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A desconhecida Pancas/ES e os Pontões Capixabas
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Por rafael_santiago
Pancas vista do cume da Pedra do Leitão
O Monumento Natural dos Pontões Capixabas é um daqueles parques sem portaria, sem guarita, sem placa, sem sede, sem centro de visitantes e sem plano de manejo. É administrado pelo governo federal através do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e está localizado nos municípios de Pancas e Águia Branca. Como muitos outros parques brasileiros, passou (e ainda passa) pela questão da desapropriação das terras e a retirada das famílias locais, nesse caso descendentes de imigrantes pomeranos. Foi criado como parque nacional em 2002, mas em 2008 teve sua categoria alterada para monumento natural. Apesar de ambas as categorias serem classificadas como proteção integral, o monumento, segundo o ICMBio, pode ser constituído por propriedades particulares, desde que haja compatibilidade entre os objetivos da unidade e a utilização da terra e dos recursos naturais por parte dos proprietários. Se não houver compatibilidade, a área é desapropriada.
O grande atrativo local é a paisagem de enormes pedras de granito, chamadas de pontões, algumas com possibilidade de subida por trilha e outras por algumas vias de escalada. Mas o que torna Pancas conhecida no mundo todo é o voo livre, praticado a partir de uma rampa a oeste da cidade.
Cheguei à rodoviária de Pancas às 17h45 depois de quase 4 horas de viagem a partir de Vitória, apesar de serem apenas 180km. Há apenas dois horários diretos por dia (veja nas informações adicionais abaixo). Hospedei-me na Pousada Avenida e fui logo procurar o seu Degas, dono de um restaurante e uma espécie de anfitrião local, ótima fonte de informações para passeios e caminhadas já que não há posto de informação turística na cidade. Conversamos bastante tempo, ele me mostrou muitas fotos e folhetos de escalada e voo livre, anotei muitas informações e tracei um roteiro de caminhadas e subida a algumas pedras. Assinei seu livro de visitantes, que já está na terceira edição e recheado de assinaturas de europeus e até asiáticos, todos atraídos pela atividade de voo livre, como disse.
1º DIA: VALE DO CÓRREGO VARGEM ALEGRE E SUBIDA DA PEDRA DO LEITÃO (DA RITA)
As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/PontoesCapixabasValeDoCorregoVargemAlegreEPedraDoLeitaoESSet12.
Pancas e vale do Rio Panquinhas com a Pedra da Colina à esquerda, local da rampa de voo livre
O dia amanheceu com garoa e muita neblina, razão pela qual demorei para começar a caminhar. Saí do hotel às 10h35 na direção do restaurante do seu Degas. Na lombada 150m depois do posto de gasolina Ale (e 200m antes do Dega's) desci a rua à esquerda e entrei na primeira à direita depois da ponte sobre o Rio Panquinhas. As casas logo terminam e cruzo uma porteira, passando a ter o Panquinhas à direita. Às 11h cruzo uma porteira de ferro e na bifurcação subo para a esquerda, me afastando do rio e adentrando um cafezal (o primeiro de muitos pelos próximos dias). A subida proporciona visão cada vez mais bonita do conjunto rochoso ao redor e o tempo colaborou para as fotos, dissipando as nuvens e mostrando o sol. Às 11h25 a rua-carreador encontra uma cerca e tenho opção de caminho à direita (sul) e à esquerda (norte). Desci à direita pois pareceu mais usada porém não era o caminho que eu procurava. Desci até uma casa sem morador e com vários pés de fruta (inclusive deliciosas goiabas) e estudei o caminho lembrando das orientações do seu Degas. Passei pela cerca da casa e peguei uma trilha logo abaixo que me levou de volta ao final da rua-carreador e continuou, apontando para um vale entre as montanhas de pedra. Portanto, deveria ter optado pela esquerda (norte) quando a rua-carreador encontrou a cerca. Mais cafezais e depois da porteira seguinte começo uma subida acentuada por um pasto, por trilha, com o Córrego
Vargem Alegre rumorejando abaixo à direita. Segundo o site do ICMBio, esse córrego marca o limite do parque, que está além dele, ou seja, nesse dia eu não caminhei por nenhuma área do parque. Passo a contornar a grande pedra que vinha acompanhando desde o início da caminhada. Atingido o topo do pasto, desço suavemente pela outra vertente, cruzo outra porteira e paro para descansar e me abrigar do sol forte sob uma grande jaqueira às 12h23. A grande pedra que contornei mostra desse lado uma interessante agulha.
