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Myanmar e Tailândia 2015/2016: Registro literário de uma viagem de 20 dias.


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Publico mais um relato de viagem, dessa vez para o Myanmar e Tailândia. Como escrevo com um atraso de 4 meses, muitas informações sobre preços, transportes e gastos acabaram sendo esquecidas. Resolvi então focar nas impressões pessoais sobre lugares e experiências com pessoas, deixando um pouco de lado as informações práticas, que podem ser obtidas em outro dentre os vários relatos já publicados aqui no fórum.

 

Mas vamo lá.

 

Comprei a passagem para Bangkok com 1 mês e meio de antecedência, por impulso, numa promoção da empresa Ethiopian, esquecendo (ou ignorando) outra viagem que já havia marcado para a patagônia, em data próxima. Depois que regressei da patagônia, foram apenas 10 dias para planejar a viagem para Ásia, mas com ajuda dos relatos daqui do fórum, dos moradores locais tailandeses e birmaneses, e de muita sorte, a viagem se concretizou da melhor forma possível.

 

O roteiro final ficou o seguinte:

 

30 de Dezembro/2015: SP x Ethiopia x Bangkok (Tailândia)

31 de Dezembro/2015: Bangkok (Tailândia)

1 de Janeiro: Ayutthaya (Tailândia)

2 de Janeiro: Bangkok x Yangon (Myanmar)

3 de Janeiro: Golden Rock (Myanmar)

4 de Janeiro: Golden Rock x Yangon x Bagan (Myanmar)

5 de Janeiro: Bagan (Myanmar)

6 de Janeiro: Bagan (Myanmar)

7 de Janeiro: Bagan (Myanmar)

8 de Janeiro: Bagan (Myanmar)

9 de Janeiro: Bagan x Yagon x Chiang mai (Tailândia)

10 de Janeiro: Chiang mai (Tailândia)

11 de Janeiro: Chiang mai (Tailândia)

12 de Janeiro: Chiang mai - Sak Yant (tatuagem)(Tailândia)

13 de Janeiro: Chiang mai - Krabi - Ao Nang (Tailândia)

14 de Janeiro: Ao Nang (Tailândia)

15 de Janeiro: Ao Nang (Tailândia)

16 de Janeiro: Ao Nang (Tailândia)

17 de Janeiro: Koh Phi Phi - Sleep Aboard - Maya bay (Tailândia)

18 de Janeiro: Koh Phi Phi - Bangkok - Brasil

19 de Janeiro/2016 - Brasil

 

BANGKOK

 

Nosso vôo para Bangkok saiu de recife, com escala em SP e uma longa conexão na Etiópia. Sentamos ao lado de um grupo de tailandeses barulhentos que não deixava ninguém dormir. Quando estava perto de adormecer, despertava assustado com a alguma gargalhada histérica do grupo. Chegamos no aeroporto internacional de Bangkok (Suvarnabhumi) à tarde, na véspera do ano novo, fizemos o check in depois de passar pelo controle de saúde, tudo muito rápido e com poucas perguntas.

Para não perder muito tempo perdidos dentro do enorme aeroporto, fomos no balcão de informações para descobrir a forma mais barata de sair dali e chegar ao hostel. A simpática atendente, que já havia explicado pela segunda vez o lugar para onde deveríamos ir, ao ver nossas caras cansadas e disléxicas - daquelas que balançam a cabeça para dizer que estão entendendo, mas que carregam no olhar uma espécie de pedido de socorro -, falou que nos guiaria ao local e pediu para acompanhá-la. A seguimos e ela nos levou a um estacionamento, onde havia várias vans paradas. Conversou em tailandês com o motorista de uma delas e fez sinal para que entrássemos. Era uma van antiga, apertada, com avisos em tailandês grudados nos bancos e janelas. Não poder ler ou se comunicar com os outros passageiros - que nos olhavam com curiosidade -, foi a segunda experiência em que botamos o pé fora da zona de conforto (a primeira foi no aeroporto da Etiópia, vendo uma sala de oração muçulmana).

Depois de várias paradas para embarque e desembarque chegamos no nosso ponto de referência: uma estação de trem, e dee lá foi fácil chegar ao hostel que havíamos reservado. Era um lugar administrado por uma família de tailandeses. *Curiosidade: na Tailândia, eles têm o costume de tirar o calçado antes de entrar na maioria dos lugares. Mesmo já sabendo desse costume, na primeira vez você fica com medo de pensarem que está bêbado ou é mendigo quando vai entrar descalço em um estabelecimento mais ou menos chique. :lol:

Depois do check in, a dona do lugar foi me apresentar aos outros hóspedes, 3 asiáticos muito simpáticos. Fiquei algum tempo com eles conversando, colhendo informações sobre a cidade, e depois fui tomar banho. Quando voltei, a dona do hostel, que tentava a todo momento criar uma atmosfera de socialização entre os hóspedes, comentou que um rapaz indiano de 20 anos estava sem companhia para a noite de fim de ano e perguntou se não poderíamos incluí-lo na nossa programação.

