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Relato de Viagem RTW / (Volta ao mundo)


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Oi pessoal,

 

Vou tentar colocar aqui um apanhado geral da minha trip RTW de pouco mais de um mês de duração que fiz nas minhas últimas férias. O roteiro ficou mais ou menos assim, tirando as conexões :

 

Brasilia – Paris – Londres – NY – Los Angeles – Tahiti – Sydney – Filipinas – Londres – Brasília

 

Sim, eu cruzei o Atlântico três vezes mas só a grana que economizei valeu o esforço. A propósito, a idéia inicial era viajar no sentido leste mas por causa de indisponibilidade de vôos na data que eu queria no trecho Tahiti – Los Angeles, acabou que tive que fazer a trip no sentido contrário.

 

O tempo foi curto mas como parte dos lugares eu já havia visitado antes, acho que tá valendo então tudo bem. Além do mais eu não sou gringo (e nem professor rsrs) e sendo assim, como a maioria dos mortais assalariados brasucas, tenho 30 dias de férias. Não vejo nenhum problema em revisitar lugares então eu consegui mesclar lugares novos com outros que já conhecia. Viajo para colecionar experiências e não bandeirinhas de países para colocar na mochila. Se fosse assim, poderia fazer uma viagem pela Europa passando por “trocentos” países em menos de um mês no estilo : “se hoje é quarta-feira, isso aqui deve ser Amsterdam”.

 

Por motivos de força maior (uma “bucha” no trabalho pouco antes das minhas férias que atrapalhou incrivelmente os meus planos), tive que fazer algumas alterações no roteiro original - que iria sair mais barato - mas mesmo assim acho que ficou legal afinal poderia ter sido pior : eu não ter feito a viagem.

 

A idéia desse relato é dar uma geral de como é uma trip RTW e que, apesar de muitos pensarem o contrário, não é nenhum bicho de sete cabeças, mas exige bastante planejamento, pesquisa e atitude, principalmente quando não tem muito tempo. E grana.

 

Estou pensando seriamente em preparar a próxima, aí sim vou poder provar que dá pra viajar pelo mundo gastando mais ou menos que uma viagem de mochila pelo continente europeu. Enquanto isso não acontece, fica esse relato para os interessados, espero que vocês curtam pois a intenção também é incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo.

 

Boa viagem !

 

PRIMEIRA PARTE – EUROPA

 

Saí de Brasília (não sou funcionário público, afinal eu trabalho. Sem ofensa) voando TAP direto pra Europa. Até gostaria de ter ido via Sampa (minha cidade natal) para visitar familiares, porém a diferença de preço no ticket era bastante significativa. Além disso pra mim quanto menos vôos, melhor. O vôo em direção à Europa foi tranqüilo, avião novo da Airbus, serviço correto e tripulação atenciosa. Nem esquentei que tinha gente no meu assento - que era na janela - então fiquei no corredor mesmo, o que até prefiro em vôos longos. O mais engraçado foi na hora do jantar onde os comissários ofereciam “vaca ou frango”, o que provocou risadas nos passageiros brasucas. O comissário não se fêz de rogado e brincou “a vaca acabou, serve boi ?”, provocando novas risadas no pessoal. Assisti a um filme e passei o resto do tempo jogando tetris e ouvindo música no aparelho de entretenimento da aeronave, pena que de boa música mesmo só tinham umas duas então fiquei ouvindo elas praticamente o vôo inteiro. Apesar de eu ter assistido apenas um, os filmes até que davam pra encarar, por incrível que pareça. Como eu não consigo dormir em avião, ônibus, trem, bicicleta, skate, etc, passei a noite acordado.

 

Chegando no velho mundo, a imigração em Lisboa foi sussu e tinha até uma fila destinada apenas praqueles de língua portuguesa. Após passada a fácil e tranquila imigração e mais toda aquela encheção de saco com segurança que se repetiu “n” vezes durante a trip, fui pegar meu vôo para Paris - primeiro destino desta RTW - que partiria logo a seguir.

 

Chegando na Cidade Luz, apanhei um pouco para me entender com o metrô/trem e após uma série de baldeações consegui chegar no albergue, que ficava em Montmartre. Paris é simplesmente fantástica, tudo que falam dela é verdade, podem ir com as expectativas lá encima que serão superadas assim que você der a primeira caminhada na cidade, não é à toa que ela é destino favorito de muitas pessoas e ganhou mais um fã : EU.

 

Costumam aparecer aqueles papos de comparação entre Paris e Londres, querendo saber qual a melhor. Prefiro não fazer comparações porque são cidades diferentes então vou ficar encima do muro : empate técnico. As duas têm sua posição de destaque entre as capitais mais importantes do mundo e isso já vem há séculos. E vai continuar por muitos outros mais.

 

Deixei minhas coisas no albergue antes mesmo de fazer o check-in (lock-out time), arrumei um mapa e fui explorar a cidade. Passei os dias seguintes andando mais do que camelo em deserto e aproveitei bastante os dias longos de primavera. Me perdi várias vezes sendo que a última foi por umas 3 horas no final do dia e lá pros lados da Catedral de Notredame (chato, né ?). A outra “culpada” foi uma loira maravilhosa que estava voltando do trabalho e quase fêz eu perder a compostura... Aproveitando o gancho, além da arquitetura, beleza e do charme da cidade com seus cafés e boulevares, ainda tem as francesas !!! Mas isso eu já sabia porque sempre arrastei uma asa (e algo a mais) pra elas, loooonga história... Você pega uma brasileira gata, tira os 70% de frescura de sua composição, troca por charme e estilo e voilá tem uma francesa.

 

Me achei um tanto underdressed com meus panos de mochileiro e vi que realmente a moda pega pesado por lá, muita gente bem vestida e perfumada. E nada daquela moda spooky-fashion (inventei este termo agora...) que você vê principalmente em japoneses no exterior (lembrando que "os nossos japoneses são melhores do que os outros" ! Volto nisso no capítulo Sydney) e de gosto bastante duvidoso, uma mistura de Falcão com Marilyn Manson.

 

Champs Elysees “chove” gente bonita. Se não bastassem as francesas, ainda têm as turistas do mundo inteiro. Acabou que fiquei inspirado e comprei um perfume numa baita loja na Champs, mas isso eu ia fazer de qualquer jeito.

 

Não andei quase nada de metrô/trem, fiz apenas aeroporto-hostel e vice-versa e não me arrependi, Paris é muito bonita pra ficar enfurnado debaixo da terra. Como adoro caminhar e meu GPS interno simplesmente não existe, achei melhor me perder nas ruas mesmo e não no metrô.

 

Visitei pontos turísticos e outros nem tanto, mas tão belos quanto, mas isso não importa quando você está numa cidade como Paris porque pra qualquer lado que eu olhava era alucinante, subi na torre Eiffel, comi crepe, andei incontáveis quilômetros por dia explorando a cidade e quando estava cansado de tanto andar, utilizava o ônibus sem teto que ficava fazendo um tour pela cidade e aproveitei bastante o bilhete dava direito a 2 dias.

 

Fui embora de Paris triste, mas com a certeza de voltar afinal ela entrou na minha lista de cidades favoritas.

 

Próximo destino, Londres. Voei de Easyjet e entrei via aeroporto de Luton, imigração também tranqüila. De lá, ônibus e metrô para o hostel. A garota do hostel me respondeu errado um email que eu havia pedido indicações para chegar lá, não era para virar a esquerda no primeiro farol e sim a direita... Perguntei para um segurança de um hotel nas imediações, que chamou seu superior e me deu as coordenadas certas. Após fazer o check in, fui dar uma olhada na minha favorita Londres, o hostel ficava ao lado do Museu Natural (entrada franca) e a primeira parada foi lá. Já havia estado no país dos Beatles antes e o impacto é sempre o mesmo: “PQP, estou em Londres !!!” Eu estava com aquele travelcard que dá direito a um dia inteiro nos transportes públicos, naquela cidade eu não perco o metrô por nada e fiquei até íntimo dele, o que para um perdido por natureza e que se perde até em estacionamento de supermercado, é um marco impressionante. Falando nisso, se tiver alguma boa alma pra explicar como funciona os tickets econômicos, por favor me dêem uma luz (podem emendar e me falar como funciona o tal Orange não sei o que lá de Paris que eu também queria saber...)

