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Monte Roraima - 7 dias (outubro/2013)


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Destino: Monte Roraima

Período: 10 a 17/10/2013

 

Fomos eu, meu irmão e um grupo de amigos, num total de 11 pessoas. Inicialmente a ideia era fazer o roteiro mais comum, de 6 dias e 5 noites. Como eu e mais um do grupo já havíamos ido ao Monte Roraima ano passado, com esse roteiro, sugerimos fazer o pacote de 8 dias, para podermos explorar mais lugares no topo do Monte. No final, acabamos tendo a ideia de sugerir à agência que fizesse um pacote diferente para nosso grupo, de 7 dias, com 3 noites no topo. A agência topou, e fez um preço intermediário entre os pacotes padrão, de 6 e 8 dias. O valor ficou em B$ 7.600 por pessoa. Considerando a cotação do dia do pagamento, o valor em reais foi de R$ 435. Nesse pacote estavam incluídos o transporte de Santa Elena a Paratepuy, guias, alimentação e as barracas. Alguns do grupo não tinham isolante térmico e saco de dormir, e alugaram na agência por B$ 250 cada (R$ 15). Fomos pela Nativa Tours Khasen (http://www.nativatourskhasen.com, antiga Adventure Tours), de Santa Elena. Recomendo muito a agência, preço excelente se comparado ao das agências de Boa Vista, a Karelys, nosso contato na agência, sempre muito atenciosa, ótimos guias, alimentação boa e farta, enfim, foi tudo muito bom mesmo.

 

1º dia - Boa Vista/Santa Elena

 

Saímos de Boa Vista por volta de 9h da manhã. Chegamos em Santa Elena e fomos ao Hotel Villa Fairmont, onde passamos a noite. A diária custou B$ 360 por pessoa (R$ 20,50), com café da manhã. No Villa Fairmont fica também o Restaurante Alfredo's, o melhor de Santa Elena. Às 16h fomos à Nativa Tours, acertar o pagamento, conhecer os nossos guias José (Caracas) e Otavio, e ouvir as instruções iniciais para viagem. Logo de início já ficamos animados, porque o José sugeriu que, dependendo do nosso desempenho, poderíamos fazer a subida em 2 dias, ao invés de 3. Dormiríamos a primeira noite no acampamento do Rio Kukenan, e no dia seguinte subiríamos direto ao topo, chegando lá provavelmente no fim da tarde. Todos achamos a ideia excelente. Como na Venezuela tudo é muito mais barato que em Boa Vista, aproveitamos o resto do dia pra comprar pilhas, lenços umedecidos e algumas outras coisas que faltavam para a viagem. Jantamos no Alfredo's, pagando cerca de R$ 10 cada um, e fomos descansar, para iniciar a caminhada na manhã seguinte.

 

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Sem gasolina de Boa Vista a Santa Elena

 

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Últimas instruções na agência

 

2º dia - Santa Elena ao Rio Tek

 

Saímos de Santa Elena por volta de 10:30h e, depois de pagarmos uma taxa de B$ 20 e assinarmos o livro na entrada de Paratepuy, começamos a caminhada por volta das 13h. O primeiro dia é bem tranquilo; apesar de ser o mais longo em extensão, não há muitas subidas. Eu levei 3:30h para chegar até o Rio Tek. Os primeiros do meu grupo levaram cerca de 3h (eu, durante a subida, ficava sempre no 'pelotão intermediário', já na descida consegui acompanhar o ritmo do pessoal da frente). A ideia inicial era caminhar mais 30min, e dormir no acampamento do Rio Kukenan, mas acabamos saindo um pouco mais tarde do que o planejado, e José e Otavio estavam com muito peso, iam acabar chegando lá à noite. A subida em 2 dias já ficou descartada por aí, mas conseguimos compensar isso mais à frente. :)

 

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Primeiro dia de caminhada

 

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Fim de tarde, Acampamento do Rio Tek, com o Kukenan ao fundo