Apesar da estranha escolha por um casal cansado de viagem como companhia para ir pra uma festa, do nosso cansaço e da minha ausência quase completa de ânimo para socializar, aceitamos o auto convite do rapaz que, para a nossa surpresa, se mostrou um excelente guia turístico. Nos ensinou - com a paciência que deve ser reservada às pessoas que estão há 3 dias dormindo em aeroportos e aviões - a usar o transporte público, deu dicas de lugares e pontos de interesse. Era um carinha bem animado, extremamente sociável e bem articulado para sua idade.

Nosso plano era procurar um prédio com rooftop bar, para ver os fogos no último andar. Nosso amigo só falava em comprar um vinho e beber a noite toda, ideia que me animou. Tomamos o trem até uma região central bastante movimentada, e, depois de um bom tempo de busca, encontramos um prédio que parecia promissor. Com a boa lábia do jovem indiano, conseguimos passar pelos seguranças e pegamos o elevador até o último andar.

Chegando lá, invés de encontrar um barzinho com vista panorâmica, encontramos uma pomposa de uma boate gay. Até aí sem problema, mas a frustração veio em seguida quando fomos perguntar o preço da entrada. Não lembro o valor exato, mas era algo em torno de R$ 300.

Faltavam 10 minutos pra acabar o ano quando saímos do prédio, e não havia outra opção senão entrar no meio da multidão e caminhar aleatoriamente.

Passada a virada do ano e a queima dos fogos (que, aliás, foi bem breve e sem graça), entramos em um bar dentro de um pequeno shopping, e pedimos algumas cervejas locais; o indiano, uma taça de vinho. Depois de algum tempo de conversa, o rapaz contou que era a segunda vez na vida que estava bebendo, e que já estava se sentindo um pouco bêbado. Olhei para seu copo e vi que o vinho ainda estava pela metade. :roll: É... com a ideia de criar nossa versão de "Se beber não case 2" adiada para o próximo ano, voltamos para o hostel no último trem da noite.

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Ayutthaya

 

São duas opções para chegar à cidade: tour de agência de turismo ou por conta própria, de trem. Escolhemos o trem.

Saímos bem cedo para a estação de trem “Hualamphong”. A viagem dura pouco mais de 1 hora, e o bilhete mais barato (3ª classe) custa em torno de R$ 1,00 (isso mesmo, reais).

No vagão da 3ª classe vi poucos turistas. A maioria eram locais, pessoas trazendo mercadoria em sacolas gigantescas, vendendo comida de procedência duvidosa, figuras exóticas usando chapéis de palha e um fiscal de trem psicopata, que alternava entre gritos e sorrisos na velocidade da luz, e expulsava passageiros irregulares. Como meu assento era afastado da janela, resolvi me sentar por um tempo no engate que conecta um vagão ao outro, pra ver melhor a paisagem. O cenário não chamou muita atenção, a coisa mais interessante que vi foi uma fila de monges caminhando no meio do nada, em que 1 deles era anão.

Chegando em Ayutthaya, arrumamos um mapa na própria estação, e fomos alugar bicicletas e explorar a cidade.

Uma pequena cidade, fundada em 1350, cheia de templos, patrimônio Mundial da Unesco desde 1991. Em 1767, a cidade foi saqueada e destruída pelos exércitos da Birmânia (hoje Myanmar), e a maioria das estátuas de Buda, decapitadas.

Dica: Um tailandês que conhecemos no trem nos deu uma dica ótima sobre aluguel de bicicleta: não alugar na primeira loja que aparecer. Ao sair da estação de trem, é só seguir reto até encontrar um rio, atravessá-lo de balsa (paga-se uma taxa de aproximadamente 10 centavos), e só então alugar a bike. É uma forma de evitar o trânsito pelas principais avenidas e chegar mais rápido aos principais templos da cidade.

Pegamos o trem de volta para Bangkok no final da tarde. De lá, seguiríamos para o Myanmar na manhã seguinte.

 

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Indo para o Myanmar

 

Precisávamos estar no aeroporto às 4:30 da madrugada. Como um taxi do hotel para o aeroporto sairia por mais de 100 reais, pegamos o trem para a estação mais próxima do aeroporto para depois pegar um táxi. Estava com receio de chegar na estação, não encontrar taxi algum e ficar vagando pelas ruas de madrugada, com uma mochila enorme nas costas, ser assaltado, seqüestrado, transformado em lady boy e condenado a vagar eternamente pelos becos da redlight. Todavia, sortudos que somos, assim que descemos da estação localizamos um taxista parado. O cara era uma figura estranha, não falava uma palavra em inglês, estava cantando uma música esquisita que passava na rádio. Quando elogiamos a música, ele ficou sério, não deve ter entendido. Quando soube que éramos do Brasil, sorriu e disse “Ohhhhhhhhh, Neymar!? Neymar Ohhh, hahahah”.

Queria que ele repetisse a música que estava tocando, daí falei, em Joel Santanês: “Music good (fazendo símbolo de legal), put again please?”.

A resposta dele foi desligar o rádio.

