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Argentina: Patagônia - El Calafate, El Chaltén e Puerto Madryn. Região de Mendoza, Barreal e San Juan


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Olá queridos mochileiros e mochileiras!

Aqui segue o relato da minha viagem pela Argentina, um total 50 dias entre os meses de março e abril, passando pela Patagônia Austral (El Calafate, El Chalten), Patagônia Atlântica (Península de Valdez, Puerto Madryn Trelew, Rawson) e região de Mendoza (Mendoza, Barreal, San Juan). Aqui neste relato vou focar na Patagônia que totalizou 16 dias de viagem. Vou resumir tudo focando em dicas do que fazer e o que não fazer, contando minha experiência e me coloco a disposição para esclarecer qualquer dúvida se estiver ao meu alcance. Os gastos com passagens, hotéis e passeios está no final, deixei conforme a moeda que gastei (dólares, pesos, reais). ::sos::

Bom, aqui vamos nós, primeiramente preciso dizer que já viajei bastante por ai, mas esta sem dúvidas foi a viagem da minha vida. Em um momento em que eu precisava voltar a encontrar o foco, fazer as pazes comigo, curar a alma, larguei tudo e decidi fazer a minha primeira grande viagem sozinha, perfeito seria pouco para descrevê-la. Nada foi programado com muito antecedência, eu tinha idéia do que queria fazer e fui reservando e decidindo tudo durante a viagem. Abaixo segue um vídeo resumindo os melhores momentos, para quem tiver paciência em interesse em dar uma olhada! ::love::

 

1° dia: Saí de Floripa para POA pois a passagem por lá estava bem mais barata. Minha passagem era para o aeroporto de Ezeiza, que fica mais longe da cidade. Na inocência de ir para um lugar tão longe pela primeira vez sozinha acabei agendando um hotel que parecia mais barato e incluía o translado aeroporto hotel. Agendei o Md Inn B&B, chegando lá não havia ninguém esperando. Tive que então encarar o telefone em espanhol, não foi muito fácil mas logo consegui explicar e um carro chegou. O hotel foi super caro levando em consideração o que oferecia (USD70). Lençóis manchados, cheiro ruim, barata circulando no quarto. Enfim, esse foi um dos poucos lugares que não recomendo. Mas era para ficar apenas uma noite então não foi nada muito sério.

Dicas em relação ao câmbio: Nos dias de hoje está bem fácil trocar reais em BUE, não existe mais necessidade de recorrer ao câmbio paralelo pois o oficial está com o mesmo preço. Eu troquei um pouco aqui no Brasil e o restante no aeroporto. Na patagônia não é fácil de trocar e as taxas não compensam muito, recomendo trocar tudo que tiver interesse. Dólar também é vantajoso levar, os passeios saem um pouco mais em conta em dólar, vai depender da cotação do dia, claro, mas trocar a grana no aeroporto é de boa e não se perde dinheiro.

“Marcar uma viagem é marcar sua vida para sempre”

 

2° dia: Patagônia/El Calafate

Enfim é chegada a ida para a Patagônia, fui de avião de Ezeiza até El Calafate, o vôo atrasou quase 2 horas, porém foi perfeito. Céu limpo, a primeira vista do ambiente inóspito da Patagônia, salinas, montanhas, lugares intocados, um sonho. Chegando no aeroporto peguei um translado para o hostel America del Sur. O aeroporto é um pouco afastado da cidade e os transalados deixam na porta dos hotéis. ::otemo::

O América do sur era simplesmente lindo! Cheio de pessoas de vários lugares do mundo, todos simpáticos, uma vista maravilhosa para a lagoa e a noite ainda tinham algumas programações variadas (música ao vivo, churrasco, pizza). Fiquei em um quarto feminino compartilhado, com 4 camas. Logo fiz amizade com 2 gurias de LA e trocamos várias informações, elas haviam ido para o Perito Moreno e estavam super empolgadas com a formação da ponte.. pera aí.. ponte? Que ponte? Sim.. ao que tudo indicava havia se formado a ponte no Perito Moreno, um fenômeno que raramente acontece e logo mais entrarei em detalhes. ::ahhhh::

Tomei um banho e saí para explorar a cidade, que cidade! El Calafate é super charmoso, lojinha de souvenirs, bares e restaurantes, feirinhas e o principal, os cachorros mais queridos do mundo vivendo por lá. A lembrança que sempre vou ficar é a cidade dos vira-latas felizes. Cachorros simpáticos, gordos, bem cuidados.. muito bacana! ::hahaha:: O hostel fica um pouquinho afastado do centro mas dá para ir caminhando de boa. Na primeira noite não resisti e provei o famoso cordeiro da Patagônia, já tinha ouvido falar muitas vezes. É sim muito gostoso, mas bem carinho.. claro que pedi para levar as sobras que renderam o almoço do dia seguinte. As outras noites foram cozinhando no hostel mesmo .

“Não viajamos para escapar da vida, mas sim para que ela não escape de nós”

 

3° dia El Calafate/Perito Moreno

O café da manhã do hostel não era dos melhores mas tava valendo (café, biscoitos e maçãs), acordei cedo pois era dia de passeio, Perito Moreno e Mini-trekking. Bom, vamos falar sobre os passeios: Se você quer fazer alguma atividade (Mini Trekking ou Big Ice) não caia na borrada de ir no Perito Moreno no dia anterior pois todos os passeios incluem uma parada nas passarelas para observar a geleira. O tempo é suficiente, a explicação do guia é ótima e da para fazer tudo em um dia só. Vc agenda o passeio na única cia disponível “Hielo y Aventura” (http://www.hieloyaventura.com). Não precisa agendar com antecedência, ao menos nessa época não precisava, você faz a reserva no hostel mesmo, paga lá e eles marcam o horário. O ônibus passa em todos os hotéis no horário marcado, o trajeto para o parque é lindo, chegando na entrada do parque existe uma breve parada para uma explicação das regras do parque e pagamento da taxa de entrada ($200).