 

3º dia - Rio Tek ao Acampamento Base

 

O segundo dia de subida, pra mim, foi de longe o pior, na minha ida anterior. Nessa não foi diferente. O sol estava castigando, e eu sofri em alguns trechos, tive um pouco de câimbras, no fim levei 4:20h para chegar até o acampamento na base do Monte. O Ramon, um membro do nosso grupo, passou mal nesse trecho, vomitou bastante, um outro precisou carregar duas mochilas até que conseguissem chegar no acampamento. Depois de tomar uns remédios e descansar, ele ficou melhor e conseguiu continuar a viagem conosco. Almoçamos por lá, e tivemos a tarde e a noite para descansar. O mais sofrido nesse dia foi o banho. A água estava muito gelada, e como no local onde tomamos banho o sol não chegava, foi bem complicado. Uma americana e um belga foram tomar banho um pouco depois de mim, e só conseguiram molhar as pernas, logo desistiram. Eu ainda dei um mergulho e fiquei de molho um tempinho, mas logo saí. À noite, uma macarronada excelente preparada pelo Otavio, e depois fiquei tomando chimarrão (um amigo do grupo levou um pouco de erva) e batendo papo até o sono chegar.

 

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Rio Kukenan

 

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Segundo dia de subida

 

4º dia - Acampamento Base ao topo

 

O terceiro dia é o que tem subidas mais íngremes, em alguns trechos precisamos usar as mãos para ajudar, mas no geral ainda achei mais tranquilo do que o segundo dia. Levei 3:20h para alcançar o topo, e ficamos no Hotel Principal. O Monte estava bem vazio nessa época, além do nosso grupo tinha apenas um grupo de russos (que fediam demais) subindo, e o belga com a americana e um austríaco. Acho que lá em cima não tinha ninguém quando chegamos, pelo menos não vimos pelos hotéis que passamos. Encontramos apenas algumas pessoas descendo, enquanto subíamos. À tarde fomos às jacuzzi tomar banho e relaxar um pouco, e depois subimos até o Maverick, ponto mais alto do Monte Roraima e bem em frente ao nosso hotel, onde ficamos conversando e esperando o sol se pôr. Sensacional ver o pôr do sol dali. Na volta, uma sopa no jantar, e descansamos para o dia seguinte, que seria o mais pesado da viagem, e da minha vida rs.

 

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O topo!

 

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Maverick

 

5º dia - Vale dos Cristais, Ponto Tríplice, Lago Gladys, Fosso

 