:|

Vez de Alana tentar comunicação. Depois de muita mímica ele entendeu e enfim ligou novamente o rádio, que ainda tocava a música que queríamos repetir, mas, antes que desse tempo de pegar o celular para procurá-la no Shazam, o taxista já havia puxado um pen drive, encaixado e a substituído nossa complicada canção por um psy trance frenético. Orgulhoso de sua escolha, nos olhou com olhar de confirmação, certo de que havia descoberto nosso estilo musical. A corrida não demorou muito e em pouco tempo chegamos ao aeroporto.

OBS: O preço da estação “Mo Chit” para o aeroporto, com taxímetro: R$ 18. É, talvez, a forma mais barata de chegar ao aeroporto.

 

YANGON (MYANMAR)

 

O vôo para a antiga capital do Myanmar, partindo de Bangkok, durou apenas 1 hora. Tiramos o visto pela internet (evisa.moip.gov.mm) e apresentamos na imigração. Procedimento tranquilo, não nos fizeram perguntas.

No saguão principal do aeroporto, trocamos 100 dólares pela moeda local, o Kyat (se lê “tchát”), o que resultou em um enorme maço de 120 mil Kyats que mal cabia nos 4 bolsos, nas 2 meias e na cueca.

Pegamos um taxi do aeroporto para o hostel por 8 mil Kyats (uns R$ 25), me sentindo Sílvio Santos quando tirei o tijolo de Kyats pra pagar a viagem.

Ao chegar no hostel, comprovamos que a fama de acolhedor e hospitaleiro do povo birmanês é mais que merecida. Expliquei às recepcionistas que planejava ir para dois lugares no Myanmar: Golden Rock (nome original é monte Kyaiktiy,) e Bagan. Com uma simpatia tímida e espontânea, uma atenção para cumprir um pedido ou uma solicitação da melhor forma possível, as recepcionistas providenciam as passagens de ônibus e informaram tudo que eu precisava saber para chegar a tais lugares. Só tive o trabalho de pagar.

Dica: Dá pra comprar passagens de ônibus pelo site: “myanmarbusticket.com”. Tentei comprar ainda no Brasil, mas os assentos já haviam se esgotado.

Depois de deixar as mochilas no quarto, fomos conhecer um pouco da cidade. Dividimos um taxi com uma japonesa para o Shwedagon Pagoda, centro religioso mais importante do Myanmar. Diz a lenda que o lugar contém relíquias dos quatro antigos Budas, com oito cabelos de Siddhartha Gautama.

 

Para entrar, paga-se uma taxa de 8 mil Kyats (R$ 25), além de ter que cobrir os joelhos e ombros. Não sei se meu short (que cobria os joelhos) estava muito sujo ou se não foram com minha cara, o fato é que não permitiram minha entrada. Precisei comprar um “Longyi” para poder entrar. Longyi é a vestimenta tradicional dos birmaneses, uma espécie de saia longa para homens. Vendo que eu não estava conseguindo usar a saia, um nativo me ajudou a amarrar para que pudesse entrar no templo (apesar que se diga que é fácil de vestir, só fui aprender a amarrar na metade da viagem). Shwedagon Pagoda é absurdamente fantástico, é realmente um privilégio estar ali, contemplar aquela gigantesca estupa dourada de quase 100 metros de altura, coberta por placas de ouro.

Como falei, dizem que o lugar guarda 8 fios de cabelo de Buda. Se é verdade não sei, só sei que naquele dia os fios da minha barba fizeram mais sucesso. Como era o único barbudo do lugar, me senti uma atração turística; e em um país como o Myanmar, que só abriu as portas para estrangeiros recentemente, os nativos (as crianças principalmente) não disfarçam a curiosidade quando se deparam com ocidentais esquisitos, ainda mais se forem barbudos. Mas sempre aquela curiosidade amigável, convidativa, não hostil, que faz você querer ir lá e puxar assunto. Passadas algumas horas explorando todos os templos do Shwedagon, resolvemos voltar pro hostel a pés. Calculei que levaríamos 40 minutos para chegar, sem levar em consideração as 3 ou 4 horas que passaríamos perdidos nas ruas e avenidas movimentadas de Yangon. Como o hostel ficava no primeiro andar de um centro comercial em uma rua que se parecia com todas as outras da cidade, passamos uma eternidade tentando encontrar o lugar. Contudo, essa foi a melhor forma de conhecer o lugar: se perdendo. Se tivesse simplesmente pegado um taxi de volta pro hostel, jamais teria almoçado em um pequeno restaurante local, cuspido fogo por causa da pimenta, pedido para escrever em birmanês o nome das comidas que estava comendo, bebido caldo de cana em saquinho, interagido com locais em busca informações, ter visto o grito de Alana ao quase ser atropelada, ter visto os nativos rindo do grito dela, nem reparado no triste e lento processo de ocidentalização do país, onde a calça jeans e o fast food ganham cada vez mais espaço.

 

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No dia seguinte, saímos cedo para a rodoviária de Yangon. O lugar parece um desfile de escola de samba, são dezenas de empresas de ônibus, cada uma com a decoração mais chamativa que a outra, e nenhuma letra em alfabeto romano. Para não se perder, mostre a passagem ao taxista e peça pra ele te deixar na empresa certa.