Retomada a pernada cruzei outra porteira de ferro e alcancei a primeira casa desse lado às 12h50, a casa do seu Zé, que tem uma plantação de palmeira açaí ao redor de um grande lago retangular. Daí em diante passo a caminhar por uma estradinha de terra entre cafezais e sítios com visão de mais montanhas de pedra. Às 13h12 tomo a esquerda num pequeno trevo e passo a caminhar por outro vale (Córrego do Louro) passando por diversos sítios, até que a estrada sobe e depois desce por uma extensa mata alta, terminando numa estrada asfaltada bem em frente ao sítio do filho do seu Evaristo, uma referência que o Degas me deu. À esquerda eu voltaria para Pancas mas eram 13h55 e eu tinha muito a conhecer ainda. Fui para a direita em direção à fazenda de Oriente Zuchetto, no final do asfalto, aonde cheguei em 20 minutos. Ali peguei informações sobre a subida da Pedra do Leitão (ou da Rita) e demorei um pouco para decidir se subiria por causa do horário, da altura da pedra e do calor terrível. Por fim, decidi continuar. Eram 14h38 e tinha que acelerar se quisesse chegar ao cume. Deveria subir por um cafezal, o que às vezes é confuso, mas tinha toda a visão da pedra e da crista abaixo dela coberta de eucaliptos para navegar visualmente. Logo encontrei uma placa (308m de altitude) indicando o carreador que eu deveria tomar e nas bifurcações e cruzamentos seguintes sempre subia. Até que atingi o fim do carreador, sem saída, mas felizmente consegui chegar até o final de outro carreador e por ele subi até a crista, atingindo a ponta do reflorestamento de eucalipto, onde o carreador bifurcou. À direita começaria a descer, então fui para a esquerda acompanhando os eucaliptos e entrei na primeira rua à direita. A ruazinha rasgou todo o reflorestamento e virou uma trilha às 15h17. Em oito minutos de trilha pisei na primeira grande laje de pedra da montanha e às 15h29 cheguei aos restos do cruzeiro de madeira que existia ali, aos 646m de altitude.
Mas ainda faltava bastante para o cume e, o pior, havia muita mata baixa e espinhenta na encosta íngreme de pedra. A aventura começaria agora. Fui procurando um caminho entre arbustos, bromélias e muitos cactos e parece que ninguém passa por ali pois estava bem ruim. Varei um pouco de mato e consegui chegar às rampas mais inclinadas para subir de vez. Foi demorado pois precisava estudar um caminho com menos vegetação e espinhos e ainda com inclinação mais suave. Cabras pastando na encosta, assustadas com a minha invasão, corriam para cada vez mais alto. Até que finalmente às 16h27 alcancei os 858m de altitude da Pedra do Leitão ou Pedra da Rita, com visão espetacular da cidade de Pancas e de mais de 180º das montanhas da região. Desnível de 550m desde a placa.
Fiquei apenas 11 minutos no cume e já desci pois tinha uma hora e pouco de luz apenas. A descida pelas lajes não foi exatamente igual à subida pois a visão do caminho era diferente e fui encontrando outros pontos onde era menos inclinado e com menos vegetação. Vencida essa parte mais complicada, resolvi parar alguns minutos para assistir ao belo por-do-sol já que o restante seria por trilha e estrada, o que daria para fazer sem problema com a lanterna. E assim estava de volta à placa às 18h25, já noite. Dali foi seguir pela estrada de asfalto sem bifurcação até a rodovia ES-341, que corta o centro de Pancas, aonde cheguei às 19h22.
Nesse dia caminhei 23,5km.
Distância da Pedra do Leitão (topo) ao centro de Pancas: 8,2km.
2º DIA: VALE DO PALMITAL E PEDRA DA AGULHA
As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/PontoesCapixabasValeDoPalmitalEPedraDaAgulhaESSet12.
