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BOIPEBA - SERGIPE - ALAGOAS - 15 DIAS


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Realizamos essa viagem entre 15/09 e 01/10. Ela acabou sendo dividida em duas partes: 1) Cinco dias na Ilha de Boipeba – deslocamento por conta própria desde o aeroporto de Salvador – e 2) Voltar pra Salvador, alugar um carro e “subir” pelo litoral por nove dias até o sul de Alagoas.

Saímos em um vôo da madruga da TAM – as melhores tarifas que tenho encontrado ultimamente são para esses horários – e chegamos em Salvador com o dia começando a nascer. Seguindo informações que busquei aqui, fomos até o ponto de ônibus com a intenção de pegar o busão até o Terminal Marítimo de São Joaquim. Ninguém sabia ao certo de quanto em quanto tempo passava, então quando chegou um taxista oferecendo a corrida por 30,00 eu aceitei no ato!! A explicação é que o ponto dele era no Terminal e ele estava voltando para lá, ou seja, melhor trintinha no bolso do que voltar de mãos vazias. Rapidinho chegamos lá, mas deu pra ver que de ônibus levaria pelo menos 1h30m.

Pegamos o ferry-boat – onde pra comer era tudo muito caro – e atravessamos até Bom Despacho, já na Ilha de Itaparica (1h10 de travessia). Como fizemos amizade com um pessoal que também ia até Valência, rachamos uma van (7 pessoas) que ficou um pouco mais caro que o ônibus, mas com a vantagem de não ir parando pelo caminho. É fácil entrar nesse esquema, é só procurar pelas vans no terminal.

Já na entrada de Valença pegamos um caminhão pesado andando vagarosamente pelas ruas estreitas da cidade, o que fez com que perdêssemos a lancha para Boipeba por 5 minutos. Já eram 10 horas e a próxima lancha só sairia 12h00. Bom, a questão é que estávamos bastante cansados e queríamos chegar logo ao nosso destino, já que tínhamos saído de nossa casa às 21 horas do dia anterior. Então, fomos informados que tinha um ônibus saindo pra Torrinhas – 1h15 de trajeto – onde uma lancha estaria nos esperando para nos levar à Boipeba – mais 50 minutos – , ou seja, chegaríamos mais cedo e pagando 20 reais com tudo incluso, metade do preço do que pagaríamos pra sair de Valença. Foi o que fizemos. Mas eu jamais faria novamente.

O tal ônibus estava literalmente caindo aos pedaços, enferrujado tanto do lado de fora quanto de dentro, uma fonte ambulante de tétano (sério, não era muito difícil de se cortar nos bancos). Como a estrada de Itaparica até Valença estava excelente, acreditei piamente que assim seria até Torrinhas. Segundo erro. De Valença em diante a estrada estava um lixo, e depois ainda entrava por uma estrada de chão que pelamordedeus!!! O ônibus sacolejava, trepidava todo e parecia que ia desmontar (olha, se ele tivesse quebrado naquela quebrada, ia complicar bastante nossa vida). Resumo, as previstas 1h15 de viagem viraram duas horas e pouco. Pelo menos a lancha estava lá nos esperando. Zarpamos e por todo o caminho a maré baixa escondia vários bancos de areia, ou seja, se o barqueiro não for bom atola fácil. E também se perde, já que são vários os entrocamentos no rio, com mangues e vegetação típica a perder de vista. Vale lembrar que não se chega em Boipeba pelo mar, e sim pelo rio. E é um trajeto longo, perto de 30 km. Longo mas bonito demais!!

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Chegamos no cais, desembarcamos e fomos direto para o Hostel Abaquar, caminhadinha curta de uns 5 minutos – mesmo assim, pra quem estiver cansado, tem uma molecada que oferece carrinhos para transporte. Indico bastante esse hostel: boa localização, tudo novo, muito verde e ótimo café da manhã. Putz, saímos 21h00 do dia anterior da minha casa e chegamos a Boipeba à uma da tarde, cansados e suados, e só havia uma coisa que poderíamos fazer naquele momento: IR PRA PRAIAAAAA!!!!!