A viagem para a cidade próxima à pedra dura cerca de 4 horas e é impossível dormir o percurso. Os carros e ônibus do Myanmar simplesmente buzinam sem nenhuma razão. Me pareceu que nosso motorista tentava sincronizar sua respiração com a buzina, era de segundo em segundo que ele apertava o maldito botão. Pra completar, o ônibus tinha várias caixas de som que não paravam de tocar um DVD de um cantor brega regional. Para que não me entendam mal, eu adoro uma roedeira brega, mas aquilo não era desse mundo. Talvez tenha faltado a cachaça, não sei.

Dica para viajar de ônibus no Myanmar: Leve uma garrafa de cana. Uma não, várias.

 

Passaram-se mais de 4 horas e nada de chegar a essa pedra. Ônibus muito lento, praticamente parado, calor infernal (não havia ar condicionado) e tentativas inúteis de dormir. Aos poucos as pessoas desciam do ônibus e nós, sem entender o que estava acontecendo, fomos falar com o fiscal. O coitado se esforçou muito para tentar falar inglês, mas quando viu que não estava conseguindo se comunicar, fez menção para descermos do ônibus. Estava bem claro que não havíamos chegado ao destino final, mas descemos mesmo assim, não havia o que fazer. Ao descermos, nos vimos em uma estrada de terra, parados em um gigante véu de poeira, presos a um engarrafamento quilométrico de carros, caminhões, ônibus e motos, a buzinar sem parar, pois a buzina resolve tudo. Continuamos a viagem pés, já que o ônibus não era mais uma opção.

Cansado de tanta poeira, parei um motoqueiro que suspeitei ser mototaxista e negociei o preço da viagem, e esperamos outra moto para Alana. Não disse pra onde queria ir, só negociei o preço.

Depois de uns 20 minutos cortando caminho de poeira e terra por entre ônibus e caminhões, chegamos a um lugar que parecia ser uma rodoviária. Lá, uma difusora gigante gritava sons indecifráveis em língua local e pessoas subiam às pressas em caminhões que estavam estacionados. Um a um, os caminhões iniciavam o percurso. Estavam todos mundo subindo, subimos também. Depois de 20 a 30 minutos de subida e de curvas cada vez íngremes, nosso exímio motorista finalmente chegou no destino, que não poderia ser outro senão a famosa pedra dourada. Descemos do caminhão e de longe já era possível enxergar a enorme rocha equilibrada na ponta de um penhasco.

Havia milhares de fiéis acampados (e muito lixo acumulado) no local. Descobrimos que esse dia era um importante feriado nacional, o que resultou em uma enorme peregrinação de gente de toda Ásia para esse lugar sagrado nessa data. Como queríamos ver o nascer e pôr do sol, dormimos por lá.

 

Obs: A pedra, em si, não me encantou muito. Aqui na Paraíba já conheci lugares com pedras muito mais impressionantes (ex: Lajedo de pai Mateus-Cabaceiras/PB, Pedra da Boca-Araruna/PB, Serra do Padre Bento-Pocinhos/PB). Me impressionoua devoção dos peregrinos que colavam as folhas de ouro na pedra e a simpatia com que tratavam estrangeiros no lugar.

 

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À caminho de Bagan

 

No dia seguinte, depois de tomarmos novamente o caminhão para descer a pedra (não sem disputar assentos com os nativos por quase 1 hora), enquanto esperávamos o ônibus de volta pra Yangon, umas menininhas com sorrisinhos tímidos olhavam de soslaio para Alana. Após um tempo, uma delas tomou coragem e falou: “Hmm, excuse me. You’re so cute! Can i take i pic with you? hihihi”. As mocinhas ficaram super felizes quando a simpatia delas foi retribuída com o bonito sorriso da foto abaixo. :wink: .

 

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Depois que tirei as fotos, fui passear pelos arredores, a me divertir com os nomes em inglês que os birmaneses botavam em suas lojas. Quando voltei, Alana, a celebridade, me contou que uma família inteira pediu pra conhecê-la e tirar fotos, e chamou eu , o homem invisível, para conhecê-los. Depois que se foram, voltamos para o ponto de ônibus. Só depois de 1 hora e meia de atraso, o funcionário da empresa, que vestia uma camisa da seleção brasileira, pediu ao nosso grupo para segui-lo. Segurando uma placa com dizeres indecifráveis, a erguendo ao alto, ele nos guiando por entre o caos das ruas empoeiradas e ainda engarrafadas de veículos e pessoas. Depois de meia hora de caminhada a pés, chegamos ao ônibus. Mais 4 horas de muita buzina e música esquisita, mas dessa vez com ar condicionado. ::otemo::

Chegamos no começo da tarde na rodoviária de Yangon e nosso ônibus para o próximo destino (Bagan) só sairia às 20 hrs.