A sensação de estar em frente ao Perito Moreno é inexplicável. ::ahhhh:: O barulho do gelo se rompendo, a imensidão do glaciar, enfim, é preciso ir lá para entender a sensação, nenhuma foto transmite isso. Então... a ponte! Esse é um fenômeno que ocorre quando as águas do lago escavam um buraco na parede do perito moreno até formar um grande arco (ponte) e ocorrer o colapso. Este fenômeno ocorre sem um período determinado, já ocorreram intervalos de 4, 6, 10 e até 30 anos. A última vez que havia colapsado foi em 2012 e durante a madrugada, de forma que não foi possível fazer nenhum registro. Esse ano a expectativa era grande, haviam muitos repórteres na passarela na tentativa de registrar o momento. A ruptura ocorreu às 10:55h, a gritaria das pessoas, o barulho do gelo, o volume de água, inexplicável. Segue uma fotinho e existe também alguns vídeos no Youtube. Creio que ficamos uns 30 a 40 minutos nas passarelas e seguimos para os passeios. Eu havia escolhido o Mini Trekking e coincidentemente naquele dia a opção Big Ice havia sido cancelada então todos fizeram o Mini Trekking. Na minha opinião foi suficiente. Você vai de catamarã até a beirada do glaciar onde tem uma pequena estrutura para deixar as mochilas, fazer um lanche e descansar um pouquinho. Ah sim, importante, levem um lanchinho reforçado, água, iogurte, coisas que sejam suficiente para segurar a onda durante todo o dia. O grupo é divido em duas turmas, uma com explicação em inglês e outra em espanhol. Você faz uma pequena trilha até umas barraquinhas para colocar o grampo nos pés (o que possibilita a caminhada no gelo) e parte para a aventura. Dicas: Use algum calçado bem fechado e confortável (de preferência impermeável), peça para deixar o grampo bem preso ao seu pé, caso contrário você não vai ter confiança na descida. Subimos a geleira, vimos as fendas, tomamos água do glaciar, encontramos um inseto que vive lá, caminhamos bastante e por fim chegamos em um barraquinha que oferecia um copo de whisky com gelo do glaciar. Lá ficamos um tempinho relaxando e então começamos a retornar. Uma coisa importante e péssima que aconteceu neste dia, minha meia começou a desliar no pé, várias vezes tive que parar para arruma-la, no final do passeio lá estava eu com uma bolha enorme no calcanhar, ainda nem sonhava com as consequências que isso iria gerar. ::putz::

No final fiquei muito satisfeita com o passeio, talvez pq o Big Ice foi cancelado eles estenderam um pouco o Mini-Trekking, não sei, mas superou minhas expectativas. Super recomendo, é uma experiência diferente, inesquecível, rende lindíssimas fotos e uma lembrança eterna. Na volta uma paradinha a mais para comer a frutinha calafate e retorno para o hostel. A noite foi dia de cozinhar e curtir a música ao vivo no hostel.

“Viajar é trocar a roupa da alma”

 

4° dia: El Chalten

Dia de seguir para El Chalten. Acordei, peguei a mochila e segui para Rodoviária, havia comprado a passagem no dia anterior pela empresa TAQsa ( 2 opções durante o dia 7h da manhã ou 16:30), porém de fato subestimei a distância entre o hostel e a rodoviária. Na metade do caminho tive que sair correndo e atacar o ônibus na rodoviária pois o mesmo já estava partindo.. 3 horinhas de viagem, que paisagem linda!! Quando o Fitz Roy aponta no céu é de parar o coração. Na chegada à cidade é feita uma pequena parada no parque onde um guarda parque explica as regras e depois é só seguir. A Rodoviária é no centro da cidade e a cidade é minúscula, ou seja, é só colocar a mochila nas costas e seguir para o hostel. ::otemo::

El Chalten é incrível, ir a El Calafate e não passar em El Chaltén é um erro gigante! Logo no início da cidade já existem várias estátuas de mochileiros, placas indicando os sendeiros (trilhas) e tudo absolutamente de graça, você não paga nenhuma taxa para isso.

Lá fiquei hospedada no “Condor de Los Andes”. O Hostel em si é bem bacana, não tão legal quanto o America del Sur mas muito bom também. Simples, tranquilo, cheio de mochileiros e cozinha disponível. Internet péssima, mas depois fiquei sabendo que era assim em todos os outros lugares de El Chalten. Fiquei em um quarto misto compartilhado com 6 pessoas.

Fui almoçar em um restaurante indicado por alguém daqui, o Ahorikenk, sinceridade..não muito bom e bem carinho. Mas a comida era bem servida, se estiver em duas pessoas dependendo do prato da para dividir de boa.

Depois do almoço dei uma descansada no hostel (estava muito gripada) e no meio da tarde resolvi subir no mirante principal, que fica localizado junto com a sede do parque, super recomendo!!! Uma subida prevista de 40 minutos (da para fazer em 25 a 30 de boa) e tem uma vista fenomenal de El Chalten, você começa a se localizar e ver de onde saem as trilhas etc.. se estiver sem nuvens da para ver o Fitz Roy deslumbrante! Também existe a opção de ir para o “Mirante de las águias” onde é possível observar o Lago Viedma, dá mais uns 20 minutos de caminhada, é bonito também, mas nada se compara a vista do Fitz Roy.

A noite fui no supermercado dos turcos para comprar algo para cozinhar, (supermercado bem no início da Avenida San Martin), não recomendo.. caro, poucas opções e péssimo atendimento. Cozinhei no Hostel e como o tempo estava bom resolvi agendar o ônibus para a Hostaria Pilar para fazer a trilha “Laguna de los 3” logo de cara.

Bom, sobre as trilhas, vou falar com calma sobre todas as que fiz, mas foi: Laguna de Los 3 (inclui a Laguna Capri), Laguna Torre, Pliegue Tumbado e Chorrillo del salto.

“Se fosse para ficarmos em um só lugar teríamos raízes ao invés de pés”

 

5° dia: Laguna de Los três.

Bom, essa é a trilha que chega mais pertinho do Fitz Roy, acredito que é a mais puxada ou uma das mais entre as opções acessíveis de El Chalten. Para fazer esta trilha existem duas opções, uma delas é no final da Rua San Martin (cerca de 11km até a lagoa), onde você faz a ida e a volta pelo mesmo caminho, passando pela Laguna Capri, e a outra é pela Hostaria Pilar (cerca de 9 km até a lagoa), onde você pega um ônibus até a este hotel e faz a trilha em dois caminhos diferentes. Eu optei pela última opção, reservei o ônibus no hotel mesmo.

Preparei meu pé que agora exigia cuidados especiais, coloquei band aid e 2 meias e às 07:30 em ponto o ônibus estava no hostel, fomos passando por vários pontos e até chegar na Hostaria Pilar foi aproximadamente 40 min, estrada de terra, vidros embaçados dando um sinal do frio que nos aguardava lá fora.

