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8 Dias na Argentina de Bandit. Paso San Francisco, Ruta 40, Cafayate, Abra Del Acay[Fotos]


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Dados técnicos.

Veículo: Suzuki Bandit 1250s modelo 2010.

Roteiro

1ª Dia: Saída de Chapada, Rio Grande do Sul com destino a Porto Xavier (RS), Posadas (ARG) uma passadinha em Encarnacion (PAR), retornando a Posadas, finalizando o dia em Machagai (ARG). Realizados aproximadamente 900km.

2ª Dia: Saída de Machagai (ARG) em direção a Santiago del Estero (ARG), com destino final em San Fernando del Valle de Catamarca(ARG). Realizados aproximadamente 750km.

3ª Dia: Saída de San Fernando del Valle de Catamarca (ARG) com destino final em Fiambalá (ARG). Realizados aproximadamente 330 km, mais 400 km ao ir até Paso San Francisco e retornar a Fiambalá (ARG).

4ª Dia: Saída de Faimbalá (ARG) com intuito de percorrer a Ruta 40 até Cafayate, destino final San Carlos (ARG). Realizados aproximadamente 500km.

5º Dia: Saída de San Carlos (ARG) em direção a Salta (ARG), com destino final em San Antonio de los Cobres (ARG). Realizados aproximadamente 350km.

6ª Dia: Saída de San Antonio de los Cobres (ARG) em direção a Cachi (ARG) passando pelo Abra Del Acay com destino final em Salta (ARG). Realizados aproximadamente 300km.

7ª Dia: Saída de Salta (ARG) em direção a Pampa del Inferno (ARG) com destino final em Ita-Ibaté (ARG). Realizados aproximadamente 1000km.

8ª Dia: Saída de Ita-Ibaté (ARG) em direção a São Borja (BRA), com destino final em Chapada (BR). Realizados aproximadamente 550km.

Total de quilômetros no odômetro 5300.

Consumo de combustível média de 18km/L.

Média de custo do combustível 14,00 Pesos Argentino.

Gastos com combustível 4125,00 Pesos Argentino.

Cambio dia 05/01/2015 de 4,75 Pesos Argentino para cada 1,00 Real.

*Custos de hospedagem para duas pessoas, assim como refeições.

**Dados aproximados, podendo haver variação para mais ou para menos

 

Relato

1ª dia

O dia começou cedo, bem cedo na verdade, eram quase 5h da manhã quando acordei, lavei o rosto, escovei os dentes, tirei a moto da garagem, entrei em casa, meu pai estava tomando café, me juntei a ele. Após realizado o desjejum começamos a colocar os baús na moto, não demorou muito já estávamos sentados sobre a Bandida, e por lá ficaríamos por muito tempo.

O sol não tinha dado as caras ainda, estava uma temperatura muito agradável para pilotar. Como a saída foi de Chapada (RS), uma micro cidade do norte gaúcho, com apenas uma ligação asfáltica para o leste, enfrentamos 10 km de estrada de terra em direção a oeste. Não demorou muito chegamos ao asfalto, nada de muito interessante aconteceu, o sol surgiu e junto a ele veio o calor da região das Missões.

Chegamos em Porto Xavier por volta das 9 hda amanhã, providenciamos a documentação na Receita Federal e partimos para travessia do gigante Rio Uruguai, estava transbordado pelas fortes chuvas que ocorreu três dias antes. A água normalmente com cor esverdeada estava em tom de lama, após a travessia chegamos em fim ao territórios estrangeiro. Fizemos toda a papelada na aduana, demorou por volta de 15 minutos, então subimos na Bandida rumo a Posadas.

Na região das Misiones na Argentina não encontramos muitos atrativos. A paisagem é monótona: árvores, alguns animais e o calor forte; paramos em uma “gomeria” para trocar o pneu da moto, saímos de casa como ele bastante gasto. Chegando em Posadas, abastecemos e enfrentamos a ponte entre Argentina e Paraguai. Não tivemos contra tempo. Entramos para realizar o câmbio do Peso Argentino, conseguimos um valor bem melhor que na Argentina. Retornamos a terra do grande Maradona.