Para descansar e passar o tempo, fomos para um barzinho (nada melhor). Escolhi o que me pareceu menos turístico e por lá ficamos durante várias horas. O garçom, apesar de não falar uma palavra em inglês, era bem simpático, sempre sorrindo e procurando saber se queríamos outra cerveja ou alguma comida. Quando falamos que éramos brasileiros, não entendeu. Nunca tinha ouvido falar do Brasil, apesar da decoração do bar indicar que ali era um ambiente típico de discussões futebolísticas. Mesmo depois de mostrarmos nosso país no mapa, ele não pareceu muito interessado na conversa, o que me fez pensar que talvez tenha sido a primeira vez que ele tenha visto um mapa. Gostaria de escrever mais sobre esse lugar, esse legítimo bar birmanês-paraibano, mas nessa hora estava me sentindo tão em casa, que parei de prestar atenção nos detalhes.

Depois de muita cerveja, fomos cambaleando pegar o ônibus para o destino mais esperado da viagem: Bagan.

 

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De madrugada, começou a dar muita vontade de fazer xixi e me desesperei quando percebi que no ônibus não havia banheiro. Fui falar com o motorista, que independentemente de ter entendido meu inglês, entendeu minha cara de desespero e encostou o ônibus.

Antes do nascer do sol estávamos em Bagan. Cheguei atordoado, cansado, ainda com efeito da cerveja, e fui logo rejeitando toda oferta de transporte que me apareciam, achando que tava sendo extorquido. Minha ideia secreta de bêbado era ir pro hotel a pés, de madrugada, mesmo desconhecendo o endereço, mas taxista ficou insistindo, negociando um preço, até que cedi. Foi difícil: o cara queria 13.000 kyat (certa de R$ 40) pra levar ao hotel, falei que pagava 2.000 (R$ 6). Ele baixou pra 12.000 (R$ 36), e eu aumentei pra 3.000 (R$ 9). Ao perceber que o taxista estava ficando irritado, e que eu estava confundindo os números, Alana interviu na negociação, e acabou fechando o táxi em 9.000 (R$ 27). O táxi para na entrada da cidade para pagar-se uma taxa de entrada de U$ 20 por pessoa.

Ficamos hospedados no Sky View Hotel.

 

(A diária custava 40 U$D. Foi o melhor hotel que já fiquei na vida. Chegamos bem antes do horário de check in, mas já fomos transferidos pro quarto. O café da manhã é servido na cobertura do prédio, e de lá você já tem uma vista panorâmica do lugar, dos templos, da névoa, dos balões que todos os dias levantam vôo nas primeiras horas do dia. É possível alugar as motos elétricas e bicicletas no próprio hotel. Os donos do hotel, um casal de irmãos, falam inglês fluente e estavam sempre preocupados em ajudar, dando todo tipo de informações sobre os melhores templos para ver o nascer/pôr do sol, sobre a cultura, budismo, comidas etc. Também recomendo pelo fato de se tratar de um hotel familiar, ou seja, o dinheiro não vai pro bolso dos militares.)

 

Nesse dia só descansamos.

 

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Bagan

 

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Nossa rotina nesses 5 dias em Bagan foi repetitiva, mas muito agradável. Ver o nascer do sol, tomar café vendo os balões surgirem na névoa, explorar os templos, conhecer pessoas, procurar lugares isolados para ver o pôr do sol.

 

Algumas fotos aleatórias do lugar:

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No primeiro dia cada um alugou sua moto, nos outros alugamos apenas uma para os dois. Apesar de não ter muita potência (a velocidade máxima era 60 km), a motinha aguentou bem as estradas de terra. É muito fácil de dirigir, só tem 3 marchas, acelerador e freio.

O primeiro templo que conhecemos contava com um corredor em sua entrada, com muitas barraquinhas de souvenir. Foi em uma delas, inclusive, que desiludimos uma pobre família. Assim que chegamos nesse corredor, pareceu que nossa aura turística irradiou no ambiente, emitindo uma vibração que fez coçar o bolso de certos comerciantes, entre eles, o dessa família. Havia 4 ou 5 mulheres e a mais velha, sem perder tempo, convidou Alana para conhecer sua barraquinha. Aproveitei para dar uma volta, mas, quando voltei, a velha já havia convencido Alana a comprar metade de sua barraca, por um preço, permita-me dizer, que daria para comprar a felicidade. Hipnotizada pela simpatia da família de comerciantes, minha namorada nem sequer perguntava o valor das pulseiras, sapos, elefantes, enfeites, pratos, colheres, panos, etc, que a velha ia adicionando à conta. Tive de intervir e explicar que estávamos perto de falir. Ela precisava inventar uma desculpa, dizer que estava sem dinheiro, que havia esquecido a carteira, ou ser logo direta e dizer que não quer comprar nada. Creio que a desculpa inventada não foi muito boa, pois quando terminamos de conhecer o templo e voltamos para o corredor a família nos aguardava, com um sorriso no rosto, ansiosos pelo pagamento, com todos os sapos, elefantes e enfeites carinhosamente embalados e guardados dentro de uma sacola. Quando não teve mais jeito a não ser dizer que não iríamos gastar o dinheiro de nossa viagem em elefantes e pulseiras, o sorriso da velha murchou e a decepção foi tomando conta da família.