A praia do centro de Velha Boipeba (Boca da Barra) é muito legal!! Fica exatamente de frente para uma enorme “lagoa”, formada pelo rio antes de seu encontro com o mar. As águas são calmas (claro, uma lagoa né?) e o visual é sensacional: à esquerda a vila de Velha Boipeba e um pequeno rio que também deságua ali; à frente a lagoa, ao redor de tudo os mangues, à direita o mar aberto, e, atravessando o rio até a praia que continua do lado oposto, quilômetros e quilômetros de coqueiros a perder de vista (enquanto escrevo essas linhas sinto uma saudade de doer!). Imaginem o pôr do sol nesse lugar . . . Na Boca da Barra também ficam alguns barzinhos, o mais barato e estiloso deles eu esqueci o nome, mas não tem como errar, tem uma bandeira com a cara do Bob Marley bem na frente.

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Velha Boipeba é uma típica vila de pescadores, incrustada na mata atlântica, com muita vegetação e árvores em suas ruelas, trilhas e caminhos. Resumindo: tudo o que a gente espera que uma vila de pescadores seja! E na baixa temporada a tranquilidade é absoluta. Á noite tem vários restaurantes abertos, alguns na beira da praia, e o preço de uma refeição de peixe pra duas pessoas gira em torno de R$30,00. Restaurantes com o melhor custo-benefício: Dona Anália, Zumbi e Da Família. Depois de uma refeição “notúrnica”, nada melhor do que caminhar pelas ruazinhas na penumbra, e depois comer uma tapioca na barraquinha da praça central (o coco é ralado na hora e a massa é receita de família).

Dia seguinte fomos até Cueira, levando na bolsa térmica meia dúzia de latinhas e dois pacotes de gel congelado: por mais isolado que fossem os lugares em que íamos, tínhamos sempre uma gelada na mão. Tem dois caminhos para chegar a Cueira: pela praia e por dentro. Fomos por dentro, uma trilha que é um prolongamento de uma rua da vila. Tudo é bonito e paradisíaco. A trilha termina bem ao lado do famoso restaurante do Guido. Atravessamos as pedras e chegamos em Tassimirim (é praticamente a mesma praia). Uma coisa que tem que tomar cuidado em algumas praias de Boipeba quando se entra na água é que pode haver pedras afiadas. Dá pra machucar se não ficar atento, fiquei com a planta do pé dolorida por uns dois dias, e se escorregar e cair sobre as pedras pode tomar uns cortes doloridos.

O tempo estava fechado, mas aos poucos começou a abrir – cabe aqui dizer que Boipeba é um lugar que chove acima da média nessa época, palavra dos próprios moradores; mas assim como o tempo fecha, de uma hora pra outra ele abre totalmente. E foi o que aconteceu. E aí começaram a pipocar na água os barcos de passeio vindo de Morro de São Paulo. Turmas enormes que em poucos minutos lotaram o restaurante do Guido. Aí resolvemos ir embora dali.

Fomos até o meio da praia da Cueira – completamente deserta – ficamos um tempo e depois seguimos até o Rio Oritibe, no outro extremo da praia. Quando se vai pra Moreré pela praia tem que atravessar esse rio, de preferência na maré baixa, no ponto onde ele já estiver bem próximo das ondas do mar, onde é mais raso. Ficamos um tempão tomando banho no rio de águas cristalinas, o lugar é muito bonito, com um pequeno mangue bem próximo. Tínhamos a sensação de estarmos completamente isolados do resto da ilha, da Bahia, do Brasil, do mundo. Momento mágico. E então a chuva desabou.

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Deu pra correr e se abrigar em um quiosque de palha beeem rústico e parecendo abandonado. Mas não. Estavam lá a dona, seu neto e a namorada, começando a fazer uma pequena manutenção no lugar pra alta temporada. Sendo assim, com o “telhado” cheio de vãos, pingava dentro da barraca quase tanto quanto do lado de fora. A mochila encharcou, mas colocamos os equipos eletrônicos em um saco plástico e deu tudo certo. Enquanto esperávamos, batemos um bom papo com nossos anfitriões.