Como a subida em 2 dias acabou não dando certo, o Caracas fez uma outra sugestão pra gente. Pelo que ele explicou, em geral a ida até o Lago Gladys se faz em 2 dias. O grupo vai até o Ponto Tríplice, monta acampamento num hotel próximo, vai até o Lago, retorna, dorme e no dia seguinte volta até os hotéis próximos à entrada. A ideia do Caracas foi de, ao invés de dormirmos no meio do caminho, fazermos uma caminhada num ritmo mais forte, e irmos direto até o Lago, passando pelo Vale dos Cristais, Ponto Tríplice, Fosso, e voltando ao Hotel Principal. Todos topamos, e saímos bem cedo para a caminhada. No caminho, passamos pelo Vale dos Cristais, e com cerca de 2:30h chegamos ao Ponto Tríplice, mas não paramos, deixamos para a volta. Algum tempo depois, o Caracas sugeriu que a gente tentasse descobrir um atalho para chegarmos mais rápido ao Lago Gladys. Aí começou a emoção rs. Ele sabia onde o Lago estava, e fomos cortando caminho em direção a ele. O problema é que, com algum tempo de caminhada, começamos a nos deparar com várias fendas entre as rochas, com abismos entre elas. Alguns eram bem próximos, e íamos saltando de uma pedra para a outra. Em algumas fendas mais distantes, alguns saltavam primeiro, e ajudavam os que tinham medo (eu era da turma do medinho hahaha). No final, acabamos chegando em uma fenda muito grande, que não teríamos condições de saltar. Nisso já eram mais de 5:30h de caminhada, e todos já estávamos bem cansados e com fome. Paramos pra almoçar por ali mesmo, e logo continuamos à procura de uma passagem. Acabamos encontrando, e chegamos ao Lago Gladys. Valeu o esforço, o lugar é realmente muito bonito. Fomos também até os destroços do helicóptero que caiu com o Danton Mello alguns anos atrás. Pelo horário, já notamos que a caminhada se estenderia até a noite. Na volta, paramos no Ponto Tríplice para tirar algumas fotos, depois fomos até o Fosso e, depois, sem mais paradas. No final da tarde, começou a chover. Enfim, anoiteceu, a chuva parou, mas ainda faltavam cerca de 2h até a chegada. Fomos com bastante cuidado, alguns estavam sem lanterna, e todos já estávamos esgotados da caminhada. Um amigo começou a não conseguir acompanhar o ritmo e ficar pra trás, e eu achei que ele iria desmaiar antes de chegar hahaha, mas aí o Caracas o colocou na frente do grupo, e fomos no ritmo que ele conseguia. Cronometrei pouco mais de 11h caminhando (sem contar a parada pro almoço). O GPS de um amigo do grupo contabilizou cerca de 33km de percurso. Na última hora eu já estava realmente sem energia, o corpo chegava a cambalear, a perna às vezes não obedecia quando tinha que subir em algumas pedras, mas foi uma experiência espetacular, sem dúvidas o melhor momento da viagem. Um dos amigos do grupo, que foi militar, disse que nem nas 'boinas' que ele participou teve algo parecido com isso. O Otavio estava nos esperando a cerca de 30min de caminhada do hotel, e já tinha deixado o jantar pronto para nossa volta. Nesse dia, não consegui tomar banho (apenas 2 do grupo foram rs). Começou a chover novamente, eu estava esgotado e não quis enfrentar mais meia hora de caminhada até as jacuzzi. Usei os lenços umedecidos, e fui dormir. Os russos do outro grupo com certeza ainda fediam mais que eu nesse dia.

 

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Ponto Tríplice

 

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Lago Gladys

 

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Destroços do helicóptero

 

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A fenda que não conseguimos pular

 

6º dia - Maverick, La ventana

 

Nesse dia não nos preocupamos muito com horário. Acordei um pouco mais tarde tarde, fui até as jacuzzi tomar o banho do dia anterior, na volta tomei café e fiquei um tempo pelo hotel. Um tempo depois, eu e mais alguns fomos até o Maverick, abrimos um vinho e champagne que trouxemos e ficamos por lá até o almoço. De tarde fomos à Ventana, e mais alguns pontos que o Caracas nos levou. O trajeto foi bem mais leve, cerca de 2:30h no total, e paramos nas jacuzzi. Já era fim de tarde, começou a esfriar um pouco e a chover. O Caracas tinha levado um abacaxi para lancharmos, e no meio da chuva, a gente procurando as capas de chuva e nos aprontando para sair, e ele tremendo de frio na chuva, e cortando o abacaxi, procurando uma pessoa que faltou pegar sua parte (no dia anterior eu já tinha me impressionado com o Caracas. O que a gente quase sem carregar peso, ele fez com uma mochila grande nas costas, levando nosso almoço, primeiros socorros, e outras coisas. Quando chegamos, perguntei se ele estava bem, e disse que só estava com o joelho doendo um pouco, mas que estava tudo bem. Nesse dia, ver o quanto ele se preocupava com o nosso bem-estar ali, me fez realmente admirar o cara. Ouvir dele na volta que nosso grupo foi o que ele mais teve prazer em guiar, em 24 anos de Monte Roraima, foi muito bom. Talvez ele fale isso pra todos hahaha, mas preferi acreditar no que disse. Enfim, nossos guias foram sensacionais). À noite ficamos todos pelo hotel, nós, o Caracas e o Otávio, tomando uma sopa e batendo papo.