Vendo a desamparo daquele povo, eu, que havia escondido boa parte do dinheiro dentro da mochila, falei que não tinha quase nada e mostrei a carteira, praticamente vazia. Uma das vendedoras era tão insistente que chegou a perguntar se eu não tinha alguma coisa de valor na mochila pra dar de pagamento. Perguntei se ela aceitava comida e tirei da bolsa uma maçã. Ela sorriu e rejeitou a oferta.

Compramos, enfim, para encerrar a história, dois elefantes pequenos e um potinho inútil, e fomos embora.

Fomos feitos de trouxas, eu sei, mas pelos menos essa experiência serviu para aprender a melhor lidar com o ardil desses comerciantes e a sempre, sempre, negociar. Do preço inicial você quase sempre consegue abater uns 30 a 40%.

 

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Ainda sobre comerciantes: Em outra ocasião, estávamos na moto a dirigir sem rumo, quando vejo um senhor de saia e chapéu de palha, acenando para nós, do outro lado da rua. Fiz a volta e fui ver o que ele queria. Paramos a moto do seu lado. Ele disse que queria nos mostrar algo dentro de um templo ali perto e pediu pra segui-lo. Diante de uma oferta tão suspeita e estranha não havia outra opção senão estacionar a moto e seguir a misteriosa figura, não é mesmo? Ele nos guiou a um templo bastante antigo, com muitas rachaduras (causadas por um terremoto) e desenhos nas paredes. Os desenhos eram todos relacionados à religião budista, e o velho tentava explicar cada um deles em inglês, mas não entendíamos quase nada. Ele falava bem alto, estava sempre sorridente, e não conseguia falar o “f”. Adivinhar o que ele queria dizer era mais divertido que jogar “imagem e ação”. Ele sabia que seu inglês não era bom, e por isso dava uma pausa após uma palavra ou frase, para que tentássemos entender, e ficava bem excitado quando agente conseguia. “Too eletants’’ depois da pausa descobríamos que era“Two elephants”; “Buahd faminy” queria dizer “Buda’s family”; “Pipteen” era “Fifteen”, e assim por diante.

 

Até que ele começou a apontar para um desenho de um pé, que supuz ser de Buda, e falou: I PAINT!, apontando para a gravura. Indaguei: You paint??. Ele: YEAHH!!!. Novamente: You paint this?. Ele: YEAHHHH!!.

 

Que velho mentiroso da porra, pensei, esse pé já tava pintado antes do avô dele nascer. Mas aí tirou na bolsa uns tecidos enrolados uns nos outros, colocou no chão e pediu para nos sentarmos. Finalmente entendi que o velho era pintor e que havia pintado uma cópia do pé de Buda (igual à imagem do templo) para vender como souvenir. Depois de horas vendo as suas pinturas, e negociando preços e advinhando palavras, comprei 4. No final ele ainda zombou de mim, dizendo que tinha ganhado a negociação.

 

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Também em Bagan fizemos o tão recomendado passeio de balão. Foi uma boa experiência, mas que não fez jus ao preço. Valeu por ter voado pela primeira vez, por ter visto os templos de cima (são fantásticos), mas não é um passeio para mochileiros, e sim para coroas europeus endinheirados. Reservamos pela internet, ainda no Brasil, pelo site “easternsafaris.com”. Recomenda-se ligar para a empresa um dia antes para confirmar o passeio. Antes do nascer do sol, uma van passa para hotel para pegar os troux...turistas, e os levam para o local da decolagem. O vôo dura pouco menos de 1 hora e no ponto de pouso vários nativos aguardam com seus souvenires (pinturas, roupas, cartão postal etc) à venda. Eles são bem insistentes, e basta uma olhada para colarem em você, mas com o tempo dá para se acostumar e encarar o assédio sem ser chato.

 

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Uma outra experiência legal foi quando almoçávamos num pequeno restaurante da região, e um grupo de 4 crianças se aproximou para tentar nos vender seus desenhos. Alana foi olhar e elogiar os desenhos de um dos meninos, enquanto outro veio me pedir comida. Dei um pedaço do sanduíche e pedi pra ele dividir com os outros meninos, mas o moleque fominha engoliu de uma só vez e ainda tirou onda dos amigos que ficaram sem nada.

Depois de comer e interagir com as crianças, subimos na moto pra ir embora, mas Alana, percebendo que os meninos estavam com uma bola de futebol, doidos pra jogar, me pediu para jogar com eles. Aceitaram bem animados o convite, mas me levaram primeiro para jogar vôlei, junto com mais 2 alemães que estavam ali por perto.

Depois do vôlei, chamei pra jogar futebol. Lembro que o nome dos meninos eram bem estranhos, algo como Cho-Cho e Coh-Coh. Passado um tempo, o sol rachando, eu já estava morto, com o pé cheio de bolha, o rosto cheio de terra (havia sofrido uma queda), e as crianças não cansavam. A cada novo gol era “mais um, mais um!” e a partida recomeçava. Depois de sucessivos desempates, ganhamos, e os alemães, derrotados, voltaram para casa chorando, enquanto eu, Cho-Cho e Coh-Coh comemoramos a vitória com um belo banho de champanhe.

Brincadeira, depois que o jogo acabou, nos despedimos e os alemães levaram os meninos para tomar coca-cola. :D Gente boa, esses alemães.