Pontões capixabas: pedras Cará, Garrafão e Pontão
Para economizar uma pernada de quase 7km pela rodovia, peguei o ônibus das 9h para Colatina (viação Pretti, tarifa de R$1,70) e desci na placa que indica "Turismo rural - Córrego Palmital", bem próximo da cabeça da Pedra do Camelo. Dali a intenção era conhecer algumas pedras que estão dentro dos limites do parque e visitar o Sítio Stur, a 3,2km da rodovia. Para isso, tomei a estrada de terra à esquerda às 9h22, cruzei a ponte sobre o Rio Panquinhas e caminhei no sentido norte sempre pela principal. Passei pelo cemitério luterano e contornei a Pedra do Camelo até vislumbrar as grandes pedras que se alinham junto ao vale. Belo panorama! Ao redor, cafezais e plantações de cacau predominam. Passei pela entrada do Sítio Cantinho do Céu e 1,6km depois, às 10h20, cheguei ao Sítio Stur, seguindo as placas. O lugar é agradável, mas não encontrei ninguém em casa. Enquanto tirava fotos, chegou um casal, mas logo se ocuparam de um problema com as vacas e eu peguei o caminho de volta, chegando à rodovia às 11h20. Segundo o site do ICMBio, o limite do parque passa um pouco depois da entrada do Cantinho do Céu, portanto o Sítio Stur está dentro do parque.
O segundo destino do dia seria mais recheado de aventura: a Pedra da Agulha, monumento de granito em forma de torre que se destaca na paisagem. Da placa de "Córrego Palmital" avancei mais 370m pela rodovia (sentido leste) até a placa "São Pedro" e entrei à direita para caminhar na direção desse bairro. O sol nesse horário já estava terrível e uma carona caiu do céu pois eu nem sabia ao certo quantos quilômetros teria de andar pela estradinha de terra megapoeirenta até o sítio onde está a pedra. Era um casal muito simpático, que me deixou no sítio (a 3,7km da rodovia, no bairro São José, antes do São Pedro) e me indicou o caminho que eu deveria seguir. Inicialmente na altitude de 118m, tomei o carreador às 11h45 entre os pés de café e subi bastante na direção da pontuda pedra. Tive de parar duas vezes para descansar pois não estava aguentando o forte calor e na segunda parada um funcionário do sítio me deu a informação de como atingir a trilha até a base da pedra, que é cercada de mata alta. Segui suas indicações e não encontrei trilha nenhuma, mesmo insistindo, indo e voltando por possíveis trilhas encobertas pelo mato. Voltei ao carreador principal e resolvi explorar um outro secundário que terminava diretamente na mata aos pés da pedra. Me aproximei da mata sem muita esperança de encontrar algo mas entrei um pouco e - bingo! - encontrei a trilha. Ela corre por dentro da mata alta, é bastante íngreme e está bem marcada, sem bifurcações. Porém ao atingir a parte rochosa, as rampas com bromélias e cactos, o caminho não é tão óbvio, mas a dica é procurar mais à direita, sem precisar varar o mato espinhento. Na sequência, mata com frondosas árvores, escalaminhada e trepa-pedra, mas nada exposto a abismos. Consegui colocar minhas mãos na parede leste da Pedra da Agulha às 15h10. Já que não podia escalá-la, pelo menos queria tocá-la. Altitude modesta de 512m, porém desnível de quase 400 metros desde a entrada no cafezal. O visual dali para o vale do Córrego São Luís, ao norte, é magnífico, emoldurado pela Pedra da Gaveta à esquerda e Pedra do Camelo à direita. A leste e sudeste, o pequeno bairro São José, lavouras, campos e mais um conjunto alinhado de grandes pedras, provavelmente sem nome. Comecei a descer de volta às 15h30 e às 15h46 subi numa pedra-mirante que não havia notado na ida, com vista para o bairro novamente. Desci as rampas, a trilha bem íngreme na mata e estava de volta ao cafezal às 16h24. Tomei a continuação do carreador para a direita e voltei ao mesmo ponto da minha primeira parada na subida, junto a uma bifurcação. Continuei descendo, saí do cafezal, do sítio, passei pelo bairro e mais 3,3km até a rodovia, aonde cheguei às 17h28. O primeiro ônibus da Águia Branca que passou não parou pois era o de Vitória e disseram que esse não para mesmo. Fiquei aguardando o que viria de Colatina por volta de 18h mas antes me ofereceram carona e eu aceitei.
Nesse dia caminhei 17,3km, descontada a primeira carona de 3,4km.
Distância da rodovia até o Sítio Stur: 3,2km.
Distância da rodovia até a base da Pedra da Agulha: 5,5km.
3º DIA: PEDRA DA GAVETA E CACHOEIRA BASSANI
As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/PontoesCapixabasPedraDaGavetaECachoeiraBassaniESSet12.