 

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La Ventana

 

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Morrendo de medo de ir ali, mas fui rs

 

7º dia - Descida

 

A descida, apesar de exigir muito dos joelhos, foi bem tranquila pra mim, e pro grupo todo, com exceção de 2 que estavam com dores nos pés e sofreram bastante. Eu fiz em 4h a descida do topo até o Rio Kukenan. Como ainda era bem cedo, e a maioria do grupo ainda estava inteira, ficamos cogitando a possibilidade de descer até Paratepuy duma vez só, e já voltar pra Santa Elena no mesmo dia. Esperamos o José chegar para ver se era possível, e ele disse que não teria como, porque a agência já tinha agendado o carro pro dia seguinte, e não daria pra entrar em contato com eles. Mas falou que, se quiséssemos, poderíamos pegar um carro em Paratepuy, e pagar o valor à parte. Ainda disse que era possível o carro ir até o Rio Tek, e aí a preguiça falou mais alto. Preferimos pagar mais R$ 27 cada, já que o próximo dia seria só pra caminhar mais 3h e ir pra casa. O carro nos pegou um pouco depois do Rio Tek, e fomos direto até Santa Elena. A viagem era pra terminar no dia seguinte, mas acabei chegando em casa nessa mesma noite.

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  • 3 semanas depois...
  • Membros

Cara, que viagem maneira!

 

Monte Roraima já entrou pra lista dos meus próximos mochilões... ::otemo::

 

Vcs fecharam a subida ainda no Brasil? Ou fecharam na hora com a agência?

 

E só uma curiosidade... Quantas baterias extras pra camera vc levou? Pq correr o risco de ficar sem carga durante os 7 dias é sacanagem.

 

O relato e as fotos estão incríveis!

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  • Colaboradores
Cara, que viagem maneira!

 

Monte Roraima já entrou pra lista dos meus próximos mochilões... ::otemo::

 

Vcs fecharam a subida ainda no Brasil? Ou fecharam na hora com a agência?

 

E só uma curiosidade... Quantas baterias extras pra camera vc levou? Pq correr o risco de ficar sem carga durante os 7 dias é sacanagem.

 

O relato e as fotos estão incríveis!

 

Haha coloca na lista mesmo, cara.. a viagem foi sensacional!

 

A subida a gente fechou antes, acertei tudo por e-mail com a agência e um amigo foi em Santa Elena alguns dias antes pagar metade do valor. Eles têm conta do Banco do Brasil, então daria pra ter feito o pagamento pelo banco, mas como ele já iria em Santa Elena, a gente mandou o dinheiro pra acertar pessoalmente. A outra metade pagamos na hora. Mas meu irmão decidiu ir no dia, arrumou tudo e foi correndo pra lá, e deu pra pagar tudo na hora tranquilo.

 

Bateria extra nem levamos... como a maioria levou câmera, e umas 3 delas delas eram boas, a gente geralmente ia revezando 2 ou 3 por vez, pra não gastar a bateria/pilha de todo mundo. Duraram a viagem inteira. Quando voltamos, foi só juntar as fotos de todos. Tinha câmera que era com pilha, o pessoal até levou uns 2 jogos extras, mas acho que ninguém precisou. De qualquer forma, vale a pena levar pelo menos uma bateria/pilha extra, pra não arriscar rs

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  • 4 semanas depois...
  • Colaboradores

Guilled, a cotação oficial realmente é bem diferente. Essa cotação você só consegue trocando em Santa Elena. Mesmo lá pra dentro do país, não consegue esse câmbio. Se contratar alguma agência por aqui, eles usarão um câmbio abaixo do que você trocaria lá. Em algumas você consegue pagar em reais, mas dá uma diferença. O ideal mesmo pra conseguir o melhor câmbio é trocar tudo em Santa Elena e pagar em bolivares.

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