 

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Chiang Mai

 

Terminada nossa incrível passagem por Bagan, seguimos para Yangon num ônibus noturno para para pegar nosso vôo para Chiang Mai, cidade ao norte da Tailândia. Chiang Mai possui uma atmosfera calma, pacata, que não se assemelha em nada à Bangkok. Nos domingos há o “Sunday Market”, que abre das 16h a meia-noite. Esse mercado é focado no artesanato, mas há barraquinhas de comida também. É um bom lugar pra fugir dos chaveiros e camisas I S2 Thailand, e comprar um presente mais genuíno, como uns sabonetes em formato de frutas que comprei para os amigos, e uns bonequinhos de lã para meu irmão. Lá você encontra de tudo, o mercado é enorme. Nossa estadia foi muito curta para aproveitar o que a cidade oferece (ficou faltando conhecer os cat cafés *_*), mas foi suficiente para concretizar um plano que tinha em mente. Falo sobre ele a seguir.

 

SAK YANT – A tatuagem sagrada dos monges da tailândia

 

Antes de viajar, já havia feito muitas pesquisas na internet sobre o assunto, e sabia da dificuldade de localizar os templos, já que os endereços são todos em tailandês. Quando cheguei em Chiang Mai, a única pista que tinha era uma foto que encontrei em um blog. Já estava quase desistindo, quando resolvi mostrar a foto ao dono da pousada onde estava hospedado. Ele a olhou por um tempo, não reconheceu nem o monge nem o lugar, mas conseguiu, sorte a minha, identificar o nome do templo em uma inscrição numa pilastra, em tailandês, no cantinho da foto.

Com o nome foi fácil localizar o endereço, mas não o telefone. Ele nos advertiu que era arriscado ir ao templo sem antes telefonar para marcar um horário. Não são todos os dias que os monges vão para os templos, e parece que os dias que tem o número 4 não são bons para tatuar. Fora isso, o templo ficava bem distante (fora da cidade), e o taxista não iria reembolsar caso, chegando lá, estivesse fechado. Apostei na sorte e chamei o taxi mesmo assim. Li que deve-se levar uma oferenda (que pode ser flores, incenso, cigarros), bem como um envelope para fazer uma doação em dinheiro. Paramos no meio do caminho para providenciar as flores, e o taxista, apesar de não falar inglês, se mostrou muito solícito. Foi um pouco difícil localizar o templo, pois, como falei, ele ficava fora da cidade, quase em zona rural; mas no final conseguimos encontrar e, para a minha alegria, estava aberto. Quando chegamos, o monge estava aguando o jardim. O taxista quando chegou estava tão envergonhado quanto eu, mas já que estava servindo de tradutor, foi lá explicar ao monge o motivo da minha visita. Eu estava nervoso, não sabia o que ia acontecer, se era melhor ir lá falar com ele ou se continuava esperando, não sabia quando devia entregar a oferenda nem qual era meu nome completo. Depois que terminou de conversar com o taxista e de aguar o jardim, o monge entrou no templo e, depois de alguns minutos, voltou com um jovem ajudante. Este segurava uns papéis. Eu estava sentado em um banquinho de pedra, a segurar minha sacolinha de flores, pensando na vida, quando o jovem veio ao meu encontro e me pediu para olhar os papéis. Era o catálogo das tatuagens. Ele perguntou qual delas eu gostaria de fazer, respondi “qualquer uma”, para que ele escolhesse a imagem por mim, mas não entenderam minha voz (senti vontade de rir, mas segurei) e acabei apontando para uma imagem que me atraiu, a “Ha Taew”, conhecida como as 5 linhas.

Entramos eu, Alana e o taxista no templo, pela porta dos fundos, e ficamos sentados esperando. O nervosismo era aos poucos mitigado pela atmosfera tranqüila e serena do lugar. Depois de varrer o tapete verde que cobria o chão de madeira, o ajudante abriu as enormes janelas de madeira, deixando que a luz do sol revelasse com mais cores o interior daquele lugar tão exótico, tão distante do mundo.

Entreguei a oferenda (finalmente; Já não agüentava mais carregar aquela sacolinha), me sentei num banquinho, tirei a camisa e apoiei uma almofada no braço. Confirmaram se era isso que eu queria fazer. Respondi que sim. Pediram para escolher a cor, entre vermelho, azul e preto. Respondi Preto. Depois de uma breve oração (não sei se em tailandês ou em Pali), o monge começou a me tatuar à mão livre. Já na metade da sessão, ele interrompe para “atender” uma senhora, que estava com seu filho. Assim como os padres e outros líderes religiosos no Brasil, na Tailândia os monges são bem respeitados e tratados como guias espirituais, e por isso as pessoas vêm até eles para se consultarem, pedir conselhos, serem rezadas etc.

A tatuagem demorou mais ou menos 1 hora para ficar pronta, depois que o monge terminou de "atender" a senhora, e não doeu. A cicatrização também foi bem rápida e a pele não escamou muito. Ao fim agradeci o monge, conversei um pouco com seu ajudante e dei a certeza que voltaria um dia para fazer outra Sak Yant.