Dia seguinte foi dia de Moreré e afins. Pegamos a mesma trilha por dentro até Cueira e depois fomos pela praia. O caminho é bem bonito, a caminhada é tranquila. Não tem como errar. Chegamos a Moreré e a maré estava pra lá de baixa. Vou falar uma coisa aqui que os fãs de Moreré vão me crucificar: o lugar é lindo, a vilinha é charmosa e bem legal, mas na maré baixa é praticamente impossível tomar um bom banho de mar, porque ele recua muito e fica tudo raso demais. Chegamos lá suando e loucos pra entrar na água, então foi meio decepcionante sob esse aspecto. Decidimos então seguir até Bainema pra entrarmos na água, por uma estradinha toda florida e arborizada (sou louco por trilhas que levam a praias, e essa encheu os olhos). Bainema é linda, enorme, selvagem, de novo aquela sensação incrível de isolamento, contemplando seu longo contorno curvilíneo a perder de vista. A única sombra da praia estava sob uma barraca de palha abandonada, e foi ali, em sua “varanda”, que nós esticamos a kanga e esquecemos do tempo e do mundo.

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Depois, continuando nossa caminhada, atravessamos Bainema cortando caminho pelo próprio mar, a maré ainda baixa, chegando até o rio Catu, outro lugar incrível. Tomamos as duas últimas brejas dentro de suas águas mornas e tranquilas. E daí então iniciamos a volta até Moreré, na esperança de que a maré, agora mais alta, nos proporcionasse um belo banho de mar. Até que deu pra tomar banho, mas ainda estava bem raso. Não importa, valeu muito a pena!!! Na volta fomos por dentro da ilha, caminhada de uma horinha, um pouco cansativa porque já havíamos caminhado bastante, mas com um visual muito bonito, já que há uma senhora subida no ínicio e daí em diante avista-se toda a paisagem pelo alto.

O dia seguinte nós passamos na praia do Outeiro, logo depois da curva da Boca da Barra e de frente para o mar aberto. Achamos uma sombrinha e ali ficamos até o fim da tarde, quando subimos o morro do Quebra-Cu e assistimos um belíssimo pôr do sol: lá de cima dá pra ver tudo, o mar, o rio serpentando pelo mangue até chegar à praia, a exuberante vegetação que envolve toda a ilha.

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No fim do dia, fritamos na cozinha do hostel 1 kg de camarão que tínhamos comprado. E daí a chuva chegou de vez.

E foi sob chuva que passamos nosso último dia em Boipeba. Mas não se enganem: fomos à praia, tomamos caipirinhas e entramos na água, como faríamos num belo dia de sol. À noite, nossa despedida gastronômica: lagosta com banana da terra no restaurante da dona Anália por R$60,00 (nos outros lugares os preços giravam entre 80 e 100).

O dia seguinte foi um fatídico dia de deslocamento. Pegamos a lancha até Valença e caminhamos do cais à rodoviária (estávamos em seis pessoas, senão seria perigoso, vale pegar táxi). Como não pegamos táxi demoramos um pouco a chegar, como demoramos um pouco só havia 1 vaga no ônibus que estava saindo. Resultado: mais 01h30 de espera pelo próximo. Quando chegamos a Bom Despacho vimos que domingo, no fim da tarde, o movimento do ferryboat em direção a Salvador é intenso, e quase perdemos mais um transporte. Chegamos em Salvador já era quase noite, e os horários de ônibus para o aeroporto eram incertos (iríamos ficar aquela noite na casa de uma amiga que morava perto). Não dá pra correr riscos nessa hora, então fechamos um táxi por R$50,00 a corrida (alguns queriam cobrar R$90,00, mas 50,00 era o preço mínimo que dava pra fazer, segundo nosso taxista). Descansamos bem aquela noite, para no dia seguinte bem cedo pegarmos o carro na locadora e seguirmos em direção ao norte por 9 dias. Primeira parada: Praia do Baixio.

O que nos atraiu à praia do Baixio foi a Lagoa Azul. Uma lagoa com água da cor do mar do Caribe? Queremos ir lá então!! Chegamos por volta do meio-dia ao vilarejo, bem modesto, e achamos um hotelzinho. A idéia era descansar na praia para no dia seguinte, terça-feira, conhecer a lagoa. Foi então que alguém nos informou que achava que a lagoa não abria terça-feira para o público. Bom, deixe-me explicar: uma empresa de empreendimentos ambientais sustentáveis comprou o lugar. A verdade é que estão fazendo um trabalho muito eficiente de conservação, não mexendo em absolutamente nada, e trazendo ainda guardas-parque, dias de manutenção (como a terça-feira), limite de pessoas, etc. E tudo isso por apenas R$10,00 a entrada (os moradores locais não pagam e nunca pagarão, por cláusula na licença ambiental). Mas parece que a idéia é fazer um resort ali, e daí talvez somente consiga aproveitar o lugar, além dos moradores locais, o pessoal que puder pagar bem mais do que isso. Então a dica é, quem puder ir que vá agora!!!