 

Sei que em Londres tem um tal de Oyster Card, acho que tem que carregá-lo mas como não ia ficar muito tempo na cidade, não comprei. Como sou perdido por natureza, fiquei apenas no metrô sendo que o de Londres (o mais antigo do mundo, por sinal) é um mundo a parte : Mind the Gap !

 

Depois de ter dado uma olhada na vizinhança do hostel, peguei o metrô e me mandei pra Piccadily Circus. Saindo da estação do metrô, olhei ao redor e não pude segurar : “PQP, estou em Piccadilly Circus” !!! Muito irado, não tem pra ninguém, aquela cidade é demais !!! Eu tenho um amigo de lá (infelizmente nessa trip não deu pra visitá-lo) que não vê a hora de ir embora !! Dia desses vou propor uma troca, ele fica aqui no Brasil e eu me mando pra terra da Rainha...

 

O mais engraçado é que ele vive dizendo como estão quebrados (a crise atingiu o Reino Unido em cheio) e eu olhava pela janela do albergue e via uma fila de Land Rovers, BMW´s série 7, Aston Martins e afins. Quebrados ? Imagino se não estivessem.

 

Apesar de possuir um passe do metrô que me permitiria cruzar a cidade pra lá e pra cá, eu preferi explorar Londres do melhor jeito : à pé. Pra quem conhece, saí da região do Piccadilly Circus e fui andando até o Big Ben, prestando atenção em tudo ao redor sem esquecer da Trafalgar Square, obviamente, e também prestando atenção no trânsito maluco, ainda bem que eles escrevem no chão pra que lado olhar porque, vou te contar, risco de vida total, só perde pra Sydney e seus 5 segundos de farol verde para pedestre (até no Vietnam eu achei menos perigoso atravessar a rua), Parlamento, Westmister Abbey e depois me mandei pra Tower Bridge, via south-bank, passando pela London Eye, Tate Museum e por aí foi. Depois fiz o caminho inverso, tudo na caminhada. E olha que o metrô de Londres, como eu falei antes, é um mundo à parte. No tube dá pra ver o quanto a cidade é multicultural, vários povos, biotipos (e bota tipo nisso...), as constantes gatas, algumas do leste europeu com suas bochechas rosadas e pinta de boneca, vários idiomas diferentes dentre os quais, se você tiver sorte, escuta até o inglês britânico. rs

 

Deu pra perceber que as obras para as Olimpíadas estão a milhão, vários guindastes despontando aqui e ali no skyline da cidade.

 

A lamentar apenas a visão deprimente de uma garota segurando sua amiga bêbada que estava cambaleando. As duas muito bem vestidas, voltando do trabalho e aproveitando os escassos dias de sol para curtir uma happy hour nos vários pubs da região. Não só os gringos, mas as gringas também são verdadeiras esponjas e não sabem quando parar, proporcionando essas cenas lamentáveis. Se tem algo deprimente é mulher bêbada. Conheço bem o tipo quando o assunto é gringa...

 

No dia seguinte continuei meu tour pela cidade e fui visitar a região de Leicester Square, Covent Garden (que fica ali perto de Piccadilly) e imediações. Eu não curto muito esses artistas de rua mas os de Londres são muito legais, uns tipos muito bem sacados, vale a pena conferir. Os meus favoritos são o "homem invisível" e um cara que pinta o rosto de cachorro, mete a cabeça dentro de uma mala de transporte de animais e fica tirando sarro da galera, fingindo ser cachorro, o pior é que parece mesmo ! Simplesmente hilário. Esses lugares são próximos entre si então você vai andando, vê algo extraordinário (o que não falta na cidade ), vai até lá, avista outro monumento de cair o queixo e vai seguindo. Como eu não conheço muito a Europa acho que isso é normal praqueles lados. Tanto é que um inglês que dividiu comigo o dormitório no albergue em Paris e que, após perceber o quanto eu estava gostando da arquitetura, prédios, praças, monumentos, etc do lugar, me recomendou ir pra Roma. Tá anotado.

 

Aproveitei que era fim de semana e me mandei pra Camdem Market dá uma olhada na fauna humana, bem Londres mesmo. Na estação aconteceu um evento que mostra o quão multicultural é a cidade : uma local veio me pedir informações sobre como chegar em tal lugar e aí me apresentei que era apenas um visitante e não saberia informar, ela se desculpou e foi perguntar pra um grupo de espanholas um pouco adiante e que sabiam menos do que eu. Acho que ela tentou de novo com mais outra pessoa que, de novo, também era de fora ! Nisso, ela acabou desistindo.

 

Não acredito que uma cidade assim possa perder sua identidade, espero que não. Fiquei sabendo que o fotógrafo mais popular é peruano e a comida mais popular (típica ?) é indiana (ninguém é perfeito, né ? ). Londres tá batendo na casa dos 2.000 anos, já passou por muita coisa e a "Jovem Senhora" (ou seria o contrário ?) continua firme e forte, uma mistura de clássico, história e modernidade que dá gosto de ver. E aplaudir de pé ! "Bass in the place, London"

 

No metrô para Camdem entraram umas gatas inglesas e uma me chamou bastante a atenção, parecia brasileira : bonita, de mini-saia, belo par de pernas, pele branca, cabelos pretos e longos e um sotaque britânico que, de novo, quase fêz com que eu perdesse a compostura de novo...

 

Após alguns poucos dias curtindo Londres e suas infinitas atrações, deu pra ver que a cidade que estava bem alegre pelos benvindos dias de sol que a mudança de estação trouxe, era hora de me mandar pra Big Apple, mas isso fica pro próximo post.

 

 

Virunga / RTW 2009

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Nossa Virunga!!

Que máximo esse seu relato...

Estou aqui ansiosa pelos próximos posts...

Estou morando no Brasil agora, depois de uma temporada na Europa... Fiz muitas viagens por lá...

Agora estou com todo "o meu armamento" voltado para um mestrado...

Mas já penso em fazer um viagem RTW qd terminar esse mestrado... O meu foco será a Ásia.. Por isso, esse seu relato é muito importante para mim!!!

Enquanto isso, vou só acompanhando os relatos de quem já pôs os pés na estrada e deu a volta ao mundo...

 

Perguntinha: eu não entendi qual o tipo de passagem que vc comprou...

Vc realmente comprou uma passagem RTW, comprou as passagens avulsas ou fez um misto das duas passagens?

Fiquei intrigada, pois vc cruzou o Atlântico três vezes, e, até onde eu sei, o ticket RTW só permite que vc cruze cada oceano uma única vez!! E entao? O que é ticket RTW o que é ticket avulso na sua trip??

 

Valeu pelo relato!!

 

Beijos...

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Oi Virunga,

estou gostando do seu relato, e esperando o restante.

Que viagem heinn!

abraços;

sueli

 

Oi nhioka2 !

 

Que bom saber que você está gostando, tem muita coisa vindo por aí. A próxima parte está no forno e já já sai, stay tunned ! :)

 

Valeu pela força,

 

beijos

 

Virunga

 

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Nossa Virunga!!

Que máximo esse seu relato...

Estou aqui ansiosa pelos próximos posts...

Estou morando no Brasil agora, depois de uma temporada na Europa... Fiz muitas viagens por lá...

Agora estou com todo "o meu armamento" voltado para um mestrado...

Mas já penso em fazer um viagem RTW qd terminar esse mestrado... O meu foco será a Ásia.. Por isso, esse seu relato é muito importante para mim!!!

Enquanto isso, vou só acompanhando os relatos de quem já pôs os pés na estrada e deu a volta ao mundo...

 

Perguntinha: eu não entendi qual o tipo de passagem que vc comprou...

Vc realmente comprou uma passagem RTW, comprou as passagens avulsas ou fez um misto das duas passagens?

Fiquei intrigada, pois vc cruzou o Atlântico três vezes, e, até onde eu sei, o ticket RTW só permite que vc cruze cada oceano uma única vez!! E entao? O que é ticket RTW o que é ticket avulso na sua trip??

 

Valeu pelo relato!!

 

Beijos...

 

 

 

Oi Camila,

 

Bom saber que você também está curtindo o relato, pode deixar que tem muita coisa vindo por aí, afinal a trip está apenas começando.