Pedra da Agulha e Pedra da Gaveta
A programação para esse último dia em Pancas era tentar subir a Pedra da Gaveta e, sobrando tempo, conhecer a Cachoeira Bassani. Peguei o ônibus das 9h novamente (R$1,70) e desci 5km depois junto à placa "Pedra da Gaveta - Pedra da Agulha". Entrei na rua à direita e caminhei na direção da casa do seu Geraldino Romais, aliás ali eu estava entrando no território dos Romais, descendentes de imigrantes pomeranos, como muitas outras famílias de Pancas. Deixei para conhecê-los ao final da caminhada e segui às 9h30 direto por uma estradinha bem sombreada e repleta de plantações, como de cacau, que começou a contornar a Pedra da Gaveta, em destaque à minha direita. Depois de algum tempo, a Pedra da Agulha surgiu à minha frente e, quando me aproximei, de formato de torre ela mudou para uma espécie de barbatana de tubarão. Mais uma vez estava caminhando entre pés de café e tinha então a Agulha à esquerda e a misteriosa Pedra da Gaveta à direita. Misteriosa porque em todo o contorno que fiz não vi nenhum ponto onde pudesse subi-la sem equipamento de escalada. Tentei encontrar alguma trilha na mata na parte mais alta do cafezal e até tive ajuda de um rapaz que trabalhava ali, mas nada. Ele me mostrou o lugar onde passava até uma estrada ali mas a mata tomou conta de tudo. Na impossibilidade de subir a pedra, resolvi voltar e ir conhecer o seu Geraldino. Ele e sua esposa são um casal extremamente simpático, conversamos na varanda de sua casa de madeira tipicamente pomerana com vista privilegiada da Pedra do Camelo, depois ele me mostrou as fotos de sua família e tomamos um suco de graviola do seu quintal. Ainda tocou oito baixos para eu ouvir. Sensacional! Tentei pegar o ônibus das 14h20 para voltar a Pancas mas o perdi. O jeito foi voltar a pé pela rodovia sem acostamento, mas aproveitei para mais fotos da Gaveta, Agulha e Camelo, as pedras mais famosas da cidade.
Ao passar pelo restaurante do seu Degas entrei na primeira rua à esquerda e na bifurcação segui pela rua mais à esquerda, que logo deixa de ser pavimentada. Cerca de 1,2km depois tomei a esquerda na bifurcação, cruzei a ponte e fui para a esquerda novamente. Ignorei uma placa "trilha" apontando para uma subida à direita e continuei na principal em frente até chegar ao portão da fazenda dos Bassani. Pedi permissão para visitar a cachoeira e a mulher me indicou o caminho, sempre subindo. Cheguei à cachoeira às 16h38 mas foi uma decepção. Ela é bem alta porém estava com água barrenta e a parte onde deveria ficar o poço havia sido toda revirada e mal dava para andar. Fiquei pouco tempo e voltei pelo mesmo caminho até o restaurante do seu Degas para conversarmos e eu fazer um balanço do que deu certo e o que não deu das dicas e informações que ele me passou.
Distância da rodovia até a Cachoeira Bassani: 2,2km.
Dicas:
. Um passeio quase obrigatório em Pancas e que eu não fiz foi subir à rampa de voo livre da Pedra da Colina. Pensei em ir andando da cidade até lá, mas o seu Degas achou que era um caminho confuso entre muitos sítios e plantações e que não valia a pena.
. Outro passeio interessante que eu não fiz foi visitar o distrito de Lajinha, de tradições pomeranas e visual dos pontões dentro dos limites do parque. Há quatro ônibus diários (exceto domingo) de Pancas para lá (5h50, 11h, 12h30, 14h).
. Caminhar pela rodovia ES-341, que atravessa a cidade, é bem ruim pois não há acostamento e é enorme a quantidade de carretas que trafegam diariamente com grandes blocos de granito extraídos das pedreiras da região, o que estremece as casas e causa rachaduras e até pequenos desabamentos. Dá até para ver no Google Earth as carretas.
Informações adicionais:
O site oficial do parque é www.pontoessustentaveis.com.
Há informações como decreto de criação, mapa com os limites e um relatório com todos os dados do parque em www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade ... xabas.html.
Horários de ônibus de Vitória para Pancas:
. empresa Águia Branca (www.aguiabranca.com.br): somente às 14h (R$34,58)
. empresa Pretti (www.viacaopretti.com.br): somente às 7h15 (R$34,90)
Mas há horários frequentes de Vitória para Colatina e de lá 7 horários para Pancas durante a semana, 4 no domingo e 5 nos feriados.