Fomos então pra lá e já na entrada falaram que a lagoa tava amarela!!!!! Quiporraéessa!!??? Amarela??? Calma, deu tudo certo, só que eu se fosse eles diria “dourado cristalino”, que ficaria melhor e estaria mais próximo da verdade. A caminhada até a lagoa é um detalhe à parte, de tão bonita. Chegamos lá e . . . . putz . . . o lugar é sensacional. Lagoa, dunas, vegetação exuberante. A água não está azul, mas de um tom dourado e completamente cristalina. A explicação é a falta de chuva – segundo eles em janeiro ela estava igual às fotos que a gente vê na internet (parece que já estavam fazendo uma série de fotos para divulgar sua nova aparência e explicar o porquê). De qualquer maneira, que fique registrado, o lugar vale a pena pra caramba!!!! São 16 nascentes que abastecem a lagoa, e sua água é praticamente potável. Ainda assim, o guarda-parque, que é local, nos disse que tem gente que chega lá e não se conforma de não estar azul. Pra mim foi fantástico!!! Como o lugar estava vazio (bendito meio de semana na baixa temporada!!!), ele não só liberou os caiaques pra gente dar um rolê pela lagoa como também foi junto, nos apresentando seu “escritório” e fazendo o papel de guia. Saímos de lá junto com ele, que fechou o lugar.

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Dia seguinte saímos bem cedo para encarar os 220 km que nos separavam do Povoado de Lagoa Redonda, já em Sergipe, nossa próxima parada. Continuamos seguindo pela Litorânea, atravessamos a ponte Gilberto Amado, e chegamos a Pirambu. Parada básica pra um banhozinho de rio e almoço no quiosque à beira-mar. Aproveitamos também pra fazermos uma pequena compra de guloseimas, petiscos e afins em um mercadinho, pois sabíamos que em Lagoa Redonda a coisa seria mais limitada.

Saímos da SE-100 e pegamos uma estrada de chão rumo ao nosso destino (estrada muito boa, tá começando a ser asfaltada). Uma hora depois entrávamos na Pousada/Camping O Paraíso é Aqui, a única do vilarejo. E nós os únicos hóspedes da Pousada. O vilarejo tem apenas uma rua, duas vendinhas com pouquíssimos produtos, um restaurante e só. No fim da rua, o riozinho que circunda as dunas (a lagoa redonda) estava com o nível bem baixo, então não dava pra tomar banho. Atravessamos o rio e caminhamos um quilômetro até a praia, totalmente deserta. Aqui abro um parêntese: as praias do litoral de Sergipe não correspondem ao imaginário que se tem das praias nordestinas. É um mar bravo (sempre de frente para o mar aberto), as águas têm cor amarronzada, praticamente não há sombras (a faixa de coqueiros é bem recuada e no alto de barrancos) e é como se fosse uma única praia, reta, atravessando todo o estado, ou seja, não há recortes. Viu uma praia viu todas. Sua beleza vem da própria aparência selvagem, são quilômetros e quilômetros de praias desertas enquanto se atravessa a SE-100. Por isso optei por curtir as lagoas de Sergipe ao invés das praias. Mas em Lagoa Redonda o rio estava bem baixo e não daria pra se divertir muito. Voltamos para a pousada meio cabisbaixos. Bom, eu sabia que havia outras lagoas por perto, mas não tinha visto fotos nem lido muita coisa a respeito. Mal eu sabia que essas lagoas iriam salvar a nossa passagem por ali, nos fazendo até esquecer a Lagoa Redonda.