O sol estava brilhando forte, nenhuma nuvem no céu e a temperatura já estava acima dos 40ºC. O calor nessa região chega ao extremo, com a umidade elevadíssima a sensação térmica ultrapassa facilmente os 50 ºC. É nessas horas que pensamentos veem a cabeça: SE tudo isso é necessário, poderia estar em um carro confortável, no ar condicionado, rido dos malucos que andam de moto nesse calor. Mas isso não chega ser relevante a ponto de abandonar a melhor sensação que conheço: sentir o vento no capacete e me tornando livre de qualquer compromisso.

Após às 5h da tarde o calor diminui. O previsto era chegar em Machagai, após enfrentar as retas infinitas do pampa argentino chegamos por volta das 9h da noite no hotel Le Park (AR$ 320,00). Estávamos exaustos, retiramos os baús da moto, tomamos uma ducha e fomos jantar. A comida na Argentina é muito boa, em todos os lugares que fomos era à la carte, comemos “costeletas” semelhante a chuleta , muito macia e deliciosa a carne, acompanhava salada mista, custou AR$ 150,00 com uma água mineral 1,5l. Depois disso  fomos dormir.

Porto Xavier

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Cambio da goma

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Encarnación

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Saindo de Resistência

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2ª Dia

Acordamos por volta das 6h 30,  colocamos os baús na Bandida, partimos para o “Desayuno”: o clássico café e leite, um croissant doce, um pãozinho com doce de leite. Após o café iriamos enfrentar mais um longo dia com calores altos, retas infinitas, paisagens monótonas e sem graça com muitos animais na pista.

No fim da tarde chegamos em San Fernando del Valle de Catamarca, uma cidade muito linda em um belo vale onde o pôr do sol proporcionou uma vista incrível. Nos hospedamos no hotel Inti Huasi por AR$ 380,00.

Muitas máquinas na pista.

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Almoço do dia.

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Retas infinitas

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3ª Dia

O terceiro dia prometia grandes paisagens, saímos do hotel no horário de costume. O grupo de montanhas, juntamente com o Cerro El Manchao proporcionava uma paisagem magnifica. Logo começamos a subida da RN 60. Quando chegamos ao cume avistamos uma mudança de paisagem muito impressionante, passou do verde com muitas árvores, para cactos, pedras em tons laranjadas com muita areia. Assim sucedeu-se até Fiambala, onde almoçamos as típicas “empanadas”, semelhante a um pastel  recheada com carne moída com tempero e massa característico.

Após esta etapa, toda a vegetação mudou com a alteração da altitude. A cidade localiza-se a 1500 m.s.n.m e chegaremos a 4500 m.s.n.m. Logo após saida da cidade avista-se uma região com areia muito clara e fina. No fundo a imensidão de “Los Andes”. Após uns 50km a “Ruta 60 corta com “cerros” e montanhas das mais variadas corres, desde o escuro cinzento, o vermelho, amarelo, verde, é algo realmente incrível.

Percorrendo mais uns 100km, atingimos altitudes superiores a 4000 m.s.n.m, as lhamas surgem ao fundo em vales com lagos, algumas aves, e ainda com um tom de vegetação amarelo mostarda. Mais alguns quilômetros é possível ver o vulcão Incahuasi com 6638 m.s.n.m.

Como estava passando das 6h da tarde e havia riscos de neve, resolvemos ir até a aduana argentina e voltarmos para Fiambalá. Ao voltar encontramos vários veículos de apoio ao Dakar que estava ocorrendo no mesmo dia.

No final do dia chegamos na cidade, as nuvens surgiram e começou a nevar na cordilheira, estávamos com sorte ao chegar a tempo na Hosteria Santa Rita (AR$300). Jantamos e nos preparamos para enfrentar a lendária Ruta 40 no outro dia.

 

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Primeiros cactos.

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Dakar 2015.

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Já iriamos passa-lo

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Os primeiros cerros do Paso San Francisco.