 

Estou pensando em fazer um MBA mas acho que antes tenho que terminar uma missão : fazer uma RTW "baixo custo" e assim incentivar outras pessoas a fazer o mesmo, quem sabe escrevendo um livro mostrando o caminho das pedras. Que uma RTW é legal, fascinante, especial, etc tudo mundo sabe mas a questão é : "tá bom, isso eu sei mas como eu posso fazer uma também sem precisar trabalhar na tv ou ter muita grana ?". Já que você está pensando em fazer uma, dou a maior força, não irá se arrepender e você com uma prévia experiência no exterior, melhor ainda.

 

Quanto as passagens, já vi que você andou pesquisando. Até onde eu sei, ticket RTW só permite cruzar o oceano uma única vez, então fiz um "mix" de passagens entre avulsas, de baixo custo e RTW. Se fosse apenas de RTW, gastaria na "melhor" das hipóteses uns US$ 1.500,00 a mais. No mínimo.

 

Claro que gostaria de fazer uma "buy as you go" mas tem uma série de questões de logística para colocar na balança : onward ticket, por exemplo. Além do que pra isso precisaria de bastante tempo para encontrar as melhores ofertas entre um destino e outro.

 

Outra opção seria fazer com linhas aéreas de baixo custo mas acho q não compensa, dá pra viajar de maneira mais rápida, econômica e eficiente.

 

Beijos e obrigado pelos cumprimentos.

 

Virunga

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Oi pessoal,

 

E aí, vamos continuar a viagem ?

 

SEGUNDA PARTE – ESTADOS UNIDOS

 

Após o warm-up na Europa era hora de botar o pé na estrada de novo. Claro que ir embora de uma cidade como Londres não é motivo para comemoração mas numa viagem assim a gente até faz um esforço - afinal o show, digo, a trip não pode parar – e eu estava ansioso para botar os pés na terra do tio Sam pela primeira vez.

 

Faço, melhor dizendo, fazia parte do grupo de pessoas anti-EUA e isso foi mudando ao longo do tempo com algum contato com um ou outro americano que eu já encontrei em viagens passadas. Todos eram muito gente boa, de nada lembrando o estereótipo que a mídia faz deles.

 

Confesso que o motivo principal de ter entrado na luta para tirar o visto americano se deu pelo simples fato de precisar passar pelos States quando o assunto é economizar grana no ticket numa volta ao mundo. Dia desses eu explico.

 

Ainda no capitulo “tirar visto”, era pra eu ter feito essa RTW no ano passado mas o maldito visto americano atrapalhou; o tempo de espera naquela época era de 3 meses e acabou que não ia conseguir tirar o visto em tempo hábil, isso se eu passasse na tal entrevista, , então tive que ir para o Plano B (férias pra mim, quanto mais longe melhor). Não dou muita bola pra acumular bens, status e fortuna afinal quando eu morrer vai ficar tudo aí. Faço parte do grupo que quer mais é viajar enquanto puder afinal de que adianta morrer rico ? De que adianta ficar postergando (ou limitando, talvez até cortando) consumir coisas que dão prazer como como viagens, doces, picanha com gordura, tomar cerveja, sorvete, refrigerante, etc, viver economizando e no perrengue hoje para garantir o futuro ? E se eu morrer antes ? Se for para empurrar a aposentadoria bem mais para frente, que assim seja. Ainda mais agora que peguei o jeito de viajar volta ao mundo, na minha humilde opinião a viagem mais fascinante, de melhor custo beneficio, a mãe de todas as viagens.

 

Hoje em dia o mundo tá bem doido, Lula na presidência correndo o risco de um terceiro mandato (não vai rolar, ainda bem porque se pudesse ele ganharia com folga), mundo rico passando o pires, presidente americano gente boa, psicopata coreano louco para apertar o botão vermelho e começar uma guerra atômica, Barrichello no pódio, estrelas do futebol voltando para o Brasil, assalariado brasuca dando a volta ao mundo (esse que vos escreve), o real forte e por aí vai.

 

Como o mundo dá voltas (e eu adoro dar voltas nele...), aconteceu que hoje em dia está bem mais fácil tirar visto americano, tanto é que quando tirei meu visto no final do ano passado o tempo de espera era por volta de uma semana. Para quem tinha que esperar 3 meses foi um avanço e tanto. Pois é, crise econômica tem dessas...

 

Enfim, voltando ao relato ...

 

Meu vôo era por volta das 10:35hs da manhã então para evitar atrasos (um avanço porque eu também sou atrasado por natureza. As vezes acho que nasci de 10 meses, só pode ser...), saí cedo do albergue sem tomar café da manhã e peguei o primeiro metrô com destino a Heathrow.

 

Tive que fazer uma troca de trens pois aquele em que eu estava não iria direto para terminal onde iria pegar meu vôo para os States. Foi tranqüilo, após ouvir as instruções através do auto falante do metrô, desci na próxima estação e peguei o próximo trem. Simples assim.

 

Chegando lá, depois de ter achado meu vôo no painel, pedi ajuda para uma funcionária bastante atenciosa da cia aérea para fazer o check-in eletrônico. Demorou alguns minutos a mais pois ela não estava achando meu nome nos computadores (só falta eu ter pago por esse e-ticket e ele ser fantasma....), mas depois descobrimos que a confusão se deu em função do meu sobrenome. Meu ticket estava com meu 2º nome e sobrenome juntos enquanto meu passaporte estava com o sobrenome, o que é o normal, daí a dificuldade. Mas como sempre acontece na maioria dos casos : no final dá tudo certo.

 

Respirei aliviado, fiz o check in, despachei a mochila, passei pela segurança, mais fila e encheção de saco, tirar sapatos (eu viajo de bota de trekking anti-indiano, dia desses explico...), raio-x, revistas e tudo o mais e fui tentar achar o portão de embarque.

 

Uma observação : o aeroporto de Heathrow faz parte daqueles aeroportos mundo afora todo moderno, gigante, cheio disso e daquilo. Eu até acho bacana um super aeroporto porque é um portão de entrada para um país, uma espécie de cartão de visitas mas creio que no fundo ainda prefiro o nosso horroroso e de “futurístico” design soviético Cumbica (gosto muito do de Bangkok também) e sabem por quê ? Nada de frescura, trens, trocentos terminais e informações desencontradas. É aquilo ali e pronto, simples e “fácil de usar” . Tudo bem que o velho Cumbica tá mais para rodoviária de cidade de interior (nem precisa ser do interior, o terminal de ônibus aqui de Brasília é um caso a parte) mas faz o seu trabalho, que é o que importa.

 

Em Heathrow foi um tal de desce escada, sobe elevador, pega escada rolante, pega trem entre um terminal e outro, volta pro lugar onde você iniciou sua via sacra e... começa tudo de novo mais uma três vezes !!!

 

O feioso Cumbica não tem nada disso (apesar de estar realmente precisando de um lifting, a idade já chegou faz tempo... ), então não tem como se perder (e olha que, como eu já disse inúmeras vezes, eu sou “o perdido”...)

 

Após um certo perrengue pra chegar no portão de embarque (eu juro que li as indicações no mapa do painel...), onde só achei porque fui seguindo a tripulação de uma companhia aérea, cheguei na área de embarque e fiquei esperando meu vôo.

 

Quando este foi chamado, fui para fila, entreguei o cartão de embarque, segui pelo corredor e antes de entrar no avião, pasmem, outro SECURITY CHECK ! Quase esqueci que estava relax por estar em rtimo de férias e ia mostrar que não gostei mas depois que eu vi outras pessoas, inclusive um casal de meia idade, também estavam passando pela mesma situação, achei melhor aliviar e não criar caso.

 

Obviamente que não ia armar um barraco, mas aproveitando que ainda estava em solo britânico pensei seriamente em perguntar de maneira bem sarcástica (os britânicos são craques nisso...) se teria outro “search” uma vez embarcado no avião, q saco ! Na próxima vez eu embarco só de cueca...rs

 

Enfim, foi de boa (não encontraram nenhuma ameaça na minha pequena daypack e nenhum cinto com bombas na minha cintura...), embarquei num Boeing 747 e momentos depois iniciamos a travessia do Atlântico de mais ou menos umas 7 horas, fuso à parte.

