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Trekking à Serra do Sol (Uei-Tepui) - Fronteira Venezuela x Brasil - primeiro grupo a realizar essa jornada


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Há quem vá de veículos tracionados, quadriciclos, motos e bicicletas, mas, um grupo de treze trilheiros e trilheiras ousou realizar a pé o percurso que os aventureiros off-road fazem à Serra do Sol (Uei-Tepui ou Wei Tepui, na língua dos Pemóns), uma imponente montanha de 2.150 m de altitude cortada pela linha de fronteira entre o Brasil e a Venezuela, a menos de 30 km ao sul do Monte Roraima. A rota alternativa à trilha da galera do 4x4 foi marcada pelas pegadas dessa turma nas pedras e nos capins, subindo e descendo serras e montanhas, atravessando rios, riachos e igarapés, contemplando a natureza, admirando animais silvestres e pernoitando ao lado de belas cachoeiras, em um percurso de 102 km de ida e volta em oito dias, entre os dias 02 a 09 de Abril passado, partindo da comunidade de São Camilo de Kukenan, cerca de 1 hora de Santa Elena de Uairén, dentro do Parque Nacional Canaima. Esta história conto em detalhes a seguir.

 

Cada vez que se executa uma aventura a próxima já está sendo pensada, desejada e planejada. Foi o que aconteceu quando, no Carnaval de 2015, estivemos no Monte Roraima e de uma de suas “janelas”, próximo à gruta Quati, avistamos a Serra do Sol que, no território brasileiro, no município do Uiramutã, é o limite da polêmica área indígena denominada Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (TIRSS). A TIRSS é uma área homologada pelo governo federal em abril de 2005 situada no nordeste do estado Roraima, entre os rios Tacutu, Maú, Surumu, Miang e a fronteira com a Venezuela, e destinada à morada permanente dos povos indígenas macuxi, wapixana, ingaricó, patamona e taurepang. Quando admirávamos a beleza singular da serra do alto do Roraima, o guia Juan Pablo nos disse que era possível fazer uma trilha para aquela região e que ele mesmo poderia guiar os interessados. Assim, manifestamos interesse em realizá-la um dia.

 

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Um ano se passou e a oportunidade de conhecer a Serra do Sol foi se tornando realidade. Entrei em contato com o Juan Pablo para verificar se realmente havia a possibilidade de fazer a trilha, acertar a data de ida e volta e outros detalhes como valores do trekking. Porém, ficava a dúvida se os Ingaricós, povo que habita a região da Serra do Sol, permitiriam nossa estada na serra. Juan Pablo esclareceu que não iriamos ultrapassar os limites fronteiriços e que faríamos a trilha apenas pelo lado venezuelano, dentro do Parque Nacional Canaima, sul da Venezuela.

 

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Numa consulta ao mapa da região pelo Google Maps constatamos que a Serra está localizada entre os dois países separados por marcos de concreto no alto da serra. Depois, fomos informados pelo amigo Roberto Félix que o entorno da serra, no lado venezuelano, é bastante frequentado por clubes off-roads venezuelanos e brasileiros; que no fim de 2003, chegaram lá os primeiros brasileiros em motos próprias para trilha, que inclusive ele próprio já fez essa aventura de moto e postou alguns vídeos no You Tube. No final ano de 2012, foi a vez de ciclistas brasileiros fazerem história como o primeiro grupo a fazer o percurso de bike.

 

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Após as informações iniciais, montamos o grupo com seis amigos de Manaus e sete de Boa Vista: Gracie, Ana Elene, Dorinha, Roberto, Sanderson, Wanessa, Rozangela, Enoque, Jacielen, Sarah, Franco e Daniel. Dona Ana foi a mais experiente do nosso grupo, com 65 anos, e a maioria com experiência em trilhas (Monte Roraima, Salkantay, Santiago de Compostela e outras). Assim, arrumamos as mochilas e viajamos de Boa Vista no dia 1º de abril para Pacaraima (cidade fronteiriça com a Venezuela) onde Juan nos encontrou após o almoço e nos levou para a comunidade pemón São Camilo de Kukenan, distante cerca de uma hora de Santa Elena.

 

São Camilo de Kukenan, segundo informações obtidas no local, é uma comunidade nova, pois há sete anos os indígenas se mudaram para aquele local. O acesso se dá pela única rodovia conhecida como Troncal 10, que liga Santa Elena a outras cidades venezuelanas, depois de uns 20 minutos mais ou menos, virar à direita em frente à uma placa que informa o início do Parque Nacional Canaima e seguir em frente por uma estradinha de terra por mais ou menos 40 minutos.