Descemos e o motorista nos indicou o caminho, logo no início da trilha já começaram a se formar as parceiras, no meu caso fui eu, Felipe (um brasileiro que também estava por lá), Anna (francesa) e Julián (Argentino). ::Cold::

E assim começamos a trilha, um frio absurdo pela manhã, um céu limpo e vários rostos sorridentes. Essa opção facilita bastante, pois tem um início fácil para ir se aclimatando, ela começa dentro de um bosque com árvores de caules tortos, lindo d+ e praticamente só reta. A primeira parada foi no Mirador do “Glaciar Piedras Blancas”, divino.. durante todo o trajeto você vai vendo o Fitz Roy de vários ângulos diferentes, mas a parada neste mirante é bem surpreendente, nele a atração principal são as geleiras que esporadicamente se rompem fazendo um barulho muito alto. Uma paradinha rápida para fotos, águas e umas castanhas (sim, levar castanhas e frutas secas é sempre uma boa pedida para trilhas) e seguimos em frente.

Perto de onde os caminhos se encontram (duas trilhas) o bosque se vai e da espaço à um céu azul incrível, daí em diante até chegar no topo a maior parte da trilha é descoberta.

Na sequência você chega no ponto de camping Poicenot, entramos para conhece-lo e também para usar o banheiro.. Bom, o banheiro é um buraco no chão dentro de uma casinha (boa e velha patente de camping), mas no geral tudo bem organizado, tinha uma galera acampando lá, pareceu bem bacana.

Mais para frente você atravessa uma pequena ponte com um rio de águas cristalinas, o Rio Blanco, hora de abastecer as garrafinhas de água e se preparar para última subida que é bastante íngreme. Antes de começar a parte mais punk, existem banquinhos para descanso e reflexão, subir ou não subir? Hahaha Nem me passou pela cabeça não subir mas já havia lido relatos um pouco assustadores sobre este último quilômetro de subida. Você encontra de tudo, pessoas desistindo, pessoas super equipadas subindo, adolescentes, idosos.. Eu fui com um tênis para trilha, calça de caminhada (com a opção de virar bermuda), camiseta de manga curta embaixo, uma quentinha intermediária e um corta ventos. Cachecol , toca e claro que uma mochila para carregar toda a tralha. De fato me saí bem.. o frio matinal é inevitável, mas a medida que você vai caminhando vai esquentando então tem que estar preparado para tudo... filtro solar (muito filtro solar) e óculos escuros também fizeram parte disso tudo. Sim, a última parte é cansativa, mas sim, você consegue!! Claro que eu peguei um tempo excelente, não sou nenhuma atleta mas gosto de fazer alguns exercícios. Eu subi, conheço pessoas sedentárias que subiram, mas também conheço pessoas que fazem trilhas e não conseguiram chegar no final. Creio que tudo está relacionado com as condições climáticas do dia e com o estado de espírito de cada um. Só tenho uma certeza.. a vista lá é alucinante e vale todo o esforço! Chegamos na Laguna de Los 3 Às 11h. Ficamos 2h lá em cima, sentados, admirando, conversando, lanchando... é simplesmente sensacional. É a melhor vista do Fitz Roy sem dúvidas, o contraste com a cor da lagoa e da geleira é incrível. Olhando para trás também é possível ver boa parte do parque, simplesmente incrível.

Paramos, conversamos em português, inglês, espanhol e até um pouquinho de francês enquanto comíamos nossos sanduíches felizes da vida.

Eu me sentei um pouco distante para ter meus minutos a sós com aquilo tudo, a energia daquele lugar é incrível! Estar lá, conseguir chegar, ter um dia lindo como aquele, é uma emoção que transborda e não pode ser definida em palavras.

Hora de voltar, tranquilos, a descida trava um pouco a perna, mas passando esta parte bastante íngreme fica bem tranquilo, eram 2 passos e uma olhada para trás para admirar mais uma vez o Fitz Roy, que ia se modelando conforme a paisagem.

Mais uma parada na Laguna de Capri, que linda!! Amei essa lagoa, que vibe deliciosa, hora de comer alfajores e conversar sobre politica, é.. os Hermanos não estavam em uma situação muito diferente da nossa.

E assim retornamos com calma, conversando, conhecendo sobre as diferentes culturas, cumprimentando pessoas na trilha, admirando cada novo visual. A trilha é longa sim, é cansativa, são praticamente 20 km no total, porém lá escurece tarde, basta sair cedo e curtir o passeio da melhor forma possível. A trilha acaba no final da rua San Martin, para nossa surpresa estava tendo uma feira de comidas, onde cada esquina tinha uma barraquinha vendendo alguma especialidade a preços baratinhos.. Dá-lhe cerveja artesanal, calamares, empanadas, mini hambúrgueres, muffins e até um Chai inidiano!

A noite o cansaço bateu e o jeito foi comer o resto do macarrão e capotar. Meu pé não estava dos melhores. A meia estava colada no calcanhar pois saía muito liquido da bolha, lavei bem, limpei e deixei “respirar” a noite toda.

“Viajar não é questão de dinheiro, é questão de coragem”

 

6º dia: Laguna Torre

Café de manhã reforçado e bora pq hoje é dia de Laguna Torre. Esta trilha resolvi fazer totalmente sozinha. Sabia que era extensa mas não tão difícil, preparei uma boa trilha sonora, passei na padaria para comprar empanadas e fui! Ela começa em uma parte alta da cidade, então o início já é maravilhoso. Logo na entrada você assina um caderno indicando que está começando a trilha, em um posto com guarda parque, e depois é só seguir.. Essa foi a trilha da minha vida, simplesmente magnífica. Fui dançando, chorando, gargalhando.. com uma sonzeira nos ouvidos, as vezes intercalada por momentos de silêncio para ouvir o rio.. Mas, vamos ao que interessa! Heheh É uma trilha bem extensa, porém plana, não tem grandes subidas, o ambiente intercala entre bosques, campos abertos, caminho beirando o rio, é uma mistura de cores e sensações, absurdo! Uma coisa engraçada sobre El Calafate e El Chaltén, é comum você ir encontrando as mesmas pessoas desde El Calafate, no final várias pessoas que fizeram o Mini Trekking comigo estavam nas trilhas de El Chalten.. vc vai se sentindo estranhamente em casa. A trilha é longa (11km cada trecho) mas é fácil.. a mudança de ambiente que vai acontecendo ao longo é simplesmente sensacional. Chegando perto é que o bicho pegou, conheci o verdadeiro vento patagônico. No final da trilha tem uma subida para acessar a lagoa, quando alcancei o local e sai da área protegida levei um susto. Mal conseguia ficar em pé.. comecei a caminha em direção à lagoa quase abaixada para não ser derrubada pelo vento.. creio que deveria ter não mais do que 15 ou 20 pessoas no local, todas tentando se proteger de alguma forma. Tentei subir na parte mais alta para ter uma visão geral porém o vento me derrubou 2 vezes. Acabei sentando ao lado de uma pedra para tentar me abrigar e ficar um pouquinho ali. Tentei comer minha primeira empanada mas abortei a missão, o vento era insuportável. Acho que fiquei uns 15 minutos lá e comecei a retornar lentamente para não ser derrubada novamente. Voltando para área protegida encontrei um clima super agradável novamente, a diferença é realmente incrível. Acabei sentando às margens do rio e ali comi minha empanadas, tomei meu suco e aproveitei cada segundinho daquele momento. O retorno foi tão mágico quanto a ida, essa acabou se tornando minha trilha preferida, não pelo destino final, mas pelo conjunto todo.