Hospedagem mais barata em Pancas:
1. Pousada Avenida - Av 13 de Maio, 278 - centro - (27)9971-4158 (Nivaldo)
R$35 com café e WC privativo e R$30 com WC no corredor, sujeito a negociação dependendo do número de dias
2. Hotel Acácia - Av 13 de Maio, 298 - centro
R$40 com café e WC privativo
3. Hotel Vitória - Av 13 de Maio, 390 - centro - (27)9971-4158 (Nivaldo)
(não perguntei o preço)
Não existem mais o Hotel São José e a Pensão Brasil que constam em alguns sites.
Onde comer:
1. Dega's Bar e Restaurante - Rodovia José Alves de Souza, Km 1 (fica a 800m da praça da matriz; só almoço)
2. Restaurante e Pizzaria da Santina - fica na praça da matriz, é o único restaurante que abre à noite durante a semana
Carta topográfica de São Gabriel da Palha (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-24-Y-C-III.jpg).
Rafael Santiago
setembro/2012
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Por lucasalves
Boa noite, amigos mochileiros! Sou novato no fórum, e vou começar contando um pouco da visita que eu e um amigo fizemos aos Pontões Capixabas, em Pancas\ES, um lugar lindíssimo e, estranhamente, pouco conhecido. Esse texto foi postado em um blog mantido por nós, que conta as nossas várias aventuras, entre viagens e participações nos campeonatos de trekking de MG. O endereço do blog se encontra na minha assinatura, caso alguém se interesse. Segue o relato (obs: pintassilgos é o 'nome de guerra' do nosso grupo):
Eis que tudo começou quando alguns pintassilgos decidiam onde passar o Reveillón. A decisão foi ir para Vitória (ES), e acabamos por passar a noite do Ano Novo em Guarapari, na Praia da Bacutia em Meaípe. Na volta reservamos um dia para desbravar a belíssima cidade de Pancas, onde está o Parque Nacional dos Pontões Capixabas.
Na manhã do dia 3 de Janeiro do novo ano acordamos cedo na cidade de Vitória e, em silêncio, para não acordar os anfitriões da casa em que ficamos, arrumamos as malas e partimos. São 180 km a partir da cidade de Vitória, seguindo para o norte, passando pelas cidades de Serra e Colatina. Partindo-se de Belo Horizonte, cidade “sede” dos pintassilgos, são 485 km indo pela BR-381, passando por Governador Valadares e indo até Central de Minas. De lá deve-se descer pela ES-164 até Pancas. Chegamos à cidade às 9h30min.
Cidadezinha encravada no meio das pedras.
Hospedagem: Hotel Acácia
Capacidade do quarto: 3 pessoas
Diária: 60 reais com café
Opinião: simples, limpo e muito confortável, é aparentemente o maior prédio da rua.
Tão logo se chega à cidade, você se vê cercado por altíssimas e belas pedras por todos os lados, é simplesmente deslumbrante. Tínhamos muitas idéias do que fazer, mas nossa maior pretensão era voar, é claro. Pancas é um ponto turístico obrigatório dos parapentes/paraglider’s, esportistas de todo o mundo visitam a cidade para voar.
Para conseguir informações fomos rumo ao Dega’s Bar e Restaurante, visto que dentro do bar fica também a sede da Associação de Vôo Livre de Pancas (AVLP). Lá encontramos um sujeito que não parava de falar, mas era sábio e nos informou com precisão. Infelizmente, devido ao dilúvio que acometeu MG e ES na última semana, e de o tempo ainda não estar bom, descobrimos não ter ninguém na cidade para voar conosco.
Seguimos com nosso roteiro. Primeiro rumo à Rampa da Colina, ou rampa de vôo Livre "Clementino Izoton". A rampa proporciona uma vista privilegiada da cidade e dos Pontões Capixabas, é de tirar o fôlego. Até a rampa são 13 km de carro partindo de Pancas, dos quais 7 km são em estrada de terra, tudo muito bem sinalizado com placas. Nesse dia a estrada de terra estava bem castigada pela chuva, com muito barro e galhos na pista.
Na rampa
De lá fomos conferir a Cachoeira do Breda. Cachoeira de fácil acesso, é só seguir até o trevo que divide as estradas de Alto Mutum Preto e Mantenópolis. Seguir rumo a Mantenópolis por aproximadamente 100m e entrar à direita. Esta cachoeira não despertou muita vontade de nadar, sendo classificada como uma low sliding waterfall level 1, por não ter uma queda propriamente dita, a água só escorre pela pedra.