A Pousada O paraíso é Aqui está incrustada na mata verdejante que toma conta da região. O lugar é muito bonito, muitas árvores e mais um riozinho de águas cristalinas que serpenteia por dentro da área da pousada. Há uma área pra camping, uns chalés bem rústicos de madeira (com banheiro externo), e uma área nova, no alto do terreno, onde foram construídas suítes com ar condicionado. Foi em umas dessas suítes que ficamos. O dono do lugar (que diz ser apenas o gerente) é um cara legal, figura, mas cortou o meu barato de usar a geladeira da cozinha pra cerveja e gelo (ele vende cerveja no lugar); além disso, logo pela manhã ele já ficava perguntando com certa insistência se a gente iria almoçar e jantar lá, pra garantir que não iríamos a outro lugar, o que eu acho constrangedor (além do preço da refeição dele ser cara!!). Como ele morava no vilarejo e não havia outros hóspedes, passamos duas noites completamente sozinhos e isolados no lugar, o que foi legal, mas levemente assustador. E ainda tinha uma pequena lagoa em frente, água limpinha, onde dava pra dar uns mergulhos.

Bom, no outro dia pela manhã tomamos o café no “refeitório” da pousada, ao ar livre e cercado pela mata nativa, o que já traz uma cor diferente ao dia. No cardápio o típico café da manhã sergipano: cuscuz, ovo frito e carne de sol. Comemos e já saímos rumo à Lagoa Azul, a menos de 10 km da pousada. Chegamos lá e a porteira de acesso estava fechada (é tipo uma fazenda com um caseiro, a quem se paga R$3,00 por pessoa). Já tendo previsto isso, o nosso anfitrião havia nos indicado outra lagoa, que nem tinha nome ainda e ficava ali por perto; mais tarde tentaríamos novamente a Lagoa Azul. Rapidinho chegamos lá e o começo da trilha era bem na beira da estrada. Cinco minutos depois e estávamos no paraíso!! Putz, que lugar especial!! E só havia a gente e mais um casal. Uma lagoa cercada por dunas de areias brancas, com águas em dois tons: azul-escuro e verde-esmeralda. Explico: em algumas áreas da lagoa o fundo é de areia branca, e então a água “fica” verde esmeralda; no restante, o tom é azul-escuro. O contraste mais lindo do mundo!!! Surreal!! Passamos algumas horas lá, os dedos enrugados de tanto curtir aquela água maravilhosa, e na maior parte do tempo sozinhos.

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Depois fomos tentar novamente a Lagoa Azul. Mesma coisa: tudo fechado e sem ninguém. Mas eu não tinha ido até lá pra não conhecer o lugar. Pulamos a porteira, enfrentamos os cachorros (tudo bem, eram apenas dois vira-latas medrosos que só latiam . . .) e saímos à procura da entrada pra trilha. Nem dez minutos depois e estávamos na Lagoa Azul, só nós dois e mais ninguém! O visual lá é ainda mais impressionante, as dunas são bem altas e a área da lagoa é enorme. E de novo os tons mágicos de verde-esmeralda pincelando as águas azuis-escuras. Caramba, que saudades daquele visual!!! Curtimos bastante o lugar e na volta o caseiro já estava lá: pedimos desculpas pela invasão, pagamos os três reais, elogiamos o lugar e fomos embora, plenos e satisfeitos com aquele dia espetacular.

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Dia seguinte saímos cedinho e continuamos pela estrada de terra, sempre muito boa. No caminho, avistamos uma lagoa gigantesca cercada de dunas. Nem pensamos duas vezes: saímos da estrada, procuramos por uma entrada e tomamos ali um belo banho. Esse foi um bônus inesperado da viagem, jamais poderíamos imaginar que uma lagoa como aquela estaria ali nos esperando.

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Depois retornamos à estrada e continuamos seguindo em frente. A ideia era finalizar o dia em Penedo, Alagoas, já do outro lado do São Francisco. É claro que, para isso, o caminho mais rápido seria ter voltado ao asfalto e seguido por lá. O grande problema é que, fazendo assim, não passaríamos por um dos lugares que mais estávamos ansiosos em conhecer: o Pantanal de Pacatuba. Isso mesmo, no litoral norte de Sergipe há uma área de 40 km2 contendo todo um ecossistema pantaneiro: áreas alagadas, vegetação, fauna, etc. Na verdade você tem, na mesma paisagem, no mesmo visual, na mesma foto, uma composição mágica: pantanal, coqueiros, dunas e o mar. Animaaaaaal!!! A experiência começa no Mirante do Robalo, do alto, visual indescritível, e depois vai se estendendo enquanto atravessamos o Pantanal propriamente dito, a paisagem única se desenrolando pelos dois lados da estrada. Olha, levamos quase duas horas pra percorrer 20km, parando toda hora pra tirar fotos e apreciar o visual (e olha que o sol tava castigando!!). Mas não tinha como passar com pressa por ali.

