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Quem somos nós?... Mergulhadores...


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  • Membros de Honra

Quem somos nós?

 

Como todos os seres humanos, nascemos no coração da mãe-terra.Temos braços e pernas, respiramos oxigênio que entra em pequenos pulmões. Passamos grande parte da nossa vida na posição vertical que nos dá uma maior autonomia e conforto na terra. Vistos superficialmente somos iguais a todos os seres humanos.

 

 

Mas analisando um pouco mais fundo, alguma coisa nos faz diferente. Nascemos com os olhos acostumados ao azul das águas. Temos um corpo que anseia pelo braço do mar e, um pulmão que aceita grandes privações de ar apenas para prolongar a nossa vida no mundo azul.

 

 

Somos homens e mulheres de espírito inquieto. Buscamos na nossa vida mais do que foi dado. Passamos por grandes provas para nos aproximar dos peixes. Transformamos nossos pés em grandes nadadeiras, seguramos o calor do nosso corpo com peles falsas e chegamos ate a levar um novo pulmão em nossas costas. E tudo isto para quê??

 

 

Para podermos satisfazer uma paixão, um sonho. Porque nós, algum dia, de alguma forma, fomos apresentados a um mundo novo. Um mundo de silêncio, calma, mistério, respeito e amizade. E esta calma e silêncio nos fizeram esquecer da bagunça e agitação do nosso mundo natal. O mistério envolveu nosso coração sedento de aventura.

 

 

O respeito que aprendemos a ter pelos verdadeiros habitantes desse mundo. Respeito esse que, só depois de ter sentido a inocência de um peixe, a inteligência de um golfinho, a majestade de uma baleia ou mesmo a força de um tubarão, podemos compreeder.

 

 

E a amizade. Quando vamos ate o fundo do mar, descobrimos que ali jamais poderíamos viver sozinhos. Então levamos mais alguem. E esta pessoa, chamada de dupla, companheiro ou simplesmente amigo, passa a ser importante para nós. Porque, além de poder salvar nossa vida, passa a compartilhar tudo que vimos e sentimos. E em duplas, passamos a ter equipes, e estas passam a ser cada vez maiores e mais unidas. E assim entendemos que somos todos velhos amigos mesmo que não nos conheçamos. E esse elo que nos une é maior que todos os outros que já encontramos.

 

 

E isso faz com que nós mais do que amigos, sejamos irmãos.

 

Faz de nós, mergulhadores.

 

JACQUES YVES COUSTEAU

(Saint André de Cubzac, 11 de Junho de 1910 — Paris, 25 de Junho de 1997)

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  • 2 anos depois...
  • Membros

Olá, mergulhador poeta!

 

O negócio da privação de ar é só para o mergulho livre, fascinante e muito perigoso. Muitas vezes me privo, pois é mais difícil achar alguém para acompanhar. Uma pena. O perigo de uma síncope não deve ser ignorado, principalmente se estamos tentando melhorar a performance.

 

Mergulho scuba é tranquilo, não requer nenhuma habilidade especial.

 

Eu acho que só duas circunstâncias separam um mergulhador de um não mergulhador: medo de água e dinheiro.

 

O medo de água pode impedir alguém de mergulhar, claro.

 

E a falta de dinheiro. É um esporte muito caro (principalmente o scuba) e muita gente que quer não pode. Se não fosse tão caro, acho que todo mundo que não tem medo de água estaria praticando.

 

O companheiro de mergulho é um privilégio. Eu viajo muito sozinha e mergulho com desconhecidos. Com alguns me identifico, com alguns, não. Em minha experiência, atrapalham mais do que ajudam.

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  • Membros de Honra

Segue op texto modificado de Everaldo Lopes:

 