A noite foi dia de comemoração pois a sensação era incrivelmente leve e feliz, fui ao B & B comer um hambúrguer e tomar uma cerveja artesanal. Super recomendo esse local!! A cerveja é deliciosa, o hambúrguer também e ainda por cima o melhor wi.fi da cidade! Aproveitei para mandar um alô geral para a galera.

Mais tarde fui para o hostel arrancar a meia colada na ferida que estava latenjando no meu pé, era uma tarefa difícil.. comecei a dar mais atenção para a bolha pois ela já começava a demonstrar sinais de inflamação.

Acho que não comentei ainda sobre meus colegas de quarto no hostel “Condor de Los Andes”, pois bem, no primeiro dia estava dormindo e um deles entrou e começou a arrumar a mala, colocando várias coisas em cima da minha cama, acordei e mandei um “oi, estou aqui” em alto e bom inglês, ele pediu desculpas e continuou separando as coisas e largando em cima da minha cama. Em um quarto compartilhado a cama é a única coisa que é só sua, então da para imaginar a folga do cara.. durante toda a noite foi um entra e sai infernal, de todos eles, mas ok, era minha primeira noite no local não queria começar brigando. Enfim, eis que nesta noite que estou comentando um israelense que também estava no quarto falou que eles iriam partir de manhã cedo, então iriam fazer algum barulho (como se fosse novidade), lá pelas 4h da manhã o Israelense levanta e começa a circular totalmente nu pelo quarto.. faz suas malas, abaixa, abre cadeado, levanta, dobra roupas.. Assim como veio ao mundo! Kkkkkk Sério, essa mistura de culturas é surpreendente.

“Para aqueles que ousam sonhar, há um mundo inteiro para ganhar”

 

7º dia: Pliegue Tumbado/ Chorrilo del Salto

Eis que chega o novo habitante do quarto, Vitor, um francês de 62 anos que eu já havia encontrado nas trilhas, apenas mudou de hostel. 62 anos, faz as trilhas correndo.. realmente correndo. Conversamos bastante, dicas de equipamentos, locais etc. Resumindo, meus equipamentos, calçados, roupas etc.. eram de meia-boca a ruim. Hehehe Ele era ligadíssimo nas marcas e escalou os alpes a vida inteira.

O dia estava ventando e um pouco nublado, decidi então encarar a última trilha da minha lista de desejos, Pliege Tumbado. Sanduíches, empanadas, águas e partiu. Também tem por volta de 20 km, nível mais difícil que Laguna Torre e sai da entrada do parque. De início tudo tranquilo, vista maravilhosa e trilha quase deserta. Pliegue Tumbado não está entre as mais famosas. O meu amigo de 62 anos claro, passou correndo e dando tchauzinho. O vento começou a aumentar conforme ia subindo a montanha, creio que eu já estava caminhando faziam umas 2 horas, não encontrava ninguém a mais de 40 minutos, árvores quebradas, vento empurrando, nuvens fechando o topo das montanhas. Parei e refleti até que ponto estava valendo a pena, segui mais um pouco e quando comecei a andar na outra margem do morro acabei desistindo, não consegui ficar em pé!

O que posso falar sobre Pliegue Tumbado é que as 2h primeiras horas são de subidas, mas nada muito puxado, dia com muito vento por lá é apavorante, fica em um nível intermediário entre a Laguna de Los três e Laguna Torre, e depois conversando com algumas pessoas que chegaram lá fiquei sabendo que se tiver um pouco nublado é bom ponderar pois frequentemente tapa a vista final.

Comecei a retornar na esperança de conseguir aproveitar o resto do dia ainda pois iria deixar El Chalten no dia seguinte. Cheguei no hostel, comi meu lanche e encontrei um argentino muito gente boa, Mariano. Decidimos então ir para a cascada Chorrilo del Salto (4,5km), fica próximo a cidade, da para ir caminhando de boa.

Bom, é uma cachoeira, não é um lugar incrível mas eu gostei bastante, uma boa pedida para um dia que você estiver cansado ou então para um dia com tempo mais fechado. Da para sentar e relaxar, conhecer pessoas, bem bacana...

No final do dia retornamos para o hostel e o pessoal resolveu ir assistir o pôr do sol do mirante, pareceu uma ótima pedida, mas após 3 dias de trilhas, com uma bolha expelindo líquidos o dia inteiro, eu só precisava de uma boa cama e a cia de um livro.

Mais tarde sai para jantar com o brasileiro que estava por lá, Felipe, resolvemos encarar uma casa de massas chamada “Fabrica de Massas”. Ok, não era o lugar mais barato, mas estava suuuuuper gostoso! Você escolhe o tipo de massa e o tipo de molho, regada a uma cervejinha chamada “Otro Mundo” uma red Strong Ale. Lá encontramos um cara que eu encontrei todos os dias desde que cheguei a El Calafate no Mini Trekking, da Inglaterra, batizei ele de onipresente, ele disse que foi uma das melhores massas que ele comeu na vida, Caprese ao molho bolonhesa! Na hora de pagar a conta meu amigo Felipe fez questão de pagar a comida (creio que deu algo em torno de 180 pesos), então acabei pagando somente a cerveja (80 pesos), valeu muito a pena! ::otemo::

“A vida começa no fim da sua zona de conforto”

 

8º dia Adeus El Chalten

Dia de dizer adeus a El Chalten. Com o coração apertadinho coloquei a mochila nas costas e fui.. que lugar mágico, que energia incrível.. que vazio em ir embora. Para minha surpresa meu assento era o primeiro do segundo andar, isso permite uma vista incrível da estrada, essa é uma boa dica principalmente para quem viaja sentido El Calafate/El Chalten, os primeiros assentos do segundo andar são um privilégio! O ônibus parou no aeroporto (os da TAC sempre param, e várias pessoas ficaram por lá, inclusive o brasileiro Felipe) e eu segui até El Calafate para comprar a passagem para Puerto Madryn.