 

O vôo foi relativamente tranqüilo, com uma ou outra chacoalhada mais forte aqui e ali o que, num avião daquele tamanho, não é nada agradável. No final chegamos são e salvos (o que realmente importa) no famoso aeroporto JFK, em Nova Iorque.

 

A fila para imigração não estava nenhum fim do mundo e andava a contento com todo mundo com uma certa tensão antes de passar pela imigração. Pra mim, cara feia é fome então nada de se preocupar por antecipação. Falando nisso, nessa trip eu prometi a mim mesmo que uma vez na imigração eu só iria mostrar documentos apenas se fosse solicitado, viajar pra mim também tem a ver com me colocar à prova em certas situações inusitadas, idiomas, moedas, culturas, comidas diferentes, etc e é um teste pra eu saber como me desvencilho delas e até o momento vinha dando certo.

 

Na minha vez, o cara da imigração fêz as perguntas de praxe (lembrando que eu era um brasuca chegando de Londres...), eu expliquei mais ou menos meu roteiro, ele confirmou alguns dados (rolaram algumas perguntas repetidas no meio, senti que podia ser uma pegadinha mas tudo bem, o cara tava fazendo o trabalho dele) e, para o meu espanto e surpresa, perguntou se eu gostava de futebol !

 

Falei que sim (não morro de amores mas eu acompanho...) e o que era entrevista de imigração virou bate papo sobre o caso Adriano. Botei lenha na fogueira e quando eu falei quanto o cara tirava por ano e que no Brasil ele deu a desculpa de pressão, pra quê, o agente de imigração ficou “pissed off” da vida (o Adriano defendia o time do cara na Itália) e falou : “pressão ? pra jogar futebol ? pressão é este meu trabalho aqui” ! Quem sou eu pra discordar de um agente de imigração num dos aeroportos mais vigiados do mundo ?

 

Mas como já estava com meu carimbo de entrada, depois de mais um tempo discutindo esse assunto me despedi do agente injuriado (coitado do próximo na fila de imigração) e entrei oficialmente nos States ! Incrível, jamais me imaginei nos States, é sério. E agora estava lá na Big Apple, com mochila na mão e resolvendo como chegar no albergue. Sensação incrível.

 

Resolvi o transfer pro albergue rapidinho, em espanhol mesmo. A moça simpaticíssima do balcão de informações começou a falar comigo em espanhol quando eu mostrei uns mapas impressos tirados do google maps onde estava escrito algumas coisas em português. Eram indicações sobre como chegar no centro utilizando uma combinação de trem, metrô, etc mas numa hora dessas eu queria distância de perrengue e não tinha tempo a perder (cadê a times square, central park, a quinta avenida e os táxis amarelos ?) então fechei com ela um transfer de 19 dolares que ia me deixar na porta do albergue. Bom demais.

 

Falando em idioma espanhol, achei a cidade mais ou menos bilíngüe devido a enorme quantidade de hermanos no local e havia sim americanos que falavam algum espanhol. Gostei, afinal eles respondem por uma boa parte do PIB (e eleitores) e gostando ou não, aceitando ou não, os americanos têm que conviver com isso senão o país simplesmente pára. Nas minhas viagens já encontrei bastante americano que falava mais espanhol do que o meu sofrível portunhol. Claro que se você viajar pra lá confiando apenas no portunhol vai passar sufoco..

 

E não é só os States não, os países ricos descem a lenha nos imigrantes mas se não fossem por eles duvido que esses países estariam onde estão. Assim como muitas vezes o caro não funciona sem o barato, o rico não funciona sem o pobre... Mais sobre esse assunto no capítulo San Diego.

 

Pegamos um trânsito daqueles (era domingo à tarde, sol a pino) e parecia que não ia chegar nunca. Quando entramos em Manhattan, nossa, não é que os táxis são amarelos mesmo ? Putz, tem mais táxi do que carros nessa cidade e...me conta...que trânsito é esse ? O King Kong tá na área ? Cadê a tal da Estátua da Liberdade ? Alguém avisou a Gisele Bundchen que eu estaria na cidade ? “PQP, estou em Nova Iorque !”

 

Nova Iorque, feinha mas ordinária.

 

Depois de uma eternidade finalmente cheguei no meu albergue que ficava ao lado do Madison Square Garden, aquela arena onde já rolaram shows do Led Zeppelin a Janis Joplin, Madonna a Michael Jackson, Elvis Presley a Iron Maiden, lutas do Mohamedi Ali, jogos disputados dos Knicks e até explosão de filhotes de Godzilla. Quando eu estava lá ia rolar um evento daquelas babaquices de Ultimate Fighting que alguns insistem em chamar de esporte. Overdose de anabolizante e falta do que fazer devem dar nisso. Viu, tem eventos para todos os gostos, rolam shows até do Timberlake... Ninguém é perfeito mesmo mas poderia ser pior, vai que fosse uma banda calypso da vida, axé, pagode, funk do rio, sertanejo e outras pérolas da música brasuca. Imagino como ia ficar a chamada : “XUXA in Concert: live at Madison Square” ou ainda “The return of Sandy & Junior - unplugged in Madison Square Garden” e por vai. Aí teriam que fazer que nem no filme do Godzilla, mandando uns aviões para bombardear o lugar... Nada pessoal, “viva a diferença”, né ? Pois é, esse lugar pouco famoso era meu vizinho, pode isso ?

 

Eu achei o albergue bom, seguro, sem frescura, limpo, quarto espaçoso, com banheiros limpos e que funcionavam, ainda bem porque o chuveiro do albergue de Londres tinha menos pressão do que torneira de pia em dia que falta água. O único porém eram as camas de mola que faziam muito barulho mas tudo bem, faz parte. E também não tinha aquela área social onde a galera costuma se reunir mas tudo bem também, havia um lugar no lado de fora com algumas mesas que eu usava na hora de tomar café da manhã. Também achei a localização muito boa, mesmo não entendendo direito em que área da ilha eu estava, afinal havia acabado de chegar. E eu ainda continuava em êxtase por visitar um lugar “muito longe do meu quadrado”.

 

Fiz o check-in rapidinho, tomei um banho, arrumei um mapa e... Nova Iorque, aí vou eu ! De cara, perdido como sempre, parei num cruzamento e comecei a olhar o mapa quando fui abordado por 2 guardas em ronda que me perguntaram se eu precisava de ajuda. E isso aconteceu outra vez, só que na outra foi com uma senhora. Quem disse que nova iorquino é mal educado ? Acho que são as mesmas pessoas que falam que na França o povo também não tem educação. Lendas de viagem, papinho de turista.

 

Eu agradeci a oferta e aceitei a ajuda. Saca o fora : “então, acabei de chegar na cidade e gostaria de ir para TIMES SQUARE GARDEN” !!! De onde eu tirei isso ? O que o c...ensurado tem a ver com as calças ? Juntei dois lugares famosos (Times Square e Madison Square Garden) e criei um novo, para espanto dos guardas. E olha que eles estavam armados...rsrs

 

Após terem me explicado que eu fiz uma “certa” confusão com o nome de dois lugares distintos, me apontaram a direção a seguir, disseram quantas quadras aproximadamente eu teria que andar e lá fui eu atrás de mais um marco nessa viagem. Chegando lá, um bombardeio de gente, luzes, outdoors, teatros, casas de shows, espetáculos, letreiros, lojas, turistas, buzinas e mais trânsito num dos cruzamentos mais movimentados do mundo. E com direito a uma espécie de arquibancada onde se tinha uma visão completa do lugar, show de bola. Como ganhei 3 horas no dia devido a diferença de fusos, aproveitei bastante já neste este primeiro dia, obviamente sem esquecer do jargão “PQP, estou em Times Square !”

 

Dei uma bela explorada no lugar, achei tudo aquilo muito legal e na maioria dos lugares eu achava que já tinha visto em algum filme. E já tinha mesmo. Nesse mesmo dia eu caminhei até onde eram as torres gêmeas e “trombei” no lugar por engano, porque eu queria mesmo era ver Wall Street mesmo já sendo à noite.

 

Depois de mais um dia daqueles, voltei pro albergue e conheci um grupo de eslovenos muito legais, era um cara acompanhado por 3 minas, sendo que uma delas rolou um certo “love is in the air” ... Adoro albergues !