Cachoeira do Breda
A esta hora chegava o momento de almoçar, já eram 13h da tarde. Encontramos poucos restaurantes, até toparmos com um que estava aberto e descobrirmos que já passava da hora do almoço em Pancas. Aparentemente lá as pessoas almoçam bem cedo, mas a moça disse que conseguiria passar mais dois bifes antes de encerrar.
Reabastecidos e energizados, era hora de encontrar uma cachoeira para nadar. Foi aí que apareceu o desafio da Cachoeira do Bassani. Nos foi dito que ela estava abandonada e suja, e que só os franceses nadavam lá. Ainda assim não desistimos. Para chegar até essa cachoeira é só seguir pela via principal no sentido Pancas-Colatina e virar à direita após o Dega’s. Seguiríamos por uma estrada de terra com o carro por 3 km. Na metade do caminho uma ponte danificada bloqueava o caminho. Ao manobrar o carro para estacionar ali ainda conseguimos a proeza de atolar o carro. Felizmente dois homens bondosos que estavam trabalhando na ponte nos ajudaram a empurrar e liberar a roda. Dali, fomos à pé. Andamos mais 1 a 2 quilômetros tranquilamente na trilha, e já era possível avistar a queda da cachoeira. Foi então que, fascinados, seguimos direto para lá, atravessando portões da propriedade sem nem falar com o dono. Escalamos um morro bastante inclinado, onde havia uma plantação de café, atravessamos capim alto, terra fofa, e lama.
Observação: Eu atolei o pé até o meio da canela. Quase perco o tênis.
Finalmente uma belíssima master flow sliding waterfall level 3. Essa cachoeira é muito alta (por volta de 70m de altura) e bonita, porém, como a cachoeira do Breda, possui poço raso e pequeno, ruim para mergulho, e não tem uma boa queda para ficar debaixo.
Cachoeira do Bassani
Ainda não era hora de descansar, não antes de visitar a Pedra Agulha, uma rocha parecida com uma chaminé, é a segunda maior do Brasil com 500 metros de altura. Para isso, retornamos pela estrada de Colatina por poucos quilômetros e entramos à direita (tem placa). Uma estrada de terra, que piora cada vez mais, nos aproximou da pedra. Esta estrada segue indefinidamente até a base da pedra (não chegamos até o fim). Paramos o carro próximo a uma fazenda cheia de maracujás, e continuamos a pé. A julgar pelo nosso carro, fizemos o correto, mas com carros mais potentes e apropriados é possível ir mais além, vai do senso de cada um. A subida à pé é árdua, mas a recompensa é infinita. Queríamos avançar ainda mais. Apenas voltamos quando um mato infestado de carrapichos fechou a estrada já quase na floresta da base.
Pedra da Agulha
Carrapichos? Que nada!
Outras pedras de destaque:
Pedra do Camelo - Considerado o principal cartão postal da cidade, possui 720 metros de altura;
Pedra do Camelo (fundo, à esq.) e Pedra da Agulha (fundo, à dir.)
Pedra do Leitão - Está a 4,5 km do Centro da cidade;
Pedra do Leitão
Pedra da Gaveta - Está a 3,5 km do centro da cidade, ideal para escalada, rapel e montanhismo.
Pedra da Gaveta
Pedra da Cara - Está localizado na comunidade São Pedro, possui 600 metros de altura;
Terminamos na Pedra Agulha ao fim da tarde, voltamos, e após o banho passeamos em Pancas durante o por do sol, lá pelas 19h. Foi esplêndido, comemos e tomamos um sorvete na praça da igrejinha. O tempo foi curto, mas já podemos escrever o livro: “Conhecendo Pancas em 10 horas”, ou então escrever o Post no blog! hahahhaha...
[Lucas]A cidade vale muito a visita, e pode-se conhecer os principais pontos em um dia apenas, mas dois dias é a quantidade recomendada. Para quem gosta de trilhas, escalada, rapel e vôo livre, a cidade é um paraíso. Muitas das pedras proporcionam possibilidades de escalada, e o vôo livre, partindo-se da rampa da cidade, é conhecido por oferecer uma das mais belas paisagens para vôo no Brasil.
Igrejinha de Pancas
Abraços
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