Amei tudo nessa cidade, recomendo no mínimo 3 dias completos. Com sorte se você pegar tempo bom faz a Laguna de Los três (incluindo a Laguna Capri), Laguna del Torre e Pliegue Tumbado ou qq outra que prefira. Mas no mínimo 3 dias inteiros em El Chalten, vale muito a pena. ::love::

Dicas sobre El Chalten. Leve um bom tênis confortável próprio para trilha ou bota.. Eu li muito sobre calçados impermeáveis. Creio que a época que eu fui não era de chuva, não fez muita diferença. Bastão de caminhada se você souber usar, ótimo, caso contrário não tem necessidade nenhuma. Eu não tinha. Roupas leves , cachecol e corta ventos são fundamentais. Meias quentinhas também fazem a diferença.. Muito protetor solar, óculos escuros e em todas as trilhas não esqueça um lanche e garrafinha de água Eu recomendo no mínimo 3 dias. Com sorte se você pegar tempo bom faz a Laguna de Los três (incluindo a Laguna Capri), Laguna del Torre e Pliegue Tumbado ou qq outra que prefira. Mas no mínimo 3 dias inteiros em El Chalten, vale muito a pena.Para comer o B&B e a casa de empanadas (amarela) no final da San Martin são boas pedidas. Mercado El Gringuito é melhor que o dos turcos.

Seria impossível chegar em El Calafate e seguir para Puerto Madryn no mesmo dia, então cheguei e comprei a passagem para Puerto Madryn e na sequência fui procurar lugar para passar a noite. Na rodoviária fui atendida por um senhor muito simpático da empresa Andesmar e o mesmo me convenceu a comprar a opção cama, a viagem iria durar 23h e a diferença sairia de 130 pesos. Ele disse que me deu um desconto e achei que valia a pena. Comprei a passagem assento cama e na sequência comecei a rodar pela cidade com minha mochila e minha bolha no pé (que não parava de me lembrar a todo instante que hoje era dia de descansar), então comecei procurando um hostel chamado “Bla” que um francês havia me indicado, procurei no endereço que ele explicou e nada... Procurando informações um tiozinho muito simpático me indicou uma outra pousada 3 ruas distantes da avenida principal, cheguei lá e fui atendida por uma senhora muito estranha, um ambiente mórbido, ela falou que não tinha wifi e que não poderia aceitar uma moça sozinha, achei ótimo e sai correndo pois senti uma energia muito estranha no local, depois de pedir algumas informações no comercio e rodar bstt um senhor que trabalhava em um hotel caro da cidade me indicou um hostel camping localizado próximo à ponte, chamado “El ovejero”.

Chegando na recepção achei o local bem bonito, os preços eram 100 pesos o camping, 150 apenas cama para dormir e 200 hostel com quarto misto compartilhado com 8 pessoas, cozinha e banheiro. Acabei optando pela última opção pois não tinha intensão de sair, queria sossego para descansar e encarar a longa viagem no dia seguinte. Sonho meu..

No início da tarde tudo parecia ótimo, poucas pessoas, silêncio, tudo como eu imaginava. No final do dia começou a movimentação e à noite simplesmente um caos. Vários americanos fazendo a maior zoeira, umas meninas da França caindo de bêbadas e eu só querendo deitar e dormir morrendo de dor de cabeça. Em algum momento da noite, talvez por volta de 21h a francesa entrou no quarto pedindo para que eu saísse de lá pois ela queria transar com um cara ali.. kkkkkk sim, chegamos a este ponto, falei para ela que estava super cansada e ela falou que ok, iria rolar assim mesmo, os seja, tive que criar coragem e sair fora, sabia que a cozinha estava lotada de pessoas pela zoeira, mas ao menos iria fazer uma jantinha enquanto os ditos se resolviam no quarto. Chegando na cozinha, que deprimente.. cheio de caras bêbados insuportáveis falando besteiras sem parar, a pia toda vomitada, não havia uma panela disponível, enfim, um desastre. Creio que isso foi uma exceção, a vibe da galera em El Calafate e El Chalten é mais em busca das trilhas e dos passeios do que da zoação, mas de fato eu estava na hora errada, no local errado. Decidi sair para dar uma volta na cidade e acabei tomando uma sopa no centro, na volta fui para minha cama (que era o topo de um treliche) e dormi com meu spray de pimenta na mão, um olho aberto e um fechado.. ou seja, péssima noite.

AH sim, esqueci de comentar, na argentina tem um arroz doce com doce de leite que vende no supermercado e é maravilhoso! O Chandele de doce-de-leita também é um espetáculo. E para quem quiser comprar o próprio doce de leite recomendo o “Sereníssima” estilo colonial... nhami!

“Transforme seus sonhos em um destino e vá”

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No dia seguinte acordei tomei café por lá mesmo (medias lunas, que delícia), fui para o supermercado fazer umas comprinhas para a viagem e segui em direção à rodoviária. O ônibus saíria às 13:30, chegaria às 17:30 em Rio Gallegos e às 18h pegaria outro para Puerto Madryn, tudo com uma passagem só, sem preocupações.

O ônibus atrasou, atrasou, chegou na rodoviárias quase às 15h. Como a responsabilidade era inteiramente deles eu estava tranquila. Chegando na minha cama comprovei, a diferença valia a pena! A opção cama é o andar de baixo, não que semi-cama seja muito desconfortável, depois acabei viajando de semi-cama e falarei sobre isso, mas a cama é bem espaçosa, 2 pessoas por corredor, poucas pessoas no andar, enfim.. Os ônibus na Argentina são uma atração à parte, esqueça o conceito de ônibus que temos no Brasil, lá os caras tem uma pessoas atendendo, uma espécie de comissário, que traz lanches, água, suco, janta (com comida quente e tudo), coloca filme, traz cobertor, travesseiro, enfim.. excelente!

Com o atraso do ônibus acabei trocando de veículo para Puerto Madryn (PM) no meio da estrada (nem cheguei a entrar em Rio Gallegos), jantamos por volta das 22h, uma bandejinha com uma comida bem saborosa. Pela manhã chegou o desayuno e volta e meia rolava algum alfajour perdido. Haha. Se não fosse o bastante no meio da manhã do comissário chegou um uma tabelinha com números explicando que dentro de 5 minutos iria começar o bingo e o brinde seria uma garrafa de vinho de Mendoza! E isso era para todas as pessoas do ônibus, a maior diferença entre cama e semi cama é o conforto e espaço doa assentos e a quantidade de pessoas circulando pelo corredor.