 

Conversei com o pessoal até a hora de dormir, como eles já estavam lá há alguns dias, peguei algumas dicas também.

 

Nos dias seguintes, exploração total, fuçando tudo e mais um pouco. Dentre várias coisas, queria muito ver a bolsa de valores e aquele touro com cara de mau, símbolo de Wall Street, mesmo sabendo que desde o começo da crise ele virou um simples bezerro desmamado e chorão. Pra falar a verdade, ele teria que ser substituído por um urso mas não vou entrar no fascinante mundo do mercado financeiro, afinal isso aqui é um relato de férias !

 

Claro que Nova Iorque tem sua face nada turística também, vi bastante mendigos (nada a ver com a recessão mundial, deu pra notar que eles estavam lá há tempos...), lojas, comércio com funcionários mal pagos e alguns picos meio decadentes. Alguns lugares achei meio deprê e bem caidassos, quase centrão de Sampa. Pra quem achava que gringo é tudo rico e vive numa vida fácil numa espécie de bolha dourada, tive que mudar alguns dos meus conceitos. Traveling and learning.

 

Apesar da facada, resolvi comprar um bilhete de ônibus turístico que também dava direito a 3 tours diferentes, sendo um noturno, e um deles era fora da ilha de Manhattan. Como poderia usá-lo por 48 horas, acabei comprando. O vendedor era de Burkina Fasso (nossa, diretamente de um dos países de mais baixo IDH - se não “O” mais baixo - para Nova Iorque, que legal !), a simpatia em pessoa (óbvio, afinal era africano) e era mais um dentre os vários africanos (deu pra perceber pelo sotaque) que trabalhava com esta empresa. O incrível era que parecia que todos os vendedores eram africanos, achei o máximo. Conheço (e simplesmente amo. A propósito, perceberam o meu “nick” ?) a África relativamente bem e esses caras devem falar um monte de idiomas, ainda mais tratando com turistas o dia todo. Isso fora os dialetos.

 

Dependendo do lugar, eu até gosto de pegar esses ônibus, principalmente quando tem guia ao vivo (o de Paris não tinha, era uma gravação meia-boca que desisti de ouvir já na primeira esquina). Eu aproveitei que estava no embalo e já tinha curtido bem a cidade e embarquei no ônibus, cujo guia era, imagina só, africano. Eu gostei do tour, deu pra ter uma idéia geral da cidade, ir nos pontos turísticos e ainda ouvir umas histórias bacanas, descobrir o prédio onde era o jornal em que aquele cara chato e sonolento que interpreta o Homem Aranha trabalhava e mais uma série de coisas legais, que depois eu ia voltar pra ver com mais calma. O irritante foi constatar que os EUA é um país movido a “tip” (e cartão de crédito), quase tão irritante quanto o Egito. Se no Egito, que é um país pobre, eu quase não dava caixinha, nos States que são ricos então, foi um parto. Nunca vi isso ! Pra mim, caixinha é só em restaurantes e olha lá mas nos States não, acho que é pra tudo e pra meu desespero eles pedem na cara dura. Pois é galera, o rico mundo gringo tem dessas coisas.

 

Aproveitei bem as 48 horas que o ticket me dava direito, inclusive fiz o tour noturno que foi muito legal. Ao contrário do tour diurno que é no estilo “hop-on, hop-off”, no noturno vai direto, sem paradas. A única parada foi para ver Manhattam de um ponto de fora da ilha, acho que de Nova Jersey. Atravessamos a ponte em direção ao continente, demos um rolê e paramos por alguns momentos. Valeu a noite, belo visual noturno do famoso skyline da famosa Nova Iorque. O guia era muito bom também.

 

Nos outros dias, matei minha curiosidade e visitei o bezerrinho, digo, o touro de Wall Street, mas fiquei decepcionado porque o coitado fica numa esquina meio sem graça, só não está abandonado por causa dos turistas que querem tirar uma foto ao lado dele.

 

Eu tinha pego umas dicas com o grupo de amigos do albergue e fui ver a Estátua da Liberdade de um ferry que passa perto dela. O melhor é que foi de graça e eu não sabia da existência desse ferry. Tive uma boa visão, gostei. Meia hora depois estava de volta.

 

Fiz o tour downtown (muito legal, fiz mais de uma vez), uptown (muito fraco), noturno (gostei) e pulei o de NJersey, não ia dar tempo e como no tour noturno o ônibus foi praquelas bandas, eu não achei nada demais e vi que era perda de tempo.

 

Achei muito louco a “exuberância” (what ?) da Universidade de NY, muuito rica (também, 55 mil doletas/ano por estudante, até eu) e dona de vários prédios na região. Tudo ali pertencia a ela : prédios, comércios, lojas, farmácias, etc. Me parece que ali nas imediações tem também um arco que apareceu no filme “Eu sou a lenda” (a confirmar...).

 

Bem, o que não falta é cenário de filme nas ruas de Nova Iorque, tanto é que tinha uma rua onde estavam filmando e tinha um “corpo” encima de um carro, como se tivesse caído do prédio... mas esse foi pros lados do ex-World Trade Center downtown, que por sinal eu achei bastante cramped. Explicaram que o centro era assim devido a influência inglesa. Elementar, meus caros amigos.

 

Os dias passavam muito rápidos e já estava chegando a hora de tomar o rumo da roça, digo, da Califórnia. Mas antes ainda deu tempo de dar uma olhada no mundo das compras, afinal eu estava na terra do consumo desenfreado. Paguei um mico e fui naquela tal de Woodbury, um outlet que fica a mais de uma hora de Manhattan. Paguei caro pelo ticket, estava um dia meio nublado e como já tinha rodado bastante por Manhattan, queria mudar de ares e dar uma olhada nesse lugar, além do que vi no site que tinham umas lojas que eu gostaria de ver mais de perto e quem sabe comprar algo.

 

Peguei o ônibus no Terminal e me mandei pra lá. Dei uma volta, me enrolei com os horários (já falei que sou “o perdido” em pessoa ? ) e depois de algumas poucas horas, voltei um tanto decepcionado, mas com uma camisa legal da DKNY, que depois achei uma igual bem mais barato em Manhattan... Spending and learning.

 

Sumiu uma blusa fleece minha e como o clima estava esquisito, achei que seria um boa oportunidade de repôr mas chegando lá, vi que não compensava. As lojas que eu fui "babando" pra visitar estavam com preços muito altos e os produtos não eram lá essas coisas.

 

Falando em compras, aproveitando a dica do pessoal do albergue com quem só me encontrava bem à noite antes de dormir e de manhãzinha porque durante o dia ia cada um pra um lado diferente, encontrei uma loja que jamais entraria se não fosse pela dica e, o que é aquilo ? Altos produtos com preços camaradas... Como eu resisto a tudo menos a tentações, acabei que comprei algumas coisas pra mim e quase me transformei no primeiro mochileiro vestindo Hugo Boss na história recente deste pais .

 

Não que eu seja adepto a marcas famosas e caras, mas quando a oportunidade de comprar produtos destes por um preço inacreditável, acho que não se pode deixar passar em branco. Além de serem melhores, custam muuuito mais baratos do que as porcarias nacionais e como eu não tô muito aí para "incentivar a indústria nacional" e quero mais é comprar coisas boas por preços camaradas, comprei sem titubear. Isso vale pra tudo, de calçados a máquinas fotográficas, computadores, equipamentos outdoor, etc Metido, eu ? Não, econômico mesmo.

 

Apesar de não ser um consumista inveterado (nem posso porque senão como bancaria minhas viagens ?), meti o pé na jaca, digo, meti a mão no bolso e comprei umas roupas para trabalho, altas camisas legais, gravatas, etc Uma mais legal do que a outra, só não rolou ternos mas pra isso eu tenho que ver com mais calma e decidir se não sai mais barato mandar fazer em Bangkok... além do mais, nem teria como carregar. Pra encaixar a sacola com as roupas novas na mochila já foi dificil, imagina os ternos, lembrando que ainda faltava muita viagem pela frente...