 

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Ao chegarmos à comunidade, pagamos uma taxa de entrada no valor de dois reais e depois Juan reuniu o grupo para apresentar a equipe de porteadores e cozinheiros que seguiriam conosco na trilha, e apresentou seu irmão José e seu cunhado Carlos, nossos guias. Juan enfatizou que, por não ter registros oficiais, seríamos o primeiro grupo a realizar um trekking à Serra do Sol. Ele próprio disse que era a primeira vez que fazia uma caminhada com um grupo para a serra, assim como para sua equipe tão acostumada com o Monte Roraima. Mas, que conheciam bem essa região habitada pelo seu povo pemón e outras etnias.

 

Juan informou que não poderia guiar-nos nessa trilha por problemas familiares e assegurou que Carlos conhecia a rota para a serra e destacou, ainda, que a trilha é diferente da do Monte Roraima, primeiro porque não haveria fluxo de pessoas indo ou vindo, ou seja, somente nós estaríamos nesse trajeto, mas que poderíamos cruzar com jipeiros a qualquer momento, e segundo porque havia trechos com ausência de trilha marcada e outros com subidas e descidas, algumas bastante íngremes, muitas cachoeiras e que atravessaríamos o rio Arabopó cinco vezes na ida. Ele explicou o tempo de caminhada, alimentação, carregadores particulares etc e fez uma previsão de chegada ao conhecido acampamento denominado Milênio no quarto dia de caminhada. Depois desse briefing, fomos tomar banho em um riacho próximo à comunidade, para depois jantar e descansar.

 

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No dia seguinte, 02 de abril, após o desayuno (desjejum) iniciamos a caminhada com estimativa de 7 km em 4-5 horas mais ou menos. O destino final desse primeiro dia foi a cachoeira Morok Meru, no rio Kukenan, com uma parada no salto Rue (Lue) Meru após as duas primeiras horas de caminhada para um lanche e banho de cachoeira. Assim que chegamos no riacho Rue (Lue) descobrimos um pé de mangueira carregada de saborosas mangas maduras na margem direita do riacho. Inacreditável que ali no meio do lavrado, encontraríamos uma mangueira, tão comum em Boa Vista. Os rapazes do grupo subiram nela em um pulo para colhê-las e só sobraram as que estavam no topo da árvore pois não tinha como pegá-las. Como estavam deliciosas!!! (risos).

 

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Situada à margem direita do rio Kukenan, a Rue (Lue) é uma cachoeira alta de mais ou menos 100 m de altura formada a partir do riacho Rue (Lue) de água transparente e de temperatura agradável. Seu muro é formado por pedras quadrangulares que dão a impressão de terem sido uma fabricação humana. O guia José disse que lue (rue) é um tipo de bambu fino e comum na região e antigamente era usado pelos habitantes do local para fazer apitos ou para degustar mel das colmeias. A descida para a base dessa cachoeira é bastante íngreme, mas vale a pena, a paisagem é espetacular.

 

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Bem, depois de desfrutarmos das mangas, da melancia e da cachoeira, seguimos nossa jornada por um caminho que segue até o destino final do primeiro dia de caminhada. Cruzamos o rio Kukenan e ali na sua margem esquerda foi montado o primeiro acampamento. Ao chegarmos tivemos um almoço e logo fomos desfrutar da cachoeira Morok Meru. Logo em seguida caiu uma forte chuva que deixou a cachoeira mais caudalosa, barrenta e com correnteza mais forte. Passada a chuva, aproveitamos o resto da tarde para alongamentos, fotos da paisagem, soneca, etc.

 

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A Morok Meru é uma cascata não muito alta, com uma altura aproximada de 20 metros, mas de notável formosura. Formada por duas cachoeiras, o Ivarkararima e Arasa, à direita na base entre os dois saltos apresenta uma formação rochosa que os indígenas dizem que é um macaco que foi deixado petrificado por uma falha que ele cometeu, condenado para sempre para preservar e proteger este lugar fantástico.

 

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No segundo dia de caminhada, sempre após um bom café da manhã, fizemos uma caminhada de 14 km que durou cerca 7 horas. Em alguns trechos havia trilha, em outros não. O fato de não haver trilhas ou estar escondidas pelo capim, faz com que o risco de se perder seja grande. Assim, tivemos sempre o cuidado seguir os guias. Então na ida, os últimos sempre estavam com o guia José e os mais ligeiros iam na frente com o Carlos. Nessa parte da trilha havia algumas descidas e subida duras que exigiram esforço físico e muitos trechos planos. A cada esforço feito nas subidas éramos compensados por belíssimas paisagens das colinas, dos buritizais e do vale do rio Arabopó.