“Tem gente que se mata cortando os impulsos”

 

10º dia: Puerto Madryn

Chegando em Puerto Madryn pguei um taxi até o hostel (depois percebi que poderia ir caminhando), fiquei no Hi Patagônia! Super recomendo esse lugar, amei! O dono é casado com uma brasileira, a vibe é ótima, a cozinha completa e bem localizado!

No primeiro dia cheguei e resolvi dar uma volta na cidade para reconhecimento, 23h de viagem quebram qualquer um, caminhei pela orla, fui no centro, enlouqueci com a quantidade de artesanato de baleias (eu trabalho com baleias, pense na vontade de comprar tudo), comi as melhores empanadas da vida e passei no supermercado para comprar coisas para a semana. A noite foi muito divertida, na real adianto que a vibe do hostel estava ótima, cheio de franceses, neozelandeses, alemãs, ingleses, todo mundo jogando baralho a noite, compartilhando comida, tudo muito bacana!

“And I think to myself, what a wonderful world”

 

11º dia: Punta Loma

Acordei para o café da manhã do hostel (o melhor até agora) e resolvi alugar uma bike para conhecer Punta Loma, a colônia de lobo marinhos que fica aproximadamente a 15km da cidade. O dia estava com bastante vento, mas ok, eu pagaria vento contra na ida e a favor na volta, tranquilo. Fui pela orla da cidade aproveitando a vista linda e mais a frente dobrei a esquerda e comecei a deixar a cidade para trás, o asfalto ia seguindo para um lugar de praias bonitas, alguns morros e quase deserto, não encontrava ninguém lá. O vento aumentou, aumentou, o asfalto acabou e comecei a encarar o tal “ripio” (estrada de chão) suando de calor mas com total consciência do frio que cortava cada pedacinho da pele descoberto. O vento ficou forte de tal maneira que me derrubou duas vezes da bike, mas como já estava pedalando fazia muito tempo nem me passou pela cabeça a idéia de desistir. Eis que em uma decida encontrei a placa que indicava Punta Loma à 1km, quase chorei de alegria, chegando lá encontrei uma guarda florestal que cobrou a taxa de entrada no parque (100 pesos) e mostrou um caminho que era mais uma longa subida, heheh, alguns metros depois um bicicletário, outro guarda-florestal explicando as regras do parque e as trilhas e lá estavam eles.. simplesmente lindo! Punta Loma é um barranco onde você fica admirando os animais lá de cima, a colônia é enorme, tem interação com algumas aves também, você consegue ver os filhotes, ouvir as fêmeas chamando eles, uma riqueza! Fiz a outra trilha, sentei e comi meu lanche, descansei, conversei com algumas pessoas e simplesmente amei o passeio. Na hora de voltar para casa porém, para minha total frustração o vento virou, peguei o vento contra novamente em todo o trajeto. Chegando no hostel dei uma descansada e sai para ver o por do sol mais alucinante do mundo, como o dia foi de muito vento teve tempestade de areia e o céu estava com uma cor alaranjada inesquecível. A noite fui visitar as agência para ter idéia dos preços dos passeios, encontrei uma agência simples que iria fazer uma saída especial no dia seguinte, eles iriam sair para gravar um filme sobre as orcas em Punta Norte, então iriam ficar mais tempo lá, mas também iriam fazer todo o passeio na península no decorrer do dia. Topei na hora. Esta época do ano Puerto Madryn é incrível, da para ver quase todos os animais, você encontra pinguins (mas não mais filhotes), lobos, elefantes marinho e as orcas, que na península Valdes tem um comportamento diferenciado, elas chegam para atacar os filhotes do lobo marinho, mas tem uma estratégia de ataque que encalham na areia, nadam em direção à praia e tiram totalmente o corpo fora da água na tentativa de abocanhar algum filhote. Este comportamento só é conhecido em duas populações de orcas no mundo, uma na Nova Zelândia e outra na Patagônia.

“Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo”

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Cedinho pela manhã (6:00) o carro da Ualán Tour já estava esperando com um casal de guias muito queridos. Na sequência pegamos o pessoal que ia fazer o filme e seguimos para Península Valdés. Na entrada da Península é preciso parar em um posto e pagar uma taxa de $260 pesos para entrar. De lá seguimos direto para Punta Norte na chance de encontrar as Orcas no primeiro horário da maré. Fizemos algumas paradas para observar outros animais que passavam no caminho (Guanacos, Maras, Peludos, Copetonas) e chegamos em Punta Norte por volta das 8h. Havia poucas pessoas pois os grupos chegam entre 9 e 10h. Lá conversamos com a guarda-parque e 10 minutos depois começaram a surgir as incríveis orcas. Primeiro surgiram duas, depois mais três, nadando na superfície bem perto da margem, eventualmente colocando o olho para fora da água na procura dos filhotes de lobos. Bom, eu sou bióloga, então não vou conseguir explicar a sensação de ver estes animais incríveis, enormes, em um comportamento tão raro de se ver e ali, a poucos metros de distância. Foi um frenesi geral, as poucas pessoas que estavam presentes não conseguiam esconder a empolgação e ao mesmo tempo o receio de ver o ataque. É muito comum na espera pelas orcas a galera ficar ali admirando os lobos, você começa a seguir algum grupinho e ver as mãe ensinando os filhotes, é lindo d+. Desta forma quando as orcas chegam os sentimentos se misturam, é uma fascinação misturada com angústia. Enfim, é preciso estar lá para entender. De fato neste dia foi o “dia da caça”, nenhum ataque bem sucedido e creio que menos de 30 minutos depois as orcas já haviam desaparecido, segundo a guarda-parque existiria uma pequena chance de avistá-las novamente no final do dia.

É possível tb ver o catálogo dos animais identificados, é muito bacana, algumas orcas tem sinais bem visíveis, como é o caso do Bernardo, um macho muito famoso por lá. Vale a pena gastar uns minutinhos na casinha do Guarda-parque (e torcer para pegar alguém simpático trabalhando).

De lá seguimos para o tour clássico da Península de Valdes, que inclui parada para ver os elefantes marinhos, uma pinguinera (não é a maior), uma parada para ver os lobos marinhos e uma visita a cidadezinha chamada Porto Pirâmides.

Eu amei tudo, no nosso passeio ainda estava incluso uma parada nas Salinas, segundo os guias este não é um local oferecido comumente no passeio, a salina é um lago de sal localizado no meio da península. Você pode caminhar no lago, a vista é linda, as fotos saem maravilhosas. Eu nunca tinha visto nada parecido e amei.

Como eu comentei anteriormente esta época é muito especial em Puerto Madryn, o único animal que não é possível ver são as baleias francas, que chegam entre junho e julho, de resto é possível ver toda a bicharada.