 

Acho que era mais ou menos isso, claro que faltou bastante coisa como por exemplo a visita na loja BH, nos preços abusivos dos aluguéis, do Empire State Building, dos museus, dos shows da Broadway (esses eu não fui e nem fiz questão...), da Macy´s, cujo dono morreu no acidente do Titanic, na imensa comunidade judia (seria mais um motivo porque NY é tão rica ?), dos preços dos estacionamentos, nos estacionamentos “suspensos”, na média de salário da galera que trabalha na região de wall street e adjacências, no medonho metrô, no famoso hotel Waldorf Astoria onde famosos, emergentes, artistas, astros de Hollywood, Lula e a quadrilha de políticos brasucas adoram se hospedar, da 5.a avenida com suas lojas e da belissima Catedral de São Patrick que à noite virava um albergue de mendigos mostrando, de novo, a outra face de uma cidade que possui um dos metros quadrados mais caros do mundo, do Rockfeller Center, do prédio do FBI (não posso falar a localização exata senão posso ser eliminado...rs), no hospital onde foram atendidas as vitimas do ataque de 11 de Setembro, na linda loja de vidro da APPLE quase na esquina do Central Park (que por sinal não consegui visitar, só uma voltinha básica na minha última noite...oops) e que me ajudou bastante a economizar uma grana com net e por aí vai.

 

Finalmente chegou a hora de ir pra Califórnia com direito a um longo – e um tanto turbulento demais pro meu gosto - vôo diet onde pensei seriamente em falar algo como “desce esse avião que eu preciso comer urgente” e ver o que tá pegando na ensolarada costa oeste americana. Mas isso eu falo no próximo post.

 

Valeu !

 

Virunga.

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Oi pessoal,

 

Vou colocar mais uma parte no capítulo States da minha RTW, não sei se consigo terminar hoje mas senta que lá vem história...

 

Dias antes de deixar a Big Apple, num golpe de sorte avistei um ônibus estacionado e que fazia a rota de/para aeroporto e fui me informar sobreos horários, paradas, quanto tempo leva, preços, informações no geral. Bati um papo rápido com o motorista e descolei um timetable.

 

Com os horários e pontos de parada, vi que havia uma parada bem ao lado de onde eu estava hospedado mas para evitar imprevistos, resolvi ir pegar o ônibus onde havia avistado o ônibus antes, ao lado da estação Port Authority. Resolvido o problema.

 

No dia da partida, acordei cedo, tomei banho e parti à pé rumo à estação para pegar meu transporte para o aeroporto. Chegando lá, perguntando aqui e ali acabei embarcando no ônibus cujo motorista tinha pinta de vietnamita. Andamos um pouco mais e depois paramos para o comprar o ticket. Quinze dólares mais pobre, voltei para o ônibus e momentos depois veio um cara solicitar os tickets, vai entender... Depois a gente que é complicado, por que esse cara (ou o motorista) não vende os tickets pros passageiros diretamente, assim não tem necessidade de você embarcar, ir pra outro lugar, descer, comprar o ticket, embarcar de novo e... entregar os tickets. E isso aconteceu mais de uma vez. Pois é, mundo gringo tem dessas coisas.

 

Após uma pequena espera que já tava me deixando nervoso, lembrando que não comi nada e o clima não estava dos mais quentes, finalmente tomamos o rumo ao aeroporto mas não antes do vietnamita dar um discurso de boas vindas e pedir, na cara dura, uma gorda caixinha pelos seus serviços. Vai esperando...

 

Chegando lá, os passageiros foram deixados em seus devidos terminais. Na minha vez, peguei minha mochila e dei, a contra-gosto, uma nota de um dólar pro motorista. Não sei se o cara gostou e não tô nem aí também.

 

Uma vez no check in, de novo o mesmo problema com o ticket. Eu fui fazer o check in na máquina e ela não achou minha reserva. Aí, peguei fila e na minha vez o cara também não achou. Mesmo problema com o lance do nome e sobrenome. Mas o cara teve uma luz e perguntou se eu tinha o cartão de embarque do meu último e por incrível que pareça eu tinha ele guardado em algum lugar. A partir daí foi fácil.

 

Passei pelos procedimentos normais e fui achar meu portão de embarque, desta vez sem maiores dificuldades, estava ficando bom nisso... rs

 

Dei uma volta no aeroporto, não tinha muita coisa pra ver e acabei que passei a maior parte do tempo de espera sentado no portão de embarque. Estava com uma fome de leão, não havia comido nada até aquele momento mas preferi esperar para comer no avião mesmo, afinal seria um vôo longo. Nisso eu vi um passageiro com um pacote do mac donalds, achei meio estranho mas, sabe como é, mundo gringo tem dessas coisas.

 

Momentos antes de começar a chamada para embarque, eu li no painel alguma coisa referente a refeições a bordo apenas para quem estava na primeira classe e classe executiva. Como estava com muita fome (estranho, acho que foi o frio ou a ansiedade para ir pra próxima parada, sei lá. Freud explica), achei que havia lido algo errado e que meu estomago reclamão não estava se entendendo com meu cérebro, ainda mais num outro idioma então achei melhor deixar pra lá afinal vôo longo sem comida, mas nem no Brasil...

 

Após devidamente embarcado e antes do Boeing 767 começar a longa travessia para a costa oeste americana, para meu (e do meu estômago faminto) desespero, a suspeita se confirmou : rango apenas para primeira classe e executiva. Falem-me de discriminação !!! rs Para aqueles na “cattle class”, eles iriam servir apenas bebida ! Meu Deus, não posso afogar minha fome !! Depois explicaram que teria comida para so pobres. Mas estes teriam que pagar ! Tudo bem, conheço o procedimento e de repente isso é normal no mundo gringo, mas isso para vôos curtos e linhas aéreas low cost. Até onde eu sei, American Airlines tá longe de ser low cost, mas até onde eu sei ela também ta bem quebradassa.... cobrar comida em vôos longos achei uma sacanagem !! Imagina se isso fosse num país como o Brasil, gringo na hora ia chiar mais do que Sonrisal em copo d´água, fazer escândalo e acusar-nos de povo que adora rip off os turistas e toda aquela ladainha de gringo chorão.

 

Não tinha muito o que fazer a não ser morrer com 10 doletas (que eu joguei no cartão para fugir da maldita “tip”. Será que até para aeromoça tem que dar “tip” ? Eu não duvido...). Estava com tanta fome (e p. da vida) que caso não houvesse comida a bordo eu ia dar um berro lá do fundão “ô meu, aterrissa essa joça que eu quero descer”, afinal eu não iria agüentar mais 6 horas em jejum.

 

O vôo pra Califa foi no mínimo interessante. Não foi muito medonho mas rolaram alguns sacolejões que me deixaram nervoso. Além do mais, deu pra ver que o piloto tava travando uma luta lá na frente, acelerando e mudando de altitude pra se livrar das intempéries que estavam surgindo no trajeto, ainda bem que o tal pitot funcionou direitinho...

 

Achei engraçado que, ainda no chão e na fila para decolar, havia um avião na nossa frente que também estava indo pra Califórnia e o piloto falou que ia se esforçar para chegar lá antes, apostando corrida. "ô seu moço, pára de brincar aí na frente que a coisa é séria ! Além do mais, piada em avião para passageiro faminto só aumenta a angústia !

 

Enfim, depois do sufoco finalmente aterrissamos são e salvos no aeroporto de Los Angeles. Acho que só não rolou caixinha pros pilotos porque além do vôo ter sido um tanto turbulento, ele perdeu a corrida com outro avião senão eu não duvido que iriam pedir... rs Nos planos iniciais da minha trip, eu iria ficar alguns dias em Los Angeles mas acontece que tenho uma amiga brasuca que eu conheci na NZelândia e que hoje mora nos States já há 7 anos. Fazia muito tempo que não nos víamos e quando ela soube que eu ia pra Los Angeles, ela praticamente me intimou a ir visitá-la, ainda mais agora que ela acabou de ser mudar pra San Diego.

 

Nesse meio tempo, eu cancelei minha reserva no albergue na Cidade dos Anjos e combinei com ela : "bota mais água no feijão (se é que tem isso aí) que tô chegando". Ela já tinha me cantado a bola de que Los Angeles não era lá essas coisas e como minha trip já tava descarecterizada por causa dos problemas do trabalho que atrapalharam tudo, acho que o desvio ia valer muito a pena. E valeu mesmo afinal fazia muito tempo que a gente nao se via e tinha muito papo pra botar em dia.