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vulcão Incahuasi

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4ª Dia

Como o previsto, ás 7h e 30 estávamos na estrada, percorremos 115km e chegamos na Ruta 40. Ela percorre 5.224 km e atravessa 11 províncias, neste dia percorremos humildes 400 km, mas nos pés dos Andes as vistas impressionavam, tivemos algumas dificuldades pelo “ripio” (estrada de terra), na qual, estava mais para areia, fizemos aproximadamente 80 km, como a Bandida não é um modelo adequado para estradas assim, a dificuldade é maior. O resto do trajeto foi asfalto em ótimas condições.

As características dessa região são bem singulares, a esquerda da rodovia: os Andes; a direita: planícies desérticas, com uma vegetação rasteira, vários animais soltos causam preocupações na beira da estrada. O clima era muito favorável para curtir a viagem de moto: temperatura amena, e pouca precipitação, com pouco vento.

A 50 km antes de Cafayate entramos no parque das ruinas de Quilmes, é semelhante a Machu Picchu em miniatura. Um belo lugar para prática de escalada e conhecer uma antiga civilização. (Entrada AR$30,00 por pessoa)

Ao chegarmos em Cafayate, encontramos a cidade cheia de turistas, os hotéis com placas nas portas indicando não haver mais vagas, nos obrigamos ir a San Carlos onde encontramos vaga em uma “Hosteria”, não recordo seu nome (AR$360).

 

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Ruta 40

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Rípio

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Ruínas de Quilmes

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5ª Dia

Neste dia, esperávamos inicialmente sair de San Carlos e percorrer a Ruta 40 até San Antonio de Los Cobres, mas devido a fortes chuvas na região e muita areia na pista, são 300 km são ripio. Mudamos os planos, fomos em direção a Salta e fizemos somente uns 80 km de ripio, o restante todo asfaltado em excelente estado.

Nos surpreendemos com a Quebrada Las Conchas, os “cerros” em tons vermelhos formam uma bela paisagem. Após, seguimos em direção a San Antonio de los Cobres, acompanhando os trilhos do “tren de las nubes” mais uma atração para quem gosta de belas paisagens.

Chegamos no Paso Abra Blanca que localiza-se a 4080 m.s.n.m, o tempo estava muito fechado, as nuvens escuras, e qualquer gota que cai a essa atitude torna-se gelo no mesmo instante. Não tivemos boas experiências de moto na neve (em outra trip abandoamos a moto no Paso Jama por motivo de neve), procuramos andar o mais rápido possível e logo deixamos as nuvens para trás.

Ao chegar em San Antonio de Los Cobres fomos logo procurar a Hosteria Esperanza (AR$200), lá tivemos um ótimo atendimento e informações turísticas. Saímos em busca de emoções, e surgiram logo. Ao ir em direção as pontes do trem das nuvens, encontramos uma lhama em frente a uma casa. Eu falei para meu pai, parar a moto e tenta tirar uma foto minha com a lhama. Ela veio rápido ao meu encontro, em primeiro momento evitei-a, achei que iria me morder, mas vi que era domesticada e muito dócil. Muito fofinha e carinhosa. Após fomos subir uma elevação que abrigava uma gruta. A altitude de 4000 m.s.n.m deixou-nos ofegante. Havia um vento congelante no cume que nos obrigou a descer logo, mas deu para aproveitar as vistas, no horizonte via-se as Salinas Grandes e seu conjugado de montanhas.

A surpresinha chegou na hora do jantar, pedimos o que havia de pratos típicos para o dono do estabelecimento, e lamentavelmente nos informou três tipos de pratos, nos quais todos possuíam carne de lhama (não nos sentimos confortável em comer pelo encontro que tivemos a tarde com lhama) Recusamos e comemos macarrão no qual custou (AR$ 240). Fomos dormir, fazia muito frio, como de costume em todos os Andes.

Os rios passam na estrada mesmo.

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Quebrada Las Conchas

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6ª DIA

Estávamos um pouco inseguros em fazer a Ruta 40 em direção ao Abra Del Acay, pelo fato de estar indo com uma Bandit, uma moto esportiva. O dia estava simplesmente perfeito, nenhuma nuvem no céu, o ripio estava razoável, nas retas tinha muitas irregularidades causadas pelo vento, não permitindo andar mais que 20 km/h, mas quando começou a subida a estrada não podia estar melhor, em perfeito estado, fomos “despacio” e tudo ocorreu bem. Encontramos uma simpática família Argentina que tirou umas fotos para nós. As paisagens proporcionavam a cada curva uma nova emoção, nos vales a natureza intocável podia ser vista, as lhamas, algumas aves em lagos, tudo em completo equilíbrio. Sem dúvida foi o lugar onde as paisagens eram mais belas.

