmo porque não sobra tempo hehe, então no relato fica só o que me recordo. Quanto à velocidade, concordo que seja muita coisa em pouco tempo, já estou me condicionando pra não acontecer mais, mas como deves saber, um bom planejamento prévio ajuda em muito nesse quesito. Valeu, abração!

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  • 8 meses depois...

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