 

Mas antes eu tinha que arrumar um jeito de chegar lá, ela me indicou ônibus ou trem. Eu tinha comentado algo sobre um vôo rápido mas ela disse que não valeria a pena, além de custar uma grana. Cheguei no aeroporto de Los Angeles, peguei minha mochila e fui atrás de informações de como chegar em San Diego, que por sinal eu sabia que ficava no sul da Califórnia mas nao tinha ideía de quanto tempo e qual distância para chegar lá.

 

Não achei nenhum quiosque de informação ou algo assim e saí do aeroporto com cara de paisagem quando fui abordado por um cara com prancheta na mão. Papo vai, papo vem ele me deu todas as informações necessárias e em troca eu dei um dindin para a causa nobre que ele defendia : "não sei que o que lá pros dias das mães e tal". Quando eu vi uma nota de 20 doletas na prancheta, eu já emendei algo como "20 doletas ? mas nem que a vaca tussa !". Ele falou que eu poderia dar o quanto quisesse, dei 5 doletas e segui meu caminho, que por sinal foi exatamente o que o cara falou, só errou nos valores.

 

Peguei um ônibus FLYAWAY e segui pra estação de trem para comprar meu ticket pra San Diego, que ficava a 3 horas de trem. mamão com açucar, mesmo com o mesmo perrengue de embarca no ônibus, faz a viagem inteira até a estação de trem, chega lá e compra o ticket do ônibus (!?!!?), você viaja primeiro e depois paga, e depois tava rolando um lance de caixinha pro motorista que estava descarregando as malas e que desta vez eu fingi que não era comigo e não dei nada. Pô, de novo ! Mas tudo bem, mochileiro tem dessas.

 

Chegando na estação, me informa daqui, me informa dali afinal "quem tem boca vai a San Diego", comprei o ticket e fiquei esperando o trem que sairia quase 2 horas depois, estação legal, limpa, organizada e com uns mendigos dormindo nos bancos confortáveis. Fui num trem de dois andares, só sabia que havia este tipo de trem porque eu tinha visto um destes lá em Paris...

 

Como eu tinha tempo pra matar, liguei pra minha amiga e combinamos o horário. Claro que foi um sufoco conseguir moedas pra fazer a bendita ligação (eu tinha "queimado" minhas moedas comprando cartão postal na noite anterior, em nova iorque") e apareceu um americano que me ofereceu o que tava faltando. nota dez !

 

Liguei pra minha amiga, conversamos alguns minutos, passei o telefone onde eu tava pra ela ligar pra mim e ficamos um tempão batendo papo enquanto o horario da partida nao chegava. Fiquei sabendo que um amigo americano dela tava indo visita-la naquele mesmo dia, só que eu chegaria umas 6/7 horas e o cara, la pras 10. Assim como eu, o cara ia ficar alguns dias, que por sinal foram bem legais, mas isso eu conto no próximo post, fiquem ligados !

 

Valeu !

 

Virunga

 

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Oi pessoal,

 

Segue o último trecho do capítulo Estados Unidos da trip RTW, espero que vocês estejam curtindo.

 

Finalmente chegou a hora de embarcar no trem de dois andares que me deixaria em San Diego. A viagem foi bem tranqüila, trem confortável, espaçoso e nem vi o tempo passar. Em algumas partes da viagem o trem foi costeando a praia e de tempos em tempos surgia um lugar bem legal na costa ensolarada.

 

Tudo muito limpo e organizado com algumas estações que pareciam ser de brinquedo. Na primeira metade o trem ia parando aqui e acolá mas depois ele engrenou foi embora. Chegando em San Diego, ué, cadê minha amiga ? Como ela ainda não havia chegado, fiquei esperando do lado de fora da estação que tinha um jeitão antigo mas muito bem preservado.

 

Enquanto esperava, fui dando uma geral e percebi San Diego era legal. Por estar à apenas 40 minutos da fronteira com o México, pensei que ela teria um flavour um tanto quanto latino mas de primeira impressão não vi nada disso, pelo contrário, a cidade tinha um flavour bem americano mesmo : limpa, aparentemente segura e bem organizada.

 

Depois de algum tempo esperando, minha amiga chegou e foi aquela alegria. Dali mesmo da estação já fomos dar um rolê pela cidade. O carro dela por sinal era muito legal e eu logo apelidei de “baby Hummer”. Ela concordou que parecia um carro de brinquedo mas de brinquedo ali não tinha nada, era um SUV que lembrava mesmo um Hummer, porém menor (daí o apelido) e que parecia irmão mais novo do carro militar americano, mas era de uma marca distinta. Como estamos no mundo gringo, tudo é muito fácil e barato. Afinal se tem algo que me irrita é ouvir gringo dizendo que isso e aquilo é “very expensive”. “Expensive” o escambau, vem ganhar o que a gente ganha de salários e pagar o que a gente paga pelas coisas pra ver o que é “expensive” .

 

Quando comprou o carro, ela ofereceu 2 mil doletas de entrada e o vendedor falou : “ué, pra quê tudo isso ? Me dá US$ 500,00 de entrada e guarda o resto”. A prestação que ela paga é uma piada, não faz nem cócegas... rs

Antes de se mudar pra lá ela morava em Sacramento, uma cidade que fica ao norte de Los Angeles, mas ela ficou de saco cheio e decidiu concorrer pra uma vaga em San Diego. Conseguiu a vaga e passou a trabalhar em casa, de pijama, mas para isso é necessário bastante disciplina afinal a geladeira e a tv sempre estão por perto.

 

Demos uma volta pela cidade, vimos algumas praias e apesar de as melhores estarem mais afastadas, as que vi eu gostei.

 

Como o amigo dela ia chegar em poucas horas, resolvemos ir para um restaurante mexicano, o que não falta praqueles lados. Se os ingleses adotaram a comida indiana, os States fizeram o mesmo com a comida mexicana. O centro de San Diego é relativamente pequeno mas muito bacana, estacionamos num shopping nas imediações e saímos para dar uma caminhada.

 

Devidamente alimentados e após uma aula de como funciona o lance das irritantes “tips” (lembrando que em restaurantes eu até concordo, mas nos States não são os 10% fixos que a gente dá aqui no Brasil, é um pouco mais. Porém, quando o serviço é bom e as garçonetes são bonitas, eu nem reclamei). Depois de um tempo botando o papo em dia, fomos ao aeroporto buscar o amigo dela e depois finalmente fomos para o apartamento bacana que ela racha com uma americana um pouco mais velha.

 

Como minha amiga estava com duas visitas (eu e o amigo americano dela de Sacramento), ela tirou o dia seguinte de folga para mostrar a cidade e conhecer o lugar. Fizemos uns passeios de turista mesmo, fomos passear pela praia mas o tempo não estava dos melhores e a água devia estar bem fria, uma constante por ali em função da corrente do pacifico de águas geladas provenientes lá do nada tropical Canadá (ou seria do Alaska ?), o que não impediu um gringo maluco fazer a sua natação matinal na água congelante.

 

Visitamos cavernas, fomos a uma praia chamada La Jolla, que eu já havia lido algo a respeito em revistas de surf gringas. Avistamos várias famílias de esquilos, alguns ainda bem pequenos, paramos e ficamos observando eles por um bom tempo, para desespero do amigo americano afinal ele deve ver o bicho quase todos os dias enquanto nós, brasucas, só conhecemos eles do desenho Tico e Teco. Passeamos o dia todo, almoçamos e à noite fomos dar um rolê na night, onde a entrada na maioria dos lugares era de graça. E quando tinha que pagar, era um preço simbólico e apenas para controlar o fluxo de pessoas, que era bem grande. Eu não sou muito de cair na noitada mas para ir em lugares com música boa, gente bonita, altas gatas, bebida barata eu vou sem pensar duas vezes.

 

Também gostei do jeito americano de pagar as coisas : cada um paga o seu e é só entregar o cartão de crédito que tá tudo certo, quando o recibo chega você coloca o quanto quer dar de “tip”. Como eu disse anteriormente, o país é movido a “tip” e cartão de crédito, esse último com um rombo gigante totalmente impagável, afinal a divida empurrada já atingiu a casa do trilhão de dólares faz tempo e o negócio é pagar o mínimo e ir empurrando o restante com a barriga. Também, com juros "de mãe" (isso quando tem ...), até eu.