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Seguimos por ali até chegarmos a Ponta dos Mangues, extremo norte do litoral sergipano. Paramos no vilarejo e perguntamos se havia alguém que costumava servir almoço, já que não havia restaurante. Chegamos à casa de um morador que pediu 1 hora para nos preparar uma refeição. Enquanto ele fazia nosso almoço fomos até a praia, já na junção do mar com o rio São Francisco, e que tem uma beleza ímpar: mangue, rio, mar e as casinhas dos pescadores.

Devidamente almoçados, seguimos até Neópolis, de onde pegamos a balsa que atravessa o velho Chico, levando-nos até Penedo, já em Alagoas. A travessia é curta e bem rápida, tanto que desde Neópolis já é possível avistar a cidade histórica de Penedo do outro lado, com seu casario secular às margens do rio. A única coisa que atrapalha, e bastante, a apreciação desse visual, é a arquitetura lamentável de um enorme hotel (que mais parece um presídio) construído bem no centro da cidade. Como isso foi permitido??? Bom, deixando de lado essa pequena decepção, passamos uma noite ali, e pela manhã saímos para conhecer o centro histórico. Depois seguimos viagem por mais uns quilômetros até Piaçabuçu, onde pretendíamos fazer o famoso passeio até a Foz do São Francisco.

Chegamos a Piaçabuçu e já fomos cercados: sabe como é, baixa temporada, meio de semana, sem movimento, turista que aparece nesse cenário chama a atenção mesmo que chegue discretamente. Olha, era tanta gente envolvida na “organização” do passeio que eu fiquei pensando em como dividiriam depois a grana. Surgiu mais um casal e então fechamos por R$ 50,00 por pessoa e um pescador é quem iria nos levar. A viagem até a foz foi tranquila, uns 50 minutos, e a paisagem é muito bonita. Chegamos lá e os barcos de excursão, com dois andares e lotado de gente, também já haviam chegado, assim como também o pessoal das barracas de comida, souvenirs, etc, em seus barquinhos. Nosso guia nos deixou a vontade e disse que ficaríamos o tempo que quiséssemos, ou seja, como os barcos grandes ficam no máximo 40 minutos no local (como direito a um irritante apito convocando a todos na hora de ir embora), teríamos tempo o suficiente para curtir o lugar sem a muvuca. Dito e feito: os barcos foram embora, o pessoal das barracas também, e ficamos somente nós por lá. Na volta mais um bônus: paramos por uma meia hora em um banco de areia bem no meio do velho Chico, onde a água era menos salobra, e foi uma experiência surreal!!! Depois seguimos viagem até o Pontal de Coruripe.

No Pontal de Coruripe (não fiquem em Coruripe, que é uma cidadezinha bem feinha!) já havíamos reservado um quarto nas Casinhas da Ada. A Ada é uma italiana que já vive há 30 anos no Brasil, e construiu uma pousada rústica, mas muito confortável e com muito verde. São quartos interligados por jardins muito bem cuidados, como uma vilazinha de pescadores. Como éramos os únicos hóspedes, ela ofereceu, pelo mesmo preço, a única casa da pousada, com dois quartos, cozinha, sala, etc. Topamos na hora e até fizemos um polvo ao vinagrete para aproveitar a estrutura. O café da manhã também era bem caprichado, os pratos sendo trazidos até nós na medida em que eram preparados pela Ada, ou seja, tudo quentinho e feito na hora. A praia é em frente ao Farol (cartão postal do lugar), e, como é um pontal, tem a forma de um V invertido; no lado esquerdo, existe ainda uma área protegida pelos recifes, onde na maré baixa forma-se uma imensa piscina natural. Mas o impressionante é a maré alta, que rapidamente cobre tudo, chegando até a escadaria que dá acesso à praia, além de proporcionar banhos de cascata nos recifes antes de cobri-los quase que por completo (claro que esperei um local ir até lá e segui os passos dele).