 

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Praias da Tailândia

 

Nossa passagem pelas praias da Tailândia foi bem rápida e não há muito o que falar, mas vamos lá.

 

Ao Nang e Railay

 

Pegamos um vôo de Chiang Mai direto pra Krabi. Depois, um transfer para Ao Nang. Li que melhor que se hospedar em Krabi, é se hospedar em Ao Nang, e, melhor que os dois, é ficar em Railay Beach. Infelizmente não conseguimos reservar nada em Railay com preço acessível, de última hora (1 semana de antecedência), então ficamos em Ao Nang mesmo. Por ser uma região extremamente turística, os preços de hospedagem, comida e passeios em geral são bem mais caros que em Bangkok e Chiang Mai. Na rua principal de Ao Nang você encontrará centenas de agências de turismo (todas praticamente iguais), restaurantes e lojas de souvenir, roupas e equipamento de mergulho. Para comprar qualquer coisa numa dessas lojas por um preço justo, é preciso ter paciência e determinação. O passeio para a tão falada Hong Island, por exemplo, foi fechado depois de irmos em 15 lugares diferentes e ouvir 15 preços diferentes. No primeiro dia descansamos, no segundo conhecemos a praia de Railay. Para chegar lá, é só comprar um bilhete de barco (preço é fixo, não dá para pechinchar) e esperar juntar passageiros suficientes para encher o barco. O barco nos deixou no lado leste da ilha. A praia é legal, mas não se compara às famosas Hong Island e Maya Bay. Achando que seguíamos para o View Point de Railay, erramos o caminho e fizemos um mini trecking que terminou em um ponto de partida para escaladas. Ao descer desse lugar, precisamos usar cordas para não cair, pois a descida era bem vertical.

Conhecemos também o lado oeste da praia. Não é bonita, mas tem bastante macaco. Sei que não é certo alimentá-los, mas eles estavam olhando com tanta cara de mendigo que meu coração não agüentou. Entretanto, é preciso ter muito cuidado para não ser roubado por eles, se der vacilo levam óculos, bolsa, qualquer coisa.

 

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Hong Island

 

Nesse passeio, além da ilha mais famosa, você passa por outras menos conhecidas, bem desertas e igualmente idílicas. Em uma delas eles param para fazer snorkel. Dão as máscaras, água e almoço (arroz com frango banhado a pimenta e verduras). Hong Island

é uma unidade de preservação ambiental, com águas calmas, rochas cercadas de verde, coqueiros. Na chegada, paga-se uma taxa de entrada. Apesar de contar com certa estrutura, com banheiros e uma barraca vendendo comida e bebida, não há moradores na ilha.

 

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Maya Bay

 

Para evitar a decepção de encontrar uma das praias mais famosas do mundo lotada de turistas rosadões europeus, recomendo fazer o que fizemos: agendar (com bastante antecedência) o passeio chamado Maya Bay sleep aboard, que consiste em dormir em um barco que fica ancorado próximo à ilha. Como é proibido acampar na ilha, essa é uma das poucas formas de chegar lá nas primeiras horas do dia, quando ela está de fato deserta. Uma outra maneira é negociar um longtail boat privado. Como não temos o dom da negociação, não consideramos essa alternativa. O barco do sleep aboard sai às 15 hrs de Koh Phi Phi, passa pela Viking Cave e faz uma pausa para mergulho. Os guias do passeio eram bem legais, e permitiram que a turistada pulasse para o mar do andar de cima do barco. Alana, que nunca pulou de um tamburete de 30 cm, inventou de pular do barco. À medida que ela ganhava e perdia a bravura, recuperava a coragem para em seguida perder denovo, a fila para o pulo ia aumentando, outros barcos iam se aproximando e os banhistas, ao perceberem sua hesitação, começavam a encorajá-la, a gritar, bater palma e fazer contagem regressiva. Meia hora (ou mais) depois, tomada pela pressão, pela vergonha ou por um breve impulso de coragem, nossa heroína pulou. Depois desse dia, passou a ser conhecida como “The Jumper”.

 

A próxima parada foi Maya Bay. A água é um azul bem claro e a visibilidade é uma das melhores que já vi, nem sequer precisava de máscara de mergulho pra ver os peixes. A ilha é bem pequena, em menos de meia hora você conhece tudo. Ao anoitecer, um dos guias chama todos para o interior da ilha, é servido o jantar, depois fica todo mundo numa roda, ouvindo música, bebendo (eles dão um bucket para cada um) e fazendo drinking games. Já tarde da noite, quando todo mundo já tava muito louco de cachaça, retorna-se para o barco. Nessa hora um dos guias chamou para pular no mar pra ver os planktons. A escuridão era total, todo mundo bêbado (inclusive os guias), mergulhando num mar escuro, a lua cheia, vendo as minúsculas luzes do plankton se multiplicarem à medida que se chacoalhava a água. Experiência surreal.

Infelizmente não dá para fotografar plankton (ou dá?), então essa noite só pôde ganhar registro na memória. No final, é o que importa.

 

Bom, é isso.

Obrigado a quem leu até o fim.

Estou à disposição para tentar tirar as dúvidas sobre a viagem.

 

 

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