 

Gostei muito da Califórnia, experiência que ficou ainda melhor com alguém para poder mostrar. Como minha amiga havia se mudado há pouco tempo, ela também aproveitou para ir em alguns cantos que nunca tinha ido. Fiquei sabendo que San Diego tem um zôo famoso, mas desta vez não deu para ir.

 

Minha amiga me colocou a par como as coisas funcionam por ali, como algumas redes famosas empregam clandestinos para fugir dos impostos, inclusive redes que eu jamais esperava que fazia isso. Elas fazem na cara dura mesmo. Claro que não é tão fácil assim mas sempre tem o jeitinho, que desta vez não é o brasileiro. E depois fica todo esse escarcéu contra imigrantes. Me contou do excesso de leis que existem para fazer a coisa funcionar...e angariar uma grana preta com multas e afins. Mas isso faz com que todos, ou quase todos, andem na linha afinal a lei tem e precisa ser cumprida : não pode isso, não pode aquilo, não pode fazer nada. O quê ? você fêz ? E tome multa...e tome grana pro governo.

 

Falando em grana pro governo, na faixa de salário da minha amiga (ela trabalha numa multinacional famosa de software), a mordida do leão é de 35% pra quem é solteiro e 28% pra quem não é. Mas é relativo, quando você paga impostos e eles voltam para sociedade em forma de benefícios, saúde, segurança, educação, serviços etc dá até gosto mas no caso brasileiro, a mordida é quase escandinava (se você juntar os impostos diretos e indiretos) e o retorno é africano afinal o Governo tem que arrumar dinheiro para pagar mensalões e mordomias pra estes políticos corruptos e sem vergonha (desculpem a redundância afinal se é político, é claro que é corrupto e sem vergonha).

 

Pela proximidade com o México, pensei que iria ver mais mexicanos e ouvir mais espanhol em San Diego mas confesso que não vi muitos não. Até comentei com minha amiga e o amigo americano dela que estava com a gente, mas eles me explicaram que os mexicanos ficam em outras partes da cidade, além do que naquela época estava todo o auê com a tal gripe suína, então estava todo mundo com medo. Ah bão...

 

No fim de semana fomos visitar algumas praias mais afastadas mas cheia de estrutura e que faz toda a diferença. Apesar de ter visto praias bonitas, para brasileiro não chega a impressionar tanto ainda mais com água gelada e com direito a tubarão (San Diego é tranqüilo mas a partir do momento que você segue em direção ao norte da Califa, os dentuços começam a marcar presença. Eu até poderia contar a história de um adolescente de tubarão branco que passou um tempo no aquário de Monterey, mas que tiveram que soltar depois que começou a aprontar demais quando o instinto começou a florescer. E tubarão tem que ficar solto mesmo, principalmente o mais incompreendido de todos : o tubarão branco), mas a infra estrutura no local faz toda a diferença. Você chega, estaciona o carro com segurança num bolsão de estacionamento sem corinthiano (oops ! brincadeira galera, nada pessoal !), digo, flanelinha ex-presidiário pra encher o saco.

 

Demos uma volta no calçadão numa praia longa com o criativo nome de Long Beach, praia esta onde tinham vários de bares com comida boa para escolher mas como nem tudo é perdeito, pra entrar em alguns deles você tem que mostrar documento. Documento pra entrar em bares na frente da praia é de lascar. Sabe como é, coisa de gringo. Fica a dica, sempre ande com seu passaporte para evitar ser barrado em alguns lugares. Eu quase fui mas o cara ficou com pena quando eu mostrei minha carteira de motorista e consegui entrar... mas acho que foi sorte mesmo.

 

Era um bar legal, com música bacana e olha elas aí de novo, um monte de gatinhas californianas. O problema era o clima, na Califórnia tem um vento gelado que realmente atrapalha. Eu estava sem meu fleece e quase congelei. Ainda bem que nesse lugar havia aqueles aquecedores à gás (aquecedores à gás em bares na praia ? Pois é, mundo gringo tem dessas coisas...) que ajudou a contornar a situação. Nesse bar havia também aquelas piscinas de ondas com a galera mostrando sua técnica e, vou te contar, o pessoal mandava bem com direito a tubos, aerials, cutbacks e outras manobras, mas o mais legal mesmo eram os tombos mais do que acrobáticos onde só faltou um duplo twist carpado. E olha que eles tentaram... rsrs

 

Os dias passaram voando e já era embora de partir. No último dia ainda deu tempo para visitar uma ilha/cidade vizinha muito bonita chamada Coronado. Demos uma volta com lindas vistas e tomamos café da manhã, onde rolou um fato curioso : uma dificuldade danada para garçonete entender que eu queria uma torrada “normal” quando ela disparou a falar como uma metralhadora e eu só consegui entender “ muffin” e ‘white bread”. Então eu tive que consultar os universitários : “Fabi, me ajuda !!! Eu só quero algumas torradas simples !”.

 

Depois eu entendi, a mina ficou falando os tipos de pão com os quais eles faziam a torrada. “Ô dona Sarah (me lembrei dos livros de inglês onde parece que toda personagem feminina chama Sarah), me traz uma torrada simples mesmo e pára de complicar. 10 tipos de pão para uma simples torrada é de lascar mas eu entendo : benvindo aos States, né ? ”. Depois todo mundo caiu na risada, não tinha mais o que fazer... Enfim, no final dá tudo certo e eu comi a minha torrada com scrambled eggs e mais algumas guloseinas matinais.

 

Minha amiga me levou até a estação onde eu iria pegar meu trem de volta pra Los Angeles e de lá iniciar minha jornada em direção à distante Oceania. Me despedi dela e dos novos amigos e embarquei. O amigo americano me olhou meio de soslaio quando viu minhas botas-de-trekking-anti-indiano presas na mochila. Realmente americanos não são muito familiares quando o assunto é viagem no melhor estilo mochileiro...

 

A viagem de volta para Los Angeles transcorreu tranquila, já sabia o caminho e chegar no aeroporto de Los Angeles foi fácil.

 

Fiz o check-in rapidamente e fiquei matando tempo antes de embarcar no Airbus azul esverdeado que me levaria para o paraíso chamado Polinésia Francesa, num vôo noturno e nervosamente tranquilo de 8 horas de duração, fuso a parte de novo. A lamentar apenas aquele jantar medíocre frango-com-legumes que afligem todos os passageiros que viajam apertados na classe econômica. Estava ansioso e me sentindo um privilegiado por poder retornar a um lugar que realmente é dificil de colocar em palavras. Queria só ver as mudanças entre a minha primeira viagem e esta... Estaria o Tahiti tão lindo como sempre e ainda com um dos povos mais amigáveis do mundo ? O pôr do sol estaria ainda tão belo como da última vez e que, juntamente com o africano, ainda seria o pôr do sol mais bonito do mundo, mesmo eu não dando muita bola pra essas coisas ? Reencontraria a francesa de Marseille, mulher-da-minha-vida ? Conseguiria aprender mais algumas palavras em francês, le plus belle langue du monde, sem pagar o mico da última vez nas ilhas ?

 

Mas o Tahiti fica para o próximo post, vocês não vão querer perder o início da parte praiana do relato, né ? Ainda mais com lindos tubarões e suas primas raias nadando a centímetros da gente, cercado por um visual "descanso de tela de computador"...

 

Valeu !

 

Virunga

 

 

 

 

 

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Oi Erikinha, tudo bem ?

 

Que ótimo que você está gostando do relato, tem muita coisa por vir e eu ainda não cheguei nem na metade. Estou pensando em colocar um mapa para ilustrar a trip mas a briga com o computador tá feia e eu estou apanhando, esperar pra ver.

 

Bora Bora pro Tahiti ! rsrs

 

Beijos,

 

Virunga

 

PS.: Conheço o Virunga NP de vista. Eu fui no Mgahinga e de lá dava pra ver a belíssima cadeia do vulcões extintos. Ambos os parques são espetaculares e a estrada que me levou pra um deles foi a mais bonita que eu já vi.

 

 

 

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