 

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Logo chegou o momento de atravessamos pela primeira vez o Rio Arabopó. Este rio nasce a partir da junção de várias nascentes no Monte Roraima e percorre paralelamente à fronteira com o Brasil, serpenteando colinas formando belíssimas cachoeiras até encontrar o rio Kukenan. Suas águas são límpidas e de temperatura amena que são um convite para um mergulho. Após a travessia do rio fizemos um lanche na margem esquerda, e logo, em vinte minutos, já estávamos no segundo acampamento, na cachoeira Kae Meru (conhecida como K Meru), no Arabopó.

 

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A cachoeira K, com mais de 30 m de queda d'água, é tão bela quanto as duas primeiras que conhecemos e seu atrativo é uma praia que se forma às margens do rio quando este não está tão abundante. A equipe do Juan teve o cuidado de colocar nossas barracas em frente a essa cachoeira o que nos proporcionou um visual deslumbrante. E, depois de horas de caminhada sob forte calor, passar a tarde relaxando na cachoeira e dormir com o som dela foi uma cantiga de ninar para nossos ouvidos.

 

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A K Meru é um dos destinos obrigatórios dos jipeiros/motoqueiros/cilcistas. Pode-se notar pela quantidade de lixo deixado aos arredores daquele paraíso. Papéis higiênicos, latas de cervejas, garrafas pet, peças de carros e até uma lataria de carro capotado (!) é o que mais se via. Penso que os nossos colegas de trilhas têm mais espaço para seu lixo nos seus carros do que em nossas mochilas. Tivemos o cuidado de colocar o papel higiênico e todo o lixo que produzimos num saquinho e levamos sempre conosco em nossas mochilas para descartá-lo em lugar apropriado quando havia a oportunidade. Cadê a consciência ambiental dessas pessoas? Gostam de ir a lugares bonitos, paradisíacos, mas preservar que é bom, nada! Ou pensam que vai ter um serviçal só para juntar o lixo feito por eles? Ou que a natureza vai reciclar esses poluentes num passe de mágica?? Ficamos indignados quando vimos uma cena de poluição contrastando com uma cena de rara beleza.

 

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No terceiro dia de jornada, iniciamos o percurso com uma subida bastante íngreme, mas, com cuidado conseguimos vencê-la e seguimos por um trecho mais plano. Atravessamos duas vezes o rio Arabopó e, após a segunda travessia, fizemos uma pausa para descanso, mergulho e almoço. Essa parte do percurso teve uma distância de 17 km com duras subidas e descidas. Caminhamos cerca de oito horas até uma parte do vale do Arabopó com uma belíssima corredeira e que desse ponto já podíamos avistar o cume da Serra do Sol. Chegamos nesse acampamento no fim da tarde muito exaustos, pois foi uma caminhada pesada e com muito Sol nas costas. Apesar de estarmos próximos, não seguimos a trilha dos carros porque essa rota faz um ziguezague nas colinas e 1 km em linha reta significavam 3 km de distância. Então, uma hora a gente seguia a estradinha e outra hora cortávamos essa rota. Nesse percurso tivemos uma companhia indesejável e indigesta: os borrachudos e os mosquitinhos que os indígenas chamavam de lambe-lambe (risos), atraídos pelo nosso suor. Rss.

 

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No quarto dia, continuamos a caminhada numa parte mais de descida e poucas subidas, com travessia do caudaloso salto do Arabopó. Como de costume, não deixamos de usufruir de momentos de lazer. Mergulhamos nas águas do rio e descemos para a base da cachoeira. Banho delicioso que refrescou o corpo e a mente! Após uma hora de desfrute da cachoeira, continuamos nossa expedição numa área mais plana com visual espetacular dos 4 tepuis: Kukenan, Monte Roraima, Wei-Assipu Tepui (Monte Roraiminha) e Uei-tepui, nossa magnifica Serra do Sol. Enquanto Kukenan, Roraima e Roraiminha "disputam espaço entre si", a Serra do Sol destaca-se na imensidão do lavrado numa visão mais privilegiada da cadeia de Tepuis do setor oriental do Parque Nacional Canaima.

 

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Cerca de 13 km percorridos em 4h de caminhada incluindo a parada no Salto Arabopó e outra travessia do mesmo rio (a quinta) chegamos ao acampamento denominado Milênio (porque foi construído na virada do ano de 1999 pelos praticantes off-roads). Neste local, que está a uma altitude de cerca de mais 1.100 m, estava um grupo de 4x4 da Venezuela que nos deu as boas-vindas. Eles tentavam continuar a trilha pelo lado brasileiro, mas perceberam que isso não era possível e que estavam retornando naquele momento da nossa chegada.