Retornamos da Península já era noite, não me recordo o horário, mas o passeio durou o dia todo, portanto foi muito proveitoso, recomendo!

Durante a noite foi dia de descansar e jogar baralho com os europeus, divertidíssimo.

“Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.”

 

13º dia: Punta Tombo

Na noite anterior cogitamos a possibilidade de alugarmos um carro e na manhã seguinte fechamos com o dono do hostel, estávamos em 5 pessoas, um casal de francês, um britânico, uma alemã e eu. Fomos para punta Tombo conhecer o lar dos pinguins. Alugar um carro em 5 sai bem mais barato, no caso de Punta Tombo que não tem muito segredo vale muito a pena. Na península creio que ao menos uma vez vale pegar uma tour com guia para receber toda a explicação, mas se você é o tipo de pessoa que não se importa tanto com isso vale então alugar e ir de forma independente, sai mais barato e você pode fazer os seus próprios horários.

Pegamos o mapa e seguimos em direção à Punta Tombo, acho que leva umas 2 a 3 horas de viagem, sem muito mistério. O grande perigo em dirigir nestas áreas são os animais, as estradas são boa parte de rípio (estrada de chão) e alguns animais atravessam a estrada repentinamente, o guanaco por exemplo que é um animal grande acaba sendo um perigo enorme, por ser estrada de chão é difícil de frear, então vale a dica de manter o limite de velocidade, sem contar que alguns lugares tinham radar.

Em Punta Tombo também é necessário pagar uma taxa de entrada ($180 pesos), esta é a colônia de pinguins de Magalhães mais importante da costa Patagônica. Logo na entrada tem um centro de visitantes que vale muito uma parada, superou minha expectativa. Na entrada também tem um restaurante e uma lanchonete, comemos um sanduiche lá e não foi dos mais caros, como o passeio dura bastante tempo valeu a pena pois só tínhamos levado frutas e biscoitos. Durante o passeio você caminha por uma trilha delimitada e não pode ultrapassar as cordinhas que delimitam o trajeto, porém não há motivos para preocupação, os pinguins atravessam de um lado para o outro várias vezes, fazem poses, brigam, trocam de pena, enfim.. você vai ver de tudo por lá. Nós pegamos um solão do meio dia então a maioria dos pinguins estava disputando uma sombra (das árvores, ponte), mesmo assim vários cruzaram nosso caminho e se aproximaram curiosos. Ao final da trilha tem um mar, e mais uma penca de pinguins barulhentos por lá. Ela não é 360° então é preciso dar meia volta e percorrer o mesmo caminho. Como estávamos todos na mesma vibe e curtindo cada minutinho do passeio acho que demoramos umas 2 a 3h por lá. Foi muito bacana!

Nesta época você não encontra mais os filhotes, eles nascem no final do ano, nós vimos muitos juvenis trocando de penas, se for focado só nos pinguins creio que a melhor época é dezembro!

Na volta abastecemos e fizemos a divisão de tudo, definitivamente bem mais econômico do que pagar uma excursão, só é preciso ficar atento na legislação local para dirigir e estacionar, algumas coisinhas podem gerar multas, em relação a dificuldade para dirigir lá achei bem tranquilo, qualquer agência ou hostel irá te fornecer um mapa, basta seguir o caminho.

A noite foi dia de cozinhar lentilha para geral e tomar muito vinho delicioso e barato.

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

 

14º Península Valdes

No final o passeio de Punta Tombo foi tão bacana que decidimos manter a parceria e ir para Península Valdes tentar ver o ataque das orcas mais uma vez. Desta vez acabamos saindo mais tarde e chegamos em Punta Norte perto das 10h. Nada das pretonas.. Ficamos umas 2h por lá, em vão. Desistimos e seguimos para o trajeto principal, elefantes marinhos, lobos, pinguins, uma cervejinha em Porto Piramides e retorno à Puerto Madryn. A noite fui dar um rolé pela cidade, comprar cervejas diferentes, alguns souvenirs e parei em uma nova agência de viagens. Estava em busca de informações sobre o mergulho com lobo marinho em Punta Loma, algumas pessoas fizeram e adoraram, outras detestaram. O preço era bem salgadinho, era preciso chegar antes para fazer um treinamento e o grande problema que todos reclamaram é que existe uma opção de roupa de mergulho fornecida de graça e uma outra chamada “roupa seca” que os caras tentam te empurrar o tempo inteiro pois para usá-la você deve pagar uma taxa extra. O fato é que todas as pessoas que fizeram este mergulho no final foram obrigadas a pagar a taxa e utilizar a roupa seca.. isso me deixou resistente e acabei não fazendo o mergulho, mas hoje confesso que me arrependo um pouco, acho que a experiência é única! Como eu ainda iria para Barreal, Mendoza, San Juan, precisava dar uma economizada pois não estava nem na metade de trip. ::essa::

 

15º Trelew

Acordei cedo com o plano de ir para Trelew. Esta é uma cidade vizinha a Puerto Madryn onde existe um museu paleontológico com o esqueleto de vários dinossauros encontrados na Patagônia e também é de onde saem os passeios para ver a Tonina Overa (um tipo de golfinho preto e branco) que habita as águas da região. Durante da manhã um alemão e um inglês resolveram me acompanhar nesta trip. Estávamos quase a caminho da rodoviária quando o dono do hostel nos avisou que tinha um casal de Buenos Aires que iria embora pela manhã e talvez pudesse nos dar carona. Conversei com eles e tudo ok, entramos no carro e senti um clima estranho, o pessoal de BUE (Portenhos) nem sempre é muito simpático, mas o cara começou a deixar bem claro que estava nos fazendo um super favor em dar uma carona. Oferecemos uma grana para ajudar na gasolina mas ele se recusou. Na primeira placa que indicava Trelew ele parou e nos indicou o caminho, ou seja, nos deixou no meio da estrada, creio que uns 8 km da cidade e foi embora... Minha sorte é que os gringos estavam juntos, todos acharam super estranho mas seguimos caminhando até encontrar o centro. Passamos pelo museu, porém seguimos para a rodoviária (do lado do museu), para pegarmos um ônibus urbano até o porto de Rawson, de onde sairia o barco para ver as Toninas. Creio que deu mais 30 min neste ônibus. Chegamos lá e havia umas 20 pessoas na espera. Poucos minutos depois o capitão da embarcação entrou no local e avisou que o vento estava muito forte e não teria a saída, a chance de avistarmos os animais era pequena e o mar estava muito mexido, ou seja, passeio cancelado. Pense numa decepção.. o inglês que estava conosco quase teve uma síncope. De certa forma achei muito melhor do que eles simplesmente pegarem a grana da galera e fazerem o passeio de qualquer forma para lucrarem alguma coisa. Neste lugar em Rawson não tem nada, mal conseguimos um bar aberto para tomarmos uma cerveja. O jeito foi esperar o ônibus e retornar. Chegando na rodoviária fomos para o museu paleontológico - MEF. Que maravilha, que lindo.. olha, posso ser muito otimista com minhas viagens, hehehe, mas de fato adorei o museu. Para minha surpresa lá estava o esqueleto do maior dinossauro encontrado até hoje, um titanossauro de 40m de comprimento e 20m de altura, encontrado à 260km de Trelew, no museu está exposto o fêmur do animal que mede 2,5m, tem várias salas com diferentes esqueletos, no centro do museu uma sala de vidro onde você pode ver os paleontólogos trabalhando, pode tocar em um esqueleto verdadeiro, ver réplicas em tamanho real, enfim.. eu gostei bastante e recomendo. A entrada foi uma pechincha, um valor simbólico.