Após 40 km de San Antonio de Los Cobre chegamos ao ápice de 4895 m.s.n.m no ponto mais alto da Ruta 40: o chamado Abra del Acay. Visualizamos as montanhas em seu redor com uma fina camada de gelo, aliás, estava quente para ser esta altitude, em torno de 12ºC. Tiramos umas fotos e partimos para Cachi. A “Ruta Nacional” estava confortável, tirando o fato dos rios que tínhamos que atravessar, mas estavam significativamente baixo, não tivemos dificuldades. Ao distanciarmos dos 4000 m.s.n.m, no retrovisor avistava-se as nuvens negras de neve, mais uma vez levamos sorte. Após Cahci descemos o Cuesta del Obispo (3348m.s.n.m), fazia muito frio, estava sendo formada uma leve película de gelo sobre vegetação, a movimentação de nuvens nesta altitude é algo incrível, em poucos minutos o sol some e a neve ganha seu espaço.

Ao chegar em Salta buscamos alojamento no Yatasto (AR$500). O atendimento do grande amigo Hector Penno é sem igual, muito atencioso e informativo. Fomos jantar e encerrou-se mais um dia.

 

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Ruta 40

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6ª e 7ª DIA

Os dois últimos dias foi de retorno, nada muito atrativo para relatar. Mais uma vez as retas infinitas do Pampa Del Inferno, com uns 50 km de estrada intransitável, não são buracos, parecia que meteoros haviam caído sobre o asfalto, se um caminhão cair em um desses buracos  aposto que não sai sem um guincho. Mas o restante da “ruta” é perfeita, até chegar no Brasil. No final da tarde chegamos na em casa e encerramos mais uma jornada. :D

Editado por varlei88
Correção de erros de português
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Caramba, que linda viagem a de vocês, pai e filho, muito legal. Sempre sonhei em fazer uma Trip dessas com meu pai pela Argentina também, sempre mostrava os relatos aqui do Mochileiros e ficávamos olhando no GoogleMaps as possíveis rotas, porém o destino não nos permitiu realizar. Mesmo assim acompanho todos os relatos aqui do fórum, sonhando em quando vai chegar a minha vez de completar esse sonho...

 

Parabéns pelo relato e principalmente pelo relato, sucinto e completo.

 

Abç

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  • 11 meses depois...
  • Membros

Olá Varlei88!

 

Amei seu relato e me ajudou bastante na Ruta 40. Se conseguiram de moto, eu de carro, sem dúvida conseguirei ::mmm:

 

Me tira uma dúvida - Mais uma vez as retas infinitas do Pampa Del Inferno, com uns 50 km de estrada intransitável, não são buracos, parece que meteoros caíram sobre o asfalto, se um caminhão cair em um desses buracos com a roda aposto que não sai sem um guincho..

 

Acredita que continua assim? Mais pra ter uma noção e passar por lá durante o dia mesmo. Sabe qual trecho pegou assim? Ao menos uma noção de qual cidade pra me achar no mapa.

 

Abraço,

 

Roberta

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  • 2 semanas depois...
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Olá Varlei88!

 

Amei seu relato e me ajudou bastante na Ruta 40. Se conseguiram de moto, eu de carro, sem dúvida conseguirei ::mmm:

 

Me tira uma dúvida - Mais uma vez as retas infinitas do Pampa Del Inferno, com uns 50 km de estrada intransitável, não são buracos, parece que meteoros caíram sobre o asfalto, se um caminhão cair em um desses buracos com a roda aposto que não sai sem um guincho..

 

Acredita que continua assim? Mais pra ter uma noção e passar por lá durante o dia mesmo. Sabe qual trecho pegou assim? Ao menos uma noção de qual cidade pra me achar no mapa.

 

Abraço,

 

Roberta

 

Olá Roberta, rodovia já foi refeita, certamente não terá problemas :)

 

Abraço

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  • 6 meses depois...

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