 

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Após a ida do grupo 4x4, descansamos um pouco, enquanto a equipe de porteadores montavam as barracas e preparavam nosso almoço. Ao lado desse acampamento encontra-se o salto Chirimata, popularmente conhecido como Salto Milênio. Esta pequena cachoeira tem cerca de 3 metros de altura e 30 metros de comprimento com degraus de pedra que formam uma piscina com água escura e temperatura agradável ao corpo. Foi outro convite para um mergulho, pois o sol estava escaldante. Em seguida, almoçamos e cochilamos sentindo o vento vindo do leste em nossos rostos queimados pelo sol. Lá pelos lados do Monte Roraima havia muita chuva e foi impossível visualizá-lo. O Roraima, visto de outro ângulo, continua lindo e majestoso.

 

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A Serra do Sol possui é um tepui (montanha em forma de mesa) que possui uma uma elevação de 2150 metros de altitude (http://elevationmap.net/uei-tepui-venezuela?latlngs=(5.0166667,-60.616666699999996) e, ao contrário dos tepuis tradicionais dessa região, não é de porte rochoso, pois é coberta com a mesma característica da vegetação do ambiente ao seu redor e culmina com uma ponta de cúpula semelhante um taipiri ou maloca. Do outro lado da serra, lado brasileiro, vivem os ingaricós e o acesso de não–índios nessa região é restrito.

 

Cercada de lendas e mitos, a Serra do Sol é chamada assim por ser a primeira montanha a receber a luz do Sol ao amanhecer - e realmente foi incrível observar o fenômeno com uma aurora avermelhada iluminando a serra e, em seguida, o sol começar a iluminar os 2810 m do Roraima Tepuy e seu irmão gêmeo Kukenán Tepuy, de 2650 m, ambos cobertos por nuvens, mas que logo cobriram também a Uei.

 

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Nosso grupo infelizmente não fez a ascensão à serra por falta de tempo, pois seriam necessários pelos menos mais um ou dois dias para realizarmos esse objetivo. Há relatos de que o caminho é íngreme e atinge-se com segurança até uma altitude de 1805 metros em um tempo de duas horas mais ou menos. Mas, já estamos planejando nossa segunda expedição com tempo suficiente para ascender até onde for possível.

 

No dia seguinte, quinto dia de trilha, mochila nas costas, pausa para as últimas fotos e pé na estrada, digo na trilha. Pouco a pouco nosso pés foram se acostumando com o terreno irregular. Após umas 6 h de percurso mais ou menos, acampamos num local improvisado ao lado do Arabopó, nosso companheiro de trilha, rss. No outro dia seguimos rumo à K Meru pela estrada dos jipeiros. Próximo às montanhas que separam a Venezuela do Brasil, pude observar ao longe os marcos divisórios. Da k meru fizemos o percurso de volta pelo mesmo caminho por onde viemos mas, sem acampar na Morok Meru, como o trecho é mais plano fomos direto acampar na Lue (Rue) Meru, mais próxima de São Camilo.

 

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No oitavo e último dia de trekking, o retorno durou cerca de uma e hora e meia. Ao chegar à comunidade degustamos um beiju com pimenta. Logo Juan Pablo chegou para levar uma parte do grupo à Santa Elena e outra parte à Pacaraima. Apesar do desconforto dos calos e das dores no corpo, nossa ousadia vai ficar na memória por muito tempo. Nossos pensamentos pairavam no desejo de voltar a um dos lugares mais míticos e espirituais do planeta para contemplar a imensidão da Gran Sabana e do Canaima a partir do topo da Serra do Sol. A Serra do Sol é mais que o limite entre Brasil x Venezuela e de terra indígena, é símbolo de mitos, lutas e resistências dos povos indígenas.

 

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Agradeço à Pacha Mama por nos proteger das intempéries e de nos permitir caminhar pelo seu solo sagrado sem danos físicos e em troca de cuidamos da natureza levando conosco nossos resíduos inorgânicos. E gratidão aos amigos que toparam essa ousada aventura, caminhando rumo ao desconhecido, descobrindo uma natureza de impactante beleza, construindo e aprofundando amizades. Como bem disse Sanderson: "o que era para ser mais uma caminhada, mais um trekking, mal sabia o que me esperava, foi uma agradável surpresa atrás da outra." Rss.

 

Por fim, minha gratidão e amizade a Juan Pablo e sua equipe por nos conduzir sempre aos bons e maravilhosos caminhos. (Contato do Juan Pablo no Facebook: https://www.facebook.com/juanpablo.perez.336?fref=ts).

 

É isso aí galera da mochila. Até a próxima aventura!!!

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