A condição humana é definida pelo exercício consciente e responsável da liberdade. A consciência reflexiva libertou a Evolução dos determinismos físico-químicos e biológicos. O processo passou a ser conduzido pela inteligência e capacidade criativa do homem... funções psíquicas superiores que transcendem a complexidade psicobiológica pelas quais se revelam. A consciência inteligente sobrepôs-se, pelo conhecimento racional, à inteligência instintiva. Mas a capacidade cognoscitiva do homem não reconhece as essências... o conhecimento racional é fenomênico, sempre aproximativo, não comporta certezas absolutas. Para dar continuidade ao processo evolutivo, o ser consciente desafia os obstáculos à sua jornada existencial fazendo escolhas cuja legitimidade depende da integridade e universalidade dos critérios utilizados. Na esteira destas escolhas vai se construindo uma cultura de valores da qual o homem participa como ator e mentor, simultaneamente. Ao despertar, a consciência reflexiva fica desamparada no Universo misterioso e indiferente à sua presença. Mas a vontade impulsiona a “existência”, tirando sua força de um núcleo pessoal misterioso que nutre expectativas, e acredita, tem fé no seu próprio projeto. Por sua finitude desamparada, o homem não passa de um animal que ganhou subjetividade consciente. Mas neste retiro interior diferenciou-se, desenvolveu a habilidade de simbolizar idéias e confrontá-las... Aprendeu a ler as leis que governam o mundo, e, manipulando este conhecimento tornou-se capaz de dominar a Terra em benefício próprio... produzindo artefatos para seu conforto, e realizando mega-projetos arquitetônicos e industriais para fins específicos. Erigiu a cultura que o contextualiza, e continua desbravando esse mundo cheio de surpresas. Não sabe quem lhe tomará o bastão nesta “corrida de revezamento”, mas crê em que alguém o fará. Ao participar da aventura da vida sabe que nascimento e morte são ocorrências cotidianas... mas a “corrida” continua... tudo impulsionado pela fé na capacidade de conquistar o Universo. O homem, por sua condição consciente e livre é um estranho no mundo. E quando isolado do seu contexto civilizacional, sem as amarras culturais criadas por ele mesmo, apresenta-se ora cômico, ora trágico, ora ridículo. Só no congraçamento comunitário sua existência ganha um sentido nobre, e assume a dignidade que lhe cabe. Rigorosamente, transcender é o dinamismo básico da consciência, e, portanto, o homem estaria sempre, em tese, a serviço de um bem maior, transcendendo-se. Esta capacidade permanente de superação lhe confere uma dignidade específica. Mas há defecções inerentes à imperfeição do ser humano... A assimilação de um sentido para a “existência” é o arremate definitivo da humanização. Nesta perspectiva a razão é uma arma poderosa, mas, sozinha não basta... a assimilação pessoal do “sentido” arrimado em valores não é uma operação racional, porém afetiva e intuitiva... depende mais de uma crença do que de um conhecimento. Arrisco-me dizer, pois, que só a fé salva o homem de “ser para nada” (ausência de sentido), ou seja, de existir como uma aberração no Universo indiferente ao seu destino... Mas a fé é um dom fugidio que precisa ser alimentado com humildade e talento criativo. Este processo exige do ser consciente sensibilidade ética e disposição consciente responsável para trilhar os caminhos da verdade e da justiça... e ao apelo desses valores no devir histórico de cada um, os homens respondem diferentemente, revelando fraqueza ou grande firmeza de caráter. A pergunta “Quem somos nós?” permanece um enigma cuja interpretação dependerá do roteiro do nosso próprio ser histórico. Detemos o poder de construir-nos, responsavelmente, como seres livres voltados para objetivos que nos transcendem. E assim fazemos a História. Então, como pivô da História o homem pode transformá-la num poema épico ou numa piada de mau gosto, tornando-se, ele próprio, respectivamente, herói ou farsante. A escolha é pessoal, mas depois de a orientação implícita (na escolha) ganhar foro cultural, (assumida pelo grupo, por unanimidade ou maioria) passa a influir nas decisões individuais. Cada um será aquilo a que se determinar “ser”, mas não pode esquivar-se da influência de sua cultura... Sem perder de vista, porém, que não alcançará a humanidade plena se não se integrar num projeto comunitário universal... É indispensável, portanto que insira na cultura da qual é também mentor, a solidariedade como um valor fundamental. O que somos está inscrito na sociedade na qual nos contextualizamos. Porque é na relação com o “outro” que se define a humanidade. Sozinho, o homem não alcança realizar-se como pessoa porque a constituição do “eu” subentende a relação com um “tu”... portanto a realidade pessoal inclui o outro, necessariamente. A intersubjetividade é a experiência psicossocial na qual se insere a “pessoa”. Como pessoa cada um é o resultado da interação entre a subjetividade individual (“eu”) e a circunstância centrada no “tu”.

Acabamos por compreender que a pergunta “quem somos nós?” não tem uma resposta conceitual, mas nos coloca diante de um dinamismo que leva a realidades diferentes. Somos potencialidades, ou possibilidades que se atualizam num contexto definido por valores assumidos responsavelmente. O homem cria “valores” em torno dos quais constrói sua existência, e estes valores definem o que será, delimitando o espaço subjetivo do livre arbítrio. Todavia, é notório que dentre as escolhas possíveis, a prática da solidariedade é fundamental para consubstanciar a comunidade humana. E disto depende a sobrevivência do Homo sapiens sapiens.

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