Tomamos o ônibus e voltamos para o hostel para a última noite em Puerto Madryn, regada a vinho, cerveja, baralho e amigos.

“Pior que não terminar uma viagem é nunca partir.”

 

15º dia Tchau Puerto Madryn

Uma coisa que não comentei, vale muito a pena acordar cedo e ver o sol nascendo no oceano de Puerto Madryn.. eu fiz isso várias vezes, o céu de lá é perfeito.. neste dia fui me despedir na praia com o coração apertado. Amei a cidade, amei os bichos, amei as pessoas.. Tive uma sintonia especial em PM, vi o sol nascendo, tomei meu último delicioso café da manhã e segui para a rodoviária. De lá peguei um ônibus até Mendoza, 26 horas de viagem me aguardavam pela frente, como o foco deste relato é a patagônia acho que vou escrever sobre Mendoza em outro tópico. Mas para resumir, Fui para Mendoza, San Juan, Uspallata e Barreal. Fui realizar um trabalho através do workaway (trabalho em troca de lugar para ficar e alimentação) em uma fazendo de cavalo em Barreal, fiquei 20 dias no total. Acabando o trabalho em Barreal passei uns dias em Mendoza e San Juan, depois BUE e de volta ao Brasil.. Quem quiser saber detalhes ou dicas sobre estas cidades pode me escrever in box ou deixar mensagem aqui que vou respondendo na medida do possível.

Espero que tenham gostado do relato e que ele tenha sido útil de alguma forma, seja dando dicas ou inspirando vocês a escolherem este destino, ou a viajarem sozinhos. ::otemo::::love::

 

Gastos: ::ahhhh::::ahhhh::::ahhhh::::ahhhh::::ahhhh::

A Patagônia não é barata.. mas também não ahcie tão absurdo. A grande economia da minha viagem foi na perta de Mendoza, em Barreal trabalhei em uma fazenda e ganhava as 3 refeições e estadia.. não gastei quase nada por lá. Mas na patagônia.. bem.. ai vai um resuminho ::quilpish::

Passagens

*POA/BUE BUE/POA – R$ 1.331.56 (tive que alterar as datas e paguei taxas, era para sair mais barato)

*BUE/EL CALAFATE – R$ 430

*EL CALAFATE/EL CHALTEN – ARG $750

*EL CALAFATE/PUERTO MADRYN ARG$ 1.770,00

*TRELEW/RAWSON ARG$ 150

*PUERTO MADRYN/MENDOZA ARG $ 1.625,00

*MENDOZA/USPALLATA ARG $ 75.50

*SAN JUAN/MENDOZA ARG $ 185

*MENDOZA/BUENOS AIRES ARG $ 935

*AEP/EZEIZA ARG $ 185

 

Hotéis

*EZEIZA

MD INN B&B (1 noite): USD 70 – ARG $ 1.095

*EL CALAFATE

AMERICA DEL SUR (3 noites): USD 34,62 – ARG $ 668

*EL CHALTEN

CONDOR DE LOS ANDES (4 noites): ARG $ 1100

*EL CALAFATE

EL OVEJERO (1 noie): ARG 200

*PUERTO MADRYN

HI PATAGÔNIA (5 noites): ARG $ 1600

 

Passeios

*EL CALAFATE

MINI TREKKING: ARG $ 1500

ENTRADA NO PARQUE PERITO MORENO: ARG $ 200

*PUERTO MADRYN

ENTRADA PUNTA LOMA: ARG $ 100

ENTRADA PENÍNSULA VALDEZ: ARG $ 260

ENTRADA PUNTA TOMBO: ARG $ 180

PASSEIO PENÍNSULA: ARG $ 800

CARRO 2 DIAS: ARG $ 700

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Editado por Visitante
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Olá! Acabei de colocar um resumo dos gastos.. qnd eu troquei o peso estava algo perto de 30 centavos.. Então o que paguei em reais deixei em reais e o que paguei em pesos em pesos ::lol4::

 

As passagens tinham saído bem mais baratas, porém tive que alterar as datas dai já viu...

Mas sempre tem promoção para BUE. É só ficar ligado :)

 

Qq dúvida em relação a alimentação ou outras coisas que não especifiquei posso te passar por aqui ::otemo::

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  • 4 semanas depois...
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Viagem Top.

Olá Michelle. Tenho muita vontade de ir pro Jjalapao.Me add no grupo e qdo chegar próximo vou ver se terei condições de participar . Obrigada. Fernanda Barbosa. 41. 99w35742

 

Olá! Acabei de colocar um resumo dos gastos.. qnd eu troquei o peso estava algo perto de 30 centavos.. Então o que paguei em reais deixei em reais e o que paguei em pesos em pesos ::lol4::

 

As passagens tinham saído bem mais baratas, porém tive que alterar as datas dai já viu...

Mas sempre tem promoção para BUE. É só ficar ligado :)

 

Qq dúvida em relação a alimentação ou outras coisas que não especifiquei posso te passar por aqui ::otemo::

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  • 3 semanas depois...
  • 1 mês depois...
  • 11 meses depois...
  • 3 meses depois...
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Em ‎13‎/‎11‎/‎2017 em 16:25, nandoamori disse:

Parabéns pela trip Dai!!! Super completo!

Vc sabe os horários dos ônibus de El Chanten para El Calafate? 

Agradeço demais pelo relato, vou dia 13/12/2017 e já peguei dicas aqui kkkkkk.

bjão

Olá!! Só vi essa pergunta hoje :(  Foi mal.. espero que sua trip tenha sido incrível! Bjs

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