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A seis quilômetros dali tem a Lagoa do Pau, lugar lindo, um riozinho de águas calmas, perfeitas pra banho, que segue paralelo ao mar em meio à vegetação típica. Um pouco mais além, pegando a rodovia, chega-se à praia do Gunga: o problema é que estávamos tão acostumados com lugares vazios e tranquilos que tomamos um choque ao ver aquele estacionamento lotado de carros, quiosques lotados de gente e bugues e quadriciclos acelerando pela praia. Não conseguimos ficar muito tempo por lá, talvez valha a pena pelo visual do mirante. Rapidamente voltamos e paramos na praia de Duas Barras, que tem sido mais conhecida e promovida como Dunas de Marapé, nome de fantasia dado por uma empresa que adquiriu uma parte da região para explorar turisticamente e que tem provocado indignação dos moradores do lugar. Como eu sou contra a elitização de qualquer lugar público, principalmente paraísos, dei a volta e ficamos do outro lado do rio, onde frequenta o pessoal local mesmo, que cuida muito bem do lugar, que é bonito demais!!!

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O retorno à Bahia foi feito em uma levada só, 500 km em único dia, pela BR-101 (nos trechos que estão sendo duplicados o negócio ficou beeeeem lento, por causa dos caminhões). Demos uma parada em São Cristovão, quarta cidade a ser fundada no Brasil, com um centro histórico enorme e com igrejas e casarões espetaculares (interessante é que a São Cristovão “moderna” é feia e barulhenta, mas quando se sobe a ladeira para acessar a parte antiga têm-se a impressão de ter entrado em uma máquina do tempo: tranquilidade e quase ninguém nas ruas seculares). Depois seguimos numa tocada só até Imbassaí, onde pernoitamos, para no dia seguinte curtirmos as piscinas naturais da Praia do Forte. Daí foi mais uma noite na casa de uma amiga em Salvador e retornamos pra casa.

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  • Colaboradores

Que maravilha seu relato Derien.

 

Apesar de Sergipana, somente conheci a Lagoa Redonda há 15 dias atrás, aproveitei que estava de guia de um amigo que conheci aqui no mochileiros e fomos até lá. A intenção era também conhecer a Lagoa Azul, mas infelizmente perguntamos a um e outro e até os nativos não estavam sabendo explicar como chegar lá, então desistimos.

 

Gostei muito do local, o amigo tanto quanto eu. Recomendo conhecer a Lagoa Redonda, natureza exuberante ao redor. Não tive a mesma coragem de vcs pra ir até a praia, muito distante, admirei só do alto das dunas. rs

Dizem que tem uma cachoeira lá também, mas como já fomos tarde preferimos não arriscar a trilha pra ir até ela.

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  • Membros

Que bom que vc gostou do relato Daniele.

Olha, é relativamente fácil chegar na Lagoa Azul. Passando em frente ao Camping/Pousada, segue até o entroncamento que vai pra Ponta dos Mangues, virando à direita. Não dá mais que 5km até a porteira da fazenda onde fica a lagoa, é só perguntar pros moradores ali perto. Vale muito a pena.

Olha, sobre a cachoeira, me pareceu meio sem graça, cachoeirinha mesmo, por isso não fiz questão de ir.

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  • 2 semanas depois...
  • 6 meses depois...
  • Membros

Então Adriana, Baixios é no norte da Bahia, Moreré é na ilha de Boipeba. No norte da Bahia suas opções, além de Baixios, seriam as praias como Praia do Forte, Imbassaí, Costa do Sauípe. Em Boipeba vc pode ficar na Vila de Moreré, que é mais afastada da vila principal, onde se chega na caminhada ou com o trator que leva e traz as professoras. Tem um tópico específico de Boipeba onde vc pode conseguir mais informações para fazer sua escolha. Qualquer dúvida pergunte.

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  • 4 semanas depois...
  • Membros

Ahhh, que saudade de Boipeba lendo teu relato.

Fui em Janeiro tambem e tambem me hospedei no Abaquar

e TAMBEM sofri pra chegar lá HAHAHAH fiz exatamente o mesmo caminho, aquele onibus pessimo até torrinhas e na volta tive que andar até a rodoviaria com mochilas pesadissimas.

Mas que lugar incrivel, né? Voltaria assim que pudesse.

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